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28 de Abril de 2024

Corações abertos

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02/05/2014 16:13 - Atualizado em 04/05/2014 19:07
Por: Cláudia Brito de Albuquerque e Sá (claudiabrito@testemunhodefe.com.br)

Corações abertos 0

Corações abertos / Arqrio

Arquidiocese se mobiliza para ajudar os desalojados da Oi/Telerj. A atuação da Igreja tem sido reconhecida pelas famílias que estão acampadas no estacionamento da Catedral

“Os desabrigados buscam uma solução para suas vidas, mas acima de tudo precisam de Deus. Eles querem ser amados, buscam respostas para seus anseios. Nós não levamos respostas prontas, mas fazemos com que eles possam pensar e chegar às suas próprias conclusões”, disse o pároco da Igreja Sagrada Família, em Bonsucesso, padre Geovane Ferreira da Silva, que é o fundador e moderador da Comunidade Preciosa Vida.

Pessoas de diversas paróquias e comunidades têm se revezado para prestar assistência material e espiritual aos desalojados da Oi/Telerj, que estão acampados em uma parte do estacionamento da Catedral de São Sebastião do Rio, no Centro, desde a Sexta-Feira Santa, dia 18 de abril.

“Nós os ouvimos e rezamos com eles, e conseguimos realizar um pequeno grupo de oração, no qual podemos conversar e partilhar um pouco do amor de Deus. Em todas as vezes que estivemos com eles fomos bem recebidos”, contou padre Geovane.

Acolhimento e evangelização

Uma experiência fecunda. Assim definiu o missionário da Comunidade Shalom, Wadih Bedran, sobre a evangelização feita com os desalojados. “Nós falamos para eles sobre a alegria da Páscoa. Durante o grupo de oração que realizamos, muitos deles tiveram uma experiência com o amor de Deus. Foi algo muito forte. Vimos a graça de Deus passar pela gente e nos atingir também”, testemunhou.

O apoio prestado pela Igreja Católica tem sido reconhecido pelos desabrigados, que expressam gratidão e demonstram entender que a arquidiocese não tem como oferecer moradia para as pessoas, mas tem agido como mediadora.

“Escutamos de muitos que o lugar onde eles se sentiram mais acolhidos foi em frente à Catedral. Sabemos mais do que ninguém qual é o nosso papel. Nossa militância é pelo Evangelho, pela causa de Deus. Estamos aqui em nome da Igreja para manifestar a acolhida e acalentá-los, ouvir a história de cada um e ser presença com eles. Percebemos muito a influência dos militantes, que muitas vezes não estão lutando pela causa dos necessitados, mas sim por causas próprias. Isso atrapalha um pouco o ideal daqueles que precisam mesmo”, observou irmão Eli, da Fraternidade Toca de Assis.

O vigário episcopal para a Vida Consagrada, Dom Roberto Lopes, também esteve com os desalojados no Sábado Santo, dia 19 de abril.

“Na noite em que celebramos a ressurreição de Jesus, rezamos um pouco com eles e ouvimos as suas necessidades. O diálogo com os desalojados pode ser muito mais simples, mas a presença de ativistas dificulta o encontro de soluções”, disse Dom Roberto.

O bem mais precioso

Na noite do dia 25 de abril, cerca de 50 missionários estiveram presentes junto aos desalojados. Entre as diversas comunidades representadas, estão: Do Caos à Glória, Maria Serva da Trindade, Aliança de Misericórdia, Agência Missionária Novos Atos e Toca de Assis.

“Foi feito um lindo trabalho de evangelização”, afirmou Rafael Fernandes, da Comunidade Do Caos à Glória. Neste dia, também estavam presentes o padre italiano Giuseppe Piero, que celebrou a Santa Missa, e Dom Roberto Lopes. Segundo eles, é preciso ter esperança de que as coisas vão ser resolvidas.

“Eles não estão sozinhos nem abandonados! A Igreja é mãe e, por isso, acolhe seus filhos e lhes oferece o melhor. E é justamente isso que estamos fazendo: oferecendo o Evangelho, nosso bem mais precioso!”, resumiu a missionária Roberta Félix, consagrada da Comunidade Do Caos à Glória.

O encontro contou com momentos de louvor, animação, pregação e atividades com as crianças e as famílias.

 “A maior mudança que precisamos buscar é a transformação do coração. Uma vez amados por Deus precisamos comunicar este amor às pessoas. Estão dispostos?” motivou o fundador da Comunidade Maria Serva da Trindade, Eduardo Ribeiro.

temp_titleDSC_0009_02052014171459Neste dia, a Paróquia Nossa Senhora da Consolata, em Benfica, também doou uma sopa para alimentar os desalojados.

“Nossos paroquianos se reuniram e resolvemos preparar o jantar dessas famílias que estão na Catedral. Fizemos esse gesto concreto com muita alegria e o coração aberto. Hoje fomos nós, amanhã com certeza outra paróquia vai ajudar a Catedral no fornecimento de alimentos. Toda a arquidiocese está atenta e mobilizada para ajudar os pobres, como sempre fez. Rezamos para que uma solução surja e agrade o coração de todos”, disse o administrador paroquial, padre Flávio Ramos Vital.

“Meu sonho é ter minha casa”

O desalojado Cristiano Alcântara, que morava na casa do irmão, da cunhada e dos três sobrinhos com seu filho de 10 anos, quer concretizar o sonho de ter uma casa, para não precisar voltar a morar com parentes.

“Eu não quero morar na sala da casa do meu irmão para sempre. Se eu não ganhar uma casa, gostaria pelo menos de conseguir um emprego, porque assim eu poderei alugar uma casa para morar. As pessoas precisam de privacidade. Meu sonho é ter minha casa”, afirmou.

Cristiano disse que já trabalhou com obras e é auxiliar de serviços gerais.

“Eu estou inscrito no programa Minha Casa Minha Vida há três anos. Consegui apenas receber uma ajuda do Bolsa Família de R$ 70, mas esse dinheiro não dá nem mesmo para fazer uma compra mensal de alimentos”, desabafou.

Cristiano afirmou que os desalojados lutam por cidadania. “Aqui na Catedral nós estamos nos sentindo bem melhor, porque não sofremos represálias, ficamos mais tranquilos. Nós não somos drogados ou bandidos. Não quero conseguir nada com dinheiro do crime, não é esse o exemplo que eu quero dar para o meu filho”, garantiu. 

Fotos: Carlos Moioli e Comunidade Preciosa Vida



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