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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

Arquidiocese convoca sociedade para discutir o uso do solo urbano na cidade do Rio

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Arquidiocese convoca sociedade para discutir o uso do solo urbano na cidade do Rio

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26/04/2014 22:17 - Atualizado em 27/04/2014 11:37
Por: Andréia Gripp (andreiagripp@testemunhodefe.com.br) *

Arquidiocese convoca sociedade para discutir o uso do solo urbano na cidade do Rio 0

Arquidiocese convoca sociedade para discutir o uso do solo urbano na cidade do Rio / Arqrio

Em mais uma etapa no processo de mediação das negociações entre os desalojados da Oi/Telerj e os governos municipal e estadual, o arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, convocou a sociedade civil para uma reunião realizada neste sábado, dia 26 de abril, na sala do governo arquidiocesano, no Edifício João Paulo II, na Glória.

Participaram 44 pessoas, entre representantes dos governos estadual e municipal, dos poderes judiciário e legislativo, defensoria pública, OAB/RJ e lideranças de entidades que atuam no âmbito social.


>>> Confira a lista de participantes

>>> Nota oficial sobre a reunião deste sábado

Na reunião todos valorizaram o papel da arquidiocese na condução do processo de reflexão e atendimento aos desalojados, desde a ocupação da frente da Catedral de São Sebastião, na Sexta-feira Santa, dia 18 de abril, especialmente por sua postura ética, sua posição neutra em defesa dos pobres e agora, com a realização desta reunião, pela convocação da sociedade civil para o debate acerca de políticas públicas sobre o uso do solo urbano.

“O papel da Igreja tem sido muito importante nessa mediação, frente à necessidade da população, vítima de violência pela ausência de políticas públicas. A Igreja está fazendo o que pode e, diria, até mais do que pode. A intervenção do cardeal é uma coisa inédita na história dessa cidade, no sentido de fazer com que a população se posicione perante a ausência de políticas públicas, onde as principais vítimas são as crianças. 50% das pessoas que estão no estacionamento da Catedral são menores de idade, outras são grávidas, outras são idosas”, afirmou o desembargador Siro Darlan.

Os dados estatísticos apresentados pelo magistrado foram fornecidos na reunião pelas assistentes sociais da Pastoral do Menor, que fizeram um levantamento dos desalojados que se encontram no terreno da Catedral.

Realizado na última sexta-feira à tarde, dia 25 de abril, o levantamento revela que no local se encontram 74 famílias. Incluindo os familiares, o número chega a 195 pessoas, das quais 73% são menor de 30 anos, 50% menor de 18 anos e 40% menor de 14.

Procedentes de 12 diferentes bairros da cidade, 31 famílias sobrevivem de trabalho informal e 21 com ajuda de parentes. Somente 23 famílias estão inscritas no programa do governo federal Minha Casa Minha Vida, e 20 no Bolsa Família.

“E a resposta do governo é nada. O governo está demonstrando uma profunda insensibilidade com a questão”, enfatizou o desembargador Siro Darlan.

No início da coletiva, Dom Orani apresentou aos jornalistas um resumo das três horas e meia de discussões da manhã e esclareceu que a reunião não foi apenas sobre a questão da ocupação da Catedral, mas que o tema principal foi a utilização do solo urbano na cidade do Rio de Janeiro.

“A questão relativa aos desalojados da Oi/Telerj é apenas algo pontual, que precisa ser visto com muito carinho, mas é a ponta de muitas outras situações amplas da cidade do Rio de Janeiro. O grupo que se formou aqui se prontificou a se reunir outras vezes para fazer um estudo e uma proposta para a ocupação do solo urbano, talvez um projeto de lei, mas que não seja uma medida apenas para resolver um problema pontual, e sim para direcionar o futuro da cidade”, contou.

A abertura desse diálogo e a formação dessa comissão é, para o arcebispo, um presente para a cidade do Rio de Janeiro, que completará 450 anos em 2015.

“Essa equipe é formada por pessoas que têm variadas opiniões e formações e, por isso mesmo, tem a capacidade de fazer uma ampla reflexão sobre o assunto. Será a nossa oferta, o nosso presente, para a cidade do Rio de Janeiro nos seus 450 anos. Tenho confiança que todos os que participaram dessa reunião irão nos ajudar nesse aspecto”, pontuou.

Do grupo de 44 pessoas, ao final da reunião, foi formada uma comissão com 17 membros, representantes da arquidiocese, da sociedade civil e dos governos, que se dispuseram a conversar com os desalojados que estão acampados na Catedral e juntos procurar caminhos para uma solução satisfatória.

>>> Confira os membros da comissão de diálogo com os desalojados

temp_titleDSC_7266_26042014222620Em busca de soluções

O arcebispo explicou como anda o processo de negociações, na busca de soluções para os desalojados que se encontram na Catedral:

“O que eles desejam é uma casa. Evidentemente a Igreja não é quem resolve isso. A moradia é uma questão do poder público, das políticas sociais dos governos federal, estadual e municipal. A Igreja tem sido mediadora nesse momento e tem feito a sua parte. Num primeiro momento nos reunimos com eles, oferecemos ajuda e apresentamos uma proposta que foi rejeitada. Num segundo momento nos reunimos com o prefeito e o governador e pedimos que fosse encontrada uma solução o mais urgente possível. Pedimos à prefeitura que visse a questão de saúde, de abrigo, e tudo mais, pelo menos nos casos mais urgentes, de crianças e de grávidas. Nesta reunião de hoje, os representantes do governo disseram que isso não se consegue tão fácil, num mesmo dia, porque tem outros desdobramentos. Se espera que em uma semana se consiga resolver uma parte das questões. Uma comissão que foi formada nesta reunião irá conversar com os moradores e junto com eles ver possíveis soluções, porque evidentemente nós não estamos impondo soluções. Temos que escutá-los também. Dependerá muito da aceitação deles.”

Fraternidade junto aos que sofrem

Sobre a atuação da Igreja junto aos desalojados, Dom Orani e o pároco da Catedral, Monsenhor Joel Portella Amado foram enfáticos ao afirmarem e descreverem as inúmeras ações assistenciais e de promoção humana realizadas desde o dia 18.

“A Igreja, por meio de seus agentes tem atendido, fornecido alimentação e remédios, até realizado celebrações aos que estão ali, inclusive impedindo qualquer remoção das pessoas com uso de força policial. Desde o começo nós fomos contrários ao uso da violência e a remoção indiscriminada, buscando uma solução mais humana e social. Buscamos soluções práticas para o agora, que possam gerar outros encaminhamentos futuros”, afirmou o arcebispo do Rio.

“A Arquidiocese não deixou de atender as pessoas dia e noite, com a presença humana, presença amiga, alimentando e cuidando de todos, inclusive com ajuda no retorno ao emprego e na manutenção do estudo, porque muitos já se ausentaram mais de 25% das aulas e já estavam jubilados pela ausência”, contou Monsenhor Joel.

Questionado sobre o fechamento da Catedral na Sexta-feira Santa, monsenhor Joel esclareceu que a medida foi preventiva e que visou à preservação da integridade física dos fiéis e dos próprios desalojados.

“A porta da frente foi fechada pensando na preservação das pessoas. Receamos que o evento real, que é a necessidade de moradia daquelas pessoas, se tornasse num palco de violência. Ficamos preocupados por termos visto pessoas com máscaras de gás, e ouvido insinuações de que havia chegado a hora da Catedral se tornar vitrine daquilo que todos já conhecemos e lamentamos que acontece ao final dos protestos. Pensamos nas pessoas, nas vidas. E as portas da Catedral não permaneceram fechadas. A porta da frente sim, mas a lateral está aberta”, explicou o pároco da Catedral.


* Colaboração: Carlos Moioli

Leia também:

>>> Nota 1 sobre ocupação na Catedral


>>> Nota 2 sobre ocupação na Catedral

>>> CONIC-Rio emite nota de solidariedade à Arquidiocese do Rio

>>> Arquidioce esclarece dúvidas sobre a ocupação na entrada da Catedral


Fotos: Gustavo de Oliveira




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