06 de Maio de 2025
Missionariedade é identidade da Igreja, diz Cardeal Filoni
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04/02/2014 17:54 - Atualizado em 05/02/2014 16:31
Por: Teresa Fernandes – teresafernandes@testemunhodefe.com.br e Nathalia Cardoso – nathalia@testemunhodef
Missionariedade é identidade da Igreja, diz Cardeal Filoni 0

A missionariedade e as Igrejas locais foi o tema da terceira conferência desta terça-feira, 4 de fevereiro, do Curso Anual dos Bispos do Brasil. O prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni proferiu a palestra “Como Participar na Missio Ad Gentes: a Missionariedade e as Igrejas Locais” durante o evento que segue até a próxima sexta-feira, 7, no Centro de Estudos do Sumaré, no Rio Comprido.
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O cardeal explicou que a missionariedade é um aspecto essencial da identidade da Igreja. É imprescindível o anúncio explícito do Evangelho para todos os povos, para que eles conheçam a Cristo, possam invocar seu santo nome e serem salvos. “A Igreja peregrina, por sua natureza essencialmente missionária, recebeu o mandato solene de anunciar a verdade salvífica até os confins da terra”, destacou.
As Igrejas particulares, lembra o cardeal, são formadas à imagem da Igreja Universal, e é nelas e a partir delas que existe a Igreja Católica una e única. “Por causa desta relação intrínseca entre Igreja universal e Igrejas locais e/ou particulares, a afirmação da natureza eclesial essencialmente missionária deve ser referida à Igreja seja universal seja local e/ou particular”, explicou.
Missão ad gentes
Durante a conferência, o cardeal Filoni explicou que a missão evangelizadora da Igreja contempla três etapas: sair dos próprios confins, anunciar o Evangelho e edificar a Igreja. O conferencista, a exemplo do Papa Francisco, exaltou a cultura do encontro e ressaltou a importância do diálogo como meio de conhecimento recíproco.
Sair dos próprios confins vai além de deixar um espaço geográfico para habitar outro, mas implica um “deslocamento de tipo cultural”. Ou seja, de acordo com ele, é preciso abandonar pensamentos e tradições culturais já consolidados para entrar em mundos culturais e religiosos diferentes dos de sua própria origem. Esse deslocamento pode acontecer dentro de um mesmo território ou em espaços virtuais.
A missão ad gentes, em virtude do mandato de Cristo, é universal, mas ao mesmo tempo, é possível delinear vários aspectos da sua implementação, conforme João Paulo II na Carta encíclica Redemptoris Missio. “O Papa João Paulo II escreve no texto citado que ‘lugares privilegiados deveriam ser as grandes cidades, onde surgem novos costumes e modelos de vida”. Além disso, os meios de comunicação devem multiplicar a possibilidade de anunciar o Evangelho e integrar a mensagem nesta “nova cultura”, criada pela comunicação moderna.
Uma das primeiras missões da Igreja é ser responsável e acolhedora,como diz o Papa Francisco em sua Exortação ApostólicaEvangelii Gaudium. “O acolhimento é um fator constitutivo da Igreja, porque a todos e a cada um é oferecida a salvação como proposta e possibilidade. Dele vem a responsabilidade da Igreja em relação à salvação de toda a humanidade”, explicou.
É preciso ainda que a Igreja seja descentralizada e dinâmica. Um terceiroaspecto que o palestrante destacou foi o de uma Igreja a serviço do Reino para anunciá-lo, além de testemunhar e difundir os valores evangélicos. É preciso ainda “rezar para que venha o Reino de Deus”, manifestando a convicção fundamental de que o Reino é um dom, que requer desejo, expectativa e invocação.
Desafios culturais
Missionário italiano há 35 anos na Amazônia, o bispo da diocese de Parintins (AM), Dom Giuliano Frigeni, diz que é preciso sair de si e aprender a dialogar com culturas diferentes. “Saber que Cristo não veio impor um esquema ou cultura, mas permitir que essas pessoas se encontrem, em sintonia profunda com o Papa Francisco”, destacou.
Dom Frigeni disse ainda que é preciso que este encontro seja fascinante. “O que atrai não pode ser superficial porque o que é superficial o tempo leva”, destacou. A dificuldade da evangelização dos povos nativos da Amazônia é que eles têm dificuldade de se abrir com os missionários estrangeiros, de acordo com ele.
Já Dom José Carlos Chacorowski, bispo de Caraguatatuba (SP), destaca que para anunciar o evangelho é preciso conhecer a cultura dos povos. Em sua diocese, a população nativa é formada os caiçaras, cuja principal ocupação é a pesca. “Jesus Cristo quando começou sua missão, começou com os homens do mar. Assim também Deus me dá essa oportunidade de encontrar as pessoas à beira mar e estar aí para servi-los enquanto igreja e meu desafio é esse: como falar a eles? É preciso antes conhecê-los”, destacou.
Fotos: Gustavo de Oliveira
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