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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 29/04/2024

29 de Abril de 2024

Livros do Antigo Testamento (105)

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Livros do Antigo Testamento (105)

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10/05/2019 00:00 - Atualizado em 13/05/2019 11:22

Livros do Antigo Testamento (105) 0

10/05/2019 00:00 - Atualizado em 13/05/2019 11:22

Neste artigo iniciaremos a última série de artigos bíblicos do Antigo Testamento: os Livros Proféticos.

Esta série de artigos deverá cobrir a história, a literatura e a teologia da fase mais densa da História de Israel. No decorrer da longa história da Revelação do Antigo Testamento, este fenômeno profético ocorre nas suas duas situações: Profetas Taumaturgos e grupais (Elias/Eliseu) e os Profetas escritores individuais. Um momento intenso da Revelação de Deus a Israel.

LIVROS PROFÉTICOS

Estes recebem o seu nome do fato de cada um deles aparecer encabeçado pelo nome de um profeta, o qual, podendo não ser sempre o autor de todo o texto, é, pelo menos, a figura histórica que lhe dá a sua personalidade.

O profetismo é um fenômeno cujas raízes se estendem pelo Médio Oriente Antigo.

Tem a ver, por um lado, com experiências religiosas e místicas fora do comum: 1 Sm 19,20-24:

Saul mandou homens para prendê-lo, mas quando viram a comunidade dos profetas em delírio, tendo Samuel à sua frente, o espírito de Deus veio sobre os enviados de Saul, que começaram, também eles, a profetizar. Contaram-no a Saul, que enviou outros mensageiros, mas também estes se puseram a cantar como os primeiros. Saul mandou um terceiro grupo, os quais também profetizaram. Então ele foi pessoalmente a Ramá. Chegando à grande cisterna de Soco, perguntou: “Onde estão Samuel e Davi?”. “Estão em Naiot – responderam-lhe –, perto de Ramá.” Mas, no caminho para Naiot, assaltou-o também o espírito de Deus e Saul foi tomado de transes por todo o caminho até chegar a Naiot. Despiu suas vestes, profetizando diante de Samuel e ficou assim despido, prostrado por terra durante todo o dia e toda a noite. Daí o ditado: “Está Saul também entre os profetas?”

Por outro, com um olhar penetrante e capaz de intuir ou receber a comunicação de verdades profundas (Num 24,3-4).

E pronunciou o oráculo seguinte: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem o olho fechado, oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, desfruta a visão do Todo-poderoso, e se lhe abrem os olhos quando se prostra.

Ou ainda, uma fala com a autoridade na transmissão dessas verdades em nome de Deus (Jr 1,17-19).

Tu, porém, cinge-te com o teu cinto e levanta-te para dizer-lhes tudo quanto te ordenar. Não temas a presença deles, senão, eu te aterrorizarei à vista deles; quanto a mim, desde hoje, faço de ti uma fortaleza, coluna de ferro e muro de bronze, erguido) diante de toda nação, diante dos reis de Judá e seus chefes, diante de seus sacerdotes e de todo o povo da nação. Eles te combaterão, mas não conseguirão vencer-te, porque estou contigo, para livrar-te” – Oráculo do Senhor.

O PROFETISMO

Dentro da própria Bíblia nota-se que o fenômeno do profetismo se formou de muitos elementos e experiências que foram evoluindo e criando um conceito enriquecido de vários matizes, capazes de conter até alguns contrastes (Zc 13,2-6):

Naquele dia – Oráculo do Senhor –, exterminarei da terra até os nomes dos ídolos: não se falará mais deles; expulsarei os falsos profetas e todo espírito impuro. Se alguém intentar ainda dar um oráculo, seu pai e sua mãe que o geraram o repreenderão: “Vais morrer, porque dizes mentiras em nome do Senhor”. E quando ele proferir os seus oráculos, eles mesmos, seu pai e sua mãe que o geraram, o transpassarão. Naquele dia, os profetas terão vergonha de suas visões proféticas, e não mais se cobrirão com o manto de peles para mentir. Cada um dirá: “Não sou profeta, mas lavrador, e possuo terras desde a minha juventude”. Se alguém lhe disser: Que ferimentos são esses em tuas mãos?” “São ferimentos que recebi na casa de meus amigos” – responderá ele.

A variedade de nomes utilizados para exprimi-lo, é um sinal claro disso; e o nome que ficou a ser mais utilizado (nabi)[1] não é, afinal, o mais claro de todos os que existiam para designar tal conceito.

Talvez as duas conotações mais marcantes de profeta sejam a de "vidente" e a de "porta-voz" que transmite certa mensagem em nome de outro.

O termo ‘profeta’, usado em português, deriva do grego e sublinha esta segunda ideia, isto é, alguém que fala como porta-voz de outro.

Na Bíblia, o conceito de profeta aparece também aplicado a muitas outras figuras, cujos nomes não constam da lista definitiva dos livros sagrados.

A Bíblia hebraica chama "profetas anteriores" ou antigos a uma grande parte dos livros que nós classificamos, na pegada dos Setenta, como livros históricos; e "profetas posteriores", ao conjunto de livros cuja autoria, de algum modo, se atribui a um profeta.

Aqueles que designamos aqui por Livros Proféticos são as obras dos chamados "profetas escritores", se bem que a questão da autoria, como dissemos, não seja linear.

PROFETAS

No Antigo Testamento, estes profetas costumam ser divididos em dois grupos: "Profetas Maiores" e "Profetas Menores", segundo a sua extensão e a importância que foi atribuída a cada um deles.

Profetas Maiores

São Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.

O Livro das Lamentações aparece como uma espécie de prolongamento do Livro de Jeremias, embora já não se costume traduzir o parágrafo inicial da tradução grega que o atribuía expressamente a Jeremias.

Como um segundo anexo a Jeremias, temos o livro profético de Baruc; faz parte dos livros deuterocanônicos e é atribuído a um secretário de Jeremias, de nome Baruc.

Isaías, Jeremias e Ezequiel são identificáveis como três figuras históricas de profetas dos séculos VIII, VII e VI, respectivamente, com notórias e decisivas intervenções na cena histórica, especialmente os dois primeiros.

Daniel aparece na tradição da Bíblia grega entre os Profetas Maiores, mas na Bíblia hebraica é classificado entre os "Escritos", dando a entender que é visto como um gênero de literatura diferente da dos profetas. E é realmente diferente, apesar de ter muitos pontos de convergência.

Profetas Menores

Alguns se apresentam como figuras historicamente mais definidas; é o caso de Oseias, Amós, Miqueias, Ageu e Zacarias.

De outros, como Joel, Abdias, Naum, Habacuc, Sofonias e Malaquias, pouco se sabe ao certo, podendo mesmo acontecer que alguns sejam apenas nomes simbólicos da própria obra literária ou da respectiva mensagem.

Jonas também aparece na Bíblia grega entre os Profetas Menores, mas, na Bíblia hebraica, faz parte dos "Escritos". De fato, além da narração contida no livro, historicamente nada mais se sabe acerca da personagem de quem recebe o nome.



[1] Nabi, em hebraico, significa ‘porta voz’. O termo aparece 316 vezes na Bíblia hebraica e normalmente é traduzido pela palavra ‘profeta’. O seu significado mostra que o profeta não é aquele que prediz o futuro, como muitos costumam entendê-lo, mas alguém que anuncia, como seu porta voz, a mensagem de Deus para seu povo. Por causa da sua fé em Yahweh, consegue ler a realidade e tirar consequências para o futuro. Cf. http://www.abiblia.org/ver.php?id=9964

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Livros do Antigo Testamento (105)

10/05/2019 00:00 - Atualizado em 13/05/2019 11:22

Neste artigo iniciaremos a última série de artigos bíblicos do Antigo Testamento: os Livros Proféticos.

Esta série de artigos deverá cobrir a história, a literatura e a teologia da fase mais densa da História de Israel. No decorrer da longa história da Revelação do Antigo Testamento, este fenômeno profético ocorre nas suas duas situações: Profetas Taumaturgos e grupais (Elias/Eliseu) e os Profetas escritores individuais. Um momento intenso da Revelação de Deus a Israel.

LIVROS PROFÉTICOS

Estes recebem o seu nome do fato de cada um deles aparecer encabeçado pelo nome de um profeta, o qual, podendo não ser sempre o autor de todo o texto, é, pelo menos, a figura histórica que lhe dá a sua personalidade.

O profetismo é um fenômeno cujas raízes se estendem pelo Médio Oriente Antigo.

Tem a ver, por um lado, com experiências religiosas e místicas fora do comum: 1 Sm 19,20-24:

Saul mandou homens para prendê-lo, mas quando viram a comunidade dos profetas em delírio, tendo Samuel à sua frente, o espírito de Deus veio sobre os enviados de Saul, que começaram, também eles, a profetizar. Contaram-no a Saul, que enviou outros mensageiros, mas também estes se puseram a cantar como os primeiros. Saul mandou um terceiro grupo, os quais também profetizaram. Então ele foi pessoalmente a Ramá. Chegando à grande cisterna de Soco, perguntou: “Onde estão Samuel e Davi?”. “Estão em Naiot – responderam-lhe –, perto de Ramá.” Mas, no caminho para Naiot, assaltou-o também o espírito de Deus e Saul foi tomado de transes por todo o caminho até chegar a Naiot. Despiu suas vestes, profetizando diante de Samuel e ficou assim despido, prostrado por terra durante todo o dia e toda a noite. Daí o ditado: “Está Saul também entre os profetas?”

Por outro, com um olhar penetrante e capaz de intuir ou receber a comunicação de verdades profundas (Num 24,3-4).

E pronunciou o oráculo seguinte: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem o olho fechado, oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, desfruta a visão do Todo-poderoso, e se lhe abrem os olhos quando se prostra.

Ou ainda, uma fala com a autoridade na transmissão dessas verdades em nome de Deus (Jr 1,17-19).

Tu, porém, cinge-te com o teu cinto e levanta-te para dizer-lhes tudo quanto te ordenar. Não temas a presença deles, senão, eu te aterrorizarei à vista deles; quanto a mim, desde hoje, faço de ti uma fortaleza, coluna de ferro e muro de bronze, erguido) diante de toda nação, diante dos reis de Judá e seus chefes, diante de seus sacerdotes e de todo o povo da nação. Eles te combaterão, mas não conseguirão vencer-te, porque estou contigo, para livrar-te” – Oráculo do Senhor.

O PROFETISMO

Dentro da própria Bíblia nota-se que o fenômeno do profetismo se formou de muitos elementos e experiências que foram evoluindo e criando um conceito enriquecido de vários matizes, capazes de conter até alguns contrastes (Zc 13,2-6):

Naquele dia – Oráculo do Senhor –, exterminarei da terra até os nomes dos ídolos: não se falará mais deles; expulsarei os falsos profetas e todo espírito impuro. Se alguém intentar ainda dar um oráculo, seu pai e sua mãe que o geraram o repreenderão: “Vais morrer, porque dizes mentiras em nome do Senhor”. E quando ele proferir os seus oráculos, eles mesmos, seu pai e sua mãe que o geraram, o transpassarão. Naquele dia, os profetas terão vergonha de suas visões proféticas, e não mais se cobrirão com o manto de peles para mentir. Cada um dirá: “Não sou profeta, mas lavrador, e possuo terras desde a minha juventude”. Se alguém lhe disser: Que ferimentos são esses em tuas mãos?” “São ferimentos que recebi na casa de meus amigos” – responderá ele.

A variedade de nomes utilizados para exprimi-lo, é um sinal claro disso; e o nome que ficou a ser mais utilizado (nabi)[1] não é, afinal, o mais claro de todos os que existiam para designar tal conceito.

Talvez as duas conotações mais marcantes de profeta sejam a de "vidente" e a de "porta-voz" que transmite certa mensagem em nome de outro.

O termo ‘profeta’, usado em português, deriva do grego e sublinha esta segunda ideia, isto é, alguém que fala como porta-voz de outro.

Na Bíblia, o conceito de profeta aparece também aplicado a muitas outras figuras, cujos nomes não constam da lista definitiva dos livros sagrados.

A Bíblia hebraica chama "profetas anteriores" ou antigos a uma grande parte dos livros que nós classificamos, na pegada dos Setenta, como livros históricos; e "profetas posteriores", ao conjunto de livros cuja autoria, de algum modo, se atribui a um profeta.

Aqueles que designamos aqui por Livros Proféticos são as obras dos chamados "profetas escritores", se bem que a questão da autoria, como dissemos, não seja linear.

PROFETAS

No Antigo Testamento, estes profetas costumam ser divididos em dois grupos: "Profetas Maiores" e "Profetas Menores", segundo a sua extensão e a importância que foi atribuída a cada um deles.

Profetas Maiores

São Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.

O Livro das Lamentações aparece como uma espécie de prolongamento do Livro de Jeremias, embora já não se costume traduzir o parágrafo inicial da tradução grega que o atribuía expressamente a Jeremias.

Como um segundo anexo a Jeremias, temos o livro profético de Baruc; faz parte dos livros deuterocanônicos e é atribuído a um secretário de Jeremias, de nome Baruc.

Isaías, Jeremias e Ezequiel são identificáveis como três figuras históricas de profetas dos séculos VIII, VII e VI, respectivamente, com notórias e decisivas intervenções na cena histórica, especialmente os dois primeiros.

Daniel aparece na tradição da Bíblia grega entre os Profetas Maiores, mas na Bíblia hebraica é classificado entre os "Escritos", dando a entender que é visto como um gênero de literatura diferente da dos profetas. E é realmente diferente, apesar de ter muitos pontos de convergência.

Profetas Menores

Alguns se apresentam como figuras historicamente mais definidas; é o caso de Oseias, Amós, Miqueias, Ageu e Zacarias.

De outros, como Joel, Abdias, Naum, Habacuc, Sofonias e Malaquias, pouco se sabe ao certo, podendo mesmo acontecer que alguns sejam apenas nomes simbólicos da própria obra literária ou da respectiva mensagem.

Jonas também aparece na Bíblia grega entre os Profetas Menores, mas, na Bíblia hebraica, faz parte dos "Escritos". De fato, além da narração contida no livro, historicamente nada mais se sabe acerca da personagem de quem recebe o nome.



[1] Nabi, em hebraico, significa ‘porta voz’. O termo aparece 316 vezes na Bíblia hebraica e normalmente é traduzido pela palavra ‘profeta’. O seu significado mostra que o profeta não é aquele que prediz o futuro, como muitos costumam entendê-lo, mas alguém que anuncia, como seu porta voz, a mensagem de Deus para seu povo. Por causa da sua fé em Yahweh, consegue ler a realidade e tirar consequências para o futuro. Cf. http://www.abiblia.org/ver.php?id=9964

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica