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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (100)

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Livros do Antigo Testamento (100)

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05/04/2019 11:34 - Atualizado em 05/04/2019 11:34

Livros do Antigo Testamento (100) 0

05/04/2019 11:34 - Atualizado em 05/04/2019 11:34

Neste artigo apresentaremos um dos mais destacados livros da coleção dos Sapienciais. Trata-se do Livro da Sabedoria (de Salomão). Uma obra estupenda que representa bem o horizonte helenístico em meio ao desenvolvimento da cultura e da fé de Israel. O cristianismo primitivo saberá tirar frutos desta obra.

INTRODUÇÃO:

Com o Livro da Sabedoria encontramo-nos no fim do AT, num momento fundamental do diálogo entre o judaísmo e a cultura grega.

Neste sentido, ele é um bom predecessor do NT. Por isso, a sua língua é o grego e pertence aos chamados livros Deuterocanônicos1, por se encontrar apenas na Bíblia grega e, consequentemente, não entrar nem no Cânon judaico (da Bíblia hebraica) nem, mais tarde, no Cânon das igrejas protestantes.

AUTOR E DATAÇÃO

Atribuído a Salomão por algumas versões e manuscritos antigos, o Livro da Sabedoria é certamente da responsabilidade de um autor anônimo bem distante de Salomão no tempo, que não poderá situar-se para além do ano 50 a.C. (entre 150 e 50 a.C.). Isso se manifesta nos indícios de caráter literário e histórico.

A atribuição do livro a Salomão, nos cap. 6-9, e só implicitamente, deve-se ao fato de a tradição bíblico-judaica situar este rei na origem do gênero literário sapiencial, o que faz dele o Sábio por excelência (7,1-21; 8,14-16; 9):

Assim implorei e a inteligência me foi dada, supliquei e o espírito da sabedoria veio a mim. Eu a preferi aos cetros e tronos, e avaliei a riqueza como um nada ao lado da sabedoria. Não comparei a ela a pedra preciosa, porque todo o ouro ao lado dela é apenas um pouco de areia, e porque a prata diante dela será tida como lama. Eu a amei mais do que a saúde e a beleza, e gozei dela mais do que da claridade do sol, porque a claridade que dela emana jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens, e em suas mãos inumeráveis riquezas. De todos esses bens eu me alegrei, porque é a sabedoria que os guia, mas ignorava que ela fosse sua mãe. Eu estudei lealmente e reparto sem inveja e não escondo a riqueza que ela encerra, porque ela é para os homens um tesouro inesgotável; e os que a adquirem preparam-se para se tornar amigos de Deus, recomendados (a ele) pela educação que ela lhes dá (Sb 7, 7-14)2.

Muito provavelmente o autor foi um judeu de Alexandria, no Egito - onde residia uma forte comunidade judaica - que utilizou a pseudonomia3.

Como fruto dessa comunidade, o livro está marcado culturalmente por uma forte influência helenista. O autor conhece, por um lado, a História do seu povo e a fé num Deus sempre presente e pronto a intervir nela; e por outro, sente a forte atração que as principais filosofias helenísticas e as diversas religiões exercem na vida dos seus irmãos de raça e de fé.

Por isso, tenta estabelecer o diálogo entre fé e cultura grega (Sb 6-8), de modo a sublinhar que a sabedoria que brota da fé e conduz a vida dos israelitas é superior à que inspira o modo de viver dos habitantes de Alexandria.

Com este livro, o autor dirige-se, pois, a dois destinatários diferentes: aos judeus de Alexandria, direta ou indiretamente perseguidos pelo paganismo do ambiente, e aos próprios pagãos, sobretudo aos intelectuais helenistas, mais abertos à cultura hebraica, intentando, porventura, convertê-los ao Deus verdadeiro.

 

1 O termo ‘deuterocanônico’ (português brasileiro) refere-se a um conjunto de sete livros que estão presentes na Septuaginta, antiga tradução em grego do Antigo Testamento. O judaísmo, após o Sínodo de Jâmnia, concílio rabínico farisaico, realizado entre o final do Século I d.C e o início do Século II d.C, não os considerou canônicos, bem como alguns grupos cristãos, comumente os protestantes. Foram posteriormente admitidos como autênticos pelo Concílio de Roma em 382 d.C., de Hipona em 393 d.C., III Concílio de Cartago em 397, e no Concílio de Trento, iniciado em 1546. Cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Livros_deuterocan%C3%B4nicos

2 Neste sentido, confira também os seguintes textos: 1 Rs 3,5-9; 5,9-14; 10,23-61.

3 ‘Pseudônimo’ é um nome fictício usado por um indivíduo como alternativa ao seu nome legal. Normalmente, os pseudônimos são nomes inventados por escritores, poetas, jornalistas, artistas e outras pessoas famosas que não querem ou não podem assinar suas próprias obras. Etimologicamente, o termo ‘pseudônimo’ se originou a partir do grego ‘pseudṓnumos’, que significa “aquele que usa ou dá nomes falsos”. Nem sempre o pseudônimo é totalmente diferente do nome original, pode ser apenas uma mudança de letra ou outra, ou porque o nome de batismo é muito diferente ou difícil de compreender. Artistas de televisão, teatro, cinema e músicas adotam pseudônimos que consideram impactantes ou que possam fazer mais sucesso. O pseudônimo é tutelado pela lei quando adquire a mesma importância do nome oficial. Cf. https://www.significados.com.br/pseudonimo

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Livros do Antigo Testamento (100)

05/04/2019 11:34 - Atualizado em 05/04/2019 11:34

Neste artigo apresentaremos um dos mais destacados livros da coleção dos Sapienciais. Trata-se do Livro da Sabedoria (de Salomão). Uma obra estupenda que representa bem o horizonte helenístico em meio ao desenvolvimento da cultura e da fé de Israel. O cristianismo primitivo saberá tirar frutos desta obra.

INTRODUÇÃO:

Com o Livro da Sabedoria encontramo-nos no fim do AT, num momento fundamental do diálogo entre o judaísmo e a cultura grega.

Neste sentido, ele é um bom predecessor do NT. Por isso, a sua língua é o grego e pertence aos chamados livros Deuterocanônicos1, por se encontrar apenas na Bíblia grega e, consequentemente, não entrar nem no Cânon judaico (da Bíblia hebraica) nem, mais tarde, no Cânon das igrejas protestantes.

AUTOR E DATAÇÃO

Atribuído a Salomão por algumas versões e manuscritos antigos, o Livro da Sabedoria é certamente da responsabilidade de um autor anônimo bem distante de Salomão no tempo, que não poderá situar-se para além do ano 50 a.C. (entre 150 e 50 a.C.). Isso se manifesta nos indícios de caráter literário e histórico.

A atribuição do livro a Salomão, nos cap. 6-9, e só implicitamente, deve-se ao fato de a tradição bíblico-judaica situar este rei na origem do gênero literário sapiencial, o que faz dele o Sábio por excelência (7,1-21; 8,14-16; 9):

Assim implorei e a inteligência me foi dada, supliquei e o espírito da sabedoria veio a mim. Eu a preferi aos cetros e tronos, e avaliei a riqueza como um nada ao lado da sabedoria. Não comparei a ela a pedra preciosa, porque todo o ouro ao lado dela é apenas um pouco de areia, e porque a prata diante dela será tida como lama. Eu a amei mais do que a saúde e a beleza, e gozei dela mais do que da claridade do sol, porque a claridade que dela emana jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens, e em suas mãos inumeráveis riquezas. De todos esses bens eu me alegrei, porque é a sabedoria que os guia, mas ignorava que ela fosse sua mãe. Eu estudei lealmente e reparto sem inveja e não escondo a riqueza que ela encerra, porque ela é para os homens um tesouro inesgotável; e os que a adquirem preparam-se para se tornar amigos de Deus, recomendados (a ele) pela educação que ela lhes dá (Sb 7, 7-14)2.

Muito provavelmente o autor foi um judeu de Alexandria, no Egito - onde residia uma forte comunidade judaica - que utilizou a pseudonomia3.

Como fruto dessa comunidade, o livro está marcado culturalmente por uma forte influência helenista. O autor conhece, por um lado, a História do seu povo e a fé num Deus sempre presente e pronto a intervir nela; e por outro, sente a forte atração que as principais filosofias helenísticas e as diversas religiões exercem na vida dos seus irmãos de raça e de fé.

Por isso, tenta estabelecer o diálogo entre fé e cultura grega (Sb 6-8), de modo a sublinhar que a sabedoria que brota da fé e conduz a vida dos israelitas é superior à que inspira o modo de viver dos habitantes de Alexandria.

Com este livro, o autor dirige-se, pois, a dois destinatários diferentes: aos judeus de Alexandria, direta ou indiretamente perseguidos pelo paganismo do ambiente, e aos próprios pagãos, sobretudo aos intelectuais helenistas, mais abertos à cultura hebraica, intentando, porventura, convertê-los ao Deus verdadeiro.

 

1 O termo ‘deuterocanônico’ (português brasileiro) refere-se a um conjunto de sete livros que estão presentes na Septuaginta, antiga tradução em grego do Antigo Testamento. O judaísmo, após o Sínodo de Jâmnia, concílio rabínico farisaico, realizado entre o final do Século I d.C e o início do Século II d.C, não os considerou canônicos, bem como alguns grupos cristãos, comumente os protestantes. Foram posteriormente admitidos como autênticos pelo Concílio de Roma em 382 d.C., de Hipona em 393 d.C., III Concílio de Cartago em 397, e no Concílio de Trento, iniciado em 1546. Cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Livros_deuterocan%C3%B4nicos

2 Neste sentido, confira também os seguintes textos: 1 Rs 3,5-9; 5,9-14; 10,23-61.

3 ‘Pseudônimo’ é um nome fictício usado por um indivíduo como alternativa ao seu nome legal. Normalmente, os pseudônimos são nomes inventados por escritores, poetas, jornalistas, artistas e outras pessoas famosas que não querem ou não podem assinar suas próprias obras. Etimologicamente, o termo ‘pseudônimo’ se originou a partir do grego ‘pseudṓnumos’, que significa “aquele que usa ou dá nomes falsos”. Nem sempre o pseudônimo é totalmente diferente do nome original, pode ser apenas uma mudança de letra ou outra, ou porque o nome de batismo é muito diferente ou difícil de compreender. Artistas de televisão, teatro, cinema e músicas adotam pseudônimos que consideram impactantes ou que possam fazer mais sucesso. O pseudônimo é tutelado pela lei quando adquire a mesma importância do nome oficial. Cf. https://www.significados.com.br/pseudonimo

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica