14 de Maio de 2024
Livros do Antigo Testamento (97)
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15/03/2019 12:06 - Atualizado em 15/03/2019 12:06
Livros do Antigo Testamento (97) 0
15/03/2019 12:06 - Atualizado em 15/03/2019 12:06
Neste artigo concluímos nossa sintética exposição sobre um dos livros sapienciais, o livro atribuído ao Rei Sábio, Salomão: o Livro dos Provérbios.
DIVISÃO DO CONTEÚDO
O Livro dos Provérbios inicia-se por uma breve introdução geral (1,1-7), na qual se explicita o seu conteúdo, se justifica o título e se afirma que, no limiar de todo o conhecimento, está o temor do Senhor.
Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, para conhecer a sabedoria e a instrução, para compreender as palavras sensatas, para adquirir as lições do bom senso, da justiça, da equidade e da retidão; para dar aos simples o discernimento, ao adolescente a ciência e a reflexão. Que o sábio escute, e aumentará seu saber, e o homem inteligente adquirirá prudência para compreender os provérbios, as alegorias, as máximas dos sábios e seus enigmas. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução (Prov. 1,1-7).
Depois, apresenta um conjunto de nove coleções independentes, diferentes em extensão, estilo, conteúdo e época:
1. 1,8-9,18: advertências de um pai educador, sobre a sabedoria contra as más companhias e a mulher leviana; a sabedoria, exaltada e personificada, toma a palavra (1,20-33), faz o elogio de si mesma, define as suas relações com Deus desde a eternidade, descreve o seu papel na criação e fala do seu maior desejo: comunicar-se ao ser humano, para orientá-lo no processo do conhecimento do meio em que vive, em ordem a que Deus possa ser encontrado nessa mesma realidade (8,35). Também aparece a “Senhora Insensatez”, em oposição à Sabedoria (9,1-6 e v.13-18).
2. 10,1-22,16: coincide com a primeira coleção de Salomão e é constituída por sentenças muito antigas que se ocupam da vida moral.
3. 22,17-24,22: primeira coleção de advertências e conselhos, de certa afinidade com a sabedoria egípcia de Amenemop (22,17-23,14); notável sátira feita à embriaguez (23,29-35).
4. 24,23-34: segunda colecção dos sábios; apresenta, sobretudo, o retrato do preguiçoso (v.30-34).
5. 25,1-29,27: segunda coleção de Salomão, cuja compilação se atribui aos sábios que estavam ao serviço do rei Ezequias. Tem sinais de parentesco com a primeira (10,1-22,16) e nela se encontram alguns dos provérbios mais puros, tanto na forma como no conteúdo, especialmente nos capítulos 25-27. Os capítulos 28-29 distinguem-se pelo seu espírito religioso, com frequentes alusões ao Senhor; recordam a observância da lei e contrapõem os malvados e os justos.
6. 30,1-14: provérbios de Agur, sábio de origem estrangeira.
7. 30,15-33: provérbios numéricos, organizados segundo o modelo de uma enumeração progressiva.
8. 31,1-9: provérbios de Lemuel, outro sábio estrangeiro.
9. 31,10-31: célebre poema, elogio da mulher exemplar, onde se nota certa relação com a sabedoria apresentada no Capítulo 9.
TEOLOGIA
Tal como no aspecto literário, também no doutrinal este livro não apresenta unidade.
De uma forma genérica, ensina a arte de bem viver, pondo em relevo a preocupação pelos simples, especialmente os jovens sem experiência, procurando incutir-lhes uma personalidade firme, guiada pela sabedoria e piedade filial, evitando a preguiça, o vinho, as más companhias, as mulheres de má vida, os desmandos da língua, a iniquidade.
Esta moral pode parecer apenas natural e laica, mas não há dúvida que a religião é a base de toda a moralidade dos provérbios.
Por isso, ‘o temor do Senhor’, princípio e coroamento da sabedoria, fonte de felicidade, aparece como chave e fecho deste livro (1,7; 31,30), embora não sejam muitas as referências diretas à lei, ao culto e à aliança, noções fundamentais na religião hebraica.
Quanto ao problema da retribuição e do além, o livro mantém-se na linha tradicional de uma retribuição individual, terrena, e ignora a reação de Job, o Eclesiastes e os profetas exílicos.
Apresenta certo otimismo, na medida em que o homem aparece inserido num mundo em que pode fazer as suas opções em ordem a ter êxito na vida, tornando-se responsável por ele próprio.
Foi uma ampla experiência humana que permitiu formular provérbios anunciadores da recompensa atribuída à justiça, à bondade e à humildade, assim como da punição reservada a atitudes opostas.
Contudo, também já se nota a percepção de que essa recompensa não obedece a nenhum automatismo, pois acima de toda a sabedoria e habilidade está Deus, o soberano absoluto da natureza, dos acontecimentos e do coração humano (21,30-31):
Nem a sabedoria, nem prudência, nem conselho podem prevalecer contra o Senhor. Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, mas é do Senhor que depende a vitória.
Livros do Antigo Testamento (97)
15/03/2019 12:06 - Atualizado em 15/03/2019 12:06
Neste artigo concluímos nossa sintética exposição sobre um dos livros sapienciais, o livro atribuído ao Rei Sábio, Salomão: o Livro dos Provérbios.
DIVISÃO DO CONTEÚDO
O Livro dos Provérbios inicia-se por uma breve introdução geral (1,1-7), na qual se explicita o seu conteúdo, se justifica o título e se afirma que, no limiar de todo o conhecimento, está o temor do Senhor.
Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, para conhecer a sabedoria e a instrução, para compreender as palavras sensatas, para adquirir as lições do bom senso, da justiça, da equidade e da retidão; para dar aos simples o discernimento, ao adolescente a ciência e a reflexão. Que o sábio escute, e aumentará seu saber, e o homem inteligente adquirirá prudência para compreender os provérbios, as alegorias, as máximas dos sábios e seus enigmas. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução (Prov. 1,1-7).
Depois, apresenta um conjunto de nove coleções independentes, diferentes em extensão, estilo, conteúdo e época:
1. 1,8-9,18: advertências de um pai educador, sobre a sabedoria contra as más companhias e a mulher leviana; a sabedoria, exaltada e personificada, toma a palavra (1,20-33), faz o elogio de si mesma, define as suas relações com Deus desde a eternidade, descreve o seu papel na criação e fala do seu maior desejo: comunicar-se ao ser humano, para orientá-lo no processo do conhecimento do meio em que vive, em ordem a que Deus possa ser encontrado nessa mesma realidade (8,35). Também aparece a “Senhora Insensatez”, em oposição à Sabedoria (9,1-6 e v.13-18).
2. 10,1-22,16: coincide com a primeira coleção de Salomão e é constituída por sentenças muito antigas que se ocupam da vida moral.
3. 22,17-24,22: primeira coleção de advertências e conselhos, de certa afinidade com a sabedoria egípcia de Amenemop (22,17-23,14); notável sátira feita à embriaguez (23,29-35).
4. 24,23-34: segunda colecção dos sábios; apresenta, sobretudo, o retrato do preguiçoso (v.30-34).
5. 25,1-29,27: segunda coleção de Salomão, cuja compilação se atribui aos sábios que estavam ao serviço do rei Ezequias. Tem sinais de parentesco com a primeira (10,1-22,16) e nela se encontram alguns dos provérbios mais puros, tanto na forma como no conteúdo, especialmente nos capítulos 25-27. Os capítulos 28-29 distinguem-se pelo seu espírito religioso, com frequentes alusões ao Senhor; recordam a observância da lei e contrapõem os malvados e os justos.
6. 30,1-14: provérbios de Agur, sábio de origem estrangeira.
7. 30,15-33: provérbios numéricos, organizados segundo o modelo de uma enumeração progressiva.
8. 31,1-9: provérbios de Lemuel, outro sábio estrangeiro.
9. 31,10-31: célebre poema, elogio da mulher exemplar, onde se nota certa relação com a sabedoria apresentada no Capítulo 9.
TEOLOGIA
Tal como no aspecto literário, também no doutrinal este livro não apresenta unidade.
De uma forma genérica, ensina a arte de bem viver, pondo em relevo a preocupação pelos simples, especialmente os jovens sem experiência, procurando incutir-lhes uma personalidade firme, guiada pela sabedoria e piedade filial, evitando a preguiça, o vinho, as más companhias, as mulheres de má vida, os desmandos da língua, a iniquidade.
Esta moral pode parecer apenas natural e laica, mas não há dúvida que a religião é a base de toda a moralidade dos provérbios.
Por isso, ‘o temor do Senhor’, princípio e coroamento da sabedoria, fonte de felicidade, aparece como chave e fecho deste livro (1,7; 31,30), embora não sejam muitas as referências diretas à lei, ao culto e à aliança, noções fundamentais na religião hebraica.
Quanto ao problema da retribuição e do além, o livro mantém-se na linha tradicional de uma retribuição individual, terrena, e ignora a reação de Job, o Eclesiastes e os profetas exílicos.
Apresenta certo otimismo, na medida em que o homem aparece inserido num mundo em que pode fazer as suas opções em ordem a ter êxito na vida, tornando-se responsável por ele próprio.
Foi uma ampla experiência humana que permitiu formular provérbios anunciadores da recompensa atribuída à justiça, à bondade e à humildade, assim como da punição reservada a atitudes opostas.
Contudo, também já se nota a percepção de que essa recompensa não obedece a nenhum automatismo, pois acima de toda a sabedoria e habilidade está Deus, o soberano absoluto da natureza, dos acontecimentos e do coração humano (21,30-31):
Nem a sabedoria, nem prudência, nem conselho podem prevalecer contra o Senhor. Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, mas é do Senhor que depende a vitória.
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