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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (79)

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Livros do Antigo Testamento (79)

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09/11/2018 12:17 - Atualizado em 09/11/2018 12:17

Livros do Antigo Testamento (79) 0

09/11/2018 12:17 - Atualizado em 09/11/2018 12:17

Neste artigo concluímos nossas observações sobre os Livros dos Reis. Uma obra de relevância histórica, pois se trata de entender a relevância deste período da história de Israel, no qual os monarcas irão desenvolver a consciência da unidade do Reino de Deus na Terra, sobretudo, nas figuras de Davi e Salomão.

PLANO DA OBRA

A História dos Reis de Israel divide-se em três fases principais:

1) Em 1 Rs 1-11

Nesta se descreve o reinado de Salomão: com alguma pompa e pormenor, narram-se as vicissitudes e os jogos de corte, por ocasião da sua designação para a sucessão, na dinastia de David, a grandeza do seu reinado, a sua sabedoria e riquezas. No final, são-lhe feitas algumas críticas, apresentadas como causas do desmoronamento da realeza única, levando à separação dos dois reinos antes unificados.

2) De 1 Rs 12-2 Rs 17

Nesta decorre a parte mais longa deste conjunto, que apresenta a História paralela dos dois reinos separados: o do Norte, também chamado de Israel ou da Samaria, e o do Sul, também referido como de Judá ou de Jerusalém. O fio condutor desta História é a exposição paralela das duas séries de reis que personificavam, a cada momento, as dinastias dos hebreus. O esquema de apresentação é uniforme para quase todos, traduzindo o essencial da sua biografia política e, muito particularmente, a qualificação de bom ou mau rei, segundo os critérios religiosos de valor sistematicamente aplicados.

Algumas das mais significativas interrupções deste esquema rígido acontecem com o aparecimento de personagens especiais, sobretudo Elias e Eliseu (1 Rs 17-2 Rs 13).

As suas histórias tratam não apenas dos dois profetas mais prestigiados desta primeira parte da monarquia, mas de duas personagens cuja atividade profética influenciou as opções tomadas por alguns reis, condicionando o destino da própria monarquia hebraica.

3) A parte final (2 Rs 18-25)

Esta seção constitui quase um epílogo sobre a ameaçada sobrevivência da dinastia davídica de Jerusalém e a sua dramática destruição.

É intensa e dramática, tanto pelos efeitos imediatos do cataclismo da Samaria, como pelas necessidades de reforma que constituíram uma reação a médio prazo às mesmas preocupações, e pelos sinais cada vez mais claros da próxima destruição de Jerusalém, cujos sinais se tornavam cada vez mais evidentes.

Assim, teríamos nestes dois livros as partes seguintes:

I. Fim do reinado de David e reino de Salomão: 1 Rs 1,1-11,43;

II. Divisão do Reino. Reis de Israel: 1 Rs 12,1-22,54;

III. Fim da História Sincrônica de Israel e Judá: 2 Rs 1,1-17,41;

IV. Fim do reino de Judá: 2 Rs 18,1-25,30.

MENSAGEM

A redação deuteronomista dos Livros dos Reis pretendia oferecer de exame de consciência sobre o comportamento dos reis de Israel e de Judá, pois nele se espelhava o destino de todo o povo.

Procurava-se uma explicação das desgraças que, nos últimos tempos, se tinham abatido sobre o povo de Israel e a sua imagem de identidade - a monarquia, o templo e a capital.

A maior parte dos seus reis fez “o que era mal aos olhos do Senhor”. Podendo representar práticas variadas, este pecado, na linguagem do Deuteronomista, parece referir-se, sobretudo, à tolerância e aceitação dos cultos prestados a deuses estrangeiros (1 Rs 11,1-10.33; 14,22-24); mas também caracteriza os atos de culto a Javé, realizados em santuários fora de Jerusalém (1 Rs 12,26-33). Este foi o pecado de Jeroboão (1 Rs 13,34; 14,16; 15,30; etc.).

A centralidade de Jerusalém é um questão central para a História Deuteronomista. Por isso, além de David, como “fundador” do templo de Jerusalém, e de Salomão, como seu construtor, somente Ezequias e Josias, reformadores do culto no sentido pretendido pelo deuteronomista, são objeto de elogios.

E assim, os Livros dos Reis, que, pelo seu tema histórico, poderiam parecer de pouca importância para o pensamento religioso de Israel, acabam por se encontrar no centro de uma das mais marcantes teologias da História que dão conteúdo à Bíblia.

As suas ideias são, por isso, muito semelhantes às do Deuteronômio: o templo de Jerusalém deve ser o centro geográfico e cultual da religião hebraica. Esta especificidade religiosa dos Livros dos Reis explica o fato de, na tradição hebraica, serem integrados no âmbito dos “profetas anteriores”.

A importância que os profetas como Elias, Eliseu e até Isaías têm ao longo destes livros simboliza bem o seu alcance religioso.

Estes livros, segundo a história deuteronomista, assumem a realeza como uma grande instituição da religião de Israel, apesar do dramatismo com que apresentam as infidelidades da maior parte dos reis para com o javismo. Ao assumirem a realeza como instituição que interfere profundamente no domínio religioso, oferecem a referência histórica essencial para a ideia do messianismo.

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Livros do Antigo Testamento (79)

09/11/2018 12:17 - Atualizado em 09/11/2018 12:17

Neste artigo concluímos nossas observações sobre os Livros dos Reis. Uma obra de relevância histórica, pois se trata de entender a relevância deste período da história de Israel, no qual os monarcas irão desenvolver a consciência da unidade do Reino de Deus na Terra, sobretudo, nas figuras de Davi e Salomão.

PLANO DA OBRA

A História dos Reis de Israel divide-se em três fases principais:

1) Em 1 Rs 1-11

Nesta se descreve o reinado de Salomão: com alguma pompa e pormenor, narram-se as vicissitudes e os jogos de corte, por ocasião da sua designação para a sucessão, na dinastia de David, a grandeza do seu reinado, a sua sabedoria e riquezas. No final, são-lhe feitas algumas críticas, apresentadas como causas do desmoronamento da realeza única, levando à separação dos dois reinos antes unificados.

2) De 1 Rs 12-2 Rs 17

Nesta decorre a parte mais longa deste conjunto, que apresenta a História paralela dos dois reinos separados: o do Norte, também chamado de Israel ou da Samaria, e o do Sul, também referido como de Judá ou de Jerusalém. O fio condutor desta História é a exposição paralela das duas séries de reis que personificavam, a cada momento, as dinastias dos hebreus. O esquema de apresentação é uniforme para quase todos, traduzindo o essencial da sua biografia política e, muito particularmente, a qualificação de bom ou mau rei, segundo os critérios religiosos de valor sistematicamente aplicados.

Algumas das mais significativas interrupções deste esquema rígido acontecem com o aparecimento de personagens especiais, sobretudo Elias e Eliseu (1 Rs 17-2 Rs 13).

As suas histórias tratam não apenas dos dois profetas mais prestigiados desta primeira parte da monarquia, mas de duas personagens cuja atividade profética influenciou as opções tomadas por alguns reis, condicionando o destino da própria monarquia hebraica.

3) A parte final (2 Rs 18-25)

Esta seção constitui quase um epílogo sobre a ameaçada sobrevivência da dinastia davídica de Jerusalém e a sua dramática destruição.

É intensa e dramática, tanto pelos efeitos imediatos do cataclismo da Samaria, como pelas necessidades de reforma que constituíram uma reação a médio prazo às mesmas preocupações, e pelos sinais cada vez mais claros da próxima destruição de Jerusalém, cujos sinais se tornavam cada vez mais evidentes.

Assim, teríamos nestes dois livros as partes seguintes:

I. Fim do reinado de David e reino de Salomão: 1 Rs 1,1-11,43;

II. Divisão do Reino. Reis de Israel: 1 Rs 12,1-22,54;

III. Fim da História Sincrônica de Israel e Judá: 2 Rs 1,1-17,41;

IV. Fim do reino de Judá: 2 Rs 18,1-25,30.

MENSAGEM

A redação deuteronomista dos Livros dos Reis pretendia oferecer de exame de consciência sobre o comportamento dos reis de Israel e de Judá, pois nele se espelhava o destino de todo o povo.

Procurava-se uma explicação das desgraças que, nos últimos tempos, se tinham abatido sobre o povo de Israel e a sua imagem de identidade - a monarquia, o templo e a capital.

A maior parte dos seus reis fez “o que era mal aos olhos do Senhor”. Podendo representar práticas variadas, este pecado, na linguagem do Deuteronomista, parece referir-se, sobretudo, à tolerância e aceitação dos cultos prestados a deuses estrangeiros (1 Rs 11,1-10.33; 14,22-24); mas também caracteriza os atos de culto a Javé, realizados em santuários fora de Jerusalém (1 Rs 12,26-33). Este foi o pecado de Jeroboão (1 Rs 13,34; 14,16; 15,30; etc.).

A centralidade de Jerusalém é um questão central para a História Deuteronomista. Por isso, além de David, como “fundador” do templo de Jerusalém, e de Salomão, como seu construtor, somente Ezequias e Josias, reformadores do culto no sentido pretendido pelo deuteronomista, são objeto de elogios.

E assim, os Livros dos Reis, que, pelo seu tema histórico, poderiam parecer de pouca importância para o pensamento religioso de Israel, acabam por se encontrar no centro de uma das mais marcantes teologias da História que dão conteúdo à Bíblia.

As suas ideias são, por isso, muito semelhantes às do Deuteronômio: o templo de Jerusalém deve ser o centro geográfico e cultual da religião hebraica. Esta especificidade religiosa dos Livros dos Reis explica o fato de, na tradição hebraica, serem integrados no âmbito dos “profetas anteriores”.

A importância que os profetas como Elias, Eliseu e até Isaías têm ao longo destes livros simboliza bem o seu alcance religioso.

Estes livros, segundo a história deuteronomista, assumem a realeza como uma grande instituição da religião de Israel, apesar do dramatismo com que apresentam as infidelidades da maior parte dos reis para com o javismo. Ao assumirem a realeza como instituição que interfere profundamente no domínio religioso, oferecem a referência histórica essencial para a ideia do messianismo.

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica