Arquidiocese do Rio de Janeiro

30º 24º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 13/05/2024

13 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (66)

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do e-mail.
E-mail enviado com sucesso.

13 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (66)

Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do erro.
Erro relatado com sucesso, obrigado.

10/08/2018 15:35 - Atualizado em 10/08/2018 15:35

Livros do Antigo Testamento (66) 0

10/08/2018 15:35 - Atualizado em 10/08/2018 15:35

Neste artigo prosseguimos na apresentação introdutória do livro do Deuteronômio. Último livro do Pentateuco, este livro não somente encerra a série dos livros da Aliança, mas os resume e amplia. Por ele chegamos à compreensão da narrativa que segue com Josué.

Teologia do Livro do Deuteronômio

O Senhor, vosso Deus, que marcha diante de vós, combaterá ele mesmo em vosso lugar, como sempre o fez sob os vossos olhos, no Egito e no deserto. No deserto, tu mesmo viste como o Senhor, teu Deus, te levou por todo caminho por onde andaste, como um (Dt 1, 30s).

Trata-se de um livro de grande riqueza doutrinal, sempre preocupado em inculcar a fidelidade de Israel a Deus, que é chamado Pai (1,31), e a estabelecer entre os membros do povo escolhido uma verdadeira fraternidade.

Defende a centralização do culto, dentro do princípio da aliança, que os profetas evidenciaram.

Mesmo insistindo na observância das leis, não deixa de salientar a responsabilidade da consciência individual e o compromisso pessoal, que a fé no Deus único exige.

Apesar da visão profundamente religiosa e das preocupações teológicas mais voltadas para os problemas institucionais e nacionais, não deixa de reclamar o amor fraterno e a justiça social, apresentando leis verdadeiramente humanitárias.

Pela sua intenção de recapitular a Lei e repropor o conceito de aliança, e pela influência que teve na reflexão sobre a História de Israel, o livro do Deuteronômio ocupa um lugar central dentro da Bíblia.

E é, por conseguinte, de primeira importância para qualquer tentativa de sistematização de uma teologia bíblica.

O termo “Aliança” (berit, em hebraico) ocorre 27 vezes no Deuteronômio.

Em numerosas passagens, o Deuteronômio designa o acontecimento do Sinai como uma “Aliança”.

Contudo, em 5,2-3 acrescenta-se algo novo:

Iahweh, nosso Deus, concluiu conosco uma Aliança no Horeb. Iahweh não concluiu esta Aliança com nossos pais, mas conosco, conosco que estamos hoje aqui, todos vivos.

Note-se a expressão ‘conosco’, que mostra que, seja qual for o papel de Moisés, a Aliança foi feita entre Deus e o povo.

O Deuteronômio insiste que Javé é aquele que guarda a Aliança e a misericórdia para com os que o amam (7, 9.12):

Reconhece, pois, que o Senhor, teu Deus, é verdadeiramente Deus, um Deus fiel, que guarda a sua aliança e a sua misericórdia até a milésima geração para com aqueles que o amam e observam os seus mandamentos, se ouvirdes esses preceitos e os praticardes fielmente, o Senhor, teu Deus, guardará para contigo a aliança de misericórdia que jurou a teus pais.

Ele é o Deus fiel, que faz conhecer sua Aliança (4,13) ou ainda que estabelece sua Aliança (8,18):

Lembra-te de que, é o Senhor, teu Deus, quem te dá a força para adquiri-los, a fim de confirmar, como o faz hoje, a aliança que jurou a teus pais

Contudo, não obstante a fidelidade de Deus, infelizmente paira em todo o livro grande inquietação:

1) Israel pode transgredir a Aliança (17,2):

Se se encontrar no meio de ti, em uma das cidades que te dá o Senhor, teu Deus, um homem ou uma mulher que faça o que é mau aos olhos do Senhor, teu Deus, violando sua aliança

2) Romper a Aliança (31,16.20)

O Senhor disse a Moisés: Eis que vais repousar com teus pais, e esse povo irá prostituir-se aos deuses estrangeiros, entre os quais vai habitar. Ele me abandonará e violará a aliança que fiz com ele. Com efeito, quando eu os tiver introduzido na terra que mana leite e mel, que prometi a seus pais lhes dar, depois que tiverem comido, e se tiverem saciado e engordado, voltar-se-ão para outros deuses e lhes renderão culto, desprezando-me e violando a minha aliança.

3) Abandonar a Aliança (29,24)

Todas essas nações perguntarão: por que o fez assim o Senhor a esta terra, e de onde vem o ardor de tamanha cólera?

4) esquecer a Aliança (4,31)

Porque o Senhor é um Deus misericordioso, e ele não te quer abandonar nem te extinguir, e não se esquecerá da aliança que jurou aos teus pais.

O livro põe assim em relevo a liberdade de escolha do povo perante Javé e a fragilidade de sua adesão ao projeto de Deus.

Essa inquietação nasce da experiência real da constante infidelidade do povo. Daí que a exortação à obediência à Lei confirma uma situação de desobediência generalizada. Essa é a questão que está no cerne do Deuteronômio.

Leia os comentários

Deixe seu comentário

Resposta ao comentário de:

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do comentário.
Comentário enviado para aprovação.

Livros do Antigo Testamento (66)

10/08/2018 15:35 - Atualizado em 10/08/2018 15:35

Neste artigo prosseguimos na apresentação introdutória do livro do Deuteronômio. Último livro do Pentateuco, este livro não somente encerra a série dos livros da Aliança, mas os resume e amplia. Por ele chegamos à compreensão da narrativa que segue com Josué.

Teologia do Livro do Deuteronômio

O Senhor, vosso Deus, que marcha diante de vós, combaterá ele mesmo em vosso lugar, como sempre o fez sob os vossos olhos, no Egito e no deserto. No deserto, tu mesmo viste como o Senhor, teu Deus, te levou por todo caminho por onde andaste, como um (Dt 1, 30s).

Trata-se de um livro de grande riqueza doutrinal, sempre preocupado em inculcar a fidelidade de Israel a Deus, que é chamado Pai (1,31), e a estabelecer entre os membros do povo escolhido uma verdadeira fraternidade.

Defende a centralização do culto, dentro do princípio da aliança, que os profetas evidenciaram.

Mesmo insistindo na observância das leis, não deixa de salientar a responsabilidade da consciência individual e o compromisso pessoal, que a fé no Deus único exige.

Apesar da visão profundamente religiosa e das preocupações teológicas mais voltadas para os problemas institucionais e nacionais, não deixa de reclamar o amor fraterno e a justiça social, apresentando leis verdadeiramente humanitárias.

Pela sua intenção de recapitular a Lei e repropor o conceito de aliança, e pela influência que teve na reflexão sobre a História de Israel, o livro do Deuteronômio ocupa um lugar central dentro da Bíblia.

E é, por conseguinte, de primeira importância para qualquer tentativa de sistematização de uma teologia bíblica.

O termo “Aliança” (berit, em hebraico) ocorre 27 vezes no Deuteronômio.

Em numerosas passagens, o Deuteronômio designa o acontecimento do Sinai como uma “Aliança”.

Contudo, em 5,2-3 acrescenta-se algo novo:

Iahweh, nosso Deus, concluiu conosco uma Aliança no Horeb. Iahweh não concluiu esta Aliança com nossos pais, mas conosco, conosco que estamos hoje aqui, todos vivos.

Note-se a expressão ‘conosco’, que mostra que, seja qual for o papel de Moisés, a Aliança foi feita entre Deus e o povo.

O Deuteronômio insiste que Javé é aquele que guarda a Aliança e a misericórdia para com os que o amam (7, 9.12):

Reconhece, pois, que o Senhor, teu Deus, é verdadeiramente Deus, um Deus fiel, que guarda a sua aliança e a sua misericórdia até a milésima geração para com aqueles que o amam e observam os seus mandamentos, se ouvirdes esses preceitos e os praticardes fielmente, o Senhor, teu Deus, guardará para contigo a aliança de misericórdia que jurou a teus pais.

Ele é o Deus fiel, que faz conhecer sua Aliança (4,13) ou ainda que estabelece sua Aliança (8,18):

Lembra-te de que, é o Senhor, teu Deus, quem te dá a força para adquiri-los, a fim de confirmar, como o faz hoje, a aliança que jurou a teus pais

Contudo, não obstante a fidelidade de Deus, infelizmente paira em todo o livro grande inquietação:

1) Israel pode transgredir a Aliança (17,2):

Se se encontrar no meio de ti, em uma das cidades que te dá o Senhor, teu Deus, um homem ou uma mulher que faça o que é mau aos olhos do Senhor, teu Deus, violando sua aliança

2) Romper a Aliança (31,16.20)

O Senhor disse a Moisés: Eis que vais repousar com teus pais, e esse povo irá prostituir-se aos deuses estrangeiros, entre os quais vai habitar. Ele me abandonará e violará a aliança que fiz com ele. Com efeito, quando eu os tiver introduzido na terra que mana leite e mel, que prometi a seus pais lhes dar, depois que tiverem comido, e se tiverem saciado e engordado, voltar-se-ão para outros deuses e lhes renderão culto, desprezando-me e violando a minha aliança.

3) Abandonar a Aliança (29,24)

Todas essas nações perguntarão: por que o fez assim o Senhor a esta terra, e de onde vem o ardor de tamanha cólera?

4) esquecer a Aliança (4,31)

Porque o Senhor é um Deus misericordioso, e ele não te quer abandonar nem te extinguir, e não se esquecerá da aliança que jurou aos teus pais.

O livro põe assim em relevo a liberdade de escolha do povo perante Javé e a fragilidade de sua adesão ao projeto de Deus.

Essa inquietação nasce da experiência real da constante infidelidade do povo. Daí que a exortação à obediência à Lei confirma uma situação de desobediência generalizada. Essa é a questão que está no cerne do Deuteronômio.

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica