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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (58)

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14 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (58)

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15/06/2018 13:36 - Atualizado em 15/06/2018 13:38

Livros do Antigo Testamento (58) 0

15/06/2018 13:36 - Atualizado em 15/06/2018 13:38

Neste artigo damos continuidade à apresentação dos aspectos propedêuticos da compreensão do “Livro dos Números”. Como já vimos anteriormente, uma peça literária inserida nas origens de Israel confronta-se com a questão da identidade envolvida no processo de recenseamento que envolve a sua narrativa.

III. Na região de Moab (22,1-36,13).

Partiram os filhos de Israel e acamparam nas planícies de Moab, além do Jordão, defronte de Jericó. Balac, filho de Sefor, tinha visto tudo o que Israel fizera aos amorreus. Moab teve um grande medo desse povo, porque era muito numeroso, e ficou aterrorizado diante dos israelitas. E disseram aos anciãos de Madiã: “Essa multidão vai devorar todos os nossos arredores como os bois devoram a erva do campo.” Balac, filho de Sefor, reinava então em Moab. Mandou, pois, mensageiros a Balaão, filho de Beor, em Petor, sobre o rio, na terra dos filhos de Amon, para que o chamassem e lhe dissessem: Há aqui um povo que saiu do Egito, o qual cobre a face da terra, e estabeleceu-se diante de mim (Nm 22,1-5).

Começando com a bênção de Balaão, as narrativas desta terceira parte apresentam um novo recenseamento dos israelitas.

Elas descrevem:

A nomeação de Josué para substituir Moisés

O Senhor respondeu a Moisés: Toma Josué, filho de Nun, no qual reside o Espírito, e impõe-lhe a mão. Apresentá-lo-ás ao sacerdote Eleazar e a toda a assembleia, e o empossarás sob os seus olhos. Tu o investirás de tua autoridade, a fim de que toda a assembleia dos israelitas lhe obedeça. Ele se apresentará ao sacerdote Eleazar, que consultará por ele o oráculo de Urim diante do Senhor; é segundo essa ordem que se conduzirão, ele e toda a assembleia dos israelitas.” Moisés fez como o Senhor tinha ordenado. Tomou Josué e apresentou-o ao sacerdote Eleazar, bem como a toda a assembleia. Impôs-lhe as mãos e empossou-o assim como o Senhor tinha ordenado pela boca de Moisés (Nm 27, 18-23).

Contêm algumas prescrições de carácter cultual

Senhor disse a Moisés: Ordena o seguinte aos israelitas: cuidareis de apresentar no devido tempo a minha oblação, o meu alimento, em sacrifícios de agradável odor consumidos pelo fogo. Dir-lhes-ás: eis o sacrifício pelo fogo que oferecereis ao Senhor: um holocausto cotidiano e perpétuo de dois cordeiros de um ano, sem defeito. Oferecerás um pela manhã e outro entre as duas tardes, juntando, à guisa de oblação, um décimo de efá de flor de farinha amassada com um quarto de hin de óleo de olivas esmagadas. Este é o holocausto perpétuo tal como foi feito no monte Sinai, um sacrifício pelo fogo de suave odor para o Senhor (Nm 28, 1-6).

Narram a luta contra os madianitas

O Senhor disse a Moisés: Vinga os filhos de Israel do mal que lhes fizeram os madianitas; depois disso serás reunido aos teus. Moisés disse então ao povo: Armem-se para a guerra alguns homens dentre vós: eles atacarão Madiã, para executarem sobre ele a vingança do Senhor. Poreis em linha de combate mil homens de cada uma das tribos de Israel (Nm 31, 1-4).

 A partilha de Canaã com a instalação das tribos de Ruben, Gad e parte de Manassés em Guilead, na Transjordânia

Os filhos de Rubem e os filhos de Gad tinham rebanhos em grande quantidade; e, vendo que a terra de Jaser e a terra de Galaad eram próprias para a criação dos animais, vieram procurar Moisés, o sacerdote Eleazar e os chefes da assembleia, dizendo: “Atarot, Dibon, Jazer, Nemra, Hesebon, Eleale, Sabã, Nebo e Beon, terras que o Senhor feriu diante dos filhos de Israel, são uma terra própria para o pasto dos rebanhos; e teus servos têm muitos animais.” E ajuntaram: “Se achamos graça diante de ti, seja dada essa terra em possessão aos teus servos, para que não tenhamos de atravessar o Jordão” (Nm 32, 1-5).

A recapitulação das etapas do Êxodo

Senhor disse a Moisés: “Dize aos israelitas: quando tiverdes passado o Jordão e entrado na terra de Canaã, escolhereis cidades de refúgio onde se possam retirar os homicidas que tiverem involuntariamente matado. Isto vos servirá como prescrição de direito para vós e vossos descendentes, onde quer que habiteis (Nm 35, 9-11. 29).

Como tal, no seu encadeamento histórico, o “Livro dos Números” é inseparável da epopeia do Êxodo.

Mas, também, nele é preciso ter presente que as narrativas foram redigidas bastante depois dos acontecimentos históricos, à luz da perspectiva da fé e da celebração litúrgica do templo de Jerusalém, já na Terra Prometida.

A redação definitiva deste livro deve colocar-se em data posterior ao exílio da Babilônia. Certas leis, sobretudo, são determinadas pela prática ritual estabelecida pelos sacerdotes após o Exílio (séc. VI-V).

De resto, só bastante tardiamente, graças a tradições orais muito antigas de proveniência diversa e a fontes documentais variadas, transmitidas como “memória do passado histórico”, é que terá sido possível cerzir em unidade literária o conjunto das leis e a sequência dos acontecimentos.

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Livros do Antigo Testamento (58)

15/06/2018 13:36 - Atualizado em 15/06/2018 13:38

Neste artigo damos continuidade à apresentação dos aspectos propedêuticos da compreensão do “Livro dos Números”. Como já vimos anteriormente, uma peça literária inserida nas origens de Israel confronta-se com a questão da identidade envolvida no processo de recenseamento que envolve a sua narrativa.

III. Na região de Moab (22,1-36,13).

Partiram os filhos de Israel e acamparam nas planícies de Moab, além do Jordão, defronte de Jericó. Balac, filho de Sefor, tinha visto tudo o que Israel fizera aos amorreus. Moab teve um grande medo desse povo, porque era muito numeroso, e ficou aterrorizado diante dos israelitas. E disseram aos anciãos de Madiã: “Essa multidão vai devorar todos os nossos arredores como os bois devoram a erva do campo.” Balac, filho de Sefor, reinava então em Moab. Mandou, pois, mensageiros a Balaão, filho de Beor, em Petor, sobre o rio, na terra dos filhos de Amon, para que o chamassem e lhe dissessem: Há aqui um povo que saiu do Egito, o qual cobre a face da terra, e estabeleceu-se diante de mim (Nm 22,1-5).

Começando com a bênção de Balaão, as narrativas desta terceira parte apresentam um novo recenseamento dos israelitas.

Elas descrevem:

A nomeação de Josué para substituir Moisés

O Senhor respondeu a Moisés: Toma Josué, filho de Nun, no qual reside o Espírito, e impõe-lhe a mão. Apresentá-lo-ás ao sacerdote Eleazar e a toda a assembleia, e o empossarás sob os seus olhos. Tu o investirás de tua autoridade, a fim de que toda a assembleia dos israelitas lhe obedeça. Ele se apresentará ao sacerdote Eleazar, que consultará por ele o oráculo de Urim diante do Senhor; é segundo essa ordem que se conduzirão, ele e toda a assembleia dos israelitas.” Moisés fez como o Senhor tinha ordenado. Tomou Josué e apresentou-o ao sacerdote Eleazar, bem como a toda a assembleia. Impôs-lhe as mãos e empossou-o assim como o Senhor tinha ordenado pela boca de Moisés (Nm 27, 18-23).

Contêm algumas prescrições de carácter cultual

Senhor disse a Moisés: Ordena o seguinte aos israelitas: cuidareis de apresentar no devido tempo a minha oblação, o meu alimento, em sacrifícios de agradável odor consumidos pelo fogo. Dir-lhes-ás: eis o sacrifício pelo fogo que oferecereis ao Senhor: um holocausto cotidiano e perpétuo de dois cordeiros de um ano, sem defeito. Oferecerás um pela manhã e outro entre as duas tardes, juntando, à guisa de oblação, um décimo de efá de flor de farinha amassada com um quarto de hin de óleo de olivas esmagadas. Este é o holocausto perpétuo tal como foi feito no monte Sinai, um sacrifício pelo fogo de suave odor para o Senhor (Nm 28, 1-6).

Narram a luta contra os madianitas

O Senhor disse a Moisés: Vinga os filhos de Israel do mal que lhes fizeram os madianitas; depois disso serás reunido aos teus. Moisés disse então ao povo: Armem-se para a guerra alguns homens dentre vós: eles atacarão Madiã, para executarem sobre ele a vingança do Senhor. Poreis em linha de combate mil homens de cada uma das tribos de Israel (Nm 31, 1-4).

 A partilha de Canaã com a instalação das tribos de Ruben, Gad e parte de Manassés em Guilead, na Transjordânia

Os filhos de Rubem e os filhos de Gad tinham rebanhos em grande quantidade; e, vendo que a terra de Jaser e a terra de Galaad eram próprias para a criação dos animais, vieram procurar Moisés, o sacerdote Eleazar e os chefes da assembleia, dizendo: “Atarot, Dibon, Jazer, Nemra, Hesebon, Eleale, Sabã, Nebo e Beon, terras que o Senhor feriu diante dos filhos de Israel, são uma terra própria para o pasto dos rebanhos; e teus servos têm muitos animais.” E ajuntaram: “Se achamos graça diante de ti, seja dada essa terra em possessão aos teus servos, para que não tenhamos de atravessar o Jordão” (Nm 32, 1-5).

A recapitulação das etapas do Êxodo

Senhor disse a Moisés: “Dize aos israelitas: quando tiverdes passado o Jordão e entrado na terra de Canaã, escolhereis cidades de refúgio onde se possam retirar os homicidas que tiverem involuntariamente matado. Isto vos servirá como prescrição de direito para vós e vossos descendentes, onde quer que habiteis (Nm 35, 9-11. 29).

Como tal, no seu encadeamento histórico, o “Livro dos Números” é inseparável da epopeia do Êxodo.

Mas, também, nele é preciso ter presente que as narrativas foram redigidas bastante depois dos acontecimentos históricos, à luz da perspectiva da fé e da celebração litúrgica do templo de Jerusalém, já na Terra Prometida.

A redação definitiva deste livro deve colocar-se em data posterior ao exílio da Babilônia. Certas leis, sobretudo, são determinadas pela prática ritual estabelecida pelos sacerdotes após o Exílio (séc. VI-V).

De resto, só bastante tardiamente, graças a tradições orais muito antigas de proveniência diversa e a fontes documentais variadas, transmitidas como “memória do passado histórico”, é que terá sido possível cerzir em unidade literária o conjunto das leis e a sequência dos acontecimentos.

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica