14 de Maio de 2024
Livros do Antigo Testamento (51)
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27/04/2018 14:33 - Atualizado em 27/04/2018 14:34
Livros do Antigo Testamento (51) 0
27/04/2018 14:33 - Atualizado em 27/04/2018 14:34
No prosseguimento de uma introdução geral ao livro do Levítico, o terceiro livro do Pentateuco, concluiremos as questões prévias à compreensão deste livro acerca dos diversos aspectos das principais expressões cúltico-litúrgicas do povo de Israel, projetadas no período pós-exílico na aurora da sua história: os sacrifícios oferecidos a Deus em expiação dos pecados do povo!
III. Apêndice (27,1-34): os votos1.
1) Holocausto:
Vem do hebraico olah, que significa ‘subir’, e indica o fumo da vítima que sobe para Deus. A sua característica essencial era a vítima ser totalmente queimada, não ficando para o sacerdote mais do que a pele.
Antes do sacrifício, o oferente colocava as mãos sobre a vítima, em sinal de que lhe pertencia, reclamando, assim, os benefícios do seu sacrifício. Depois, ele próprio degolava a vítima, e o sacerdote queimava-a sobre o altar. Este sacrifício pretendia reconhecer o direito absoluto de Deus sobre todas as coisas (1,1-17; 6,1-6).
2) Sacrifício de comunhão (ou pacífico: zebah shelamîm):
Este procurava a comunhão com Deus, dando-lhe graças. Como o Holocausto, incluía a imposição das mãos, a imolação da vítima e o derramamento do seu sangue no altar (3,1-17).
A parte mais gorda, considerada a melhor, pertencia a Deus e era queimada; as outras duas partes eram distribuídas entre o sacerdote e o oferente; este comia-a num banquete sagrado, para significar a comunhão com a divindade.
3) Oferta vegetal (minhah, ‘oferta’):
Era a oferta de produtos do campo, sobretudo de farinha misturada com azeite. Este sacrifício estava ligado à oferta da primeira farinha na Festa do Pentecostes, mas tornou-se muito corrente, sendo feito juntamente com os sacrifícios de imolação de animais (ver 2,1-17).
Sacrifício pelo pecado (hata’t): consistia em oferecer uma vítima por qualquer pecado. Variava conforme a gravidade do pecado e a importância da pessoa que pecava; para os pobres, podia comutar-se pelos animais mais baratos: um par de rolas ou de pombas (5,7; 12,6-8; Lc 2,24).
Este sacrifício distinguia-se dos demais pela aspersão do sangue, “pois o sangue é que faz expiação porque é vida” (17,10-11). Assumia especial importância na festa da Expiação.
Sacrifício de reparação da ofensa (asham): era um sacrifício semelhante ao anterior (5,14-26; 7,7).
4) Pães da oferenda (ou da proposição, lit., “pães da face”):
Eram 12 pães colocados sobre uma mesa que estava diante do Santo dos Santos. Simbolizavam a presença das 12 tribos, cada semana, diante do Deus da aliança. Eram renovados em cada sábado, e só os sacerdotes os podiam comer (24,5-9).
Ofertas de incenso: o incenso era considerado o perfume mais excelente e, por isso, oferecia-se a Deus como sinal de adoração e da oração que sobe até Ele.
No chamado altar do incenso, que estava diante do Santo dos Santos, o incenso ardia todos os dias, de manhã e de tarde, em honra do Senhor (2,1.15; 6,8; Ex 30,34-38; Mt 2,11; Lc 1,9).
Diante desta exposição da estrutura do Livro do Levítico, cabe-nos uma breve exposição de sua leitura, e em particular o interesse do cristianismo neste livro, dadas as suas características voltadas para o centro da vida de fé: o culto devido a Deus.
5. TEOLOGIA E LEITURA CRISTÃ
O LEVÍTICO
Representa a resposta cultual do povo de Israel ao Deus da aliança.
Os ritos descritos neste livro são a forma humana cultual possível, nesse tempo, do povo a Deus.
Jesus Cristo não destruiu este culto (Mt 5,17-20); Ele mesmo seguiu várias normas cultuais presentes no Levítico.
No entanto, fez uma interpretação mais espiritual, apontando para um culto que nasça do coração do crente e esteja sempre comprometido com a sua vida concreta e a do mundo que o rodeia (Mt 5,21-48; Mc 7,1-23; Jo 4,20-21; Rm 12,1).
Hoje, continuamos a ler este livro para encontrar as raízes do culto cristão e para nos alimentarmos com os seus temas teológicos, presentes em muitos textos do Novo Testamento.
A Carta aos Hebreus é o livro do Novo Testamento que mais explicitamente faz uma leitura cristã do Levítico.
1 http://www.paroquias.org/biblia/index.php?m=4&n=3
Livros do Antigo Testamento (51)
27/04/2018 14:33 - Atualizado em 27/04/2018 14:34
No prosseguimento de uma introdução geral ao livro do Levítico, o terceiro livro do Pentateuco, concluiremos as questões prévias à compreensão deste livro acerca dos diversos aspectos das principais expressões cúltico-litúrgicas do povo de Israel, projetadas no período pós-exílico na aurora da sua história: os sacrifícios oferecidos a Deus em expiação dos pecados do povo!
III. Apêndice (27,1-34): os votos1.
1) Holocausto:
Vem do hebraico olah, que significa ‘subir’, e indica o fumo da vítima que sobe para Deus. A sua característica essencial era a vítima ser totalmente queimada, não ficando para o sacerdote mais do que a pele.
Antes do sacrifício, o oferente colocava as mãos sobre a vítima, em sinal de que lhe pertencia, reclamando, assim, os benefícios do seu sacrifício. Depois, ele próprio degolava a vítima, e o sacerdote queimava-a sobre o altar. Este sacrifício pretendia reconhecer o direito absoluto de Deus sobre todas as coisas (1,1-17; 6,1-6).
2) Sacrifício de comunhão (ou pacífico: zebah shelamîm):
Este procurava a comunhão com Deus, dando-lhe graças. Como o Holocausto, incluía a imposição das mãos, a imolação da vítima e o derramamento do seu sangue no altar (3,1-17).
A parte mais gorda, considerada a melhor, pertencia a Deus e era queimada; as outras duas partes eram distribuídas entre o sacerdote e o oferente; este comia-a num banquete sagrado, para significar a comunhão com a divindade.
3) Oferta vegetal (minhah, ‘oferta’):
Era a oferta de produtos do campo, sobretudo de farinha misturada com azeite. Este sacrifício estava ligado à oferta da primeira farinha na Festa do Pentecostes, mas tornou-se muito corrente, sendo feito juntamente com os sacrifícios de imolação de animais (ver 2,1-17).
Sacrifício pelo pecado (hata’t): consistia em oferecer uma vítima por qualquer pecado. Variava conforme a gravidade do pecado e a importância da pessoa que pecava; para os pobres, podia comutar-se pelos animais mais baratos: um par de rolas ou de pombas (5,7; 12,6-8; Lc 2,24).
Este sacrifício distinguia-se dos demais pela aspersão do sangue, “pois o sangue é que faz expiação porque é vida” (17,10-11). Assumia especial importância na festa da Expiação.
Sacrifício de reparação da ofensa (asham): era um sacrifício semelhante ao anterior (5,14-26; 7,7).
4) Pães da oferenda (ou da proposição, lit., “pães da face”):
Eram 12 pães colocados sobre uma mesa que estava diante do Santo dos Santos. Simbolizavam a presença das 12 tribos, cada semana, diante do Deus da aliança. Eram renovados em cada sábado, e só os sacerdotes os podiam comer (24,5-9).
Ofertas de incenso: o incenso era considerado o perfume mais excelente e, por isso, oferecia-se a Deus como sinal de adoração e da oração que sobe até Ele.
No chamado altar do incenso, que estava diante do Santo dos Santos, o incenso ardia todos os dias, de manhã e de tarde, em honra do Senhor (2,1.15; 6,8; Ex 30,34-38; Mt 2,11; Lc 1,9).
Diante desta exposição da estrutura do Livro do Levítico, cabe-nos uma breve exposição de sua leitura, e em particular o interesse do cristianismo neste livro, dadas as suas características voltadas para o centro da vida de fé: o culto devido a Deus.
5. TEOLOGIA E LEITURA CRISTÃ
O LEVÍTICO
Representa a resposta cultual do povo de Israel ao Deus da aliança.
Os ritos descritos neste livro são a forma humana cultual possível, nesse tempo, do povo a Deus.
Jesus Cristo não destruiu este culto (Mt 5,17-20); Ele mesmo seguiu várias normas cultuais presentes no Levítico.
No entanto, fez uma interpretação mais espiritual, apontando para um culto que nasça do coração do crente e esteja sempre comprometido com a sua vida concreta e a do mundo que o rodeia (Mt 5,21-48; Mc 7,1-23; Jo 4,20-21; Rm 12,1).
Hoje, continuamos a ler este livro para encontrar as raízes do culto cristão e para nos alimentarmos com os seus temas teológicos, presentes em muitos textos do Novo Testamento.
A Carta aos Hebreus é o livro do Novo Testamento que mais explicitamente faz uma leitura cristã do Levítico.
1 http://www.paroquias.org/biblia/index.php?m=4&n=3
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