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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (44)

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Livros do Antigo Testamento (44)

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09/03/2018 11:53 - Atualizado em 09/03/2018 11:54

Livros do Antigo Testamento (44) 0

09/03/2018 11:53 - Atualizado em 09/03/2018 11:54

Neste artigo atingimos o centro da peregrinação pascal de Israel pelo deserto guiado por Moisés e Aarão: o Monte Sinai. Aqui, Moisés e todo o povo de Israel aprendem as regras do árduo caminho, para que esse seja frutuoso. Neste momento, o deserto se torna finalmente escola de salvação!

1. O Decálogo (Ex 20): Salvação e Conhecimento de Deus

Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor Teu Deus, que Te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de Mim (Ex 20, 1-3)

Para entendermos bem o Decálogo1, é necessário manter-se dentro de duas lógicas inseparáveis: a Salvação do pecado (Gn 3) e a Revelação de Deus (Gn 12).

Senão encontramo-nos como os fariseus e doutores da lei, reprovados permanentemente por Jesus. Uma lei que não inspirava à santidade e a excitar-se ao verdadeiro Conhecimento de Deus, tornava-se um legalismo estéril e hipócrita.

Então, falou Deus todas estas palavras’, tudo que leremos nesta unidade não representa o que Moisés pensa ou proponha ao povo. O Decálogo sai da ‘boa de Deus’, é a mais alta materialização de sua Vontade, em vista de nossa Salvação.

Sendo código legal, instaura a ordem divina no meio de Israel. Deus implanta um ‘éthos’ que lhe agrada e recupera em nós os princípios da santidade, isto é, da semelhança divina nas criaturas humanas, constituindo, assim, o verdadeiro povo de Deus, por suas relações sociais sancionadas por Deus.

Se observarmos bem, o Decálogo exposto entre os vv. 2-26, pode ser dividido em duas partes:

A primeira parte, entre os vv. 2- 11, é nitidamente teológica, isto é, refere-se aos direitos inalienáveis de Deus, que, se não são reconhecidos, obstaculizam relações verdadeiras entre Deus e seu povo. A fidelidade a Deus se vive no cumprimento do direito Divino e no reconhecimento do lugar central de Deus na vida da comunidade escolhida por Ele neste mundo. O conhecimento e a prática destes mandamentos representam a primeira catequese judaica acerca de Deus e seus ‘direitos’ de Aliança sobre nós!

A segunda parte, entre os vv. 12-26, explora os aspectos comunitários da Lei de Deus. O Decálogo define uma silhueta social da fé. A ética que vem esculpida pelos mandamentos vividos entre os membros do povo Israel servirá de reconhecimento recíproco entre os membros do povo de Deus, forjando, assim, fortemente sua identidade nacional. Ao mesmo tempo, servirá de instrumento de comunicação de Deus aos povos com os quais, em diversas circunstâncias, Israel deverá se encontrar, livre ou forçadamente (exílios).

2. Direitos de Deus: Ex 19, 2-11!

Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor Teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão (Ex 20, 4-7).

O primeiro tema exposto pelo Decálogo é a exclusividade de Deus no centro da consciência judaica. Esta temática, na redação do texto, obviamente tem a influência da teologia profética da corrente deuteronomista.

O fim da ‘idolatria’, isto é, da religião infiel ao Único Deus verdadeiro no meio de Israel, foi um programa bem preciso para a grande profecia judaica que relê e radicaliza os significados dos dias fundadores do deserto, na experiência da Aliança do Sinai!

Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

Este versículo constitui a base de uma convicção teológica e estética do judaísmo: a iconoclastia:

Iconoclasta é o nome dado ao membro do movimento de contestação à veneração de ícones religiosos, que surgiu no século VIII, denominado iconoclastia. O termo ‘iconoclastia’ significa, literalmente, ‘quebrador de imagem’ e tem origem no grego eikon (‘ícone’ ou ‘imagem’) e klastein (‘quebrar’). O significado de iconoclasta engloba os indivíduos que não respeitam tradições e crenças estabelecidas ou se opõem a qualquer tipo de culto ou veneração, seja de imagens ou outros elementos. O termo abrange ainda aqueles que destroem monumentos, obras de arte e símbolos. Iconoclastia é o nome do movimento político-religioso que iniciou no Império Bizantino no século VIII e que rejeitava a veneração de imagens religiosas por considerar o ato como idolatria. No ano de 730, após o édito publicado por Leão III que proibia a veneração de ícones e ordenava a destruição de imagens, os membros da iconoclastia destruíram milhares de ícones religiosos. As destruições cessaram em meados do século IX2.

Deus em sua transcendência deve ser respeitado, e não pode existir reprodução humana de sua imagem. Para o judaísmo, cercado de religiões com representações animais e humanas de ‘divindades’, tratava-se de um claro diferencial. A idolatria não era somente reproduzir divindades em imagens ou amuletos, mas, sobretudo, dar-lhes vida e relevância em seu relacionamento com Deus.

 

1 ‘De acordo com que está expresso na Bíblia, aproximadamente no ano de 1250 A.C, o profeta Moisés recebeu diretamente de Deus uma lista de mandamentos escritos à própria mão, em que o povo israelita deveria respeitar para poder fazer parte do seu reino. Conforme as folhas da Escritura Sagrada, Moisés permaneceu no Monte Sinai durante 40 dias e 40 noites. Após este período, Deus lhe entregou duas tábuas de pedra onde estava contido o decálogo composto pelos dez princípios ou mandamentos. Quando Moisés desceu do monte, viu que os israelitas estavam adorando um bezerro de ouro (um falso Deus que o povo acreditava). Essa atitude o enfureceu, e com isso ele destruiu as duas pedras entregues por Deus. Após este ato impulsivo, Moisés pediu perdão a Deus em nome do povo de Israel, e, assim, selaram uma aliança, na qual nos dois blocos de pedra ficaram invocados os mandamentos divinos’. Artigo http://queconceito.com.br/decalogo.

2 https://www.significados.com.br/iconoclasta/

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09/03/2018 11:53 - Atualizado em 09/03/2018 11:54

Neste artigo atingimos o centro da peregrinação pascal de Israel pelo deserto guiado por Moisés e Aarão: o Monte Sinai. Aqui, Moisés e todo o povo de Israel aprendem as regras do árduo caminho, para que esse seja frutuoso. Neste momento, o deserto se torna finalmente escola de salvação!

1. O Decálogo (Ex 20): Salvação e Conhecimento de Deus

Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor Teu Deus, que Te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de Mim (Ex 20, 1-3)

Para entendermos bem o Decálogo1, é necessário manter-se dentro de duas lógicas inseparáveis: a Salvação do pecado (Gn 3) e a Revelação de Deus (Gn 12).

Senão encontramo-nos como os fariseus e doutores da lei, reprovados permanentemente por Jesus. Uma lei que não inspirava à santidade e a excitar-se ao verdadeiro Conhecimento de Deus, tornava-se um legalismo estéril e hipócrita.

Então, falou Deus todas estas palavras’, tudo que leremos nesta unidade não representa o que Moisés pensa ou proponha ao povo. O Decálogo sai da ‘boa de Deus’, é a mais alta materialização de sua Vontade, em vista de nossa Salvação.

Sendo código legal, instaura a ordem divina no meio de Israel. Deus implanta um ‘éthos’ que lhe agrada e recupera em nós os princípios da santidade, isto é, da semelhança divina nas criaturas humanas, constituindo, assim, o verdadeiro povo de Deus, por suas relações sociais sancionadas por Deus.

Se observarmos bem, o Decálogo exposto entre os vv. 2-26, pode ser dividido em duas partes:

A primeira parte, entre os vv. 2- 11, é nitidamente teológica, isto é, refere-se aos direitos inalienáveis de Deus, que, se não são reconhecidos, obstaculizam relações verdadeiras entre Deus e seu povo. A fidelidade a Deus se vive no cumprimento do direito Divino e no reconhecimento do lugar central de Deus na vida da comunidade escolhida por Ele neste mundo. O conhecimento e a prática destes mandamentos representam a primeira catequese judaica acerca de Deus e seus ‘direitos’ de Aliança sobre nós!

A segunda parte, entre os vv. 12-26, explora os aspectos comunitários da Lei de Deus. O Decálogo define uma silhueta social da fé. A ética que vem esculpida pelos mandamentos vividos entre os membros do povo Israel servirá de reconhecimento recíproco entre os membros do povo de Deus, forjando, assim, fortemente sua identidade nacional. Ao mesmo tempo, servirá de instrumento de comunicação de Deus aos povos com os quais, em diversas circunstâncias, Israel deverá se encontrar, livre ou forçadamente (exílios).

2. Direitos de Deus: Ex 19, 2-11!

Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor Teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão (Ex 20, 4-7).

O primeiro tema exposto pelo Decálogo é a exclusividade de Deus no centro da consciência judaica. Esta temática, na redação do texto, obviamente tem a influência da teologia profética da corrente deuteronomista.

O fim da ‘idolatria’, isto é, da religião infiel ao Único Deus verdadeiro no meio de Israel, foi um programa bem preciso para a grande profecia judaica que relê e radicaliza os significados dos dias fundadores do deserto, na experiência da Aliança do Sinai!

Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

Este versículo constitui a base de uma convicção teológica e estética do judaísmo: a iconoclastia:

Iconoclasta é o nome dado ao membro do movimento de contestação à veneração de ícones religiosos, que surgiu no século VIII, denominado iconoclastia. O termo ‘iconoclastia’ significa, literalmente, ‘quebrador de imagem’ e tem origem no grego eikon (‘ícone’ ou ‘imagem’) e klastein (‘quebrar’). O significado de iconoclasta engloba os indivíduos que não respeitam tradições e crenças estabelecidas ou se opõem a qualquer tipo de culto ou veneração, seja de imagens ou outros elementos. O termo abrange ainda aqueles que destroem monumentos, obras de arte e símbolos. Iconoclastia é o nome do movimento político-religioso que iniciou no Império Bizantino no século VIII e que rejeitava a veneração de imagens religiosas por considerar o ato como idolatria. No ano de 730, após o édito publicado por Leão III que proibia a veneração de ícones e ordenava a destruição de imagens, os membros da iconoclastia destruíram milhares de ícones religiosos. As destruições cessaram em meados do século IX2.

Deus em sua transcendência deve ser respeitado, e não pode existir reprodução humana de sua imagem. Para o judaísmo, cercado de religiões com representações animais e humanas de ‘divindades’, tratava-se de um claro diferencial. A idolatria não era somente reproduzir divindades em imagens ou amuletos, mas, sobretudo, dar-lhes vida e relevância em seu relacionamento com Deus.

 

1 ‘De acordo com que está expresso na Bíblia, aproximadamente no ano de 1250 A.C, o profeta Moisés recebeu diretamente de Deus uma lista de mandamentos escritos à própria mão, em que o povo israelita deveria respeitar para poder fazer parte do seu reino. Conforme as folhas da Escritura Sagrada, Moisés permaneceu no Monte Sinai durante 40 dias e 40 noites. Após este período, Deus lhe entregou duas tábuas de pedra onde estava contido o decálogo composto pelos dez princípios ou mandamentos. Quando Moisés desceu do monte, viu que os israelitas estavam adorando um bezerro de ouro (um falso Deus que o povo acreditava). Essa atitude o enfureceu, e com isso ele destruiu as duas pedras entregues por Deus. Após este ato impulsivo, Moisés pediu perdão a Deus em nome do povo de Israel, e, assim, selaram uma aliança, na qual nos dois blocos de pedra ficaram invocados os mandamentos divinos’. Artigo http://queconceito.com.br/decalogo.

2 https://www.significados.com.br/iconoclasta/

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica