14 de Maio de 2024
Livros do Antigo Testamento (42)
Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.
23/02/2018 00:00 - Atualizado em 02/03/2018 13:33
Livros do Antigo Testamento (42) 0
23/02/2018 00:00 - Atualizado em 02/03/2018 13:33
Neste artigo, conferimos à elaboração das tradições teológicas e literárias que apontam na figura de Jetro, sogro de Moisés, uma interpretação ampliada dos eventos do deserto.
1. Ex 18, 1-27: O encontro de Jetro e Moisés no deserto.
Jetro, sacerdote de Madiã, sogro de Moisés, soube de tudo o que Deus tinha feito por Moisés e por Israel, seu povo; e soube que o Senhor tinha feito sair Israel do Egito. Jetro, sogro de Moisés, com os dois filhos e a mulher desse, veio procurá-lo no deserto, onde estava acampado, perto da montanha de Deus. E mandou-lhe dizer: “Teu sogro Jetro vem te ver, acompanhado de tua mulher e de teus dois filhos” (Ex 18, 1. 5-6)
No âmago do relato estão a comunicação e o conhecimento da ação de Deus. Os eventos da páscoa judaica não eram crípticos ou míticos. Os eventos do deserto de certa maneira também pertencem à História da Humanidade.
Assim, o universo familiar de Jetro e seu entorno religioso pagão sabem das coisas que o Senhor realizara pelas mãos de Moisés a favor de Israel: ‘soube de tudo o que Deus tinha feito por Moisés e por Israel, seu povo; e soube que o Senhor tinha feito sair Israel do Egito’.
O texto, portanto, reflete, como pudemos ver em outras passagens no Gênesis a concepção de fundo que Israel tem uma história que implica na comunicação dos feitos de Deus aos outros povos, a todos.
O que ocorre na história de Israel se expande à consciência de outros povos. De fato, esta foi a bênção de Abraão:
Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da Terra (Gênesis 12,1-3).
A visita de Jetro, juntamente com a família de Moisés, é algo surpreendente. Jetro parte para o deserto levando consigo ‘Séfora, mulher de Moisés’[1], além dos dois filhos dele.
Assim como seus dois filhos, dos quais um se chamava Gerson, porque Moisés tinha dito: “Sou um peregrino em uma terra estrangeira.” (...) e o outro chamava-se Eliezer, porque ele tinha dito: “O Deus de meu pai socorreu-me e fez-me escapar à espada do faraó.” (Ex 18, 3-4)
Como já vimos nos textos do Gênesis, no período dos patriarcas, os nomes não são enfeites ou caprichos dos pais, como se percebe hoje em dia.
Atraídos por novelas, homenagens a parentes, ídolos de futebol, personagens de novelas e outras motivações ainda mais banais, muitos pais não são capazes de perceber a relevância da escolha do nome. E, muitas vezes os filhos ao longo da vida sofrem as consequências nefastas de levianas escolhas.
Gérson e Eliezer. Os dois nomes são referências à ação de Deus na vida de Moisés. Nomes que funcionam como códigos da história da Salvação, na especial Família do libertador de Israel.
2. Jetro: testemunha da História da Salvação?
Jetro alegrou-se com todo o bem que o Senhor tinha feito aos israelitas, livrando-os da mão dos egípcios. “Bendito seja o Senhor, disse Jetro, que vos livrou da mão dos egípcios e da mão do faraó; que livrou o povo da mão dos egípcios! Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque o demonstrou quando (seu povo) era tiranizado”. Em seguida Jetro, sogro de Moisés, ofereceu a Deus um holocausto e sacrifícios. Aarão e todos os anciãos de Israel vieram ter com o sogro de Moisés para tomar parte no banquete em presença de Deus (Ex 18, 9-12).
As obras do Senhor visam a fé de Israel. Esse é o objetivo central da ação de Deus em meio a seu povo. No entanto, a evolução da compreensão da Revelação mostra que Deus está se autocomunicando com todos os povos, toda a Terra. E que Israel é Seu instrumento de anúncio universal.
Esta concepção ficará clara após o exílio. A teologia dos profetas, paulatinamente, irá desvendando este desígnio divino de dar-se a conhecer a todos. Trata-se da dimensão universal da Salvação.
Aqui, Jetro, amacelita, ‘sacerdote de Madiã’, portanto, pagão, mas parente de Moisés, seu sogro, dará glória a Deus: ‘Bendito seja o Senhor, disse Jetro, que vos livrou da mão dos egípcios e da mão do faraó; que livrou o povo da mão dos egípcios! Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque o demonstrou quando (seu povo) era tiranizado’. Ouvimos isso em diversas passagens da vida dos patriarcas.
Livros do Antigo Testamento (42)
23/02/2018 00:00 - Atualizado em 02/03/2018 13:33
Neste artigo, conferimos à elaboração das tradições teológicas e literárias que apontam na figura de Jetro, sogro de Moisés, uma interpretação ampliada dos eventos do deserto.
1. Ex 18, 1-27: O encontro de Jetro e Moisés no deserto.
Jetro, sacerdote de Madiã, sogro de Moisés, soube de tudo o que Deus tinha feito por Moisés e por Israel, seu povo; e soube que o Senhor tinha feito sair Israel do Egito. Jetro, sogro de Moisés, com os dois filhos e a mulher desse, veio procurá-lo no deserto, onde estava acampado, perto da montanha de Deus. E mandou-lhe dizer: “Teu sogro Jetro vem te ver, acompanhado de tua mulher e de teus dois filhos” (Ex 18, 1. 5-6)
No âmago do relato estão a comunicação e o conhecimento da ação de Deus. Os eventos da páscoa judaica não eram crípticos ou míticos. Os eventos do deserto de certa maneira também pertencem à História da Humanidade.
Assim, o universo familiar de Jetro e seu entorno religioso pagão sabem das coisas que o Senhor realizara pelas mãos de Moisés a favor de Israel: ‘soube de tudo o que Deus tinha feito por Moisés e por Israel, seu povo; e soube que o Senhor tinha feito sair Israel do Egito’.
O texto, portanto, reflete, como pudemos ver em outras passagens no Gênesis a concepção de fundo que Israel tem uma história que implica na comunicação dos feitos de Deus aos outros povos, a todos.
O que ocorre na história de Israel se expande à consciência de outros povos. De fato, esta foi a bênção de Abraão:
Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da Terra (Gênesis 12,1-3).
A visita de Jetro, juntamente com a família de Moisés, é algo surpreendente. Jetro parte para o deserto levando consigo ‘Séfora, mulher de Moisés’[1], além dos dois filhos dele.
Assim como seus dois filhos, dos quais um se chamava Gerson, porque Moisés tinha dito: “Sou um peregrino em uma terra estrangeira.” (...) e o outro chamava-se Eliezer, porque ele tinha dito: “O Deus de meu pai socorreu-me e fez-me escapar à espada do faraó.” (Ex 18, 3-4)
Como já vimos nos textos do Gênesis, no período dos patriarcas, os nomes não são enfeites ou caprichos dos pais, como se percebe hoje em dia.
Atraídos por novelas, homenagens a parentes, ídolos de futebol, personagens de novelas e outras motivações ainda mais banais, muitos pais não são capazes de perceber a relevância da escolha do nome. E, muitas vezes os filhos ao longo da vida sofrem as consequências nefastas de levianas escolhas.
Gérson e Eliezer. Os dois nomes são referências à ação de Deus na vida de Moisés. Nomes que funcionam como códigos da história da Salvação, na especial Família do libertador de Israel.
2. Jetro: testemunha da História da Salvação?
Jetro alegrou-se com todo o bem que o Senhor tinha feito aos israelitas, livrando-os da mão dos egípcios. “Bendito seja o Senhor, disse Jetro, que vos livrou da mão dos egípcios e da mão do faraó; que livrou o povo da mão dos egípcios! Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque o demonstrou quando (seu povo) era tiranizado”. Em seguida Jetro, sogro de Moisés, ofereceu a Deus um holocausto e sacrifícios. Aarão e todos os anciãos de Israel vieram ter com o sogro de Moisés para tomar parte no banquete em presença de Deus (Ex 18, 9-12).
As obras do Senhor visam a fé de Israel. Esse é o objetivo central da ação de Deus em meio a seu povo. No entanto, a evolução da compreensão da Revelação mostra que Deus está se autocomunicando com todos os povos, toda a Terra. E que Israel é Seu instrumento de anúncio universal.
Esta concepção ficará clara após o exílio. A teologia dos profetas, paulatinamente, irá desvendando este desígnio divino de dar-se a conhecer a todos. Trata-se da dimensão universal da Salvação.
Aqui, Jetro, amacelita, ‘sacerdote de Madiã’, portanto, pagão, mas parente de Moisés, seu sogro, dará glória a Deus: ‘Bendito seja o Senhor, disse Jetro, que vos livrou da mão dos egípcios e da mão do faraó; que livrou o povo da mão dos egípcios! Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque o demonstrou quando (seu povo) era tiranizado’. Ouvimos isso em diversas passagens da vida dos patriarcas.
Deixe seu comentário
Resposta ao comentário de: