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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 15/05/2024

15 de Maio de 2024

Artigo 22 – CORPO: Ídolo x Ícone

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Artigo 22 – CORPO: Ídolo x Ícone

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20/02/2018 13:30 - Atualizado em 20/02/2018 13:30

Artigo 22 – CORPO: Ídolo x Ícone 0

20/02/2018 13:30 - Atualizado em 20/02/2018 13:30

Nesta nossa reflexão, abordaremos as cinco últimas catequeses (59, 60, 61, 62 e 63) do segundo ciclo – A Redenção do Coração – que tratam do corpo humano no que diz respeito à sua exposição pública seja como obra de arte, seja nas produções audiovisuais. A este subconjunto de cinco catequeses, o Papa João Paulo II chama de Pedagogia do Corpo. É curioso perceber quão atual é a Teologia do Corpo e seus assuntos correlatos, apesar de seus primeiros escritos datarem de mais de quarenta anos. E, de forma particular, o tema de que trataremos.

Assim, a Pedagogia do Corpo é aquela utilizada por Cristo tanto no diálogo com os fariseus quanto naquele do Sermão da Montanha, pois em ambos Ele salienta como característica fundamental do homem o seu corpo, a sua masculinidade, a sua feminilidade e, por consequência, a sua humanidade. Essa pedagogia é fruto da própria Teologia do Corpo que oferece uma visão integral do homem, ou seja, sua dimensão material e espiritual. Isso difere do que, normalmente, o avanço das ciências biológicas proporciona ao ser humano, já que só costuma dar uma visão unilateral, preponderantemente material, física, carnal desvinculando-o do espiritual. E, com esta separação o corpo corre grande risco de ser tratado como um simples objeto, sendo disposto de inúmeras formas que degradam fortemente sua dignidade. Como exemplo, podemos citar as palavras do Papa Paulo VI, no número 17 da Humanae Vitae, quando diz: “É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e (...) chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como sua companheira, respeitada e amada”.

Não podemos considerar o corpo como realidade objetiva fora da subjetividade pessoal do homem, dos seres humanos: homem e mulher (TdC, LX, 1). Assim, mesmo as obras de arte, as pinturas, esculturas, representações cênicas devem observar o caráter ético e humano do corpo. É sabido que o homem, como permanente sujeito da cultura, demonstra a si mesmo nas suas criações, nas suas obras. E, mostrar-se significa exibir, expor o próprio corpo. Abrindo, aqui, um parêntesis podemos constatar uma certa forma de culto ao corpo por alguns esportistas, homens e mulheres, que levam ao extremo a preparação física desenvolvendo exageradamente a musculatura corporal.

Neste ponto, chegamos a uma singela, mas profunda conclusão do Papa João Paulo II. Ele esclarece as duas dimensões que o corpo humano tem e que o tornam ou um ídolo (que é idolatrado, cultuado) ou um ícone (que é uma referência, um retrato). Isto é fácil de se verificar nos trabalhos feitos nas artes plásticas, esculturas e pinturas. Nesses o corpo humano é tomado como um modelo, uma referência, em que o resultado final da sua representação sofre grande influência das técnicas e habilidades do artista que tem a capacidade de, até mesmo, abstrair a forma final. De outro lado, verifica-se nas peças teatrais, nas danças, nas obras televisivas e cinematográficas a atuação da própria pessoa, do próprio homem, da própria mulher, enfim, do próprio ser humano. Aqui, onde o corpo é o próprio objeto da, mencionada, obra de arte é que deve haver uma atenção especial, pois não se está falando de algo abstrato e sim da própria pessoa que está atuando. Aqui a dignidade, o respeito, a ética devem estar mais presentes, porque do contrário estar-se-á transformando o humano em objeto e ao transformá-lo em objeto fará com que ele perca a beleza de ser dom. Valorizemos, então, a dignidade do corpo humano, preservando a sua intimidade.

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20/02/2018 13:30 - Atualizado em 20/02/2018 13:30

Nesta nossa reflexão, abordaremos as cinco últimas catequeses (59, 60, 61, 62 e 63) do segundo ciclo – A Redenção do Coração – que tratam do corpo humano no que diz respeito à sua exposição pública seja como obra de arte, seja nas produções audiovisuais. A este subconjunto de cinco catequeses, o Papa João Paulo II chama de Pedagogia do Corpo. É curioso perceber quão atual é a Teologia do Corpo e seus assuntos correlatos, apesar de seus primeiros escritos datarem de mais de quarenta anos. E, de forma particular, o tema de que trataremos.

Assim, a Pedagogia do Corpo é aquela utilizada por Cristo tanto no diálogo com os fariseus quanto naquele do Sermão da Montanha, pois em ambos Ele salienta como característica fundamental do homem o seu corpo, a sua masculinidade, a sua feminilidade e, por consequência, a sua humanidade. Essa pedagogia é fruto da própria Teologia do Corpo que oferece uma visão integral do homem, ou seja, sua dimensão material e espiritual. Isso difere do que, normalmente, o avanço das ciências biológicas proporciona ao ser humano, já que só costuma dar uma visão unilateral, preponderantemente material, física, carnal desvinculando-o do espiritual. E, com esta separação o corpo corre grande risco de ser tratado como um simples objeto, sendo disposto de inúmeras formas que degradam fortemente sua dignidade. Como exemplo, podemos citar as palavras do Papa Paulo VI, no número 17 da Humanae Vitae, quando diz: “É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e (...) chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como sua companheira, respeitada e amada”.

Não podemos considerar o corpo como realidade objetiva fora da subjetividade pessoal do homem, dos seres humanos: homem e mulher (TdC, LX, 1). Assim, mesmo as obras de arte, as pinturas, esculturas, representações cênicas devem observar o caráter ético e humano do corpo. É sabido que o homem, como permanente sujeito da cultura, demonstra a si mesmo nas suas criações, nas suas obras. E, mostrar-se significa exibir, expor o próprio corpo. Abrindo, aqui, um parêntesis podemos constatar uma certa forma de culto ao corpo por alguns esportistas, homens e mulheres, que levam ao extremo a preparação física desenvolvendo exageradamente a musculatura corporal.

Neste ponto, chegamos a uma singela, mas profunda conclusão do Papa João Paulo II. Ele esclarece as duas dimensões que o corpo humano tem e que o tornam ou um ídolo (que é idolatrado, cultuado) ou um ícone (que é uma referência, um retrato). Isto é fácil de se verificar nos trabalhos feitos nas artes plásticas, esculturas e pinturas. Nesses o corpo humano é tomado como um modelo, uma referência, em que o resultado final da sua representação sofre grande influência das técnicas e habilidades do artista que tem a capacidade de, até mesmo, abstrair a forma final. De outro lado, verifica-se nas peças teatrais, nas danças, nas obras televisivas e cinematográficas a atuação da própria pessoa, do próprio homem, da própria mulher, enfim, do próprio ser humano. Aqui, onde o corpo é o próprio objeto da, mencionada, obra de arte é que deve haver uma atenção especial, pois não se está falando de algo abstrato e sim da própria pessoa que está atuando. Aqui a dignidade, o respeito, a ética devem estar mais presentes, porque do contrário estar-se-á transformando o humano em objeto e ao transformá-lo em objeto fará com que ele perca a beleza de ser dom. Valorizemos, então, a dignidade do corpo humano, preservando a sua intimidade.

Tatiana e Ronaldo de Melo
Autor

Tatiana e Ronaldo de Melo

Núcleo de Formação e Espiritualidade da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro