14 de Maio de 2024
Livros do Antigo Testamento (39)
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02/02/2018 00:00 - Atualizado em 05/02/2018 13:14
Livros do Antigo Testamento (39) 0
02/02/2018 00:00 - Atualizado em 05/02/2018 13:14
Neste artigo atingimos o clímax da narração pascal. O povo conduzido por Moisés supera a derradeira barreira. Será a última vez que verá traços da terra da escravidão. A perseguição do Faraó e, por fim, a superação ‘a pé enxuto’ do Mar Vermelho ou dos juncos. E por epílogo, o canto de Mirian, irmã de Moisés, do outro lado margem.
1. A perseguição do Faraó (Ex 14)
O Senhor disse a Moisés: “Dize aos israelitas que mudem de direção e venham acampar diante de Fiairot, entre Magdalum e o mar, defronte de Beelsefon: acampareis defronte desse lugar, perto do mar. O faraó vai pensar: os israelitas perderam-se no país, e o deserto os encerrou. Endurecerei o coração do faraó, e ele os perseguirá; mas eu triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor.” Os israelitas obedeceram (Ex 14, 1-4).
O caminho do deserto que está por iniciar-se será árduo para quem entender entrar nele sem as ‘orientações’ de Deus. Israel não tem bússola humana, mas divina, é Deus quem vai tecendo os caminhos, os tempos e as trajetórias daquele caminho longo e difícil.
Como lidar com os obstáculos, como decidir os rumos, avanços e recuos? Tudo isso será narrado nos capítulos do Êxodo.
Endurecerei o coração do faraó, e ele os perseguirá; mas eu triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor.
Por hora, trata-se de mostrar a Israel como Deus venceu definitivamente o Faraó, com todo o seu exército. Não deve haver na memória de Israel nenhum resquício de dúvidas acerca da superioridade de Deus sobre outros pretensos deuses e senhores deste mundo. Este caminho pedagógico-catequético concluir-se-á com a poderosa afirmação dos profetas do Monoteísmo Divino!
Quando se anunciou ao rei do Egito que o povo tinha fugido, o coração do faraó e de seus servos voltou-se contra o povo: “Que fizemos, disseram eles, deixando partir Israel e renunciando assim ao seu serviço!” O faraó mandou preparar seu carro e levou com ele suas tropas. Escolheu 600 carros dos melhores e todos os carros egípcios com homens de guerra em cada um deles. O Senhor endureceu o coração do faraó, rei do Egito, e este se pôs a perseguir os filhos de Israel. Eles haviam partido de cabeça erguida. Puseram-se os egípcios a persegui-los e alcançaram-nos em seu acampamento à beira do mar: todos os cavalos dos carros do faraó, seus cavaleiros e seu exército alcançaram-nos perto de Fiairot, defronte de Beelsefon (Ex 14, 5-9).
O refrão teológico se repete e soa como uma advertência ao leitor: ‘O Senhor endureceu o coração do faraó, rei do Egito, e este se pôs a perseguir os filhos de Israel’. O poderoso Faraó do Egito é controlado por Deus. Seu coração, fonte de suas decisões, de sua inteligência e afetos está nas mãos divinas do Deus de Israel.
O impacto sobre o leitor é imenso, a nação perseguida e oprimida, composta por (ex) escravos, deixa-se guiar por aqu’Ele que possui as ‘rédeas’ da História e comanda o coração do chefe do Estado do Egito.
A escuta deste texto em diversas situações da vida atribulada de Israel será remédio contra o desespero e desânimo diante de situações aparentemente perdidas. Deus sempre inverterá o jogo!
2. Ex 14, 10-31: O traspasso do Mar Vermelho
Aproximando-se o faraó, os israelitas, ao levantarem os olhos, viram os egípcios que vinham ao seu encalço. Foram tomados de espanto e invocaram o Senhor, clamando em alta voz. E disseram a Moisés: “Não havia, porventura, túmulos no Egito, para que nos conduzisses a morrer no deserto? Por que nos fizeste isso, tirando-nos do Egito? Não te dizíamos no Egito: deixa-nos servir os egípcios! É melhor ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto (Ex 14,10-12).
A cena inicial mostra quão longo será o caminho para se construir uma ponte de confiança entre Deus e seu povo. Como nós, eles não veem a poderosa Mão de Deus escondida nos eventos desfavoráveis da vida. Por isso, a prece se mistura ao desespero e ao desânimo, beirando a ofensa e a blasfémia:
“Não havia, porventura, túmulos no Egito, para que nos conduzisses a morrer no deserto? Por que nos fizeste isso, tirando-nos do Egito? Não te dizíamos no Egito: deixa-nos servir os egípcios! É melhor ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto”.
Durante todo o tempo do deserto encontraremos Israel que se comporta como pagão, sem confiança plena em Deus, agarrado ao passado de escravo diante dos desafios da vida na Fé, que segue a Deus.
Moisés será, junto com Aarão, porta-voz de uma palavra de confiança, de correção, de encorajamento, mas também, às vezes de revolta contra a incredulidade e a ingratidão deste povo contra seu Deus e protetor.
Moisés respondeu ao povo: “Não temais! Tende ânimo, e vereis a libertação que o Senhor vai operar hoje em vosso favor. Os egípcios que hoje vedes, não os tornareis a ver jamais. O Senhor combaterá por vós; quanto a vós, nada tereis a fazer (Ex 14, 13-14)
A palavra de ordem durante todo o percurso não pode ser outra: ‘não temais’. Recorda-nos Jesus em todos os momentos da tribulação da Igreja. Não se pode seguir a Deus com medo e desconfiança! O Senhor que combate por Israel ou à sua frente como valoroso guerreiro é um tema que invadirá os salmos e o imaginário do povo de Israel, algo que ele assistiu com os próprios olhos!
O Senhor disse a Moisés: “Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que se ponham a caminho. E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas possam atravessá-lo a pé enxuto. Vou endurecer o coração dos egípcios, para que se ponham ao teu encalço, e triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, seus carros e seus cavaleiros. Os egípcios saberão que eu sou o Senhor quando tiver alcançado esse glorioso triunfo sobre o faraó, seus carros e seus cavaleiros (Ex 14, 16-18).
E Deus age e transforma o Mar Vermelho em seu épico campo de batalha, diante dos olhos incrédulos de Israel.Projeto ‘Estudo Bíblico’.
Livros do Antigo Testamento (39)
02/02/2018 00:00 - Atualizado em 05/02/2018 13:14
Neste artigo atingimos o clímax da narração pascal. O povo conduzido por Moisés supera a derradeira barreira. Será a última vez que verá traços da terra da escravidão. A perseguição do Faraó e, por fim, a superação ‘a pé enxuto’ do Mar Vermelho ou dos juncos. E por epílogo, o canto de Mirian, irmã de Moisés, do outro lado margem.
1. A perseguição do Faraó (Ex 14)
O Senhor disse a Moisés: “Dize aos israelitas que mudem de direção e venham acampar diante de Fiairot, entre Magdalum e o mar, defronte de Beelsefon: acampareis defronte desse lugar, perto do mar. O faraó vai pensar: os israelitas perderam-se no país, e o deserto os encerrou. Endurecerei o coração do faraó, e ele os perseguirá; mas eu triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor.” Os israelitas obedeceram (Ex 14, 1-4).
O caminho do deserto que está por iniciar-se será árduo para quem entender entrar nele sem as ‘orientações’ de Deus. Israel não tem bússola humana, mas divina, é Deus quem vai tecendo os caminhos, os tempos e as trajetórias daquele caminho longo e difícil.
Como lidar com os obstáculos, como decidir os rumos, avanços e recuos? Tudo isso será narrado nos capítulos do Êxodo.
Endurecerei o coração do faraó, e ele os perseguirá; mas eu triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor.
Por hora, trata-se de mostrar a Israel como Deus venceu definitivamente o Faraó, com todo o seu exército. Não deve haver na memória de Israel nenhum resquício de dúvidas acerca da superioridade de Deus sobre outros pretensos deuses e senhores deste mundo. Este caminho pedagógico-catequético concluir-se-á com a poderosa afirmação dos profetas do Monoteísmo Divino!
Quando se anunciou ao rei do Egito que o povo tinha fugido, o coração do faraó e de seus servos voltou-se contra o povo: “Que fizemos, disseram eles, deixando partir Israel e renunciando assim ao seu serviço!” O faraó mandou preparar seu carro e levou com ele suas tropas. Escolheu 600 carros dos melhores e todos os carros egípcios com homens de guerra em cada um deles. O Senhor endureceu o coração do faraó, rei do Egito, e este se pôs a perseguir os filhos de Israel. Eles haviam partido de cabeça erguida. Puseram-se os egípcios a persegui-los e alcançaram-nos em seu acampamento à beira do mar: todos os cavalos dos carros do faraó, seus cavaleiros e seu exército alcançaram-nos perto de Fiairot, defronte de Beelsefon (Ex 14, 5-9).
O refrão teológico se repete e soa como uma advertência ao leitor: ‘O Senhor endureceu o coração do faraó, rei do Egito, e este se pôs a perseguir os filhos de Israel’. O poderoso Faraó do Egito é controlado por Deus. Seu coração, fonte de suas decisões, de sua inteligência e afetos está nas mãos divinas do Deus de Israel.
O impacto sobre o leitor é imenso, a nação perseguida e oprimida, composta por (ex) escravos, deixa-se guiar por aqu’Ele que possui as ‘rédeas’ da História e comanda o coração do chefe do Estado do Egito.
A escuta deste texto em diversas situações da vida atribulada de Israel será remédio contra o desespero e desânimo diante de situações aparentemente perdidas. Deus sempre inverterá o jogo!
2. Ex 14, 10-31: O traspasso do Mar Vermelho
Aproximando-se o faraó, os israelitas, ao levantarem os olhos, viram os egípcios que vinham ao seu encalço. Foram tomados de espanto e invocaram o Senhor, clamando em alta voz. E disseram a Moisés: “Não havia, porventura, túmulos no Egito, para que nos conduzisses a morrer no deserto? Por que nos fizeste isso, tirando-nos do Egito? Não te dizíamos no Egito: deixa-nos servir os egípcios! É melhor ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto (Ex 14,10-12).
A cena inicial mostra quão longo será o caminho para se construir uma ponte de confiança entre Deus e seu povo. Como nós, eles não veem a poderosa Mão de Deus escondida nos eventos desfavoráveis da vida. Por isso, a prece se mistura ao desespero e ao desânimo, beirando a ofensa e a blasfémia:
“Não havia, porventura, túmulos no Egito, para que nos conduzisses a morrer no deserto? Por que nos fizeste isso, tirando-nos do Egito? Não te dizíamos no Egito: deixa-nos servir os egípcios! É melhor ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto”.
Durante todo o tempo do deserto encontraremos Israel que se comporta como pagão, sem confiança plena em Deus, agarrado ao passado de escravo diante dos desafios da vida na Fé, que segue a Deus.
Moisés será, junto com Aarão, porta-voz de uma palavra de confiança, de correção, de encorajamento, mas também, às vezes de revolta contra a incredulidade e a ingratidão deste povo contra seu Deus e protetor.
Moisés respondeu ao povo: “Não temais! Tende ânimo, e vereis a libertação que o Senhor vai operar hoje em vosso favor. Os egípcios que hoje vedes, não os tornareis a ver jamais. O Senhor combaterá por vós; quanto a vós, nada tereis a fazer (Ex 14, 13-14)
A palavra de ordem durante todo o percurso não pode ser outra: ‘não temais’. Recorda-nos Jesus em todos os momentos da tribulação da Igreja. Não se pode seguir a Deus com medo e desconfiança! O Senhor que combate por Israel ou à sua frente como valoroso guerreiro é um tema que invadirá os salmos e o imaginário do povo de Israel, algo que ele assistiu com os próprios olhos!
O Senhor disse a Moisés: “Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que se ponham a caminho. E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas possam atravessá-lo a pé enxuto. Vou endurecer o coração dos egípcios, para que se ponham ao teu encalço, e triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, seus carros e seus cavaleiros. Os egípcios saberão que eu sou o Senhor quando tiver alcançado esse glorioso triunfo sobre o faraó, seus carros e seus cavaleiros (Ex 14, 16-18).
E Deus age e transforma o Mar Vermelho em seu épico campo de batalha, diante dos olhos incrédulos de Israel.Projeto ‘Estudo Bíblico’.
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