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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (33)

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Livros do Antigo Testamento (33)

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15/12/2017 00:00 - Atualizado em 19/12/2017 17:56

Livros do Antigo Testamento (33) 0

15/12/2017 00:00 - Atualizado em 19/12/2017 17:56

Terminada a etapa vocacional de Moisés, com suas inumeráveis objeções, inicia-se propriamente o processo de libertação do povo de Israel, que deve sair do Egito e dirigir-se para a Terra Prometida, pela condução de Deus e as mãos de Moisés.

1. Ex 4, 1-21: Últimos preparativos para a Libertação de Israel

Nesta seção, encontro uma série de fatos, alguns estranhos, como a ‘circuncisão’ do filho, que causa estranheza na sua mulher pagã. Destacam-se as desculpas, diante das quais Deus resolve com soluções divinas, e a entrada de Aarão, seu irmão e eterno escudeiro, desde o início.

O esquema do texto é baseado em objeções mosaicas e respostas, em forma de sinais, da parte de Deus: “Então, respondeu Moisés: ‘Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O SENHOR não te apareceu’” (Ex 4,1).

Entre os versículos 1-9, Deus indica a Moisés que usará de recursos enérgicos com o Faraó, para que ele liberte seu povo. Moisés terá seu discurso acompanhado de ‘sinais’ eloquentes.

No versículo 10, Moisés busca mais uma objeção em vista de dissuadir a Deus. Ele não pode ser ‘locutor’ de Deus, faltam-lhe as qualidade mínimas para falar: é gago! 

“Então, disse Moisés ao Senhor: ‘Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloquente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua’” (Ex 4, 10).

Em todo percurso da epopeia de Moisés, Deus demonstrará que a situação estará sob o comando divino, e a colaboração de Moisés se integra dentro do Desígnio Divina de resgatar a liberdade humana, por sua participação na História da Salvação. Por isso surge a figura de Aarão:

“Então, se acendeu a ira do Senhor contra Moisés, e disse: ‘Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele falará muito bem; e eis que ele também sai ao teu encontro; e, vendo-te, se alegrará em seu coração’” (Ex 4:14)

O leitor se surpreenderá como Moisés fará todos os discursos, e com que eloquência durante sua longa estadia como ‘leader’ à frente do povo de Israel.

Assim, antes de entramos nos meandres da libertação do Egito, rever a estrutura literária desta grande narração fundadora da História e da Consciência da Fé de Israel.

Pode dividir-se o seu conteúdo do seguinte modo:

I. “Opressão” e “Libertação” dos filhos de Israel no Egito. Este é o tema fundamental de 1,1-15,21. 

Nesta seção, as peripécias no Egito merecem especial relevo (1,1-7,8), como um povo que nasce no sofrimento. Seguem-se as pragas (7,8-12,32), como meio violento de libertação.

II. Caminhada pelo deserto (15,22-18,27) do povo, agora livre do Egito.

III. Aliança do Sinai (19,1-24,18). 

Esta aliança é o encontro criacional ou fundacional de Javé com os “israelitas”, em que o Senhor se dá a si mesmo ao homem e restitui cada homem a si mesmo, e em que o homem aceita a dádiva pessoal de Deus e se aceita a si mesmo como dom de Deus com tudo o mais que lhe é dado: a natureza, a razão, a Lei, a História, o mundo. 

Por sua vez, a dádiva e a sua aceitação também reclamam dádiva mútua e, portanto, responsabilidade. O pecado surge como possibilidade da liberdade humana, mas Deus pode sempre recomeçar tudo de novo.

IV. Código sacerdotal

Com especial relevo para a construção do santuário (25,1-31,18). A execução do mesmo vai ser revelada em 35,1-40,33, com a correspondente organização do culto. 

Esta narrativa está encerrada numa inclusão significativa: 40,34-38 descreve a descida do Senhor sobre o santuário com as mesmas características (nuvem, glória e fogo) com que 24,12-15a descreveu a descida do Senhor sobre o Sinai, mostrando, assim, que o santuário assumiu o papel do Sinai como lugar da manifestação de Deus. 

É a presença da ideologia sacerdotal (conhecida por fonte P), que projeta retrospectivamente no Sinai a imagem do segundo templo, do seu sacerdócio e do seu culto – em suma, o ideal da comunidade judaica pós-exílica.

V. Renovação da Aliança do Sinai, relatada em 32,1-34,35.

VI. Código sacerdotal (35,1-40,38): execução das obras relativas ao santuário.

O texto normativo do livro do ÊXODO é, sobretudo, um entrançado de peças narrativas e legislativas. Nestas últimas, destacam-se o “Decálogo” propriamente dito (20,1-17) e os chamados “Código da aliança” (20,22-23,19) e “Decálogo ritual” (34,12-26). São a Lei dada por Deus, mas formulada pelo homem a partir da razão e da experiência.

 

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Livros do Antigo Testamento (33)

15/12/2017 00:00 - Atualizado em 19/12/2017 17:56

Terminada a etapa vocacional de Moisés, com suas inumeráveis objeções, inicia-se propriamente o processo de libertação do povo de Israel, que deve sair do Egito e dirigir-se para a Terra Prometida, pela condução de Deus e as mãos de Moisés.

1. Ex 4, 1-21: Últimos preparativos para a Libertação de Israel

Nesta seção, encontro uma série de fatos, alguns estranhos, como a ‘circuncisão’ do filho, que causa estranheza na sua mulher pagã. Destacam-se as desculpas, diante das quais Deus resolve com soluções divinas, e a entrada de Aarão, seu irmão e eterno escudeiro, desde o início.

O esquema do texto é baseado em objeções mosaicas e respostas, em forma de sinais, da parte de Deus: “Então, respondeu Moisés: ‘Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O SENHOR não te apareceu’” (Ex 4,1).

Entre os versículos 1-9, Deus indica a Moisés que usará de recursos enérgicos com o Faraó, para que ele liberte seu povo. Moisés terá seu discurso acompanhado de ‘sinais’ eloquentes.

No versículo 10, Moisés busca mais uma objeção em vista de dissuadir a Deus. Ele não pode ser ‘locutor’ de Deus, faltam-lhe as qualidade mínimas para falar: é gago! 

“Então, disse Moisés ao Senhor: ‘Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloquente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua’” (Ex 4, 10).

Em todo percurso da epopeia de Moisés, Deus demonstrará que a situação estará sob o comando divino, e a colaboração de Moisés se integra dentro do Desígnio Divina de resgatar a liberdade humana, por sua participação na História da Salvação. Por isso surge a figura de Aarão:

“Então, se acendeu a ira do Senhor contra Moisés, e disse: ‘Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele falará muito bem; e eis que ele também sai ao teu encontro; e, vendo-te, se alegrará em seu coração’” (Ex 4:14)

O leitor se surpreenderá como Moisés fará todos os discursos, e com que eloquência durante sua longa estadia como ‘leader’ à frente do povo de Israel.

Assim, antes de entramos nos meandres da libertação do Egito, rever a estrutura literária desta grande narração fundadora da História e da Consciência da Fé de Israel.

Pode dividir-se o seu conteúdo do seguinte modo:

I. “Opressão” e “Libertação” dos filhos de Israel no Egito. Este é o tema fundamental de 1,1-15,21. 

Nesta seção, as peripécias no Egito merecem especial relevo (1,1-7,8), como um povo que nasce no sofrimento. Seguem-se as pragas (7,8-12,32), como meio violento de libertação.

II. Caminhada pelo deserto (15,22-18,27) do povo, agora livre do Egito.

III. Aliança do Sinai (19,1-24,18). 

Esta aliança é o encontro criacional ou fundacional de Javé com os “israelitas”, em que o Senhor se dá a si mesmo ao homem e restitui cada homem a si mesmo, e em que o homem aceita a dádiva pessoal de Deus e se aceita a si mesmo como dom de Deus com tudo o mais que lhe é dado: a natureza, a razão, a Lei, a História, o mundo. 

Por sua vez, a dádiva e a sua aceitação também reclamam dádiva mútua e, portanto, responsabilidade. O pecado surge como possibilidade da liberdade humana, mas Deus pode sempre recomeçar tudo de novo.

IV. Código sacerdotal

Com especial relevo para a construção do santuário (25,1-31,18). A execução do mesmo vai ser revelada em 35,1-40,33, com a correspondente organização do culto. 

Esta narrativa está encerrada numa inclusão significativa: 40,34-38 descreve a descida do Senhor sobre o santuário com as mesmas características (nuvem, glória e fogo) com que 24,12-15a descreveu a descida do Senhor sobre o Sinai, mostrando, assim, que o santuário assumiu o papel do Sinai como lugar da manifestação de Deus. 

É a presença da ideologia sacerdotal (conhecida por fonte P), que projeta retrospectivamente no Sinai a imagem do segundo templo, do seu sacerdócio e do seu culto – em suma, o ideal da comunidade judaica pós-exílica.

V. Renovação da Aliança do Sinai, relatada em 32,1-34,35.

VI. Código sacerdotal (35,1-40,38): execução das obras relativas ao santuário.

O texto normativo do livro do ÊXODO é, sobretudo, um entrançado de peças narrativas e legislativas. Nestas últimas, destacam-se o “Decálogo” propriamente dito (20,1-17) e os chamados “Código da aliança” (20,22-23,19) e “Decálogo ritual” (34,12-26). São a Lei dada por Deus, mas formulada pelo homem a partir da razão e da experiência.

 

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica