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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (32)

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Livros do Antigo Testamento (32)

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08/12/2017 17:57 - Atualizado em 08/12/2017 17:57

Livros do Antigo Testamento (32) 0

08/12/2017 17:57 - Atualizado em 08/12/2017 17:57

Neste artigo avançamos pelas estradas da eleição mosaica. Deus o escolheu e investiu de autoridade para realizar sua missão. Mas, sobretudo, estará ao seu lado, todo o tempo.

1. Moisés diante da sua vocação (Ex 3, 11-22)

Então Moisés disse a Deus: “Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?” E disse: “Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte”. (Ex 3, 11-12)

Depois de perceber que não são seus impulsos a promover a libertação de Israel, mas a Vontade e o Poder de Deus, Moisés entende que está implicado no Plano de Deus.

Isto é vocação: estar envolvido na lógica de Deus realizar Sua Vontade Salvífica. Não somos protagonistas da História da nossa própria Salvação, mas honrosamente ‘coadjutores’ da Bondade Divina.

Diante da tarefa, humanamente impossível, pois ele conhecia o Faraó e as forças improporcionais que estarão em lados opostos nesta batalha, Moisés finalmente reconhece sua ‘pequenez’ e se esquiva: “Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?”.

Diante disso, recebe uma resposta surpreendente de Deus, que ele experimentará no futuro, como realidade permanente: “Certamente eu serei contigo”!

De estrato profético, esta é a garantia e sinal que estamos envolvidos em autênticos processos vocacionais; os resultados serão compensados na conta de Deus. Às vezes observamos seres humanos se autoatribuindo vitórias e conquistas que só foram possíveis, por causa da direta intervenção divina.

Ainda mais interessante é o ‘sinal’ da vitória de Deus, que reside no futuro, quando então, se tivermos confiado e obedecido a Deus, teremos colheita certa de frutos: ‘Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte’!

2. A Revelação do Nome Divino (Ex 3, 13-16)

Então disse Moisés a Deus: “Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós”; e eles me disserem: “Qual é o seu nome? Que lhes direi?” E disse Deus a Moisés: “EU SOU O QUE SOU”. Disse mais: “Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”. E Deus disse mais a Moisés: “Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração. Vai, e ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito” (Ex 3, 13-16).

Por petulância (uma reação do ‘ignorante’ diante de Deus) e esperteza, para escapar de uma intensa epopeia, Moisés volta a objetar. Desta vez ele passa a ‘culpa’ para o Povo de Israel no Egito. Mas, com que sinais e em nome de quem falarei? (v. 13): ‘Qual é o seu nome? Que lhes direi?’.

A reação de Deus é intensa, como um terremoto. Deus responde em dois níveis, primeiro, apresenta-se como inédito, Ele não cabe na História Humana, o radical Transcendente, o sempre Outro. Do outro, Deus se apresenta como fonte e raiz da tradição e da identidade de Israel.

3. v. 3,14: ‘EU SOU O QUE SOU.’

Esta apresentação resulta em tudo, menos em definição de Deus. Na verdade, com esta resposta a Moisés, Deus está afirmando que seu Nome ou Identidade é maior que todas e quaisquer expressões que queiramos atribuir-Lhe! Supera nossa inteligência, ultrapassa nosso léxico, desembocaria em silêncio humano (o que a teologia chama de apofacia ou teologia negativa)1.

Deus será sempre experimentado como Alguém que nossa fé não poderá ‘definir’ (colocar fronteiras, limites), mas que se ‘conhece’, pois, Ele se deu a conhecer pela sua autorrevelação!

4. O Deus dos pais: Ex 3, 16.

O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.

Aqui Deus conscientiza Moisés, crescido no Egito, em meio à idolatria pagã e ao catecismo básico do judaísmo tribal, que ele irá ao povo com a identidade mais tradicional de Israel, o Deus dos patriarcas.

Moisés, pelo caminho familiar (Levita) e pela tradição de José (sem o qual não estariam no Egito), insere-se diante deste estema na familiaridade mais genuína de Israel. Sua missão só tem sentido, porque ele não é um simples começo ad nihilo (do nada). Ele se move dentro da esfera da História de Deus com seus pais ocorrida antes dele. Moisés precisa crer e obedecer ao Deus de seu povo!

E, mais, este Deus, inédito e conhecido, que agora intervém, é aqu’Ele que custodia Israel desde sempre: “O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito”.

1 O que é isso? Diz a tradição teológica que tudo o que se afirma de Deus, não é Deus. Deus é algo mais, além dos objetos do nosso mundo. Na prática, essa teologia negativa é o princípio crítico de toda a teologia. Teologia Apofática, que é uma teologia negativa para indiretamente se falar de Deus, ou seja, apofático é uma vertente da teologia que visa definir a Deus pela via negativa.

 

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Livros do Antigo Testamento (32)

08/12/2017 17:57 - Atualizado em 08/12/2017 17:57

Neste artigo avançamos pelas estradas da eleição mosaica. Deus o escolheu e investiu de autoridade para realizar sua missão. Mas, sobretudo, estará ao seu lado, todo o tempo.

1. Moisés diante da sua vocação (Ex 3, 11-22)

Então Moisés disse a Deus: “Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?” E disse: “Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte”. (Ex 3, 11-12)

Depois de perceber que não são seus impulsos a promover a libertação de Israel, mas a Vontade e o Poder de Deus, Moisés entende que está implicado no Plano de Deus.

Isto é vocação: estar envolvido na lógica de Deus realizar Sua Vontade Salvífica. Não somos protagonistas da História da nossa própria Salvação, mas honrosamente ‘coadjutores’ da Bondade Divina.

Diante da tarefa, humanamente impossível, pois ele conhecia o Faraó e as forças improporcionais que estarão em lados opostos nesta batalha, Moisés finalmente reconhece sua ‘pequenez’ e se esquiva: “Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?”.

Diante disso, recebe uma resposta surpreendente de Deus, que ele experimentará no futuro, como realidade permanente: “Certamente eu serei contigo”!

De estrato profético, esta é a garantia e sinal que estamos envolvidos em autênticos processos vocacionais; os resultados serão compensados na conta de Deus. Às vezes observamos seres humanos se autoatribuindo vitórias e conquistas que só foram possíveis, por causa da direta intervenção divina.

Ainda mais interessante é o ‘sinal’ da vitória de Deus, que reside no futuro, quando então, se tivermos confiado e obedecido a Deus, teremos colheita certa de frutos: ‘Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte’!

2. A Revelação do Nome Divino (Ex 3, 13-16)

Então disse Moisés a Deus: “Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós”; e eles me disserem: “Qual é o seu nome? Que lhes direi?” E disse Deus a Moisés: “EU SOU O QUE SOU”. Disse mais: “Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”. E Deus disse mais a Moisés: “Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração. Vai, e ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito” (Ex 3, 13-16).

Por petulância (uma reação do ‘ignorante’ diante de Deus) e esperteza, para escapar de uma intensa epopeia, Moisés volta a objetar. Desta vez ele passa a ‘culpa’ para o Povo de Israel no Egito. Mas, com que sinais e em nome de quem falarei? (v. 13): ‘Qual é o seu nome? Que lhes direi?’.

A reação de Deus é intensa, como um terremoto. Deus responde em dois níveis, primeiro, apresenta-se como inédito, Ele não cabe na História Humana, o radical Transcendente, o sempre Outro. Do outro, Deus se apresenta como fonte e raiz da tradição e da identidade de Israel.

3. v. 3,14: ‘EU SOU O QUE SOU.’

Esta apresentação resulta em tudo, menos em definição de Deus. Na verdade, com esta resposta a Moisés, Deus está afirmando que seu Nome ou Identidade é maior que todas e quaisquer expressões que queiramos atribuir-Lhe! Supera nossa inteligência, ultrapassa nosso léxico, desembocaria em silêncio humano (o que a teologia chama de apofacia ou teologia negativa)1.

Deus será sempre experimentado como Alguém que nossa fé não poderá ‘definir’ (colocar fronteiras, limites), mas que se ‘conhece’, pois, Ele se deu a conhecer pela sua autorrevelação!

4. O Deus dos pais: Ex 3, 16.

O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.

Aqui Deus conscientiza Moisés, crescido no Egito, em meio à idolatria pagã e ao catecismo básico do judaísmo tribal, que ele irá ao povo com a identidade mais tradicional de Israel, o Deus dos patriarcas.

Moisés, pelo caminho familiar (Levita) e pela tradição de José (sem o qual não estariam no Egito), insere-se diante deste estema na familiaridade mais genuína de Israel. Sua missão só tem sentido, porque ele não é um simples começo ad nihilo (do nada). Ele se move dentro da esfera da História de Deus com seus pais ocorrida antes dele. Moisés precisa crer e obedecer ao Deus de seu povo!

E, mais, este Deus, inédito e conhecido, que agora intervém, é aqu’Ele que custodia Israel desde sempre: “O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito”.

1 O que é isso? Diz a tradição teológica que tudo o que se afirma de Deus, não é Deus. Deus é algo mais, além dos objetos do nosso mundo. Na prática, essa teologia negativa é o princípio crítico de toda a teologia. Teologia Apofática, que é uma teologia negativa para indiretamente se falar de Deus, ou seja, apofático é uma vertente da teologia que visa definir a Deus pela via negativa.

 

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica