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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 13/05/2024

13 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (30)

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Livros do Antigo Testamento (30)

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24/11/2017 16:21 - Atualizado em 24/11/2017 16:22

Livros do Antigo Testamento (30) 0

24/11/2017 16:21 - Atualizado em 24/11/2017 16:22

Iniciamos neste artigo um longo percurso em torno do segundo centro da História da Salvação de Israel: o Êxodo, a narrativa pascal, a saga de Moisés. Trata-se da página central da História da Salvação no Antigo Testamento. Destes eventos únicos nas Sagradas Escrituras fundam-se todos os outros. Como entender a ação e a palavra profética sem conhecer o legado da Páscoa, da Torah e da Revelação do deserto?

O livro do Êxodo possui 40 capítulos. Esses têm um protagonista: O Deus ‘que ouve os clamores do meu Povo no Egito’:

E disse o Senhor: “Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores” (Ex 3, 7).

Isso quer dizer que no Êxodo aprofundamos ao grau mais abissal o grande motivo e razão de ser das Sagradas Escrituras: fixar a experiência e o valor da Revelação Divina, como autocomunicação de Deus.

O Concílio Vaticano II dedicou uma Constituição Dogmática a respeito disso, a “Dei Verbum” (A Palavra de Deus):

Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cfr. Ef. 2,18; 2 Ped. 1,4). Em virtude desta revelação, Deus invisível (cfr. Col. 1,15; 1 Tim. 1,17), na riqueza do seu amor, fala aos homens como amigos (cfr. Ex. 33, 11; Jo. 15,1415) e convive com eles (cfr. Bar. 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele. Essa “economia” da revelação realiza-se por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na História da Salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido. Porém, a verdade profunda, tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifestasse-nos, por esta revelação, em Cristo, que é, simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação (DV 2)1.

No centro da experiência do Êxodo se encontra bem radicada esta verdade sobre a decisão Divina de revelar-se a Si mesmo: ‘Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da Sua vontade

Portanto, a leitura deste livro deve estar focada no conhecimento de Deus, que se apresenta inaugurador com a obra da Libertação do Egito e da condução no deserto até a ‘terra prometida’.

Ao lado de Deus, o personagem humano central na Bíblia hebraica: Moisés. Sua vocação é um momento espetacular na trajetória atormentada e abençoada deste homem de Deus:

E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: “Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima”. E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: “Moisés, Moisés”. Respondeu ele: “Eis-me aqui”. E disse: “Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa”. Disse mais: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó”. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus (Ex 3, 1-6).

Moisés tira as sandálias, o que significa: entende que os eventos maiores de sua vida estão por começar e não dependerão mais absolutamente de sua alta formação humana (criado no palácio do Faraó), nem de seu forte carácter, mas de Deus.

1. História de Moisés (Ex 1-2)

A História de Moisés, o condutor da libertação de Israel no Egito, não pode ser entendida sem o contexto que a precede: a estadia dos filhos de Jacó no Egito, quando José era o Ministro do Faraó (Gn 42-50). Uma saga de emigração, fome, e necessidade, que Deus transformará em História da Salvação.

No contexto final desta estadia, os anos de fartura e proteção de José irão se transformar em penúria e escravidão, e, assim, começa o livro do Êxodo:

E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José; O qual disse ao seu povo: “Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós. Eia, usemos de sabedoria para com eles, para que não se multipliquem, e aconteça que, vindo guerra, eles também se ajuntem com os nossos inimigos, e pelejem contra nós, e subam da terra” (Ex 1, 8-10).

Primeira estratégia contra os israelitas no Egito foi o ‘controle da natalidade’, método antigo que, no entanto, dada à formação religiosa, não deu os frutos esperados:

E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés. Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel (Ex 1, 11-12). 

Assim, o trabalho escravo e duro deveria servir para humilhar e oprimir aqueles que, segundo a narrativa, os egípcios temiam:

E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com dureza (Ex 1, 13-14).

 

1 http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html

 

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24/11/2017 16:21 - Atualizado em 24/11/2017 16:22

Iniciamos neste artigo um longo percurso em torno do segundo centro da História da Salvação de Israel: o Êxodo, a narrativa pascal, a saga de Moisés. Trata-se da página central da História da Salvação no Antigo Testamento. Destes eventos únicos nas Sagradas Escrituras fundam-se todos os outros. Como entender a ação e a palavra profética sem conhecer o legado da Páscoa, da Torah e da Revelação do deserto?

O livro do Êxodo possui 40 capítulos. Esses têm um protagonista: O Deus ‘que ouve os clamores do meu Povo no Egito’:

E disse o Senhor: “Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores” (Ex 3, 7).

Isso quer dizer que no Êxodo aprofundamos ao grau mais abissal o grande motivo e razão de ser das Sagradas Escrituras: fixar a experiência e o valor da Revelação Divina, como autocomunicação de Deus.

O Concílio Vaticano II dedicou uma Constituição Dogmática a respeito disso, a “Dei Verbum” (A Palavra de Deus):

Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cfr. Ef. 2,18; 2 Ped. 1,4). Em virtude desta revelação, Deus invisível (cfr. Col. 1,15; 1 Tim. 1,17), na riqueza do seu amor, fala aos homens como amigos (cfr. Ex. 33, 11; Jo. 15,1415) e convive com eles (cfr. Bar. 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele. Essa “economia” da revelação realiza-se por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na História da Salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido. Porém, a verdade profunda, tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifestasse-nos, por esta revelação, em Cristo, que é, simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação (DV 2)1.

No centro da experiência do Êxodo se encontra bem radicada esta verdade sobre a decisão Divina de revelar-se a Si mesmo: ‘Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da Sua vontade

Portanto, a leitura deste livro deve estar focada no conhecimento de Deus, que se apresenta inaugurador com a obra da Libertação do Egito e da condução no deserto até a ‘terra prometida’.

Ao lado de Deus, o personagem humano central na Bíblia hebraica: Moisés. Sua vocação é um momento espetacular na trajetória atormentada e abençoada deste homem de Deus:

E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: “Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima”. E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: “Moisés, Moisés”. Respondeu ele: “Eis-me aqui”. E disse: “Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa”. Disse mais: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó”. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus (Ex 3, 1-6).

Moisés tira as sandálias, o que significa: entende que os eventos maiores de sua vida estão por começar e não dependerão mais absolutamente de sua alta formação humana (criado no palácio do Faraó), nem de seu forte carácter, mas de Deus.

1. História de Moisés (Ex 1-2)

A História de Moisés, o condutor da libertação de Israel no Egito, não pode ser entendida sem o contexto que a precede: a estadia dos filhos de Jacó no Egito, quando José era o Ministro do Faraó (Gn 42-50). Uma saga de emigração, fome, e necessidade, que Deus transformará em História da Salvação.

No contexto final desta estadia, os anos de fartura e proteção de José irão se transformar em penúria e escravidão, e, assim, começa o livro do Êxodo:

E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José; O qual disse ao seu povo: “Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós. Eia, usemos de sabedoria para com eles, para que não se multipliquem, e aconteça que, vindo guerra, eles também se ajuntem com os nossos inimigos, e pelejem contra nós, e subam da terra” (Ex 1, 8-10).

Primeira estratégia contra os israelitas no Egito foi o ‘controle da natalidade’, método antigo que, no entanto, dada à formação religiosa, não deu os frutos esperados:

E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés. Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel (Ex 1, 11-12). 

Assim, o trabalho escravo e duro deveria servir para humilhar e oprimir aqueles que, segundo a narrativa, os egípcios temiam:

E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com dureza (Ex 1, 13-14).

 

1 http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html

 

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica