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14 de Maio de 2024

Livros do Antigo Testamento (16)

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Livros do Antigo Testamento (16)

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18/08/2017 12:07 - Atualizado em 18/08/2017 12:07

Livros do Antigo Testamento (16) 0

18/08/2017 12:07 - Atualizado em 18/08/2017 12:07

O ciclo de Abraão e Sara inicia uma série de quatro etapas. Tudo começa com Abraão e termina com José (do Egito). Desde Gn 12, o leitor encontra-se diante das Fundações de Israel. Com a ‘biografia’ dos pais, os fundadores da saga do povo de Israel, mantemo-nos no campo das origens da Salvação, oferecida por Deus à Humanidade.

A vocação de Abraão

Ora, o Senhor disse a Abrão: “Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12,1-3).

A História de Abraão é narrada como o palco inicial da ação redentora de Deus no mundo. O Paraíso está fechado. A vida humana se desenvolvia no espectro do pecado, como vimos antes. Desgraças e crises. Com estes versículos tudo parece mudar. 

“Ora, o Senhor disse a Abrão”. A vocação de Abraão representa a inciativa amorosa de Deus que vocaciona a criatura, de novo, à amizade consigo. Depois da surdez e da ignorância em relação à Vontade Divina, a experiência abraâmica recomeça na obediência, isto é, na escuta que inaugura um novo ciclo na dura estória humana no pecado. Com Abraão aprendemos de novo lições básicas no relacionamento com o Criador. Um flash disso, já tivemos em Noé. 

É a voz divina dirigida ao coração humano. É a ‘Revelação sobrenatural’ iniciada em vista de novos horizontes. Em Abraão aprendemos algo sobre a escuta de Deus. Este tema é construído na esfera da teologia profética deuteronomista: “Escuta, Israel, o Senhor teu Deus!”, no centro da saga mosaica. Abraão não é apresentado como um glorioso fundador de religião. Ele é servo da voz divina!

“Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”. 

Neste imperativo, Deus retoma o ‘sano’ controle sobre a Criação humana. Começa o desmonte da falsa liberdade humana, que se nega a obedecer a Deus e orientar sua existência humana pelos motes divinos. ‘Dirigir-se para onde Deus indicar’. Eis a fórmula de sucesso na vida de criaturas, nas quais a liberdade vai se tornar de novo, escutar e cumprir da salvífica e paterna vontade divina sobre a Terra.

“E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. ”

Se a palavra de ordem nos primeiros 11 capítulos, depois do pecado, era maldição, destruição e dilúvios, agora a existência e a lição abraâmica são o princípio da bênção. Abraão constitui a paternidade nova da Humanidade, o ‘sperma Abraham’ é a origem do Povo de Deus: ‘Abraham et semini eius in sæcula’ (Lc 1, 55) cantará a Virgem milênios depois. 

Em Abraão recomeça o tempo da bênção divina sobre a criação. E o modelo de Abraão será este mesmo, fonte de bênção para a descendência da fé do patriarca.

“E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da Terra.”

Na história de Abraão, não somente Israel, fruto de sua descendência, terá um futuro de paz e abundância, como todas ‘as famílias da Terra’. O universalismo da fé, algumas vezes negado por uma má compreensão dos privilégios de Israel, é reconhecidamente um dos mais belos projetos divinos colocados profeticamente nas origens do antigo povo de Deus.

No entanto, Abraão e sua descendência não são e nem vivem numa esfera idílica. O pecado existe e continuará a fazer vítimas. Em Abraão, todavia, nasce outra realidade que se tornará definitiva no Novo Testamento, em Cristo: o regime sacramental. De certa maneira era atuação do Mistério de Deus através de Israel. Sacramentos como mediações eficazes do poder divino que reordenava todas as coisas pela obediência abraâmica. 

Não só o antigo povo de Deus irradiava bênção, pela aceitação dos mandamentos de Deus a outras nações, mas também o pecado; pela negação de Israel e da ordem divina revelada, traria desgraça e maldição. 

“Assim partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de 75 anos quando saiu de Harã” (Gn 12, 4).

Se de um lado temos o imperativo da vontade divina, expressa na ordem divina, no ditame da vocação dada a Abraão, do outro temos o ato concreto de obediência: “Assim partiu Abrão como o Senhor lhe tinha dito”. O mundo mudou assim; Deus ordena e o homem prontamente obedece e segue seus ditames.

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Livros do Antigo Testamento (16)

18/08/2017 12:07 - Atualizado em 18/08/2017 12:07

O ciclo de Abraão e Sara inicia uma série de quatro etapas. Tudo começa com Abraão e termina com José (do Egito). Desde Gn 12, o leitor encontra-se diante das Fundações de Israel. Com a ‘biografia’ dos pais, os fundadores da saga do povo de Israel, mantemo-nos no campo das origens da Salvação, oferecida por Deus à Humanidade.

A vocação de Abraão

Ora, o Senhor disse a Abrão: “Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12,1-3).

A História de Abraão é narrada como o palco inicial da ação redentora de Deus no mundo. O Paraíso está fechado. A vida humana se desenvolvia no espectro do pecado, como vimos antes. Desgraças e crises. Com estes versículos tudo parece mudar. 

“Ora, o Senhor disse a Abrão”. A vocação de Abraão representa a inciativa amorosa de Deus que vocaciona a criatura, de novo, à amizade consigo. Depois da surdez e da ignorância em relação à Vontade Divina, a experiência abraâmica recomeça na obediência, isto é, na escuta que inaugura um novo ciclo na dura estória humana no pecado. Com Abraão aprendemos de novo lições básicas no relacionamento com o Criador. Um flash disso, já tivemos em Noé. 

É a voz divina dirigida ao coração humano. É a ‘Revelação sobrenatural’ iniciada em vista de novos horizontes. Em Abraão aprendemos algo sobre a escuta de Deus. Este tema é construído na esfera da teologia profética deuteronomista: “Escuta, Israel, o Senhor teu Deus!”, no centro da saga mosaica. Abraão não é apresentado como um glorioso fundador de religião. Ele é servo da voz divina!

“Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”. 

Neste imperativo, Deus retoma o ‘sano’ controle sobre a Criação humana. Começa o desmonte da falsa liberdade humana, que se nega a obedecer a Deus e orientar sua existência humana pelos motes divinos. ‘Dirigir-se para onde Deus indicar’. Eis a fórmula de sucesso na vida de criaturas, nas quais a liberdade vai se tornar de novo, escutar e cumprir da salvífica e paterna vontade divina sobre a Terra.

“E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. ”

Se a palavra de ordem nos primeiros 11 capítulos, depois do pecado, era maldição, destruição e dilúvios, agora a existência e a lição abraâmica são o princípio da bênção. Abraão constitui a paternidade nova da Humanidade, o ‘sperma Abraham’ é a origem do Povo de Deus: ‘Abraham et semini eius in sæcula’ (Lc 1, 55) cantará a Virgem milênios depois. 

Em Abraão recomeça o tempo da bênção divina sobre a criação. E o modelo de Abraão será este mesmo, fonte de bênção para a descendência da fé do patriarca.

“E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da Terra.”

Na história de Abraão, não somente Israel, fruto de sua descendência, terá um futuro de paz e abundância, como todas ‘as famílias da Terra’. O universalismo da fé, algumas vezes negado por uma má compreensão dos privilégios de Israel, é reconhecidamente um dos mais belos projetos divinos colocados profeticamente nas origens do antigo povo de Deus.

No entanto, Abraão e sua descendência não são e nem vivem numa esfera idílica. O pecado existe e continuará a fazer vítimas. Em Abraão, todavia, nasce outra realidade que se tornará definitiva no Novo Testamento, em Cristo: o regime sacramental. De certa maneira era atuação do Mistério de Deus através de Israel. Sacramentos como mediações eficazes do poder divino que reordenava todas as coisas pela obediência abraâmica. 

Não só o antigo povo de Deus irradiava bênção, pela aceitação dos mandamentos de Deus a outras nações, mas também o pecado; pela negação de Israel e da ordem divina revelada, traria desgraça e maldição. 

“Assim partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de 75 anos quando saiu de Harã” (Gn 12, 4).

Se de um lado temos o imperativo da vontade divina, expressa na ordem divina, no ditame da vocação dada a Abraão, do outro temos o ato concreto de obediência: “Assim partiu Abrão como o Senhor lhe tinha dito”. O mundo mudou assim; Deus ordena e o homem prontamente obedece e segue seus ditames.

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica