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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (79): Interpretação e tradução da Bíblia

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14 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (79): Interpretação e tradução da Bíblia

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20/01/2017 00:00 - Atualizado em 30/01/2017 16:36

A Palavra de Deus na Bíblia (79): Interpretação e tradução da Bíblia 0

20/01/2017 00:00 - Atualizado em 30/01/2017 16:36

Neste artigo permaneceremos no campo das relações entre a Exegese bíblica e os vários setores da Teologia. O estabelecimento destas relações não é secundário na construção sólida do conhecimento da Palavra de Deus como alicerce do pensamento e da práxis da teologia, já que a Teologia é a inteligência da ação da Igreja no Mundo, e uma das fontes de sua Identidade.

3. A Exegese e a Teologia Moral

Observações análogas podem ser feitas sobre as relações entre exegese e teologia moral. Aos relatos concernentes à história da salvação, a Bíblia une estreitamente múltiplas instruções sobre a conduta a ser mantida: mandamentos, interdições, prescrições jurídicas, exortações, invectivas proféticas, conselhos de sábios. Uma das tarefas da exegese consiste em precisar o alcance deste abundante material e em preparar, assim, o trabalho dos moralistas[1].

            De novo, a Igreja afirma a precedência dos exercícios teológicos não pode faltar o trabalho exaustivo dos exegetas, que perscrutam nas Escrituras os diversos e sempre atualizáveis significados da Palavra de Deus, para que os teólogos explorem à luz da tradição e da história na qual vivem as re-proposições permanentes, os estímulos que a Revelação oferece à vivência da Vontade de Deus, em comunhão com Cristo.

Esta tarefa não é simples, pois muitas vezes os textos bíblicos não se preocupam em distinguir preceitos morais universais, prescrições de pureza ritual e ordens jurídicas particulares. Tudo é posto junto. De outro lado, a Bíblia reflete uma evolução moral considerável, que encontra sua perfeição no Novo Testamento[2].

Um leitor desatento poderia perguntar-se sobre a relevância desta tarefa de discernimento. Fica evidente na observação do comportamento das seitas cristãs, a confusão, às vezes proposital destes níveis de exigências morais, decorrentes da Revelação que incidem na conduta dos crentes.

Nota-se que esta confusão entre essencial e relativo, produz uma confusão na consciência dos crentes, e implicará num ‘moralismo’ infundado criticamente.

Não é suficiente que uma certa posição em matéria de moral seja atestada no Antigo Testamento (por exemplo, a prática da escravidão ou do divórcio, ou aquela das exterminações em caso de guerra), para que esta posição continue a ser válida.

Um discernimento deve ser feito, levando em conta o necessário progresso da consciência moral. Os escritos do Antigo Testamento contêm elementos « imperfeitos e caducos » (Dei Verbum, 15), que a pedagogia divina não podia eliminar de uma só vez. O Novo Testamento mesmo não é fácil de interpretar no domínio da moral, pois muitas vezes ele se exprime através de imagem, ou de maneira paradoxal, ou mesmo provocadora, e a relação dos cristãos com a Lei judaica é objeto aqui de ásperas controvérsias[3].

Ao longo do Novo Testamento encontramos Jesus que apresenta os definitivos fundamentos de uma Moral cristã, dinâmica e perene. Na história da Igreja todas as vezes que este discernimento falha, encontramo-nos enredados por ‘moralismos anacrônicos’ ou por ‘libertismos’ na edificação da conduta moral cristã.

Os moralistas são, assim, levados a apresentar aos exegetas muitas questões importantes que estimularão suas pesquisas. Em mais de um caso, a resposta poderá ser que nenhum texto bíblico trata explicitamente do problema considerado. Mas mesmo assim o testemunho da Bíblia, compreendido em seu vigoroso dinamismo de conjunto, não pode deixar de ajudar a definir uma orientação fecunda. Sobre os pontos mais importantes, a moral do Decálogo permanece fundamental[4].  

Mais uma vez, o documento chama atenção para o fato que a construção da identidade da doutrina cristã autenticamente elaborada pela Igreja, funda-se indiscutivelmente sobre as Escrituras, mas, não exclusivamente na literalidade de textos isolados. O conjunto da tradição da Igreja, pela inspiração do Espírito Santo garante à Igreja uma visão de conjunto da Fé.

O Antigo Testamento contém já os princípios e os valores que comandam um agir plenamente conforme à dignidade da pessoa humana, criada « à imagem de Deus » (Gn 1,27). 0 Novo Testamento coloca esses princípios e esses valores em grande evidência, graças à revelação do amor de Deus no Cristo.

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A Palavra de Deus na Bíblia (79): Interpretação e tradução da Bíblia

20/01/2017 00:00 - Atualizado em 30/01/2017 16:36

Neste artigo permaneceremos no campo das relações entre a Exegese bíblica e os vários setores da Teologia. O estabelecimento destas relações não é secundário na construção sólida do conhecimento da Palavra de Deus como alicerce do pensamento e da práxis da teologia, já que a Teologia é a inteligência da ação da Igreja no Mundo, e uma das fontes de sua Identidade.

3. A Exegese e a Teologia Moral

Observações análogas podem ser feitas sobre as relações entre exegese e teologia moral. Aos relatos concernentes à história da salvação, a Bíblia une estreitamente múltiplas instruções sobre a conduta a ser mantida: mandamentos, interdições, prescrições jurídicas, exortações, invectivas proféticas, conselhos de sábios. Uma das tarefas da exegese consiste em precisar o alcance deste abundante material e em preparar, assim, o trabalho dos moralistas[1].

            De novo, a Igreja afirma a precedência dos exercícios teológicos não pode faltar o trabalho exaustivo dos exegetas, que perscrutam nas Escrituras os diversos e sempre atualizáveis significados da Palavra de Deus, para que os teólogos explorem à luz da tradição e da história na qual vivem as re-proposições permanentes, os estímulos que a Revelação oferece à vivência da Vontade de Deus, em comunhão com Cristo.

Esta tarefa não é simples, pois muitas vezes os textos bíblicos não se preocupam em distinguir preceitos morais universais, prescrições de pureza ritual e ordens jurídicas particulares. Tudo é posto junto. De outro lado, a Bíblia reflete uma evolução moral considerável, que encontra sua perfeição no Novo Testamento[2].

Um leitor desatento poderia perguntar-se sobre a relevância desta tarefa de discernimento. Fica evidente na observação do comportamento das seitas cristãs, a confusão, às vezes proposital destes níveis de exigências morais, decorrentes da Revelação que incidem na conduta dos crentes.

Nota-se que esta confusão entre essencial e relativo, produz uma confusão na consciência dos crentes, e implicará num ‘moralismo’ infundado criticamente.

Não é suficiente que uma certa posição em matéria de moral seja atestada no Antigo Testamento (por exemplo, a prática da escravidão ou do divórcio, ou aquela das exterminações em caso de guerra), para que esta posição continue a ser válida.

Um discernimento deve ser feito, levando em conta o necessário progresso da consciência moral. Os escritos do Antigo Testamento contêm elementos « imperfeitos e caducos » (Dei Verbum, 15), que a pedagogia divina não podia eliminar de uma só vez. O Novo Testamento mesmo não é fácil de interpretar no domínio da moral, pois muitas vezes ele se exprime através de imagem, ou de maneira paradoxal, ou mesmo provocadora, e a relação dos cristãos com a Lei judaica é objeto aqui de ásperas controvérsias[3].

Ao longo do Novo Testamento encontramos Jesus que apresenta os definitivos fundamentos de uma Moral cristã, dinâmica e perene. Na história da Igreja todas as vezes que este discernimento falha, encontramo-nos enredados por ‘moralismos anacrônicos’ ou por ‘libertismos’ na edificação da conduta moral cristã.

Os moralistas são, assim, levados a apresentar aos exegetas muitas questões importantes que estimularão suas pesquisas. Em mais de um caso, a resposta poderá ser que nenhum texto bíblico trata explicitamente do problema considerado. Mas mesmo assim o testemunho da Bíblia, compreendido em seu vigoroso dinamismo de conjunto, não pode deixar de ajudar a definir uma orientação fecunda. Sobre os pontos mais importantes, a moral do Decálogo permanece fundamental[4].  

Mais uma vez, o documento chama atenção para o fato que a construção da identidade da doutrina cristã autenticamente elaborada pela Igreja, funda-se indiscutivelmente sobre as Escrituras, mas, não exclusivamente na literalidade de textos isolados. O conjunto da tradição da Igreja, pela inspiração do Espírito Santo garante à Igreja uma visão de conjunto da Fé.

O Antigo Testamento contém já os princípios e os valores que comandam um agir plenamente conforme à dignidade da pessoa humana, criada « à imagem de Deus » (Gn 1,27). 0 Novo Testamento coloca esses princípios e esses valores em grande evidência, graças à revelação do amor de Deus no Cristo.

Referências:


Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica