14 de Maio de 2024
A Palavra de Deus na Bíblia (69): Interpretação e tradução da Bíblia
Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.
13/11/2016 00:00 - Atualizado em 14/11/2016 18:16
A Palavra de Deus na Bíblia (69): Interpretação e tradução da Bíblia 0
13/11/2016 00:00 - Atualizado em 14/11/2016 18:16
Neste artigo, concluiremos as observações sobre as importantes contribuições da Exegese Patrística no desenvolvimento da interpretação bíblica, no âmbito na história da Igreja, como intérprete privilegiada das Sagradas Escrituras.
O recurso à alegoria deriva também da convicção de que a Bíblia, livro de Deus, foi dado por Ele a seu povo, a Igreja. A alegoria tem um papel importante no processo de atualização e ressignificação do texto bíblico por parte da Igreja:
“Modo de expressão ou interpretação que consiste em representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada. Ou o método de interpretação aplicado por pensadores gregos (pré-socráticos, estoicos etc.) aos textos homéricos, por meio do qual se pretendia descobrir ideias ou concepções filosóficas embutidas figurativamente nas narrativas mitológicas.”1
Uma alegoria (do grego αλλος, allos, “outro”, e αγορευειν, agoreuein, “falar em público”, pelo latim allegoria) é uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, ou seja, sua expressão transmite um ou mais sentidos além do literal.
Muito importante destacar este processo, pelo qual esta figura de linguagem virtualiza o significado das passagens, isto é, amplia sua capacidade comunicativa, ou ainda, expande a sua compreensão do literal.
Em princípio, nada deve ser deixado de lado como antiquado ou definitivamente caduco. Deus dirige uma mensagem sempre de atualidade a seu povo cristão.
“Em suas explicações da Bíblia, os Padres misturam e entrelaçam as interpretações tipológicas e alegóricas de maneira mais ou menos inextricável, sempre com finalidade pastoral e pedagógica. Tudo o que está escrito o foi para nossa instrução (cf 1Cor 10,11).”2
Portanto, a alegorização constituía um esforço pastoral dos Padres da Igreja, em vista da permanente apropriação dos profusos significados das escrituras, inseríveis na contextualidade eclesial, que lê sempre no presente dos leitores a mensagem eterna da revelação, guardada nas Escrituras Sagradas. Sempre com finalidade pastoral e pedagógica.
Persuadidos de que se trata do livro de Deus, portanto inesgotável, os Padres creem poder interpretar uma passagem segundo um determinado esquema alegórico, mas eles estimam que cada um permaneça livre para propor outra coisa, contanto que respeite a analogia da fé.
Depois da evolução do método histórico-crítico, do século 19 em diante, houve, da parte de ambientes protestantes, uma refutação generalizada ao uso e ao valor da alegorização, quase desterrando este esquema, como fator de falsificação do significado literal das Escrituras Sagradas. Exageros à parte, de ambas as frentes, a alegoria permanece uma sadia contribuição à construção de sentido, que traz a exigência de beber para além da literalidade, sem ignorá-la!
A interpretação alegórica das escrituras, que caracteriza a Exegese Patrística, corre o risco de desorientar o homem moderno, mas a experiência de Igreja que esta exegese exprime oferece uma contribuição sempre útil (cf. Divino afflante Spiritu 31-32; Dei Verbum, 23). Os Padres ensinam a ler teologicamente a Bíblia no seio de uma tradição viva com um autêntico espírito cristão.
Como citada acima, a Constituição Dogmática Dei Verbum (Palavra de Deus), no Concílio Vaticano II, assevera-nos que o abandono de qualquer prática interpretativa válida, ocorrida no percurso (longo) da Igreja Católica, representa um depauperamento da nobre, complexa e obrigatória tarefa de interpretar, que cabe à Igreja, como dever sagrado:
“A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar continuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos. Por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas letras, de modo que o maior número possível de ministros da Palavra de Deus possa oferecer como fruto, ao povo de Deus, o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus. O sagrado Concílio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas, para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças.”3
A Palavra de Deus na Bíblia (69): Interpretação e tradução da Bíblia
13/11/2016 00:00 - Atualizado em 14/11/2016 18:16
Neste artigo, concluiremos as observações sobre as importantes contribuições da Exegese Patrística no desenvolvimento da interpretação bíblica, no âmbito na história da Igreja, como intérprete privilegiada das Sagradas Escrituras.
O recurso à alegoria deriva também da convicção de que a Bíblia, livro de Deus, foi dado por Ele a seu povo, a Igreja. A alegoria tem um papel importante no processo de atualização e ressignificação do texto bíblico por parte da Igreja:
“Modo de expressão ou interpretação que consiste em representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada. Ou o método de interpretação aplicado por pensadores gregos (pré-socráticos, estoicos etc.) aos textos homéricos, por meio do qual se pretendia descobrir ideias ou concepções filosóficas embutidas figurativamente nas narrativas mitológicas.”1
Uma alegoria (do grego αλλος, allos, “outro”, e αγορευειν, agoreuein, “falar em público”, pelo latim allegoria) é uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, ou seja, sua expressão transmite um ou mais sentidos além do literal.
Muito importante destacar este processo, pelo qual esta figura de linguagem virtualiza o significado das passagens, isto é, amplia sua capacidade comunicativa, ou ainda, expande a sua compreensão do literal.
Em princípio, nada deve ser deixado de lado como antiquado ou definitivamente caduco. Deus dirige uma mensagem sempre de atualidade a seu povo cristão.
“Em suas explicações da Bíblia, os Padres misturam e entrelaçam as interpretações tipológicas e alegóricas de maneira mais ou menos inextricável, sempre com finalidade pastoral e pedagógica. Tudo o que está escrito o foi para nossa instrução (cf 1Cor 10,11).”2
Portanto, a alegorização constituía um esforço pastoral dos Padres da Igreja, em vista da permanente apropriação dos profusos significados das escrituras, inseríveis na contextualidade eclesial, que lê sempre no presente dos leitores a mensagem eterna da revelação, guardada nas Escrituras Sagradas. Sempre com finalidade pastoral e pedagógica.
Persuadidos de que se trata do livro de Deus, portanto inesgotável, os Padres creem poder interpretar uma passagem segundo um determinado esquema alegórico, mas eles estimam que cada um permaneça livre para propor outra coisa, contanto que respeite a analogia da fé.
Depois da evolução do método histórico-crítico, do século 19 em diante, houve, da parte de ambientes protestantes, uma refutação generalizada ao uso e ao valor da alegorização, quase desterrando este esquema, como fator de falsificação do significado literal das Escrituras Sagradas. Exageros à parte, de ambas as frentes, a alegoria permanece uma sadia contribuição à construção de sentido, que traz a exigência de beber para além da literalidade, sem ignorá-la!
A interpretação alegórica das escrituras, que caracteriza a Exegese Patrística, corre o risco de desorientar o homem moderno, mas a experiência de Igreja que esta exegese exprime oferece uma contribuição sempre útil (cf. Divino afflante Spiritu 31-32; Dei Verbum, 23). Os Padres ensinam a ler teologicamente a Bíblia no seio de uma tradição viva com um autêntico espírito cristão.
Como citada acima, a Constituição Dogmática Dei Verbum (Palavra de Deus), no Concílio Vaticano II, assevera-nos que o abandono de qualquer prática interpretativa válida, ocorrida no percurso (longo) da Igreja Católica, representa um depauperamento da nobre, complexa e obrigatória tarefa de interpretar, que cabe à Igreja, como dever sagrado:
“A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar continuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos. Por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas letras, de modo que o maior número possível de ministros da Palavra de Deus possa oferecer como fruto, ao povo de Deus, o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus. O sagrado Concílio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas, para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças.”3
Deixe seu comentário
Resposta ao comentário de: