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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (59): Interpretação e tradução da Bíblia

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14 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (59): Interpretação e tradução da Bíblia

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02/09/2016 00:00 - Atualizado em 07/10/2016 15:45

A Palavra de Deus na Bíblia (59): Interpretação e tradução da Bíblia 0

02/09/2016 00:00 - Atualizado em 07/10/2016 15:45

Neste artigo continua-se a analisar o modo ‘católico’ de produzir a inteligência da Fé bíblica. Trata-se da Unidade “Dimensões características da Interpretação Católica”. O primeiro item designa-se “A. A interpretação na Tradição bíblica”.

Trata-se de entender um princípio básico da interpretação bíblica católica, ela autêntica quanto mais ela for um ato eclesial.

O que a caracteriza é que ela se situa conscientemente na tradição viva da Igreja, cuja primeira preocupação é a fidelidade à revelação atestada pela Bíblia. As hermenêuticas modernas colocaram em destaque, lembremo-nos, a impossibilidade de interpretar um texto sem partir de uma « pré-compreensão » de um gênero ou de um outro1.

A exegese católica aborda os escritos bíblicos com uma pré-compreensão que une estreitamente a cultura moderna científica e a tradição religiosa proveniente de Israel e da comunidade cristã primitiva. Sua interpretação encontra-se, assim, em continuidade com o dinamismo de interpretação que se manifesta no interior da própria Bíblia e que se prolonga em seguida na vida da Igreja.

Ela corresponde à exigência de afinidade vital entre o intérprete e seu objeto, afinidade que constitui uma das condições de possibilidade do trabalho exegético. Toda pré-compreensão comporta, entretanto, seus perigos. No caso da exegese católica o risco existe de atribuir a textos bíblicos um sentido que eles não exprimem, mas que é o fruto de um desenvolvimento ulterior da tradição. A exegese deve evitar este perigo2.

Não se lê e interpreta a Bíblia corretamente fora do âmbito da Igreja. Ou, ainda, sem conhecer e engajar-se na longa história eclesial da interpretação a leitura da Bíblia pode ser sequestrada pela imaginação do crente ou do curioso, com efeitos quase sempre muito aquém das riquezas da Palavra de Deus, quando não, nocivos e errôneos!

Este processo da tradição inicia-se no interior do Cânon. Os 72 livros canônicos refletem, seja no interior de cada obra, como também nas relações entre eles, uma rede de tradições, de diálogos entre estórias, interpretações e a própria evolução da História da Salvação.

A. A interpretação na Tradição bíblica

Os textos da Bíblia são a expressão de tradições religiosas que existiam antes deles. A maneira pela qual eles se ligam a essas tradições é diferente segundo o caso, a criatividade dos autores manifestando-se em graus diversos. No decorrer dos tempos, múltiplas tradições convergiram pouco a pouco para formar uma grande tradição comum. A Bíblia é urna manifestação privilegiada desse processo, que ela contribuiu a realizar e do qual ela continua a ser reguladora3.

“Os textos da Bíblia são a expressão de tradições religiosas que existiam antes deles”: A Igreja testemunha que a Bíblia não é uma obra que nasceu da ação individual de um escritor, fruto de sua imaginação, ou desejo religioso individual. Ao contrário, a boa interpretação bíblica deve brotar do reconhecimento que sem um fundo tradicional religioso não se tem segurança para entender e analisar a mensagem integral da Bíblia.

«A interpretação na Tradição bíblica» comporta uma grande variedade de aspectos. Pode-se entender por esta expressão a maneira com a qual a Bíblia interpreta as experiências humanas fundamentais ou os acontecimentos particulares da história de Israel, ou ainda a maneira com a qual os textos bíblicos utilizam fontes, escritas ou orais — algumas das quais podem provenir de outras religiões ou culturas — reinterpretando-as. Mas sendo nosso assunto a interpretação da Bíblia, nós não queremos tratar aqui destas questões tão vastas, mas simplesmente propor algumas observações sobre a interpretação dos textos bíblicos no interior da própria Bíblia4.

“(...) propor algumas observações sobre a interpretação dos textos bíblicos no interior da própria Bíblia”:

Muito importantes estas observações sobre a Tradição dentro da Bíblia: trata-se da pertinência da formação da Bíblia em interpretar ou ressignificar eventos humanos à luz da Revelação na experiência religiosa de Israel.

Disto decorre que a Bíblia, é ela mesma, o resultado de um longo processo de auto-interpretação de um único Evento Singular: a Ação da (Auto)Revelação Divina na história humana.

1. Releituras

O que contribui a dar à Bíblia sua unidade interna, única em seu gênero, é o fato de que os escritos bíblicos posteriores apoiam-se muitas vezes sobre os escritos anteriores. Fazem alusão a eles, propõem «releituras» que desenvolvem novos aspectos de sentido, algumas vezes muito diferentes do sentido primitivo, ou ainda referem-se a eles explicitamente, seja para aprofundar-lhes o significado, seja para afirmar-lhes a realização5.

Referências:

1 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

 2http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

3 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

4 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

5 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html


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A Palavra de Deus na Bíblia (59): Interpretação e tradução da Bíblia

02/09/2016 00:00 - Atualizado em 07/10/2016 15:45

Neste artigo continua-se a analisar o modo ‘católico’ de produzir a inteligência da Fé bíblica. Trata-se da Unidade “Dimensões características da Interpretação Católica”. O primeiro item designa-se “A. A interpretação na Tradição bíblica”.

Trata-se de entender um princípio básico da interpretação bíblica católica, ela autêntica quanto mais ela for um ato eclesial.

O que a caracteriza é que ela se situa conscientemente na tradição viva da Igreja, cuja primeira preocupação é a fidelidade à revelação atestada pela Bíblia. As hermenêuticas modernas colocaram em destaque, lembremo-nos, a impossibilidade de interpretar um texto sem partir de uma « pré-compreensão » de um gênero ou de um outro1.

A exegese católica aborda os escritos bíblicos com uma pré-compreensão que une estreitamente a cultura moderna científica e a tradição religiosa proveniente de Israel e da comunidade cristã primitiva. Sua interpretação encontra-se, assim, em continuidade com o dinamismo de interpretação que se manifesta no interior da própria Bíblia e que se prolonga em seguida na vida da Igreja.

Ela corresponde à exigência de afinidade vital entre o intérprete e seu objeto, afinidade que constitui uma das condições de possibilidade do trabalho exegético. Toda pré-compreensão comporta, entretanto, seus perigos. No caso da exegese católica o risco existe de atribuir a textos bíblicos um sentido que eles não exprimem, mas que é o fruto de um desenvolvimento ulterior da tradição. A exegese deve evitar este perigo2.

Não se lê e interpreta a Bíblia corretamente fora do âmbito da Igreja. Ou, ainda, sem conhecer e engajar-se na longa história eclesial da interpretação a leitura da Bíblia pode ser sequestrada pela imaginação do crente ou do curioso, com efeitos quase sempre muito aquém das riquezas da Palavra de Deus, quando não, nocivos e errôneos!

Este processo da tradição inicia-se no interior do Cânon. Os 72 livros canônicos refletem, seja no interior de cada obra, como também nas relações entre eles, uma rede de tradições, de diálogos entre estórias, interpretações e a própria evolução da História da Salvação.

A. A interpretação na Tradição bíblica

Os textos da Bíblia são a expressão de tradições religiosas que existiam antes deles. A maneira pela qual eles se ligam a essas tradições é diferente segundo o caso, a criatividade dos autores manifestando-se em graus diversos. No decorrer dos tempos, múltiplas tradições convergiram pouco a pouco para formar uma grande tradição comum. A Bíblia é urna manifestação privilegiada desse processo, que ela contribuiu a realizar e do qual ela continua a ser reguladora3.

“Os textos da Bíblia são a expressão de tradições religiosas que existiam antes deles”: A Igreja testemunha que a Bíblia não é uma obra que nasceu da ação individual de um escritor, fruto de sua imaginação, ou desejo religioso individual. Ao contrário, a boa interpretação bíblica deve brotar do reconhecimento que sem um fundo tradicional religioso não se tem segurança para entender e analisar a mensagem integral da Bíblia.

«A interpretação na Tradição bíblica» comporta uma grande variedade de aspectos. Pode-se entender por esta expressão a maneira com a qual a Bíblia interpreta as experiências humanas fundamentais ou os acontecimentos particulares da história de Israel, ou ainda a maneira com a qual os textos bíblicos utilizam fontes, escritas ou orais — algumas das quais podem provenir de outras religiões ou culturas — reinterpretando-as. Mas sendo nosso assunto a interpretação da Bíblia, nós não queremos tratar aqui destas questões tão vastas, mas simplesmente propor algumas observações sobre a interpretação dos textos bíblicos no interior da própria Bíblia4.

“(...) propor algumas observações sobre a interpretação dos textos bíblicos no interior da própria Bíblia”:

Muito importantes estas observações sobre a Tradição dentro da Bíblia: trata-se da pertinência da formação da Bíblia em interpretar ou ressignificar eventos humanos à luz da Revelação na experiência religiosa de Israel.

Disto decorre que a Bíblia, é ela mesma, o resultado de um longo processo de auto-interpretação de um único Evento Singular: a Ação da (Auto)Revelação Divina na história humana.

1. Releituras

O que contribui a dar à Bíblia sua unidade interna, única em seu gênero, é o fato de que os escritos bíblicos posteriores apoiam-se muitas vezes sobre os escritos anteriores. Fazem alusão a eles, propõem «releituras» que desenvolvem novos aspectos de sentido, algumas vezes muito diferentes do sentido primitivo, ou ainda referem-se a eles explicitamente, seja para aprofundar-lhes o significado, seja para afirmar-lhes a realização5.

Referências:

1 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

 2http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

3 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

4 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

5 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html


Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica