14 de Maio de 2024
A Palavra de Deus na Bíblia (57): Interpretação e tradução da Bíblia
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25/08/2016 15:03 - Atualizado em 25/08/2016 15:03
A Palavra de Deus na Bíblia (57): Interpretação e tradução da Bíblia 0
25/08/2016 15:03 - Atualizado em 25/08/2016 15:03
Neste artigo avançamos para o ‘nível pleno’ da Interpretação da Palavra de Deus na Bíblia, e assim, compreendermos as tarefas da Exegese Bíblica diante da mensagem que Deus quer transmitir (Revelação) a toda a humanidade.
O sentido pleno
Relativamente recente, a denominação de “sentido pleno” suscita discussões. Define-se o sentido pleno como um sentido mais profundo do texto, desejado por Deus, mas não claramente expresso pelo autor humano. Descobre-se sua existência em um texto bíblico quando se estuda esse texto à luz de outros textos bíblicos que o utilizam ou em sua relação com o desenvolvimento interno da revelação(1).
Segundo o documento, o sentido pleno implica na inclusão de dois aspectos aparentemente opostos: “um sentido mais profundo do texto, desejado por Deus, mas não claramente expresso pelo autor humano”.
a) ‘Um sentido mais profundo do texto’: Esta afirmação explica a perenidade semântica do texto bíblico. Este não se esgota em sua literalidade e carrega consigo a inteligência da Vontade Divina de comunicar-Se com os homens e mulheres de todos os tempos. Neste contexto, encontra-se no Concílio Vaticano, exatamente na Constituição Dogmática “Dei Verbum 6”:
Pela revelação divina, quis Deus manifestar e comunicar-se a Si mesmo e os decretos eternos da Sua vontade a respeito da salvação dos homens, para fazê-los participar dos bens divinos, que superam absolutamente a capacidade da inteligência humana(2).
Este sentido profundo é ‘desejado por Deus’: o sentido indicado no texto deve coincidir, portanto, com aquele que o Espírito Santo revela gradativamente à Igreja. Ainda auxilia-nos “Dei Verbum” 12 no tratamento exato desta expressão: A Bíblia deve ser interpretada com o mesmo Espírito em que foi escrita!
Mas como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé(3).
O segundo aspecto que caracteriza o sentido pleno no texto bíblico é apresentado aparentemente como uma ‘deficiência’:
b) ‘mas não claramente expresso pelo autor humano’: O texto do hagiógrafo, isto é, do escritor inspirado por Deus, não pode trair da Vontade Divina de comunicar-Se a Si Mesmo, de modo que a Verdade Divina ilumine e salve os homens. É o que afirma peremptoriamente DV 11:
As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles (3), pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria(4).
Na verdade, a linguagem humana que guarda a ‘Verdade Divina’ e a transmite não é capaz de coincidir com a Sabedoria Divina, mas a expressa através da oração da Igreja, da mística e da exegese bíblica na tradição da Igreja.
Como nos ensina o Concílio Vaticano II na ‘Dei Verbum’ 23:
A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar continuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos; por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas Letras de modo que o maior número possível de ministros da palavra de Deus possa oferecer com fruto ao Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus (1). O sagrado Concílio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças.(5)
Referências:
A Palavra de Deus na Bíblia (57): Interpretação e tradução da Bíblia
25/08/2016 15:03 - Atualizado em 25/08/2016 15:03
Neste artigo avançamos para o ‘nível pleno’ da Interpretação da Palavra de Deus na Bíblia, e assim, compreendermos as tarefas da Exegese Bíblica diante da mensagem que Deus quer transmitir (Revelação) a toda a humanidade.
O sentido pleno
Relativamente recente, a denominação de “sentido pleno” suscita discussões. Define-se o sentido pleno como um sentido mais profundo do texto, desejado por Deus, mas não claramente expresso pelo autor humano. Descobre-se sua existência em um texto bíblico quando se estuda esse texto à luz de outros textos bíblicos que o utilizam ou em sua relação com o desenvolvimento interno da revelação(1).
Segundo o documento, o sentido pleno implica na inclusão de dois aspectos aparentemente opostos: “um sentido mais profundo do texto, desejado por Deus, mas não claramente expresso pelo autor humano”.
a) ‘Um sentido mais profundo do texto’: Esta afirmação explica a perenidade semântica do texto bíblico. Este não se esgota em sua literalidade e carrega consigo a inteligência da Vontade Divina de comunicar-Se com os homens e mulheres de todos os tempos. Neste contexto, encontra-se no Concílio Vaticano, exatamente na Constituição Dogmática “Dei Verbum 6”:
Pela revelação divina, quis Deus manifestar e comunicar-se a Si mesmo e os decretos eternos da Sua vontade a respeito da salvação dos homens, para fazê-los participar dos bens divinos, que superam absolutamente a capacidade da inteligência humana(2).
Este sentido profundo é ‘desejado por Deus’: o sentido indicado no texto deve coincidir, portanto, com aquele que o Espírito Santo revela gradativamente à Igreja. Ainda auxilia-nos “Dei Verbum” 12 no tratamento exato desta expressão: A Bíblia deve ser interpretada com o mesmo Espírito em que foi escrita!
Mas como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé(3).
O segundo aspecto que caracteriza o sentido pleno no texto bíblico é apresentado aparentemente como uma ‘deficiência’:
b) ‘mas não claramente expresso pelo autor humano’: O texto do hagiógrafo, isto é, do escritor inspirado por Deus, não pode trair da Vontade Divina de comunicar-Se a Si Mesmo, de modo que a Verdade Divina ilumine e salve os homens. É o que afirma peremptoriamente DV 11:
As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles (3), pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria(4).
Na verdade, a linguagem humana que guarda a ‘Verdade Divina’ e a transmite não é capaz de coincidir com a Sabedoria Divina, mas a expressa através da oração da Igreja, da mística e da exegese bíblica na tradição da Igreja.
Como nos ensina o Concílio Vaticano II na ‘Dei Verbum’ 23:
A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar continuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos; por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas Letras de modo que o maior número possível de ministros da palavra de Deus possa oferecer com fruto ao Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus (1). O sagrado Concílio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças.(5)
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