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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (45) Interpretação e tradução da Bíblia

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A Palavra de Deus na Bíblia (45) Interpretação e tradução da Bíblia

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20/05/2016 00:00 - Atualizado em 30/05/2016 14:47

A Palavra de Deus na Bíblia (45) Interpretação e tradução da Bíblia 0

20/05/2016 00:00 - Atualizado em 30/05/2016 14:47

Neste artigo prosseguimos com a análise crítica da Igreja sobre a ‘Abordagem da Libertação’, segundo o documento “A Interpretação da Bíblia na Igreja” (1993), já iniciada no texto anteriormente publicado.

‘Mas a leitura tão engajada da Bíblia comporta riscos. Como ela é ligada a um movimento em plena evolução, as observações que seguem não podem que ser provisórias’1.

A Igreja acompanha todas as iniciativas de atualização e apropriação hermenêutica da Bíblia com viva e materna atenção, pois não se trata de uma leitura privada, de um livro de ‘cabeceira’.

A interpretação da Bíblia é oficio comunitário, tem origem e destino na Igreja, que a proclama, pois a escruta enquanto a escuta!

Duas coisas são ditas pela Igreja acerca dos ‘riscos’ desta abordagem: primeiro, que esta abordagem pode ser ‘unilateral’ em sua exegese de engajamento ao utilizar, em particular, alguns textos proféticos do Antigo Testamento. Escolhendo uns em detrimento de outros!

Outro elemento refere-se ao fato que o exegeta, nesta abordagem, por ser teólogo e não assistente social ou político pode afastar-se de sua expertise própria e incorrer em erros em sua apropriação ‘libertadora’ de textos bíblicos, impondo ao texto significados interessantes à práxis social, mas equivocados em sua verdadeira natureza bíblica.

Essa leitura se concentra sobre textos narrativos e proféticos que iluminam situações de opressão e que inspiram uma práxis tendendo a uma mudança social: aqui ou lá ela pôde ser parcial, não dando tanta atenção a outros textos da Bíblia. É certo que a exegese não pode ser neutra, mas ela deve também evitar de ser unilateral. Aliás, o engajamento social e político não é a tarefa direta do exegeta2.

Mais grave ainda é a afirmação do documento, que esta abordagem, no conjunto da “Teologia da Libertação”, utilizou como substrato hermenêutico dos textos bíblicos o aparato inspirado na leitura materialista (‘doutrinas materialistas’), vinculada à produção sociofilosófica do Marxismo:

Querendo inserir a mensagem bíblica no contexto sócio-político, teólogos e exegetas foram levados ao recurso de instrumentos de análise da realidade social. Nesta perspectiva, algumas correntes da teologia da libertação fizeram uma análise inspirada em doutrinas materialistas e é nesse quadro também que elas leram a Bíblia, o que não deixou de provocar questões, notadamente no que concerne o princípio marxista da luta de classes3.

Diversas consequências se abrem para a leitura pastoral da Bíblia neste âmbito.

Primeiro, uma leitura desta ordem, com influxos políticos e em particular, com as cores acessas do ‘princípio marxista da luta de classes’ afastaria a Palavra de Deus de sua originária missão, ser ponte que possibilita a todos os homens de chegarem a Deus e de constituírem uma Fraternidade Universal em Cristo!

Segundo, é notório o fascínio causado pelo Marxismo, em particular, quando se apresenta como uma forma de pensamento ‘utópico’, uma forma de ‘sonho de um mundo sem classes’, sem opressão, um Paraíso terrestre.

Na medida em que, a leitura bíblica desta abordagem se inspirasse nestes ditames, a escatologia terrestre poderia estar substituindo a verdadeira expectativa de ‘novos céus e nova terra’, expectativa autentica dos cristãos, desde a Ascensão de Jesus, após a sua Ressurreição.

Sob a pressão de enormes problemas sociais, o acento foi colocado principalmente sobre uma escatologia terrestre, muitas vezes em detrimento da dimensão escatológica transcendente da Escritura4.

O aspecto transcendente da Religião cristã diante da urgência da libertação passaria a segundo plano, ou poderia ser até substituída, dada a sua aparente ‘alienação’ em relação à situação política do Povo, dando lugar a uma visão meramente política da experiência de fé!

As mudanças sociais e políticas conduzem esta abordagem a se propôr novas questões e a procurar novas orientações. Para seu desenvolvimento ulterior e sua fecundidade na Igreja, um fator decisivo será o esclarecimento de seus pressupostos hermenêuticos, de seus métodos e de sua coerência com a fé e a Tradição do conjunto da Igreja5.

Referências:

1 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

2 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

3 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

4 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

5 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

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A Palavra de Deus na Bíblia (45) Interpretação e tradução da Bíblia

20/05/2016 00:00 - Atualizado em 30/05/2016 14:47

Neste artigo prosseguimos com a análise crítica da Igreja sobre a ‘Abordagem da Libertação’, segundo o documento “A Interpretação da Bíblia na Igreja” (1993), já iniciada no texto anteriormente publicado.

‘Mas a leitura tão engajada da Bíblia comporta riscos. Como ela é ligada a um movimento em plena evolução, as observações que seguem não podem que ser provisórias’1.

A Igreja acompanha todas as iniciativas de atualização e apropriação hermenêutica da Bíblia com viva e materna atenção, pois não se trata de uma leitura privada, de um livro de ‘cabeceira’.

A interpretação da Bíblia é oficio comunitário, tem origem e destino na Igreja, que a proclama, pois a escruta enquanto a escuta!

Duas coisas são ditas pela Igreja acerca dos ‘riscos’ desta abordagem: primeiro, que esta abordagem pode ser ‘unilateral’ em sua exegese de engajamento ao utilizar, em particular, alguns textos proféticos do Antigo Testamento. Escolhendo uns em detrimento de outros!

Outro elemento refere-se ao fato que o exegeta, nesta abordagem, por ser teólogo e não assistente social ou político pode afastar-se de sua expertise própria e incorrer em erros em sua apropriação ‘libertadora’ de textos bíblicos, impondo ao texto significados interessantes à práxis social, mas equivocados em sua verdadeira natureza bíblica.

Essa leitura se concentra sobre textos narrativos e proféticos que iluminam situações de opressão e que inspiram uma práxis tendendo a uma mudança social: aqui ou lá ela pôde ser parcial, não dando tanta atenção a outros textos da Bíblia. É certo que a exegese não pode ser neutra, mas ela deve também evitar de ser unilateral. Aliás, o engajamento social e político não é a tarefa direta do exegeta2.

Mais grave ainda é a afirmação do documento, que esta abordagem, no conjunto da “Teologia da Libertação”, utilizou como substrato hermenêutico dos textos bíblicos o aparato inspirado na leitura materialista (‘doutrinas materialistas’), vinculada à produção sociofilosófica do Marxismo:

Querendo inserir a mensagem bíblica no contexto sócio-político, teólogos e exegetas foram levados ao recurso de instrumentos de análise da realidade social. Nesta perspectiva, algumas correntes da teologia da libertação fizeram uma análise inspirada em doutrinas materialistas e é nesse quadro também que elas leram a Bíblia, o que não deixou de provocar questões, notadamente no que concerne o princípio marxista da luta de classes3.

Diversas consequências se abrem para a leitura pastoral da Bíblia neste âmbito.

Primeiro, uma leitura desta ordem, com influxos políticos e em particular, com as cores acessas do ‘princípio marxista da luta de classes’ afastaria a Palavra de Deus de sua originária missão, ser ponte que possibilita a todos os homens de chegarem a Deus e de constituírem uma Fraternidade Universal em Cristo!

Segundo, é notório o fascínio causado pelo Marxismo, em particular, quando se apresenta como uma forma de pensamento ‘utópico’, uma forma de ‘sonho de um mundo sem classes’, sem opressão, um Paraíso terrestre.

Na medida em que, a leitura bíblica desta abordagem se inspirasse nestes ditames, a escatologia terrestre poderia estar substituindo a verdadeira expectativa de ‘novos céus e nova terra’, expectativa autentica dos cristãos, desde a Ascensão de Jesus, após a sua Ressurreição.

Sob a pressão de enormes problemas sociais, o acento foi colocado principalmente sobre uma escatologia terrestre, muitas vezes em detrimento da dimensão escatológica transcendente da Escritura4.

O aspecto transcendente da Religião cristã diante da urgência da libertação passaria a segundo plano, ou poderia ser até substituída, dada a sua aparente ‘alienação’ em relação à situação política do Povo, dando lugar a uma visão meramente política da experiência de fé!

As mudanças sociais e políticas conduzem esta abordagem a se propôr novas questões e a procurar novas orientações. Para seu desenvolvimento ulterior e sua fecundidade na Igreja, um fator decisivo será o esclarecimento de seus pressupostos hermenêuticos, de seus métodos e de sua coerência com a fé e a Tradição do conjunto da Igreja5.

Referências:

1 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

2 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

3 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

4 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

5 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica