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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 15/05/2024

15 de Maio de 2024

Artigo 07: Nudez Original - “...estavam nus e não se envergonhavam...”

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15 de Maio de 2024

Artigo 07: Nudez Original - “...estavam nus e não se envergonhavam...”

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17/03/2016 16:17 - Atualizado em 24/05/2016 17:30

Artigo 07: Nudez Original - “...estavam nus e não se envergonhavam...” 0

17/03/2016 16:17 - Atualizado em 24/05/2016 17:30

O homem deixa de viver a solidão original, conforme narrado pelo livro do Gênesis, com a criação da mulher. Ele toma consciência de si e enxerga seu corpo dotado de uma sexualidade. É a partir deste fato, com a noção de masculinidade e feminilidade, que homem e mulher podem se tornar uma só carne e viver a unidade.

Na sua origem, ou melhor, no princípio, como foi dito pelo próprio Cristo, homem e mulher viviam em perfeita harmonia. Viviam na simplicidade que permitia se olharem e enxergarem pessoas íntegras. A nudez na qual se encontravam revelava a integralidade do ser humano. O olhar da concupiscência ainda não tornava a visão turva, e, através desta visão verdadeira criavam profunda comunhão, pois eram verdadeiro dom um para o outro. Trazendo para a nossa realidade podemos fazer um paralelo entre o olhar de quem quer amar e o de quem deseja apenas usar o outro. Quem ama enxerga no outro uma pessoa. Já quem usa vê o outro como um corpo que serve apenas para ser usufruído.

A nudez originária significava a verdadeira capacidade que homem e mulher tinham de doar-se um ao outro, de criar e viver em comunhão. A principal característica dessa nudez era aquela de não haver nada escondido para o outro. Porém, ao pecarem, a primeira coisa que percebem é que estavam nus. Sentem, pela primeira vez, vergonha. Saem do estado de graça em que viviam e permitem que o medo se apodere de seus corações. O medo de ser usado, o medo de não ser visto mais como pessoa. Justamente o coração humano que é aquilo que Jesus mais se preocupa em tornar puro no ser humano. A radical transformação do significado da nudez original deixa-nos supor transformações negativas de toda relação interpessoal homem-mulher (cf. Teologia do Corpo, Catequese XXIX, item 2, de 04 de junho de 1980).

O grande mal gerado pela “vergonha original” foi a perturbação da masculinidade e da feminilidade que, quando modificadas da sua situação original, impedem o homem e a mulher de viverem aquela comunhão inicial. E, ao deixarem de ser comunhão, homem e mulher se afastam um do outro, deixam de ser imagem e semelhança de Deus, que também é comunhão. A perda da pureza presente na nudez original atacou aquilo que determina a sexualidade humana e está diretamente ligado àquele chamado à unidade originária.

Como não podemos mais voltar a ser exatamente o que éramos no princípio, neste estado da nudez original – a vergonha pode ter um sentido positivo – podemos preservar, guardar nosso corpo da cobiça e da luxúria, conservar-nos no nosso valor enquanto pessoas humanas. Assim, atitudes como o pudor no vestir e no comportar-se, longe de serem gestos de repressão, são de um profundo resgate da nossa insondável dignidade de filhos de Deus!

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Artigo 07: Nudez Original - “...estavam nus e não se envergonhavam...”

17/03/2016 16:17 - Atualizado em 24/05/2016 17:30

O homem deixa de viver a solidão original, conforme narrado pelo livro do Gênesis, com a criação da mulher. Ele toma consciência de si e enxerga seu corpo dotado de uma sexualidade. É a partir deste fato, com a noção de masculinidade e feminilidade, que homem e mulher podem se tornar uma só carne e viver a unidade.

Na sua origem, ou melhor, no princípio, como foi dito pelo próprio Cristo, homem e mulher viviam em perfeita harmonia. Viviam na simplicidade que permitia se olharem e enxergarem pessoas íntegras. A nudez na qual se encontravam revelava a integralidade do ser humano. O olhar da concupiscência ainda não tornava a visão turva, e, através desta visão verdadeira criavam profunda comunhão, pois eram verdadeiro dom um para o outro. Trazendo para a nossa realidade podemos fazer um paralelo entre o olhar de quem quer amar e o de quem deseja apenas usar o outro. Quem ama enxerga no outro uma pessoa. Já quem usa vê o outro como um corpo que serve apenas para ser usufruído.

A nudez originária significava a verdadeira capacidade que homem e mulher tinham de doar-se um ao outro, de criar e viver em comunhão. A principal característica dessa nudez era aquela de não haver nada escondido para o outro. Porém, ao pecarem, a primeira coisa que percebem é que estavam nus. Sentem, pela primeira vez, vergonha. Saem do estado de graça em que viviam e permitem que o medo se apodere de seus corações. O medo de ser usado, o medo de não ser visto mais como pessoa. Justamente o coração humano que é aquilo que Jesus mais se preocupa em tornar puro no ser humano. A radical transformação do significado da nudez original deixa-nos supor transformações negativas de toda relação interpessoal homem-mulher (cf. Teologia do Corpo, Catequese XXIX, item 2, de 04 de junho de 1980).

O grande mal gerado pela “vergonha original” foi a perturbação da masculinidade e da feminilidade que, quando modificadas da sua situação original, impedem o homem e a mulher de viverem aquela comunhão inicial. E, ao deixarem de ser comunhão, homem e mulher se afastam um do outro, deixam de ser imagem e semelhança de Deus, que também é comunhão. A perda da pureza presente na nudez original atacou aquilo que determina a sexualidade humana e está diretamente ligado àquele chamado à unidade originária.

Como não podemos mais voltar a ser exatamente o que éramos no princípio, neste estado da nudez original – a vergonha pode ter um sentido positivo – podemos preservar, guardar nosso corpo da cobiça e da luxúria, conservar-nos no nosso valor enquanto pessoas humanas. Assim, atitudes como o pudor no vestir e no comportar-se, longe de serem gestos de repressão, são de um profundo resgate da nossa insondável dignidade de filhos de Deus!

Tatiana e Ronaldo de Melo
Autor

Tatiana e Ronaldo de Melo

Núcleo de Formação e Espiritualidade da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro