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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 13/05/2024

13 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (30): Interpretação e tradução da Bíblia

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13 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (30): Interpretação e tradução da Bíblia

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22/01/2016 00:00 - Atualizado em 25/01/2016 17:48

A Palavra de Deus na Bíblia (30): Interpretação e tradução da Bíblia 0

22/01/2016 00:00 - Atualizado em 25/01/2016 17:48

A metodologia crítica criada em sua forma moderna nos séculos XVII-XVIII terá seu auge no século XIX. Por isso, as leituras bíblicas a partir do evento das ciências naturais na modernidade não serão mais as mesmas, como as vimos na Idade Antiga (Padres da Igreja) ou Medieval (São Tomás).

Neste artigo damos prosseguimento à exposição sobre os métodos e abordagens existentes no processo de Exegese Bíblica.

São ao menos quatro as etapas exigidas pelo método Crítico para que se estabeleçam as condições para que se leia com segurança e se atinja o sentido literal e integral de um texto antigo, como o são os textos da Bíblia.

3. Descrição1

No estágio atual de seu desenvolvimento, o método histórico-crítico percorre as seguintes etapas:

1) A crítica textual, praticada há muito mais tempo, abre a série das operações científicas. Baseando-se no testemunho dos mais antigos e melhores manuscritos, assim como dos papiros, das traduções antigas e da patrística, ela procura, segundo regras determinadas, estabelecer um texto bíblico que seja tão próximo quanto possível ao texto original.

2) A crítica literária. O texto é em seguida submetido a uma análise linguística (morfologia e sintaxe) e semântica, que utiliza os conhecimentos obtidos graças aos estudos de filologia histórica. A crítica literária esforça-se então em discernir o início e o fim das unidades textuais, grandes e pequenas, e em verificar a coerência interna dos textos. A existência de repetições, de divergências inconciliáveis e de outros indícios, manifesta o caráter compósito de certos textos. Estes então são divididos em pequenas unidades, das quais se estuda a dependência possível a diversas fontes.

3) A crítica dos gêneros procura determinar os gêneros literários, ambiente de origem, traços específicos e evolução desses textos. A crítica das tradições situa os textos em correntes de tradição, das quais ela procura determinar a evolução no decorrer da história.

4) A crítica da redação estuda as modificações que os textos sofreram antes de terem um estado final fixado, esforçando-se em discernir as orientações que lhes são próprias. Enquanto as etapas precedentes procuraram explicar o texto pela sua gênese, em uma perspectiva diacrônica, esta última etapa termina com um estudo sincrônico: explica-se aqui o texto em si, graças às relações mútuas de seus diversos elementos e considerando-o sob seu aspecto de mensagem comunicada pelo autor a seus contemporâneos. A função pragmática do texto pode então ser levada em consideração.

“Quando os textos estudados pertencem a um gênero literário histórico ou estão em relação com acontecimentos da história, a crítica histórica completa a crítica literária para determinar seu alcance histórico, no sentido moderno da expressão. É desta maneira que são colocadas em evidência as diferentes etapas do desenrolar concreto da revelação bíblica”.2

4. Avaliação

Que valor dar ao método histórico-crítico, em particular no estágio atual de sua evolução?

É um método que, utilizado de maneira objetiva, não implica em si nenhum a priori: Se sua utilização é acompanhada de tais a priori, isto não é devido ao método em si, mas a opiniões hermenêuticas que orientam a interpretação e podem ser tendenciosas.

Orientado, em seu início, como crítica das fontes e da história das religiões, o método obteve como resultado a abertura de um novo acesso à Bíblia, mostrando que ela é uma coleção de escritos que, muitas vezes, sobretudo para o Antigo Testamento, não têm um autor único, mas tiveram uma longa pré-história inextricavelmente ligada à história de Israel ou àquela da Igreja primitiva.

Precedentemente, a interpretação judaica ou cristã da Bíblia não tinha uma consciência clara das condições históricas concretas e diversas nas quais a Palavra de Deus se enraizou. Ela tinha disto um conhecimento global e longínquo.

O confronto da exegese tradicional com uma abordagem científica que em seu início fazia conscientemente abstração da fé e algumas vezes mesmo se opunha a ela, foi seguramente dolorosa; depois, no entanto, ela se revelou salutar: uma vez que o método foi liberado dos preconceitos extrínsecos, ele conduziu a uma compreensão mais exata da verdade da Santa Escritura (“Dei Verbum”, 12).

Segundo a “Divino afflante Spiritu” a procura do sentido literal da Escritura é uma tarefa essencial da Exegese e, para cumprir esta tarefa, é necessário determinar o gênero literário dos textos o que se realiza com a ajuda do método histórico-crítico3.

1 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

2 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

3 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

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A Palavra de Deus na Bíblia (30): Interpretação e tradução da Bíblia

22/01/2016 00:00 - Atualizado em 25/01/2016 17:48

A metodologia crítica criada em sua forma moderna nos séculos XVII-XVIII terá seu auge no século XIX. Por isso, as leituras bíblicas a partir do evento das ciências naturais na modernidade não serão mais as mesmas, como as vimos na Idade Antiga (Padres da Igreja) ou Medieval (São Tomás).

Neste artigo damos prosseguimento à exposição sobre os métodos e abordagens existentes no processo de Exegese Bíblica.

São ao menos quatro as etapas exigidas pelo método Crítico para que se estabeleçam as condições para que se leia com segurança e se atinja o sentido literal e integral de um texto antigo, como o são os textos da Bíblia.

3. Descrição1

No estágio atual de seu desenvolvimento, o método histórico-crítico percorre as seguintes etapas:

1) A crítica textual, praticada há muito mais tempo, abre a série das operações científicas. Baseando-se no testemunho dos mais antigos e melhores manuscritos, assim como dos papiros, das traduções antigas e da patrística, ela procura, segundo regras determinadas, estabelecer um texto bíblico que seja tão próximo quanto possível ao texto original.

2) A crítica literária. O texto é em seguida submetido a uma análise linguística (morfologia e sintaxe) e semântica, que utiliza os conhecimentos obtidos graças aos estudos de filologia histórica. A crítica literária esforça-se então em discernir o início e o fim das unidades textuais, grandes e pequenas, e em verificar a coerência interna dos textos. A existência de repetições, de divergências inconciliáveis e de outros indícios, manifesta o caráter compósito de certos textos. Estes então são divididos em pequenas unidades, das quais se estuda a dependência possível a diversas fontes.

3) A crítica dos gêneros procura determinar os gêneros literários, ambiente de origem, traços específicos e evolução desses textos. A crítica das tradições situa os textos em correntes de tradição, das quais ela procura determinar a evolução no decorrer da história.

4) A crítica da redação estuda as modificações que os textos sofreram antes de terem um estado final fixado, esforçando-se em discernir as orientações que lhes são próprias. Enquanto as etapas precedentes procuraram explicar o texto pela sua gênese, em uma perspectiva diacrônica, esta última etapa termina com um estudo sincrônico: explica-se aqui o texto em si, graças às relações mútuas de seus diversos elementos e considerando-o sob seu aspecto de mensagem comunicada pelo autor a seus contemporâneos. A função pragmática do texto pode então ser levada em consideração.

“Quando os textos estudados pertencem a um gênero literário histórico ou estão em relação com acontecimentos da história, a crítica histórica completa a crítica literária para determinar seu alcance histórico, no sentido moderno da expressão. É desta maneira que são colocadas em evidência as diferentes etapas do desenrolar concreto da revelação bíblica”.2

4. Avaliação

Que valor dar ao método histórico-crítico, em particular no estágio atual de sua evolução?

É um método que, utilizado de maneira objetiva, não implica em si nenhum a priori: Se sua utilização é acompanhada de tais a priori, isto não é devido ao método em si, mas a opiniões hermenêuticas que orientam a interpretação e podem ser tendenciosas.

Orientado, em seu início, como crítica das fontes e da história das religiões, o método obteve como resultado a abertura de um novo acesso à Bíblia, mostrando que ela é uma coleção de escritos que, muitas vezes, sobretudo para o Antigo Testamento, não têm um autor único, mas tiveram uma longa pré-história inextricavelmente ligada à história de Israel ou àquela da Igreja primitiva.

Precedentemente, a interpretação judaica ou cristã da Bíblia não tinha uma consciência clara das condições históricas concretas e diversas nas quais a Palavra de Deus se enraizou. Ela tinha disto um conhecimento global e longínquo.

O confronto da exegese tradicional com uma abordagem científica que em seu início fazia conscientemente abstração da fé e algumas vezes mesmo se opunha a ela, foi seguramente dolorosa; depois, no entanto, ela se revelou salutar: uma vez que o método foi liberado dos preconceitos extrínsecos, ele conduziu a uma compreensão mais exata da verdade da Santa Escritura (“Dei Verbum”, 12).

Segundo a “Divino afflante Spiritu” a procura do sentido literal da Escritura é uma tarefa essencial da Exegese e, para cumprir esta tarefa, é necessário determinar o gênero literário dos textos o que se realiza com a ajuda do método histórico-crítico3.

1 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

2 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

3 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica