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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (28): Interpretação e tradução da Bíblia

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14 de Maio de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (28): Interpretação e tradução da Bíblia

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10/01/2016 00:00 - Atualizado em 13/01/2016 17:52

A Palavra de Deus na Bíblia (28): Interpretação e tradução da Bíblia 0

10/01/2016 00:00 - Atualizado em 13/01/2016 17:52

Como já havíamos afirmado, estamos passando em revista as posições e orientações da Igreja Católica sobre questões essenciais, concernentes à leitura e à Interpretação Biblica, em meio aos debates sobre quais métodos seriam os mais acertados, se é possível responder a isso!

Começamos pelo método histórico-critico, dada a sua importância, inevitabilidade para entender os resultados na exegese bíblica contemporânea e para as pastorais bíblicas.

36. MÉTODOS E ABORDAGENS PARA A INTERPRETAÇÃO

A. Método histórico-crítico

‘O método histórico-crítico é o método indispensável para o estudo científico do sentido dos textos antigos. Como a Santa Escritura, enquanto «Palavra de Deus em linguagem humana», foi composta por autores humanos em todas as suas partes e todas as suas fontes, sua justa compreensão não só admite como legítimo, mas pede a utilização deste método’1.

Já desde o Concilio Vaticano II, que comemora já seu cinquentenário, esta afirmação é o ponto de partida de quaisquer discussões sobre o valor ou a utilidade dos métodos histórico-críticos: “método indispensável para o estudo científico do sentido dos textos antigos”. Portanto, não se trata de extingui-lo ou evitá-lo, mas provavelmente aperfeiçoá-lo! Afirma a Igreja, contra os críticos mais ferozes deste Método, que é a própria Escritura que exige, pede e demanda a sua utilização na arte da interpretação.

1. História do método

“Para apreciar corretamente este método em seu estado atual, convém dar uma olhada em sua história. Certos elementos deste método de interpretação são muito antigos. Eles foram utilizados na antiguidade por comentadores gregos da literatura clássica e, mais tarde, durante o período patrístico, por autores como Orígenes, Jerônimo e Agostinho. O método era, então, menos elaborado. Suas formas modernas são o resultado de aperfeiçoamentos, trazidos, sobretudo desde os humanistas da Renascença e o recursus ad fontes deles”2.

Como pudemos ver no longo percurso anterior, no qual traçamos a visão crítica da interpretação biblica desde a Antiguidade Judaica, passando pelos Padres da Igreja, sempre houve uma perspectiva ‘crítica’ na interpretação da Bíblia. Não se trata de uma atitude da Igreja Católica amparada somente pela mentalidade moderna.

O que caracterizaria o Método crítico do século XIX é a influência do Renascimento, período posterior ao Medieval, com nomes grandiosos como Michelangelo e Copérnico, entre outros!

Enquanto que a crítica textual do Novo Testamento só pôde se desenvolver como disciplina científica a partir de 1800, depois que se desligou do Textus receptus, os primórdios da crítica literária remontam ao século XVII, com a obra de Richard Simon, que chamou a atenção sobre as repetições, as divergências no conteúdo e as diferenças de estilo observáveis no Pentatêuco, constatações dificilmente conciliáveis com a atribuição de todo o texto a um autor único, Moisés.

No século XVIII, Jean Astruc contentou-se ainda em dar como explicação que Moisés tinha se servido de várias fontes (sobretudo de duas fontes principais) para compor o Livro do Gênesis, mas, em seguida, a crítica contesta cada vez mais resolutamente a atribuição da composição do Pentateuco a Moisés.

A crítica literária identificou-se muito tempo com um esforço para discernir diversas fontes nos textos. É assim que se desenvolveu, no século XIX, a hipótese dos « documentos », que procura explicar a redação do Pentateuco.

Quatro documentos, em parte paralelos entre si, mas provenientes de épocas diferentes, teriam sido incorporados: o yahvista (J), o elohista (E), o deuteronomista (D) e o sacerdotal (P: do alemão «Priester»); é deste último que o redator final teria se servido para estruturar o conjunto.

De maneira análoga, para explicar ao mesmo tempo as convergências e as divergências constatadas entre os três Evangelhos sinóticos, recorreram à hipótese das «duas fontes», segundo a qual os Evangelhos de Mateus e o de Lucas teriam sido compostos a partir de duas fontes principais: o Evangelho de Marcos de um lado e, de outro lado, uma compilação das palavras de Jesus (chamada Q, do alemão «Quelle», «fonte»).

Essencialmente estas duas hipóteses são ainda aceitas atualmente na exegese científica, mas elas são objeto de contestações3.

1 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

2 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

3 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

 


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A Palavra de Deus na Bíblia (28): Interpretação e tradução da Bíblia

10/01/2016 00:00 - Atualizado em 13/01/2016 17:52

Como já havíamos afirmado, estamos passando em revista as posições e orientações da Igreja Católica sobre questões essenciais, concernentes à leitura e à Interpretação Biblica, em meio aos debates sobre quais métodos seriam os mais acertados, se é possível responder a isso!

Começamos pelo método histórico-critico, dada a sua importância, inevitabilidade para entender os resultados na exegese bíblica contemporânea e para as pastorais bíblicas.

36. MÉTODOS E ABORDAGENS PARA A INTERPRETAÇÃO

A. Método histórico-crítico

‘O método histórico-crítico é o método indispensável para o estudo científico do sentido dos textos antigos. Como a Santa Escritura, enquanto «Palavra de Deus em linguagem humana», foi composta por autores humanos em todas as suas partes e todas as suas fontes, sua justa compreensão não só admite como legítimo, mas pede a utilização deste método’1.

Já desde o Concilio Vaticano II, que comemora já seu cinquentenário, esta afirmação é o ponto de partida de quaisquer discussões sobre o valor ou a utilidade dos métodos histórico-críticos: “método indispensável para o estudo científico do sentido dos textos antigos”. Portanto, não se trata de extingui-lo ou evitá-lo, mas provavelmente aperfeiçoá-lo! Afirma a Igreja, contra os críticos mais ferozes deste Método, que é a própria Escritura que exige, pede e demanda a sua utilização na arte da interpretação.

1. História do método

“Para apreciar corretamente este método em seu estado atual, convém dar uma olhada em sua história. Certos elementos deste método de interpretação são muito antigos. Eles foram utilizados na antiguidade por comentadores gregos da literatura clássica e, mais tarde, durante o período patrístico, por autores como Orígenes, Jerônimo e Agostinho. O método era, então, menos elaborado. Suas formas modernas são o resultado de aperfeiçoamentos, trazidos, sobretudo desde os humanistas da Renascença e o recursus ad fontes deles”2.

Como pudemos ver no longo percurso anterior, no qual traçamos a visão crítica da interpretação biblica desde a Antiguidade Judaica, passando pelos Padres da Igreja, sempre houve uma perspectiva ‘crítica’ na interpretação da Bíblia. Não se trata de uma atitude da Igreja Católica amparada somente pela mentalidade moderna.

O que caracterizaria o Método crítico do século XIX é a influência do Renascimento, período posterior ao Medieval, com nomes grandiosos como Michelangelo e Copérnico, entre outros!

Enquanto que a crítica textual do Novo Testamento só pôde se desenvolver como disciplina científica a partir de 1800, depois que se desligou do Textus receptus, os primórdios da crítica literária remontam ao século XVII, com a obra de Richard Simon, que chamou a atenção sobre as repetições, as divergências no conteúdo e as diferenças de estilo observáveis no Pentatêuco, constatações dificilmente conciliáveis com a atribuição de todo o texto a um autor único, Moisés.

No século XVIII, Jean Astruc contentou-se ainda em dar como explicação que Moisés tinha se servido de várias fontes (sobretudo de duas fontes principais) para compor o Livro do Gênesis, mas, em seguida, a crítica contesta cada vez mais resolutamente a atribuição da composição do Pentateuco a Moisés.

A crítica literária identificou-se muito tempo com um esforço para discernir diversas fontes nos textos. É assim que se desenvolveu, no século XIX, a hipótese dos « documentos », que procura explicar a redação do Pentateuco.

Quatro documentos, em parte paralelos entre si, mas provenientes de épocas diferentes, teriam sido incorporados: o yahvista (J), o elohista (E), o deuteronomista (D) e o sacerdotal (P: do alemão «Priester»); é deste último que o redator final teria se servido para estruturar o conjunto.

De maneira análoga, para explicar ao mesmo tempo as convergências e as divergências constatadas entre os três Evangelhos sinóticos, recorreram à hipótese das «duas fontes», segundo a qual os Evangelhos de Mateus e o de Lucas teriam sido compostos a partir de duas fontes principais: o Evangelho de Marcos de um lado e, de outro lado, uma compilação das palavras de Jesus (chamada Q, do alemão «Quelle», «fonte»).

Essencialmente estas duas hipóteses são ainda aceitas atualmente na exegese científica, mas elas são objeto de contestações3.

1 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

2 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

3 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html

 


Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica