03 de Fevereiro de 2025
Final melancólico de campanha
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23/10/2014 00:19 - Atualizado em 23/10/2014 00:21
Final melancólico de campanha 0
23/10/2014 00:19 - Atualizado em 23/10/2014 00:21
O produto da campanha eleitoral é inevitavelmente o novo governo e sua governança. O final de campanha é estarmos livres do horário eleitoral gratuito e, no seu segundo turno, da animosidade dos candidatos. Ficamos livres das pesquisas eleitorais com suas estatísticas desconfiáveis. Ficamos livres dos empates técnicos. Ficamos livres dos debates de péssima qualidade.
Enfim, haverá o desempate. Inevitavelmente. Porém, com gosto amargo de vitória. A vitória do “menos pior” como assinalou um ministro. Portanto, este final melancólico há de nos levar à reflexão. Por que chegamos a tal ponto? Para onde iremos? O tempo e a realidade se encarregarão de responder-nos.
Esperemos que os eleitos unam o Brasil que dividiram com seus ataques pessoais recíprocos com a ajuda dos marqueteiros e propagandistas. Deram a nítida impressão que ninguém presta para nos representar e nos governar. Nem eles próprios.
Esta visão maniqueísta não é boa para a nação. Não é boa para as instituições. Não é boa para a democracia. Não é boa para a classe política dirigente. Não é boa para o cidadão comum. Poderá ser boa para quem faça da política um meio de vida ou de profissão rendosa, sem grandes ideais, sem belas perspectivas, sem nobres horizontes. É a contra-política ou sua desconstrução. Não visa ao bem comum, conforme o ensinamento social da Igreja, nem o bem do Brasil, como aspiram patriotas. É apenas retórica do convencimento.
A troca de insultos lembra que o excesso de mal feitos reclama a atitude ética fundamental: basta, já é demais! Aponta para a urgência da ética e do direito na política. Ambos impõem o limite necessário, moral e jurídico, sem os quais a ação vira mera politicagem. Quer reformas ou mudanças.
O moralismo político discursivo faz parte das nossas mazelas. É a retórica velha de denuncismo a criar medo até o pavor, cujo resultado fora o messianismo: o ditador, vindo como salvador da pátria, ou a intervenção militar, para por ordem no país. Tal moralismo sempre ameaça a democracia e a paz social, tanto quanto o desgoverno e o desrespeito às instituições. Também o clássico cinismo irresponsável do “ele roubou, mas fez”.
Quanto à corrupção, o velho profeta dissera: “compram o indigente por um par de sandálias” (Am 8, 6). Nesses dias que não são os últimos, o que foi posto à venda? Aquilo que é do pobre, e é do rico, e é de todos. Quem lê, entenda!
Final melancólico de campanha
23/10/2014 00:19 - Atualizado em 23/10/2014 00:21
O produto da campanha eleitoral é inevitavelmente o novo governo e sua governança. O final de campanha é estarmos livres do horário eleitoral gratuito e, no seu segundo turno, da animosidade dos candidatos. Ficamos livres das pesquisas eleitorais com suas estatísticas desconfiáveis. Ficamos livres dos empates técnicos. Ficamos livres dos debates de péssima qualidade.
Enfim, haverá o desempate. Inevitavelmente. Porém, com gosto amargo de vitória. A vitória do “menos pior” como assinalou um ministro. Portanto, este final melancólico há de nos levar à reflexão. Por que chegamos a tal ponto? Para onde iremos? O tempo e a realidade se encarregarão de responder-nos.
Esperemos que os eleitos unam o Brasil que dividiram com seus ataques pessoais recíprocos com a ajuda dos marqueteiros e propagandistas. Deram a nítida impressão que ninguém presta para nos representar e nos governar. Nem eles próprios.
Esta visão maniqueísta não é boa para a nação. Não é boa para as instituições. Não é boa para a democracia. Não é boa para a classe política dirigente. Não é boa para o cidadão comum. Poderá ser boa para quem faça da política um meio de vida ou de profissão rendosa, sem grandes ideais, sem belas perspectivas, sem nobres horizontes. É a contra-política ou sua desconstrução. Não visa ao bem comum, conforme o ensinamento social da Igreja, nem o bem do Brasil, como aspiram patriotas. É apenas retórica do convencimento.
A troca de insultos lembra que o excesso de mal feitos reclama a atitude ética fundamental: basta, já é demais! Aponta para a urgência da ética e do direito na política. Ambos impõem o limite necessário, moral e jurídico, sem os quais a ação vira mera politicagem. Quer reformas ou mudanças.
O moralismo político discursivo faz parte das nossas mazelas. É a retórica velha de denuncismo a criar medo até o pavor, cujo resultado fora o messianismo: o ditador, vindo como salvador da pátria, ou a intervenção militar, para por ordem no país. Tal moralismo sempre ameaça a democracia e a paz social, tanto quanto o desgoverno e o desrespeito às instituições. Também o clássico cinismo irresponsável do “ele roubou, mas fez”.
Quanto à corrupção, o velho profeta dissera: “compram o indigente por um par de sandálias” (Am 8, 6). Nesses dias que não são os últimos, o que foi posto à venda? Aquilo que é do pobre, e é do rico, e é de todos. Quem lê, entenda!
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