03 de Fevereiro de 2025
Simbolismo das águas
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São óbvias as propriedades da água. Desenvolve e mantém a vida. É solvente que lava e limpa e purifica. Apaga o fogo. Mata por excesso: transbordamentos e inundações; e, por acidente: afogamentos e contaminações. Algumas das propriedades serviram de simbolismo para o dilúvio e a arca de Noé, retomadas por São Pedro com a interpretação figurativa das águas batismais e da Igreja: “É o batismo que agora vos salva” (1 Ped 3, 21). Há também o simbolismo das águas curativas.
O terceiro domingo da Quaresma apresenta, primeiramente, o tema da água da rocha, acontecimento ligado a Moisés, e localizado no itinerário do deserto, em Rafidim, última parada antes da chegada ao Sinai. Trata-se da água necessária para viver. Daí, a murmuração: “Foi para nos fazer morrer de sede, a nós, nossos filhos e nosso gado, que nos fizestes sair do Egito?” (Ex 17, 3). Então, Moisés fere a rocha, em nome do Senhor, e a água jorra abundante, a fim de que todos a bebam (v. 6). Aqui não há simbolismo. A água é considerada tão somente na sua propriedade natural elementar, porém será a referência para o posterior simbolismo paulino: “essa rocha era Cristo” (1 Cor 10, 4).
O simbolismo da água aparece de modo novo e específico, no diálogo de Jesus com a samaritana (Jo 4, 1-42). O primeiro nível da conversa é o da água enquanto mata a sede, a água potável. É o mesmo sentido, nada simbólico, da água tirada da rocha, ainda que sem sua dramaticidade, pois Jesus não está morrendo de sede. Apenas estava cansado da viagem. Senta-se, então, junto ao poço de Jacó, por volta do meio-dia. Pede água à mulher de Samaria (vv. 6-7), naturalmente e livremente, sem se preocupar com os comentários dos discípulos (v. 27).
O segundo plano é Jesus mesmo quem muda o sentido da água e da sede, dando-lhe valor simbólico surpreendente: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: Dá-me de beber, tu mesma lhe pedirias, e Ele te daria água viva” (v. 10). Abre um leque de significados para a compreensão de si e da sua missão, e para o dom que só Ele pode oferecer: a água da vida plena.
A mulher insiste em continuar, ingenuamente, no primeiro plano. Jesus, porém, retorna ao segundo, aprofundando ainda mais o simbolismo: “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água para a vida eterna” (v. 13). Jesus sacia o desejo da felicidade duradoura.
O poço é uma metáfora para Jesus. O simbolismo, porém, é a de ser Ele o mediador, ou condutor, ou portador da água viva, que é o dom gracioso de Deus, jorrando para a eternidade. Quem se sacia deste dom se tornará, surpreendentemente, fonte de água viva para os outros, canais comunicantes da graça divina. Assim, Jesus nos associa à obra do Pai, para a vida do mundo.
Quanto à mulher, permanece no primeiro plano, ainda por algum tempo. Continua a pedir a água para que não tenha mais sede, e não precise buscá-la no poço (v. 18). Faltava-lhe a luz da fé até que Jesus a convocasse: “Acredita-me” (v. 21). É o processo progressivo do dom da iluminação interior.
Felizmente, o belo relato é concluído com a fé contagiante da mulher e a dos que acolheram seu testemunho: “nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (v. 42). Temos, então, o significado simbólico no real bastante objetivo: Jesus é o doador das águas que jorram para a vida eterna; e, a água viva é o Espírito Santo (Jo 7, 37-39), dom pascal prometido, a ser enviado do Pai por meio do Filho.
Simbolismo das águas
23/03/2014 00:00
São óbvias as propriedades da água. Desenvolve e mantém a vida. É solvente que lava e limpa e purifica. Apaga o fogo. Mata por excesso: transbordamentos e inundações; e, por acidente: afogamentos e contaminações. Algumas das propriedades serviram de simbolismo para o dilúvio e a arca de Noé, retomadas por São Pedro com a interpretação figurativa das águas batismais e da Igreja: “É o batismo que agora vos salva” (1 Ped 3, 21). Há também o simbolismo das águas curativas.
O terceiro domingo da Quaresma apresenta, primeiramente, o tema da água da rocha, acontecimento ligado a Moisés, e localizado no itinerário do deserto, em Rafidim, última parada antes da chegada ao Sinai. Trata-se da água necessária para viver. Daí, a murmuração: “Foi para nos fazer morrer de sede, a nós, nossos filhos e nosso gado, que nos fizestes sair do Egito?” (Ex 17, 3). Então, Moisés fere a rocha, em nome do Senhor, e a água jorra abundante, a fim de que todos a bebam (v. 6). Aqui não há simbolismo. A água é considerada tão somente na sua propriedade natural elementar, porém será a referência para o posterior simbolismo paulino: “essa rocha era Cristo” (1 Cor 10, 4).
O simbolismo da água aparece de modo novo e específico, no diálogo de Jesus com a samaritana (Jo 4, 1-42). O primeiro nível da conversa é o da água enquanto mata a sede, a água potável. É o mesmo sentido, nada simbólico, da água tirada da rocha, ainda que sem sua dramaticidade, pois Jesus não está morrendo de sede. Apenas estava cansado da viagem. Senta-se, então, junto ao poço de Jacó, por volta do meio-dia. Pede água à mulher de Samaria (vv. 6-7), naturalmente e livremente, sem se preocupar com os comentários dos discípulos (v. 27).
O segundo plano é Jesus mesmo quem muda o sentido da água e da sede, dando-lhe valor simbólico surpreendente: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: Dá-me de beber, tu mesma lhe pedirias, e Ele te daria água viva” (v. 10). Abre um leque de significados para a compreensão de si e da sua missão, e para o dom que só Ele pode oferecer: a água da vida plena.
A mulher insiste em continuar, ingenuamente, no primeiro plano. Jesus, porém, retorna ao segundo, aprofundando ainda mais o simbolismo: “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água para a vida eterna” (v. 13). Jesus sacia o desejo da felicidade duradoura.
O poço é uma metáfora para Jesus. O simbolismo, porém, é a de ser Ele o mediador, ou condutor, ou portador da água viva, que é o dom gracioso de Deus, jorrando para a eternidade. Quem se sacia deste dom se tornará, surpreendentemente, fonte de água viva para os outros, canais comunicantes da graça divina. Assim, Jesus nos associa à obra do Pai, para a vida do mundo.
Quanto à mulher, permanece no primeiro plano, ainda por algum tempo. Continua a pedir a água para que não tenha mais sede, e não precise buscá-la no poço (v. 18). Faltava-lhe a luz da fé até que Jesus a convocasse: “Acredita-me” (v. 21). É o processo progressivo do dom da iluminação interior.
Felizmente, o belo relato é concluído com a fé contagiante da mulher e a dos que acolheram seu testemunho: “nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (v. 42). Temos, então, o significado simbólico no real bastante objetivo: Jesus é o doador das águas que jorram para a vida eterna; e, a água viva é o Espírito Santo (Jo 7, 37-39), dom pascal prometido, a ser enviado do Pai por meio do Filho.
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