19 de Abril de 2025
Carta de Dom Nelson Francelino Ferreira à Arquidiocese do Rio
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12/02/2014 09:40 - Atualizado em 12/02/2014 14:08
Por: Pascom Diocese de Valença
Carta de Dom Nelson Francelino Ferreira à Arquidiocese do Rio 0
CARTA DE GRATIDÃO
À Arquidiocese do Rio de Janeiro
“...Uma pessoa que não é humilde , não pode sentir com a Igreja, sentirá aquilo que lhe agrada...há três pilares de pertença a Igreja, de sentir-se Igreja: a humildade, a fidelidade e a oração pela Igreja... Amar Cristo sem a Igreja é uma dicotomia absurda....” (Papa Francisco).
No final do mês de janeiro, recebi a notícia, diretamente do S. Exª Revª Dom Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico no Brasil, que o Santo Padre o Papa Francisco, me nomeara bispo da Diocese de Valença, RJ; transferindo-me, portanto, da missão de Bispo Auxiliar desta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, notícia essa publicada no dia de hoje. Surpreso e perplexo acolhi positivamente a referida nomeação como um chamado da Santa Igreja; consequentemente devo encerrar os trabalhos que exercia na Arquidiocese do Rio de Janeiro e tomar posse na referida Diocese, no período de dois meses.
É nesse contexto que, com o coração apertado, dirijo-me á todos dessa Arquidiocese para compartilhar sentimentos que perpassam minha mente e meu coração nesse momento. Assumo essa nova missão, antes de tudo, na oração, com espírito missionário, na entrega à vontade de Deus, na alegria de poder servir Jesus Cristo e sua esposa, servindo aquela diocese para o qual fui designado. Não será fácil deixar a Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde por intermédio do então padre Lessa e hoje Arcebispo de Aracajú, e ainda pelas irmãs da comunidade de Padre de Foucauld, minha vocação sacerdotal foi despertada, sendo ordenado Diácono há vinte e cinco anos; Presbítero há aproximados vinte e quatro anos e Epíscopo há três anos, sem contar o tempo de formação no Seminário Arquidiocesano de São José.
A saudade já me invade a alma, pois nesses longos anos, os laços de carinho, afeto e amizade foram-se estreitando e se solidificando no presbitério, bem como entre todos os fiéis leigos. Ficarão para sempre gravados em meu coração o calor humano, a acolhida, a amabilidade e a santidade desse povo carioca, valores que provêm da fé e da cultura. Gratidão é muito pouco para dizer o que sinto nesse momento.
Agradeço a Deus por sua bondade em ter-me trazido, ainda criança do interior da Paraíba e ter-me plantado aqui nessa cidade onde me enraizei, vivi, convivi, aprendi e trabalhei nesses intensos anos, tornando-me um carioca por adoção.
Agradeço a Dom Romer, bispo emérito dessa Arquidiocese, que me acolheu no GVA (Grupo de Vocação Adulta) e no seminário em 1983, ordenando-me diácono em 21/5/89 na comunidade da Rocinha. Agradeço ao inesquecível Dom Eugenio de Araújo Sales, de saudosa memória, que me ordenou presbítero a 4 de Agosto de 1990.
Agradeço imensamente a Dom Orani – grande irmão e amigo, exemplo de Pastor, por ter estreitado comigo laços de profunda amizade, afeto e ternura e que ordenou-me Epíscopo no dia 05/02/11.
Agradeço aos irmãos bispos auxiliares e eméritos pela bela fraternidade que criamos nesses três anos de convívio. Agradeço aos Vigários Episcopais pela estreita colaboração junto ao meu ministério de moderador da Cúria. Agradeço à comunidade missionária Padre de Foucauld que acompanhou-me e sustentou-me com suas orações ao longo desses anos.
Agradeço de modo muito afetuoso aos sacerdotes, primeiros e indispensáveis colaboradores no serviço episcopal, com quem pude estar no seu dia a dia e atestar sua dedicação e zelo no pastoreio da porção do povo de Deus a eles confiados. Agradeço aos diáconos transitórios e permanentes, suas esposas e familiares pelo generoso serviço que prestam à Igreja. Agradeço os seminaristas com quem caminhei de perto nesses longos anos, ora como professor do seminário, ora como diretor espiritual externo. Agradeço os agentes das diversas Pastorais, movimentos, associações e novas comunidades... que coisa maravilhosa!
Agradeço aos que trabalham nos meios católicos de comunicação, pelo diálogo respeitoso e construtivo que tivemos, pelo espaço concedido, pelo auxílio prestado ao divulgar assuntos da vida da Igreja.
Agradeço carinhosamente as paróquias por onde passei como padre, a cada um paroquiano, que levarei no coração. Levarei da Arquidiocese do Rio de Janeiro a imagem de uma Igreja vibrante e atuante, que se esforça para ser uma presença construtiva em nossa sociedade.
Aproveito a oportunidade para pedir perdão pelas minhas falhas, especialmente aos que porventura ofendi, aos que não consegui ajudar; peço perdão aos colaboradores que estiveram mais próximos, dos quais sempre se cobra mais e a quem mais se reclama. Tenho consciência do esforço que fiz e das falhas havidas. Espero ter contribuído com nossa Igreja a colocar em prática seus objetivos, emanados, sobretudo, nos últimos dois Planos de Pastoral de Conjunto.
Gostaria de retomar o pensamento de Santo Agostinho, sempre lembrado, quando se trata da comunitária figura do bispo: “atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou Bispo; convosco sou cristão. Aquilo é um dever; isto uma graça. O Primeiro é um perigo; o segundo, salvação”. O Encargo (ser Bispo) é exercido sob a linguagem de serviço.
Sendo assim, dentro de pouco tempo encerro o meu ministério nessa Arquidiocese; porém, os laços de amizade, afeto e amor que se criaram, esses não se encerarão. Vou com certeza de ter sido muito amado pelo clero e pelo povo dessa Igreja Particular do Rio de Janeiro que faz parte da minha história de vida; e finalmente espero poder, sempre que possível, aqui voltar para rever os amigos, acalentar a amizade, celebrar a fé, sentir a presença de Deus, viver a comunhão fraterna. A essência da Igreja é a de que, em Cristo, somos todos irmãos.
Rogo, pela intercessão do nosso glorioso Mártir São Sebastião, padroeiro dessa linda Arquidiocese, que o Senhor nosso Deus abençoe essa minha nova missão, bem como a todos os pastores que aqui ficam...
Parto confiando na oração de todos e conto com a presença na missa de posse na Catedral de Nossa Senhora da Glória, da Diocese de Valença, que será no dia 5 de abril de 2014, às 16h.
Um fraterno e afetuoso abraço!
Rio de Janeiro, 12 de fevereiro de 2014.
Dom Nelson Francelino Ferreira
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