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23 de Abril de 2024

A caridade e a verdade no diálogo inter-religioso

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A caridade e a verdade no diálogo inter-religioso

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27/01/2015 00:00 - Atualizado em 29/01/2015 01:05
Por: Luis Pedro Rodrigues luispedro@testemunhodefe.com.br

A caridade e a verdade no diálogo inter-religioso 0

Na terceira palestra do primeiro dia do Curso Anual dos Bispos do Brasil, 27 de janeiro, realizado no Centro de Formação do Sumaré, no Rio Comprido, o prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato, abordou o tema “Diálogo inter-religioso Significado e valor”, analisando os fundamentos da relação entre as diferentes religiões e as consequências desta aproximação.

Caridade

O cardeal distinguiu duas modalidades que se fazem necessárias no diálogo: a caridade e a verdade. Ele defendeu que a caridade é, antes de tudo, um valor disponível a todos. É ela que provoca a colaboração entre as religiões e cria “a possibilidade da paz entre as nações, a defesa da natureza e a proteção da vida”.

Como consequência, acrescentou o conferencista, estão a liberdade, sobretudo, a religiosa; a justiça, a igualdade, a fraternidade e a eliminação da pobreza e da fome.

“O diálogo da caridade abre um horizonte sem limites como é ilimitada a caridade de Deus, difundida nos nossos corações”, afirmou.

Verdade

Para o Cardeal Amato, a verdade é o segundo valor essencial no diálogo inter-religioso. É ela que possibilita “a liberdade de confrontar-se sobre os conteúdos das próprias convicções religiosas, no respeito da consciência dos outros e no reconhecimento da sinceridade do interlocutor”, afirmou.

Ele defendeu a diversidade religiosa no diálogo, e afirmou que a finalidade desta relação “não é orientar para uma religião universal, mas convidar as partes a explicar as características essenciais das suas crenças religiosas. Por isso, a verdade é indispensável para um discernimento objetivo da realidade das coisas”.

Recordou que, numa cultura, como a pós-moderna, na qual prevalece a opinião e na qual a verdade parece ser uma miragem evanescente, o diálogo da verdade aparece como um desafio contra-corrente. “Isto implica uma certa mudança na dinâmica do diálogo inter-religioso”.

Ainda de acordo com o conferencista, é esta verdade que o cristão deve empregar quando perguntado sobre as razões de sua fé. Justificou evocando o último capítulo do Evangelho de São João, que afirma: “Este é o discípulo que dá testemunho sobre estes fatos e escreveu-os; e nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro”.

 Cristo, verdade do cristianismo 

Para pontuar a importância da caridade e da verdade, o conferencista recordou o pensamento de vários padres da Igreja, apresentando o cristianismo como uma religião verdadeira, de diálogo, para todos. Disse que o cristianismo deve, além de dialogar, também compreender e acolher as demais religiões, reconhecendo o caráter de “mandar todos os povos à escola de Jesus, pois Ele é a verdade em pessoa”.

“O cristianismo não foi inventado pelo homem, mas querido pelo próprio Deus. Tem uma origem divina, fruto de uma revelação divina. O cristianismo é uma religião revelada. No cristianismo a pessoa de Jesus ocupa o lugar central. Ele é a identidade do cristianismo”, afirmou.

 Coragem e transparência 

Na opinião do bispo auxiliar do Rio Dom Pedro Cunha Cruz, o Cardeal Amato sublinhou em suas conferências as duas posturas que os cristãos devem ter ao apresentar a verdade da fé, a saber, a caridade e a verdade.

“O cristianismo deve sempre ter como ponto de partida o amor e a defesa da liberdade da pessoa como um todo, pois aí reside a base para a afirmação da justiça, igualdade e fraternidade”.

O segundo aspecto importante no diálogo, explicou Dom Pedro, é o conhecimento da verdade ou dos conteúdos da fé. Não somente conhecer os princípios da fé, mas, sobretudo, respeitar a sinceridade da consciência dos interlocutores.
“Sabemos que o diálogo é sempre difícil, mas temos que compreender os fundamentos e princípios de nossa fé, e convidar nossos irmãos de confissões religiosas diferentes a explicar as características religiosas de suas crenças. A verdade deve ser sempre apresentada com coragem e transparência”, disse Dom Pedro.

Para nós, continuou o bispo auxiliar do Rio, “Jesus Cristo é a suprema verdade, única e suprema, e é isso que distingue o cristianismo das outras religiões. Ele é a verdade do cristianismo”.

Dom Pedro disse ainda que o Cardeal Amato fez uma esclarecedora distinção entre ecumenismo e diálogo inter-religioso, “na qual no primeiro nós buscamos o retorno à unidade eclesial, enquanto que o segundo visa uma apresentação e conhecimento de nossa doutrina, sem esperar que ocorra a referida unidade”.

 Convicções religiosas

Para o bispo auxiliar do Rio Dom Antonio Augusto Dias Duarte, a primeira modalidade para o diálogo inter-religioso é o diálogo da caridade, que tende à construção de uma civilização mais humana, mais reconciliada e mais pacífica.

“É um diálogo da vida, isto é, entre pessoas que pertencem a mesma humanidade, com a mesma dignidade de vida e de pessoa.

Esse diálogo da caridade prima pelo acolhimento, estima e amizade, para que os interlocutores possam colaborar para alcançar a paz entre as nações, para a proteção da vida, da natureza e das suas leis, para a tutela da liberdade de todas as pessoas, sobretudo a liberdade religiosa, para afirmação da justiça, da igualdade e da fraternidade”.

O diálogo da caridade, acrescentou Dom Antonio, “tem um caráter positivo e propositivo, porque é a caridade de Deus e a bondade, a beleza e a ternura”.

A segunda modalidade de diálogo, a verdade, explicou Dom Antonio, “procura aprofundar no conteúdo das próprias convicções religiosas o respeito da consciência dos outros. É um diálogo difícil, e pede aos seus participantes a explicitarem melhor as suas crenças religiosas”.

Da dificuldade dessa dimensão do diálogo, concluiu o bispo auxiliar, “nasceu antes uma estratégia mais voltada para um diálogo diplomático, por causa da complexidade e globalidade da realidade humana e religiosa”.

* Foto: Gustavo de Oliveira

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