Arquidiocese do Rio de Janeiro

28º 23º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 29/03/2024

29 de Março de 2024

“Temos que ver no rosto dos marginalizados a presença de Jesus”

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do e-mail.
E-mail enviado com sucesso.

29 de Março de 2024

“Temos que ver no rosto dos marginalizados a presença de Jesus”

Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do erro.
Erro relatado com sucesso, obrigado.

26/12/2014 10:40 - Atualizado em 26/12/2014 10:40
Por: Luis Pedro Rodrigues (luispedro@testemunhodefe.com.br)

“Temos que ver no rosto dos marginalizados a presença de Jesus” 0

temp_titledicono_roberto_26122014103829O serviço é a essência do diaconato, constituído no início do cristianismo para cuidar dos pobres, das viúvas e dos órfãos. As possibilidades de ação são inúmeras, desde que compatíveis com a escolha do serviço. Assim como Cristo, os diáconos foram ordenados não para serem servidos, mas para servirem. Então, o que motiva alguém a seguir esse caminho?

No sábado, dia 6 de dezembro, o cardeal arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, ordenou 24 novos diáconos. Dentre eles, o diácono permanente Roberto José dos Santos, de 65 anos. Roberto já tinha uma caminhada cristã no Santuário Arquidiocesano de Santa Edwiges, em São Cristóvão. Lá, havia trabalhado como catequista e coordenador de um grupo jovem. Mas o que mais atraía Roberto, era o trabalho que fazia junto do padre Bruno Trombeta, na Pastoral Penal (Carcerária), com as pessoas privadas de liberdade.

VOCAÇÃO

Depois desta experiência, Roberto foi trabalhar os menores privados de liberdade atendidos na Pastoral do Menor. A sua preocupação continuava sendo com os excluídos, com aqueles que a sociedade confina dentro de altos muros. Foi neste clima que recebeu o chamado para o ministério diaconal. O convite partiu de um outro diácono, que notou, em seu trabalho, a essência desse ministério. Com a ideia amadurecida, decidiu consagrar a sua vida ao serviço da Igreja; durante cinco anos, estudou na Escola Diaconal Santo Éfrem, que funciona dentro do Seminário de São José, no Rio Comprido.

FUNDAMENTO BÍBLICO

Neste período, Roberto aprimorou o seu dom. De acordo com o ministério da caridade, ele seguia a mensagem de Jesus: “estava nu e me vestistes; enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram” (Mt 25, 36-46).

“Para mim, esta passagem resume o que é o ministério diaconal: é estar a serviço dos pobres e ser a presença da Igreja para essas vítimas do egoísmo, da violência, da discriminação”, disse o diácono.

FELICIDADE EM SERVIR

Atualmente, Roberto desenvolve o seu trabalho na unidade da Ilha do Governador – são 11 unidades ao todo do Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Educação, responsável pela execução das medidas socioeducativas prescritas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aplicadas aos jovens em conflito com a lei.

“Aconselhamos esses jovens. Nós também temos um projeto de acompanhamento para quando eles saírem de lá. A nossa pastoral (do menor) tem 60 assistentes religiosos que vão, semanalmente, nessas unidades. Hoje, eu estou coordenando esta atividade juntamente com o padre Aldo Souto Santos, e estou feliz em poder servir”, contou ele.

ESPERANÇA

O trabalho procura reaproximar os meninos das suas famílias, que muitas vezes encontram-se desanimadas. Há também um contato com a paróquia mais perto de onde essas famílias moram para dar um suporte. Há um empenho para documentar os jovens, buscar tratamento contra a dependência química, caso precisem, nas associações religiosas, como a Comunidade Terapêutica Maranata e o movimento eclesial Aliança de Misericórdia, e procuram uma escola para os jovens retornarem aos estudos e encontrarem trabalho.

AÇÕES DE SOLIDARIEDADE

Uma vez por semana, o diácono vai a um dos Centros de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (Criaad), do Degase, onde consegue autorização para levar os adolescentes em semiliberdade para realizarem uma ação de solidariedade. Ele leva um grupo de cinco ou seis adolescentes até a Associação de Comunidades de Vida Mariana (Acvm), em São Cristóvão, para servirem um jantar aos moradores de rua. A associação realiza esta atividade toda quarta-feira, às 19h, e atende mais de 250 pessoas. Segundo Roberto, os jovens “se sentem bem por perceberem-se úteis, e ficam sensibilizados”. Outra atividade desenvolvida é levá-los para rezarem o Terço dos Homens, toda quinta-feira à noite, na Paróquia São Rafael Arcanjo, em Vista Alegre, com o padre Alberto Gonzaga Almeida e o diácono Melquisedec Ferreira. São muitos os jovens vítimas de exclusão.

MAIS OPERÁRIOS

Roberto reclama que o amparo ainda é pequeno e cita a “parábola da ovelha perdida” (Lucas 15, 3-7) para inspirar a acolhida destes jovens: “nós precisamos de mais assistentes religiosos, de mais pessoas que queiram se dedicar a levar a Palavra de Deus aos presos. A gente nunca pode desistir daqueles que estão ali. É como aquela parábola em que o pastor larga as 99 ovelhas e vai atrás da ovelha perdida, porque todas têm o mesmo valor”.

MISSÃO CRISTÃ

“Então, com esse trabalho eu aprendi a dar valor à minha liberdade, atuando com os presos. Descobri que em relação ao ser humano, por mais que ele cometa desvios, ninguém pode dizer que não tem mais recuperação. Nós temos que sempre acreditar que, em cada pessoa, existe lá a semente do amor plantada por Deus, que cada ser humano é a imagem e semelhança de Deus. Nós temos que buscar ver no rosto dos marginalizados a presença de Jesus”, contou o diácono.

Se antes Roberto já levava o amor de Deus àqueles privados de liberdade, agora, como diácono da Igreja Católica, será capaz de desenvolver melhor a sua missão cristã. Com o diaconato, poderá fazer a celebração da Palavra, realizar batizados e continuar acompanhando os assistentes religiosos.

Leia os comentários

Deixe seu comentário

Resposta ao comentário de:

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do comentário.
Comentário enviado para aprovação.