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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 20/04/2024

20 de Abril de 2024

Anchieta: cofundador da cidade do Rio de Janeiro?

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Anchieta: cofundador da cidade do Rio de Janeiro?

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11/04/2014 18:37 - Atualizado em 11/04/2014 19:16
Por: Carlos Moioli (moioli@arquidiocese.com.br) e Teresa Fernandes (teresafernandes@testemunhodefe.com.br

Anchieta: cofundador da cidade do Rio de Janeiro? 0

Anchieta: cofundador da cidade do Rio de Janeiro? / Arqrio

Na opinião do padre jesuíta Cesar Augusto dos Santos, que por 18 anos exerceu o ofício de vice-postulador da causa do terceiro santo do Brasil, São José de Anchieta deveria ser considerado o cofundador da cidade do Rio de Janeiro. Em entrevista ao jornal “Testemunho de Fé”, padre Cesar, que também dirige em Roma o programa brasileiro da Rádio Vaticano, destaca a importância do religioso nos primórdios do Brasil e, junto com os vários títulos a ele atribuído, afirmou que o santo também deveria ser considerado o patrono da Ecologia da Mata Atlântica.

Testemunho de Fé – Ao conhecer a sua história, podemos dizer que a vinda de José de Anchieta para o Brasil foi uma obra da Providência Divina em favor da evangelização?

Padre Cesar Augusto dos Santos – Sem dúvida! A Providência e a bondade de Deus criaram José de Anchieta e nos presentearam com sua missão evangelizadora por toda sua longa e abençoada vida.

Como jesuíta, ele aprendeu o que significa ser companheiro de Jesus – o Jesus que carrega a Cruz –, e isso São José de Anchieta passou para todos nós: o sentido e o valor de ser solidário com todos os que sofrem, que carregam a sua cruz. Sua vida também foi marcada pela devoção mariana. Desde sua estada em Coimbra e, principalmente, como refém em Iperoig, Anchieta teve em Maria a força para vencer o mal e confiar plenamente em Deus.

TF – Porque a figura de Anchieta foi determinante na fundação de São Paulo e qual foi sua influência nos lugares que ele passou ou viveu, como Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo?

Padre Cesar – Em São Paulo, foi sua presença de mestre pleno de carismas e profunda espiritualidade que atraiu para o entorno do colégio famílias indígenas e portuguesas, e isso fez com que a aldeia se tornasse vila e depois cidade.

No Rio, Anchieta foi o líder que agregou indígenas e outros habitantes para a luta contra os calvinistas. Isso concretizou todo um país confirmado na fé professada pela Sé de Pedro. Além disso, ele foi o iniciador da Santa Casa de Misericórdia quando, prevendo a chegada de muitos enfermos na esquadra de Valdez, preparou algumas alas do Colégio Jesuíta, no Morro do Castelo.

No Espírito Santo, além da fundação de várias aldeias que se tornaram cidades, temos sua amizade com famílias capixabas e a escolha de passar seus últimos anos em Reritiba.

Em Salvador, foi ordenado padre e, como provincial, governou os jesuítas do Brasil.

TF – A canonização de Anchieta, o terceiro santo do Brasil, proclamado pelo Papa Francisco no dia 3 de abril, é um presente para o Rio de Janeiro, já que a cidade vive a comemoração de seus 450 anos de fundação?

Padre Cesar – Com certeza! Quando prestamos atenção em sua arregimentação de forças para que o Rio pudesse caminhar livremente em sua vocação, podemos afirmar que São José de Anchieta pode ser considerado cofundador da cidade do Rio de Janeiro.

TF – Diferente das intenções dos portugueses, que só se preocupavam com a colonização, porque Anchieta foi motivado em dedicar a sua vida aos povos indígenas, tanto no aspecto da catequese, como na defesa e na preservação de suas culturas?

Padre Cesar – Anchieta, diferentemente dos colonizadores, não veio instituir o cristianismo como uma religião de Estado. Ele veio anunciar Jesus Cristo, seu amor por todos. Por isso, sua missão foi caracterizada pela não imposição do batismo, pela valorização da cultura indígena e pela luta contra a escravização dos índios.

TF – Os historiadores confirmam que Anchieta morreu com fama de santidade. O processo de expulsão dos jesuítas em terras brasileiras, empreendido pelo Marquês de Pombal, no século 18, pode ter dificultado o processo de beatificação de Anchieta?

Padre Cesar – Dificultar não seria o verbo correto, mas protelou muitíssimo.

TF – Por ocasião de sua segunda visita, em 1991, o Papa João Paulo II pediu para que o ‘Brasil tivesse mais santos’. A falta de cultura do povo brasileiro de não valorizar seus santos pode ter dificultado a beatificação de Anchieta, que só aconteceu quatro séculos depois de sua morte?

Padre Cesar – Não penso assim. Acredito que a dificuldade esteja na falta de conhecimento do povo sobre a necessidade de guardar exames, receitas, radiografias, pedir ao médico que declare a doença ser incurável e, depois da cura, que esta foi realizada de modo inexplicável e, principalmente, avisar logo ao padre ou ao bispo. Muitas vezes, as pessoas guardam tudo, mas só anos mais tarde, até quando o médico já morreu, comunicam a grande graça alcançada.

TF – A distância no tempo em que Anchieta viveu pode ter esfriado a sua devoção, ou ele entra na lista dos que são declarados santos por aclamação popular, já que o Papa Francisco dispensou do processo de canonização a exigência de um milagre a ele atribuído?

Padre Cesar – Vai mais ou menos por aí. Exatamente por ter uma devoção permanente, que varou séculos e sempre em crescimento, o Papa Francisco o canonizou de forma equipolente. A dispensa de milagres não está nessa questão de equipolência. Por exemplo, o Papa João XXIII será canonizado com a dispensa de milagre e, no entanto, não será equipolente.

TF – Quais são as referências atribuídas a São José de Anchieta, que devem ser incluídas ao título de Apóstolo do Brasil?

Padre Cesar – Apóstolo do Brasil, fundador da Igreja no Brasil, padroeiro dos catequistas, patrono dos jovens e outras tantas. Penso que, lendo sua famosa carta sobre a natureza da Capitania de São Vicente, ele deveria receber o título de patrono da Ecologia da Mata Atlântica.

TF – Em que circunstâncias o senhor começou a cuidar, junto com o padre Anton Witwer, da causa da canonização de Anchieta? Qual tem sido sua experiência nesse período e o sentimento de vê-lo agora canonizado?

Padre Cesar – Comecei antes, faz 18 anos, e era o padre Paolo Molinari o postulador geral da Companhia de Jesus. As circunstâncias foram a preparação do quarto centenário da morte de São José de Anchieta e, depois, a missão de ser vice-postulador de sua causa. Uma experiência altamente consoladora e de profundo contato com o povo. Vi como esse trabalho é altamente evangelizador. Meu sentimento é de felicidade não somente pela ‘missão’ cumprida, e sim por ver que a Igreja coloca ao conhecimento de todos uma vida totalmente dedicada aos menos favorecidos e plenamente feliz, realizada. Alguém que, apesar de seus limites de saúde e culturais, tirou de dentro de si toda a força evangelizadora. Não se acomodou, mas aceitou os desafios, acreditou em Deus e amou o povo.

Carlos Moioli moioli@arquidiocese.com.br

Comerciante é curado pela intercessão de Anchieta

temp_titlePg_12___Suzana_Milagre_so_Anchieta_11042014184649Uma infecção na válvula do coração do comerciante Jorge Wadih Bedran, de 76 anos, poderia tê-lo levado à morte há oito anos. O caso era grave e havia menos de 10% de chances de sobreviver, segundo os médicos que o acompanhavam. “O que para a medicina não é nada”, ressaltou a esposa dele, a também comerciante Suzana Bedran, de 71 anos. A cura milagrosa foi realizada pela intercessão de São José de Anchieta.

“Nós nos reunimos em casa e pedimos a intercessão do padre Anchieta. Foi uma noite de oração com cerca de 80 pessoas, e no dia seguinte ele melhorou. Por duas vezes ele ia morrer e com a oração melhorou”, relembrou Suzana. A corrente de oração com a intercessão do hoje santo foi uma orientação do falecido jesuíta Dom Aloysio José Leal Penna, SJ, que foi arcebispo de Botucatu (SP).

Dom Aloysio escreveu uma carta de próprio punho atestando a cura logo depois de uma “cadeia de orações ao beato padre José de Anchieta pela saúde do senhor Jorge”. A correspondência e o laudo médico chegaram a ser enviados para os postuladores da causa para serem incluídos no processo de canonização.

Depois da cura, Jorge Bedran voltou a trabalhar e ter uma vida ativa. Suzana contou que ele precisou amputar a perna, mas recuperou a saúde. Ele chegou a ter outra infecção já este ano, mas com menor gravidade. “Ele está se recuperando. Não é como a outra vez. Com muita oração, conversando com os médicos e acreditando na força da oração para ele ficar bom assim.”

Grupo do Milagre

O grupo que rezou pela saúde de Jorge Bedran continuou a se reunir semanalmente aos sábados. A cada encontro comparecem entre 30 e 40 pessoas que rezam o terço, fazem uma oração comunitária e depois partilham. A intercessão de São José de Anchieta continua sendo muito importante para o hoje intitulado “Grupo do Milagre”. “Com o grupo, pedimos a intercessão de José de Anchieta por oito anos consecutivos. O grupo continua e sempre tem muitas pessoas. Sempre acontecem muitas curas”, disse a comerciante.

Suzana Bedran sempre admirou José de Anchieta por seu trabalho na catequese dos indígenas. “Sempre o admirei muito por causa da catequese. Eu sou catequista. Como eu gostava muito de teatro, eu via que ele evangelizava pelo teatro. E como eu também sou muito ligada aos jesuítas, eu tinha aquele carinho.”

Teresa Fernandes (teresafernandes@testemunhodefe.com.br)

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