Em sua primeira homilia como cardeal na Arquidiocese do Rio, o arcebispo do Rio destacou a importância de viver a dimensão evangelizadora universal da Igreja, buscando ter um compromisso ainda maior com os trabalhos locais. Confira os principais trechos:

Gratidão

Minha primeira palavra é de agradecimento a todos que estiveram comigo em Roma e aos que vieram aqui. Sei que têm pessoas de dioceses vizinhas e das cidades onde eu servi, São José do Rio Preto e Belém. Essa missa de acolhimento eu a rezo em agradecimento a Deus. Pedimos ao Senhor que tenhamos sempre o coração agradecido.

Evangelização

O Evangelho de hoje fala dessa missão evangelizadora e universal. Jesus nos envia a todos a pregar o Evangelho a toda criatura. Todo o trabalho da Igreja é católico, quer dizer, tem uma dimensão universal. Sabemos que somos chamados a evangelizar pelo mundo afora, indo fisicamente pelos países e regiões ou através das mídias sociais, evangelizando por meio de tantas situações a tantas pessoas.

Humildade

O Papa Francisco lembrou aos novos cardeais sobre a importância de servir e caminhar na santidade, não para viver em uma corte e em intrigas. Devemos configurar nossa vida a Cristo Jesus, Nosso Senhor, e estar a serviço.

Ao caminharmos com Cristo, servindo ao Senhor na pessoa dos irmãos, temos a certeza de que esse mundo vai sendo renovado, embora saibamos que a pessoa humana tenha sempre a liberdade de dizer ‘sim’ ou ‘não’, de aceitar ou não o bem. Somos chamados, cada vez mais, a contagiar todos com o bem. Anunciar e reanunciar sempre Jesus Cristo, como Aquele que é a vida do mundo e a salvação da humanidade.

Essa grande cidade do Rio de Janeiro, a Região Metropolitana do nosso estado, espera de nós essa bela e importante missão. Que a nossa evangelização leve a maior justiça, fraternidade e paz, e principalmente, leve a salvação a todas as pessoas que estão buscando e querem encontrar razão e sentido para as suas vidas. Que o Senhor que nos chamou aqui e nos colocou todos juntos, nos dê sempre a graça e o dom de assim viver. Temos a oportunidade de renovar nosso entusiasmo pela evangelização e pela missão.

Anel: Sinal de Compromisso

O cerimonial nos avisou que o bispo que fosse receber as insígnias pelas mãos do Santo Padre deveria ir sem o anel de bispo, porque ganharia um novo anel. Eu me lembrei que, em 1997, quando fui ordenado bispo, me foi dito que o anel significava o compromisso com a Igreja particular que eu iria assumir, e que eu deveria ser como um esposo compromissado com a Igreja, com a diocese.

Temos o compromisso constante de nos dedicar e servir à Igreja. E o único dia em que não costumo usar o anel é na Sexta-Feira Santa, quando o ‘Esposo é tirado’, quando recordamos a morte de Jesus na Cruz.

No Consistório, eu recebi das mãos do sucessor de Pedro um anel que significa o compromisso com a Igreja nessa universalidade, onde além do compromisso próprio com uma diocese, temos uma missão universal com mais responsabilidade no Colégio do Cardeais.

Consequências

No dia 12 de janeiro, quando o Santo Padre fez o anúncio dos novos cardeais, todos se sentiram ‘nomeados’ juntos comigo, também chamados a essa missão, não só as pessoas do Rio de Janeiro, mas também dos outros lugares por onde passei se sentiram unidas a essa missão. Agora toda a Arquidiocese do Rio é chamada a viver de uma forma ainda maior a universalidade da Igreja.

Temos problemas pontuais, locais, situações difíceis, mas sabemos que junto com todas essas preocupações pontuais do dia a dia temos a dimensão universal da Igreja, que deve estar muito mais presente em nossa vida. Devemos estar atentos ao que acontece na Igreja em todo o mundo.

JMJ Rio2013

Assim como aconteceu durante a Jornada Mundial da Juventude Rio2013, que teve com tema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19), devemos evangelizar em todos os lugares. A Jornada marcou a todos e mostrou como os jovens católicos de todo o mundo sabem viver em meio a tensões, dificuldades, grupos fanáticos e intolerantes, sem responder com violência e, sim, com paz e fraternidade, evangelizando através das atitudes.

Ano da Caridade

Precisamos fazer o bem e respeitar o outro, a pessoa, ideia, religião e situação, e nos comprometer em viver a fraternidade. A nossa evangelização também se concretiza através das atitudes sociais e de compromisso com o outro, que é precedido pelo amor ao próximo, acontece por amor ao próximo e, como consequência, desperta o amor ao próximo.

Que possamos ser portadores desse amor em todas as atitudes em nossa cidade, porque o grande presente que nossa cidade necessita é que concretamente nós nos amemos uns aos outros, começando pelos da nossa casa, a família, e em nossa comunidade paroquial. Agradeço também aos padres que levam adiante essa missão, junto com os diáconos, nos trabalhos pastorais em nossa cidade.

Na vivência do Ano da Caridade é importante lembrar que o motivo de tudo o que fazemos é Jesus Cristo, Nosso Senhor. Ninguém pode colocar outra base ou alicerce, seja na evangelização, no trabalho social ou nas várias missões que temos. Somos chamados, cada vez mais, a ter esse encontro com o Senhor, a encontrar n’Ele a vida e por causa d’Ele anunciar o Evangelho e nos comprometer com os irmãos. Acreditamos que quanto mais aprofundarmos esse encontro com o Senhor, acolhermos e nos deixarmos mover pela sua palavra, mais unidos estaremos.

Prece

Peço ao Senhor que me dê o dom para bem servir. O cardinalato é uma grande responsabilidade, mas creio que sustentado pelas orações poderei cumprir essa importante missão. Me sinto pequeno diante de tão grande missão, mas sei que posso contar com a intercessão e carinho dos fiéis.