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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 28/03/2024

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27/11/2015 14:23 - Atualizado em 27/11/2015 14:23

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27/11/2015 14:23 - Atualizado em 27/11/2015 14:23

O Advento é um dos tempos do Ano Litúrgico e pertence ao ciclo do Natal. A liturgia do Advento caracteriza-se como período de preparação, como se pode deduzir da própria palavra advento, que se origina do verbo latino advenire, que quer dizer chegar. Advento é tempo de espera d’Aquele que há de vir. Pelo Advento nos preparamos para celebrar o Senhor que veio, que vem e que virá; sua liturgia conduz a celebrar as duas vindas de Cristo: Natal e Parusia. Na primeira, celebra-se a manifestação de Deus experimentada há mais de dois mil anos com o nascimento de Jesus, e na segunda, a sua desejada manifestação no final dos tempos, quando Cristo vier em sua glória.

O tempo do Advento formou-se progressivamente a partir do século IV e já era celebrado na Gália e na Espanha. Em Roma, onde surgiu a festa do Natal, passou a ser celebrado somente a partir do século VI, quando a Igreja Romana vislumbrou na festa do Natal o início do mistério pascal, e era natural que se preparasse para ela como se preparava para a Páscoa. Nesse período, o tempo do Advento consistia em seis semanas que antecediam a grande festa do Natal. Foi somente com São Gregório Magno (590-604) que esse tempo foi reduzido para quatro domingos, tal como hoje celebramos.

Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores, silenciosamente expressa a esperança e convida à alegre vigilância. A coroa teve sua origem no século XIX, na Alemanha, nas regiões situadas ao norte do país. Nós adotamos o costume da coroa do Advento no início do século XX. Na confecção da coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno. Os ramos verdes são sinais da vida que teimosamente resiste; são sinais da esperança. Em algumas comunidades, os fiéis envolvem a coroa com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Até a figura geométrica da coroa, o círculo, tem um bonito simbolismo. Sendo uma figura sem começo e fim, representa a perfeição, a harmonia, a eternidade.

Na coroa são colocadas quatro velas, referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz vai aumentando à medida que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda a humanidade. Quanto às cores das quatro velas, quase em todas as partes do mundo é usada a cor vermelha. No Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás, e uma vela cor-de-rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando se celebra o Domingo de Gaudete (Domingo da Alegria), cuja cor litúrgica é rosa. Porém, atualmente tem-se propagado o costume de velas coloridas, cada uma de uma cor litúrgica, mas também por uma cultura própria nossa, visto que nosso país é marcado pelas culturas indígena e afro, onde o colorido lembra festa, dança e alegria.

Dentro da teologia e espiritualidade do Advento, os textos bíblicos falam da dupla vinda de Cristo: a primeira, no Natal, e a segunda, na Parusia, o fim dos tempos. A vinda de Cristo é esperada pela Igreja com oração e vigilância: “Vem, Senhor Jesus”, como São Paulo nos fala. A espera de Cristo é uma das promessas messiânica já cumprida parcialmente. Nossos pais na fé esperaram e não alcançaram, mas ouviram por Isaias que um tempo novo de esperança e de paz chegaria. Todo o Antigo Testamento está voltado, pelo anúncio dos profetas, para o mistério do Cristo que virá. Para nós, hoje, é viver na Igreja toda esta centralidade de Cristo na história da salvação, celebrando o grande mistério: vem a nós O esperado das nações, O anunciado pelos profetas, O revelado por seu Pai.

Nessa caminhada do Advento, além de Isaías e João Batista, a Liturgia apresenta outra figura importante: Maria. O evangelho de Lucas narra a anunciação, quando Maria diz sim ao convite de Deus e aceita ser mãe de Jesus, que se encarna em seu seio e passa a “habitar entre nós”. Maria é celebrada no dia 8 de dezembro, na festa de sua Imaculada Conceição (quando neste ano teremos a abertura, no Vaticano, do Jubileu da Misericórdia). A Virgem Imaculada diz sim e vive o seu silêncio na escuta do próprio Deus que chega. Do dia 17 a 24 de dezembro, semana de preparação próxima para o Natal, a Liturgia nos marca bem a figura de Maria, a “cheia de graça”, a “bendita entre todas as mulheres”, a “nova Eva”.

Com o pecado de Adão e Eva, Deus anuncia uma nova mulher, uma segunda Eva, que dará à luz um filho. Ele é o “filho das promessas”, o novo Adão, Jesus Cristo, que reerguerá a humanidade decaída por causa da desobediência dos primeiros pais. Maria é presença exemplar no Tempo do Advento, na palavra e na oração, aquela que transformou a espera em presença viva do próprio Cristo. Advento é tempo de oração da Igreja, que ora e suplica para que Cristo seja conhecido entre todos os povos, seja sinal de esperança e sinal de salvação para todos num mundo marcado por guerras, violências, divisões, incredulidades, soberba, autossuficiência. O Advento é um tempo de espiritualidade que nos compromete na tarefa pela construção de “novos céus e novas terras”.

A Igreja nos exorta a vivermos em vigília e oração, para que esse tempo da graça seja proveitoso para nós, realizando-se o que proclama a Liturgia: “Ó céus, que chova sobre nós, que suas nuvens derramem a justiça. Abra-se a terra e brote para nós a salvação”.

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27/11/2015 14:23 - Atualizado em 27/11/2015 14:23

O Advento é um dos tempos do Ano Litúrgico e pertence ao ciclo do Natal. A liturgia do Advento caracteriza-se como período de preparação, como se pode deduzir da própria palavra advento, que se origina do verbo latino advenire, que quer dizer chegar. Advento é tempo de espera d’Aquele que há de vir. Pelo Advento nos preparamos para celebrar o Senhor que veio, que vem e que virá; sua liturgia conduz a celebrar as duas vindas de Cristo: Natal e Parusia. Na primeira, celebra-se a manifestação de Deus experimentada há mais de dois mil anos com o nascimento de Jesus, e na segunda, a sua desejada manifestação no final dos tempos, quando Cristo vier em sua glória.

O tempo do Advento formou-se progressivamente a partir do século IV e já era celebrado na Gália e na Espanha. Em Roma, onde surgiu a festa do Natal, passou a ser celebrado somente a partir do século VI, quando a Igreja Romana vislumbrou na festa do Natal o início do mistério pascal, e era natural que se preparasse para ela como se preparava para a Páscoa. Nesse período, o tempo do Advento consistia em seis semanas que antecediam a grande festa do Natal. Foi somente com São Gregório Magno (590-604) que esse tempo foi reduzido para quatro domingos, tal como hoje celebramos.

Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores, silenciosamente expressa a esperança e convida à alegre vigilância. A coroa teve sua origem no século XIX, na Alemanha, nas regiões situadas ao norte do país. Nós adotamos o costume da coroa do Advento no início do século XX. Na confecção da coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno. Os ramos verdes são sinais da vida que teimosamente resiste; são sinais da esperança. Em algumas comunidades, os fiéis envolvem a coroa com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Até a figura geométrica da coroa, o círculo, tem um bonito simbolismo. Sendo uma figura sem começo e fim, representa a perfeição, a harmonia, a eternidade.

Na coroa são colocadas quatro velas, referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz vai aumentando à medida que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda a humanidade. Quanto às cores das quatro velas, quase em todas as partes do mundo é usada a cor vermelha. No Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás, e uma vela cor-de-rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando se celebra o Domingo de Gaudete (Domingo da Alegria), cuja cor litúrgica é rosa. Porém, atualmente tem-se propagado o costume de velas coloridas, cada uma de uma cor litúrgica, mas também por uma cultura própria nossa, visto que nosso país é marcado pelas culturas indígena e afro, onde o colorido lembra festa, dança e alegria.

Dentro da teologia e espiritualidade do Advento, os textos bíblicos falam da dupla vinda de Cristo: a primeira, no Natal, e a segunda, na Parusia, o fim dos tempos. A vinda de Cristo é esperada pela Igreja com oração e vigilância: “Vem, Senhor Jesus”, como São Paulo nos fala. A espera de Cristo é uma das promessas messiânica já cumprida parcialmente. Nossos pais na fé esperaram e não alcançaram, mas ouviram por Isaias que um tempo novo de esperança e de paz chegaria. Todo o Antigo Testamento está voltado, pelo anúncio dos profetas, para o mistério do Cristo que virá. Para nós, hoje, é viver na Igreja toda esta centralidade de Cristo na história da salvação, celebrando o grande mistério: vem a nós O esperado das nações, O anunciado pelos profetas, O revelado por seu Pai.

Nessa caminhada do Advento, além de Isaías e João Batista, a Liturgia apresenta outra figura importante: Maria. O evangelho de Lucas narra a anunciação, quando Maria diz sim ao convite de Deus e aceita ser mãe de Jesus, que se encarna em seu seio e passa a “habitar entre nós”. Maria é celebrada no dia 8 de dezembro, na festa de sua Imaculada Conceição (quando neste ano teremos a abertura, no Vaticano, do Jubileu da Misericórdia). A Virgem Imaculada diz sim e vive o seu silêncio na escuta do próprio Deus que chega. Do dia 17 a 24 de dezembro, semana de preparação próxima para o Natal, a Liturgia nos marca bem a figura de Maria, a “cheia de graça”, a “bendita entre todas as mulheres”, a “nova Eva”.

Com o pecado de Adão e Eva, Deus anuncia uma nova mulher, uma segunda Eva, que dará à luz um filho. Ele é o “filho das promessas”, o novo Adão, Jesus Cristo, que reerguerá a humanidade decaída por causa da desobediência dos primeiros pais. Maria é presença exemplar no Tempo do Advento, na palavra e na oração, aquela que transformou a espera em presença viva do próprio Cristo. Advento é tempo de oração da Igreja, que ora e suplica para que Cristo seja conhecido entre todos os povos, seja sinal de esperança e sinal de salvação para todos num mundo marcado por guerras, violências, divisões, incredulidades, soberba, autossuficiência. O Advento é um tempo de espiritualidade que nos compromete na tarefa pela construção de “novos céus e novas terras”.

A Igreja nos exorta a vivermos em vigília e oração, para que esse tempo da graça seja proveitoso para nós, realizando-se o que proclama a Liturgia: “Ó céus, que chova sobre nós, que suas nuvens derramem a justiça. Abra-se a terra e brote para nós a salvação”.

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro