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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Sacerdotes para o Reino

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18/11/2015 13:32 - Atualizado em 18/11/2015 13:32

Sacerdotes para o Reino 0

18/11/2015 13:32 - Atualizado em 18/11/2015 13:32

O ministério sacerdotal é um dom para a Igreja e para o mundo. Urge aprofundar a compreensão das medidas e o alcance do sacerdócio como dom. O padre como dom. E, sendo assim, o sacerdote é dádiva de Deus. A cada ordenação presbiteral é um grande mistério que vejo acontecer diante de mim. Um momento de fazer renascer o fervor pela vida sacerdotal e pela missão recebida.

O Santo Cura d’Ars, São João Maria Vianney, patrono dos padres, aquele que tocou com o seu ministério, de modo admirável e inesquecível, a vida da França no seu tempo, afirmava, “o sacerdócio é o amor do coração de Jesus”. Agradecido pelo dom do seu sacerdócio, que fez de uma vila sem importância, em razão da excelência de sua vida sacerdotal, o grande centro de referência, batendo, pelas razões da busca de Deus e do sentido para a vida, a imbatível Paris de todos os tempos.

Como dom, o sacerdote não é promotor e agente de um tipo de mercado religioso que hoje se multiplica. Ele é o homem tirado do meio dos homens para servir aos homens nas causas de Deus. Deus é amor. Jesus Cristo é o amor encarnado de Deus. O amor vem de Deus. E todo aquele que ama nasceu de Deus – e conhece a Deus. Quem não ama não chegou a conhecer Deus. Pois Deus é amor, ensina o evangelista João na sua primeira carta. Ele continua, “foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que tenhamos a vida por meio dele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados” (I Jo 4,7-10).

O sacerdote é dom porque o seu ministério sacerdotal, desdobrado em conduta, serviços, vivências e posturas, é manifestação e concretização deste amor. O Padre, como já dissemos, homem escolhido entre homens e constituído em favor de todos, é discípulo missionário servidor do povo de Deus. E sustentado pela contínua busca da santidade de vida, é facilitador desse indispensável e inadiável encontro pessoal com o Cristo vivo, levando todos ao reconhecimento e à sabedoria de pautar a sua vida tendo Deus como seu centro e fonte inesgotável do seu sentido. O sacerdote, por isso mesmo, faz anteceder às suas muitas tarefas no labor de cada dia a serviço do povo, anunciando o Evangelho, o cuidado e o compromisso com a condição do seu ser. É a santidade de vida que alavanca, fecunda e torna exitoso o serviço prestado na condição própria de sacerdote.

Um olhar atento e sincero deve ser lançado sobre a presença e vivência sacerdotal neste momento da vida da Igreja e de sua missão no coração do mundo. Não deixando de considerar e tomar providências quanto aos descompassos de vidas e condutas sacerdotais questionáveis, é preciso reconhecer a magnitude, em quantidade e extensão, do serviço de padres na vida de famílias, de pessoas, de grupos, dos pobres, na cultura e nas comunidades de fé, para que todos sejam um em Cristo. Fazendo deste serviço uma escola de amor.

Um compromisso empenhado para ser e fazer de todos discípulos pela escuta da Palavra de Deus, interpelando vidas e condutas, e pela vivência dos sacramentos como fonte amorosa da graça de Deus que transforma e sustenta. O sacerdote é, pois, um dom para a comunidade, pela unção do Espírito Santo e por sua especial união com Cristo. Na cultura atual, o padre é chamado a conhecê-la profundamente, conduzindo todos, como facilitador, para beber na fonte do mistério do amor de Deus pela Palavra e pelos Sacramentos.

Uma consequência importante destas reflexões: a vida do sacerdote está envolvida pelo mistério de Cristo. Nada explica suficientemente a vida do padre a não ser o mistério de Cristo. Neste sentido, hoje é preciso insistir que o, antes de tudo, é e não simplesmente faz. Poderíamos discorrer sobre o grande perigo na vida do padre da tentação do fazer muitas coisas, a tentação do ativismo. Com muita propriedade, o sacerdote pode atribuir a si aquelas palavras de São Paulo na Carta aos Colossenses: nossa vida está escondida com Cristo em Deus.

Viver do mistério: primeiro ponto e fundamental, o sacerdote vive da Eucaristia e da vivência da Eucaristia no seu cotidiano. As palavras da celebração eucarística definem bem sua existência. A sua vida é uma vida entregue pelas pessoas, isto é o que realiza o plano de Deus sobre ele. Atenção para não confundir a realização dos nossos anseios pessoais e nossos talentos como algo importante para a realização do nosso sacerdócio.

Neste mistério insondável de Deus, que é o ministro ordenado, no último sábado, dia 07 de novembro, tive a grata alegria de promover ao ministério presbiteral seis diáconos de nossa Igreja Metropolitana, e no domingo, dia 15, um diácono dos religiosos de Sion. Que eles sejam pastores com “cheiro de ovelhas”, em busca de anunciar o Evangelho nas “periferias existenciais” de nossa amada Arquidiocese, gastando a sua vida, despretensiosamente em favor de todos, particularmente dos mais pobres e daqueles e daquelas que vivem em situação de risco. O Bispo diocesano, como pai, preside o presbitério e ama os seus presbíteros, seus colaboradores na missão como filhos. O Bispo consola seus padres e os anima na missão desse mistério de ser um outro Cristo. Por isso, aos neo-sacerdotes e a todos os sacerdotes da Arquidiocese e de todo o Brasil eu digo: foram chamados, escolhidos, ordenados, enviados! Tenhamos fé no nosso sacerdócio. Ele é o sacerdócio de sempre porque é uma participação no sacerdócio eterno de Cristo, "que é o mesmo ontem, hoje e sempre" (Hb 13,8; Ap 1, 17ss). Se as exigências do sacerdócio são grandes, consola-nos a proximidade do Senhor, pois somos seus sacerdotes. "Já não vos chamo servos, mas sim amigos" (Jo 15,5) “para que todos sejam um em Cristo”!

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Sacerdotes para o Reino

18/11/2015 13:32 - Atualizado em 18/11/2015 13:32

O ministério sacerdotal é um dom para a Igreja e para o mundo. Urge aprofundar a compreensão das medidas e o alcance do sacerdócio como dom. O padre como dom. E, sendo assim, o sacerdote é dádiva de Deus. A cada ordenação presbiteral é um grande mistério que vejo acontecer diante de mim. Um momento de fazer renascer o fervor pela vida sacerdotal e pela missão recebida.

O Santo Cura d’Ars, São João Maria Vianney, patrono dos padres, aquele que tocou com o seu ministério, de modo admirável e inesquecível, a vida da França no seu tempo, afirmava, “o sacerdócio é o amor do coração de Jesus”. Agradecido pelo dom do seu sacerdócio, que fez de uma vila sem importância, em razão da excelência de sua vida sacerdotal, o grande centro de referência, batendo, pelas razões da busca de Deus e do sentido para a vida, a imbatível Paris de todos os tempos.

Como dom, o sacerdote não é promotor e agente de um tipo de mercado religioso que hoje se multiplica. Ele é o homem tirado do meio dos homens para servir aos homens nas causas de Deus. Deus é amor. Jesus Cristo é o amor encarnado de Deus. O amor vem de Deus. E todo aquele que ama nasceu de Deus – e conhece a Deus. Quem não ama não chegou a conhecer Deus. Pois Deus é amor, ensina o evangelista João na sua primeira carta. Ele continua, “foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que tenhamos a vida por meio dele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados” (I Jo 4,7-10).

O sacerdote é dom porque o seu ministério sacerdotal, desdobrado em conduta, serviços, vivências e posturas, é manifestação e concretização deste amor. O Padre, como já dissemos, homem escolhido entre homens e constituído em favor de todos, é discípulo missionário servidor do povo de Deus. E sustentado pela contínua busca da santidade de vida, é facilitador desse indispensável e inadiável encontro pessoal com o Cristo vivo, levando todos ao reconhecimento e à sabedoria de pautar a sua vida tendo Deus como seu centro e fonte inesgotável do seu sentido. O sacerdote, por isso mesmo, faz anteceder às suas muitas tarefas no labor de cada dia a serviço do povo, anunciando o Evangelho, o cuidado e o compromisso com a condição do seu ser. É a santidade de vida que alavanca, fecunda e torna exitoso o serviço prestado na condição própria de sacerdote.

Um olhar atento e sincero deve ser lançado sobre a presença e vivência sacerdotal neste momento da vida da Igreja e de sua missão no coração do mundo. Não deixando de considerar e tomar providências quanto aos descompassos de vidas e condutas sacerdotais questionáveis, é preciso reconhecer a magnitude, em quantidade e extensão, do serviço de padres na vida de famílias, de pessoas, de grupos, dos pobres, na cultura e nas comunidades de fé, para que todos sejam um em Cristo. Fazendo deste serviço uma escola de amor.

Um compromisso empenhado para ser e fazer de todos discípulos pela escuta da Palavra de Deus, interpelando vidas e condutas, e pela vivência dos sacramentos como fonte amorosa da graça de Deus que transforma e sustenta. O sacerdote é, pois, um dom para a comunidade, pela unção do Espírito Santo e por sua especial união com Cristo. Na cultura atual, o padre é chamado a conhecê-la profundamente, conduzindo todos, como facilitador, para beber na fonte do mistério do amor de Deus pela Palavra e pelos Sacramentos.

Uma consequência importante destas reflexões: a vida do sacerdote está envolvida pelo mistério de Cristo. Nada explica suficientemente a vida do padre a não ser o mistério de Cristo. Neste sentido, hoje é preciso insistir que o, antes de tudo, é e não simplesmente faz. Poderíamos discorrer sobre o grande perigo na vida do padre da tentação do fazer muitas coisas, a tentação do ativismo. Com muita propriedade, o sacerdote pode atribuir a si aquelas palavras de São Paulo na Carta aos Colossenses: nossa vida está escondida com Cristo em Deus.

Viver do mistério: primeiro ponto e fundamental, o sacerdote vive da Eucaristia e da vivência da Eucaristia no seu cotidiano. As palavras da celebração eucarística definem bem sua existência. A sua vida é uma vida entregue pelas pessoas, isto é o que realiza o plano de Deus sobre ele. Atenção para não confundir a realização dos nossos anseios pessoais e nossos talentos como algo importante para a realização do nosso sacerdócio.

Neste mistério insondável de Deus, que é o ministro ordenado, no último sábado, dia 07 de novembro, tive a grata alegria de promover ao ministério presbiteral seis diáconos de nossa Igreja Metropolitana, e no domingo, dia 15, um diácono dos religiosos de Sion. Que eles sejam pastores com “cheiro de ovelhas”, em busca de anunciar o Evangelho nas “periferias existenciais” de nossa amada Arquidiocese, gastando a sua vida, despretensiosamente em favor de todos, particularmente dos mais pobres e daqueles e daquelas que vivem em situação de risco. O Bispo diocesano, como pai, preside o presbitério e ama os seus presbíteros, seus colaboradores na missão como filhos. O Bispo consola seus padres e os anima na missão desse mistério de ser um outro Cristo. Por isso, aos neo-sacerdotes e a todos os sacerdotes da Arquidiocese e de todo o Brasil eu digo: foram chamados, escolhidos, ordenados, enviados! Tenhamos fé no nosso sacerdócio. Ele é o sacerdócio de sempre porque é uma participação no sacerdócio eterno de Cristo, "que é o mesmo ontem, hoje e sempre" (Hb 13,8; Ap 1, 17ss). Se as exigências do sacerdócio são grandes, consola-nos a proximidade do Senhor, pois somos seus sacerdotes. "Já não vos chamo servos, mas sim amigos" (Jo 15,5) “para que todos sejam um em Cristo”!

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro