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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Outubro: mês missionário

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01/10/2015 00:00 - Atualizado em 04/10/2015 13:21

Outubro: mês missionário 0

01/10/2015 00:00 - Atualizado em 04/10/2015 13:21

Iniciamos o mês de outubro, rico em celebrações e comemorações. Com Santa Teresinha do Menino Jesus começamos o mês das missões tendo como pano de fundo o tema do Brasil, quando contemplamos a missão como serviço, e rumando para a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões, que vai recordar a missionariedade da vida consagrada, neste ano em que lhe é dedicada. Iniciamos também a Semana Nacional pela Vida que terá como ápice o dia do nascituro. É também o mês do Rosário recordando a famosa vitória de Lepanto assim como as demais celebrações marianas como Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora Aparecida, e aqui no Rio de Janeiro, Nossa Senhora da Penha. Ao se iniciar o mês, no domingo que seria o dia de São Francisco de Assis, faremos a Caminhada pela Paz – somos da paz – dentro deste ano assim denominado pela CNBB. No mesmo domingo, teremos as eleições para os Conselho Tutelares, neste tempo tão importante de discussão sobre as crianças e adolescentes. Olhamos também os jovens que celebram o Dia Nacional da Juventude com seu tema específico e o entusiasmo juvenil. Em Roma vive-se o Sínodo dos Bispos sobre a vida e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo, tema que será aprofundado para uma futura encíclica pós-sinodal do Papa Francisco.

A recente viagem do Papa a Cuba e aos Estados Unidos, visitando a ONU e concluindo no Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia, deu a grande conotação de quem é o líder mundial preocupado com a vida e paz no mundo de hoje. Rezamos na intenção do Santo Padre, o grande missionário.

“Não se abre uma rosa apertando-se o botão”, escreveu alguém.  É um pensamento muito próprio para se refletir sobre a vocação missionária do cristão para este mês de outubro, dedicado às missões. Jesus disse ao enviar os apóstolos para anunciar o ano da graça: “Eis que vos envio como carneiros em meio a lobos vorazes” (Cf. Mt 10,16). E quando, mal recebidos em uma cidade, João e Tiago pretendiam mandar o fogo dos céus sobre aquele povo, mas Jesus os repreendeu: “Não sabeis de que espírito sois” (Cf. Lc 9,55).

A primeira atitude do missionário deve ser a mansidão. O anúncio da Boa Nova é um anúncio de paz. O texto do profeta Isaías, lido por Jesus na sinagoga de Nazaré (Cf. Lc 4,16-22) e a si próprio aplicado, diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, eis porque me ungiu e mandou-me evangelizar os pobres, sarar os de coração contrito, anunciar o ano da graça” (Cf. Is 61,1-4).

E, logo a seguir, no Sermão da Montanha, revirando todos os princípios e conceitos que o pecado instilara nos corações dos homens, da sociedade e da cultura, declara bem aventurados os mansos, os misericordiosos e os que promovem a paz (Cf. Mt 5).

A violência e a agressividade afastam os corações. Não é a toa que Santa Terezinha foi declarada padroeira das missões, ela que jamais transpôs as grades de seu convento e, partindo deste mundo aos 24 anos, podia prometer que dos céus enviaria uma chuva de rosas sobre a terra. São Francisco de Sales, igualmente, ensinava que se apanham mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de vinagre.

Ainda no Evangelho lido na liturgia de dias atrás, diante da crítica dos fariseus, Jesus amorosamente acolhe a pecadora pública e lhe perdoa os pecados, e não reprime com exasperação o pecado dos “puros de todos os tempos”, mas os leva à conversão chamando-os ao amor (Cf. Lc 7,36-50). Assim também em outro episódio, uma ceia junto a publicanos e pecadores, o Mestre disse aos que o criticavam: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes. Ide, aprendei o que significa: prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Cf. Mt 9,10-14).

O cristão que tem, pelo batismo, a vocação missionária, a missão de anunciar a Boa Nova, tem de ter, ele próprio, um coração semelhante ao de Cristo, manso e humilde, como pedimos na jaculatória, “fazei nosso coração semelhante ao vosso”. Paulo VI, na “Evangelii Nuntiandi”, exorta: “A obra da evangelização pressupõe um amor fraterno, sempre crescente, para com aqueles a quem ele (o missionário) evangeliza” (nº 79) e cita São Paulo aos Tessalonicenses (2Tes 8) como programa.

O missionário, ao levar a Boa Nova a um mundo angustiado e sem esperança, ou cuja esperança se esgota com o último suspiro, não pode se apresentar triste e descorçoado, impaciente ou ansioso, mas deve manifestar uma vida irradiante de fervor e da alegria de Cristo. Nesse espírito o missionário, sem tergiversar sobre sua fé e sobre a mensagem, abra sua voz para “propor aos homens a verdade evangélica e a salvação em Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que a consciência dos ouvintes fará” (E.N. 80). Lembre-se: “não se abre uma rosa apertando-se o botão”.

O anúncio do Evangelho é importante, urgente, e todos nós somos protagonistas deste mandato apostólico do próprio Senhor Jesus: Ai de mim se não anunciar o Evangelho. Ser missionário não é somente uma tarefa de todo o batizado, mas a razão única para a nossa felicidade completa. A omissão na tarefa missionária é um pecado grave e devemos nos confessar para pedir a graça de sermos discípulos-missionários de Jesus Cristo.

A pregação: muitos falam que é preciso pregar o Evangelho de Jesus e com isto todos nós estamos de acordo. Mas não adianta a pregação se não vivemos aquilo que pregamos. Não adianta pregar se não temos caridade para com o irmão, ou mesmo o queremos destruir. Não adianta pregar que foi miraculado ou curado de uma enfermidade grave se impõe doenças permanentes aos corações das pessoas.

A evangelização é uma missão de toda a Igreja. Eu mesmo escolhi esta necessidade como resumo de minha vida episcopal: “in gentibus evangelizare”, ou seja, evangelizar todas as gentes. Assim, São Paulo nos ensina que a iniciativa da pregação não é nossa, mas um encargo que a Igreja nos confia. “Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1Cor 9,19). Evangelizar e pregar o Evangelho com a nossa vida é o culto mais agradável a Deus. Vamos fazer isso de corpo e de alma!

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Outubro: mês missionário

01/10/2015 00:00 - Atualizado em 04/10/2015 13:21

Iniciamos o mês de outubro, rico em celebrações e comemorações. Com Santa Teresinha do Menino Jesus começamos o mês das missões tendo como pano de fundo o tema do Brasil, quando contemplamos a missão como serviço, e rumando para a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões, que vai recordar a missionariedade da vida consagrada, neste ano em que lhe é dedicada. Iniciamos também a Semana Nacional pela Vida que terá como ápice o dia do nascituro. É também o mês do Rosário recordando a famosa vitória de Lepanto assim como as demais celebrações marianas como Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora Aparecida, e aqui no Rio de Janeiro, Nossa Senhora da Penha. Ao se iniciar o mês, no domingo que seria o dia de São Francisco de Assis, faremos a Caminhada pela Paz – somos da paz – dentro deste ano assim denominado pela CNBB. No mesmo domingo, teremos as eleições para os Conselho Tutelares, neste tempo tão importante de discussão sobre as crianças e adolescentes. Olhamos também os jovens que celebram o Dia Nacional da Juventude com seu tema específico e o entusiasmo juvenil. Em Roma vive-se o Sínodo dos Bispos sobre a vida e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo, tema que será aprofundado para uma futura encíclica pós-sinodal do Papa Francisco.

A recente viagem do Papa a Cuba e aos Estados Unidos, visitando a ONU e concluindo no Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia, deu a grande conotação de quem é o líder mundial preocupado com a vida e paz no mundo de hoje. Rezamos na intenção do Santo Padre, o grande missionário.

“Não se abre uma rosa apertando-se o botão”, escreveu alguém.  É um pensamento muito próprio para se refletir sobre a vocação missionária do cristão para este mês de outubro, dedicado às missões. Jesus disse ao enviar os apóstolos para anunciar o ano da graça: “Eis que vos envio como carneiros em meio a lobos vorazes” (Cf. Mt 10,16). E quando, mal recebidos em uma cidade, João e Tiago pretendiam mandar o fogo dos céus sobre aquele povo, mas Jesus os repreendeu: “Não sabeis de que espírito sois” (Cf. Lc 9,55).

A primeira atitude do missionário deve ser a mansidão. O anúncio da Boa Nova é um anúncio de paz. O texto do profeta Isaías, lido por Jesus na sinagoga de Nazaré (Cf. Lc 4,16-22) e a si próprio aplicado, diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, eis porque me ungiu e mandou-me evangelizar os pobres, sarar os de coração contrito, anunciar o ano da graça” (Cf. Is 61,1-4).

E, logo a seguir, no Sermão da Montanha, revirando todos os princípios e conceitos que o pecado instilara nos corações dos homens, da sociedade e da cultura, declara bem aventurados os mansos, os misericordiosos e os que promovem a paz (Cf. Mt 5).

A violência e a agressividade afastam os corações. Não é a toa que Santa Terezinha foi declarada padroeira das missões, ela que jamais transpôs as grades de seu convento e, partindo deste mundo aos 24 anos, podia prometer que dos céus enviaria uma chuva de rosas sobre a terra. São Francisco de Sales, igualmente, ensinava que se apanham mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de vinagre.

Ainda no Evangelho lido na liturgia de dias atrás, diante da crítica dos fariseus, Jesus amorosamente acolhe a pecadora pública e lhe perdoa os pecados, e não reprime com exasperação o pecado dos “puros de todos os tempos”, mas os leva à conversão chamando-os ao amor (Cf. Lc 7,36-50). Assim também em outro episódio, uma ceia junto a publicanos e pecadores, o Mestre disse aos que o criticavam: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes. Ide, aprendei o que significa: prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Cf. Mt 9,10-14).

O cristão que tem, pelo batismo, a vocação missionária, a missão de anunciar a Boa Nova, tem de ter, ele próprio, um coração semelhante ao de Cristo, manso e humilde, como pedimos na jaculatória, “fazei nosso coração semelhante ao vosso”. Paulo VI, na “Evangelii Nuntiandi”, exorta: “A obra da evangelização pressupõe um amor fraterno, sempre crescente, para com aqueles a quem ele (o missionário) evangeliza” (nº 79) e cita São Paulo aos Tessalonicenses (2Tes 8) como programa.

O missionário, ao levar a Boa Nova a um mundo angustiado e sem esperança, ou cuja esperança se esgota com o último suspiro, não pode se apresentar triste e descorçoado, impaciente ou ansioso, mas deve manifestar uma vida irradiante de fervor e da alegria de Cristo. Nesse espírito o missionário, sem tergiversar sobre sua fé e sobre a mensagem, abra sua voz para “propor aos homens a verdade evangélica e a salvação em Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que a consciência dos ouvintes fará” (E.N. 80). Lembre-se: “não se abre uma rosa apertando-se o botão”.

O anúncio do Evangelho é importante, urgente, e todos nós somos protagonistas deste mandato apostólico do próprio Senhor Jesus: Ai de mim se não anunciar o Evangelho. Ser missionário não é somente uma tarefa de todo o batizado, mas a razão única para a nossa felicidade completa. A omissão na tarefa missionária é um pecado grave e devemos nos confessar para pedir a graça de sermos discípulos-missionários de Jesus Cristo.

A pregação: muitos falam que é preciso pregar o Evangelho de Jesus e com isto todos nós estamos de acordo. Mas não adianta a pregação se não vivemos aquilo que pregamos. Não adianta pregar se não temos caridade para com o irmão, ou mesmo o queremos destruir. Não adianta pregar que foi miraculado ou curado de uma enfermidade grave se impõe doenças permanentes aos corações das pessoas.

A evangelização é uma missão de toda a Igreja. Eu mesmo escolhi esta necessidade como resumo de minha vida episcopal: “in gentibus evangelizare”, ou seja, evangelizar todas as gentes. Assim, São Paulo nos ensina que a iniciativa da pregação não é nossa, mas um encargo que a Igreja nos confia. “Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1Cor 9,19). Evangelizar e pregar o Evangelho com a nossa vida é o culto mais agradável a Deus. Vamos fazer isso de corpo e de alma!

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro