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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Tu és o Cristo

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11/09/2015 13:56 - Atualizado em 11/09/2015 13:57

Tu és o Cristo 0

11/09/2015 13:56 - Atualizado em 11/09/2015 13:57

A Igreja é chamada, nesta 24ª semana do tempo comum, a refletir sobre o mistério da confissão de fé de Pedro em Cesaréia de Felipe. Segundo o texto do Evangelho de Marcos (8,27-35), Jesus, após ter perguntado aos seus discípulos a opinião dos homens sobre Ele, os questiona também a respeito de sua identidade: na concepção dos primeiros, Jesus é um profeta, e na dos discípulos, é o Messias. O título ‘messias’ carrega sentido salvífico muito denso para se compreender a identidade e a missão do Senhor.

Na esperança do Primeiro Testamento, Deus enviaria um messias para instaurar definitivamente o seu Reino de Paz. Ele seria consagrado pelo Espírito do Senhor para ser o rei, o profeta e o sacerdote do Povo de Israel. É o que se pode ler, por exemplo, nos seguintes oráculos: “Exulta muito, filha de Sião! Grita de alegria filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti: ele é justo e vitorioso, humilde, montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho da jumenta” (Zc 9,9) e “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu: enviou-me a anunciar a boa-nova aos pobres” (Is 61,1). Segundo o catecismo da Igreja Católica, “Jesus realizou a esperança messiânica de Israel em sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei” (CIC 436).

A Igreja apostólica reconheceu que Jesus era o messias prometido por Deus. No texto do Novo Testamento, encontram-se muitas passagens nas quais o título de messias está aplicado a Jesus. O termo hebraico ‘messias’ abre lugar para o seu correlato grego ‘cristo’. Desde o nascimento de Jesus, este título – “cristo” – serve para identificar o filho de Maria: “Nasceu-vos hoje um salvador; que é o Cristo-Senhor!” (Lc 2,11). No Batismo de Jesus, no rio Jordão, o Espírito Santo desce sobre Ele para que possa proclamar a boa-nova a Israel: “Deus ungiu a Jesus com o Espírito Santo e com poder, e ele passou fazendo o bem e curando” (At 10,38). Na sinagoga de Nazaré, Ele afirma que o oráculo messiânico de Isaias está sendo realizado na sua vida e no seu ministério (cf. Lc 4,18). Até os pagãos reconhecem o messianismo de Jesus: “Senhor, filho de Davi”, diz a mulher cananéia (Mt 15,22). Por ocasião da entrada de Jesus em Jerusalém, a multidão aclamava: “Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” (Mt 21,9).

Embora Jesus tenha aceitado o título de messias-cristo, Ele não o faz sem reservas: evitou qualquer traço de índole política e humana do termo, revelando uma concepção messiânica diferente daquela dos seus contemporâneos. Sua identidade e sua missão como o ungido estavam relacionadas com a figura do “servo-sofredor”, apresentada em Isaías (cf. Is 42,1-4; 49,1-6; 50,4-9; 52,13 – 53,12). O messianismo de Jesus é a recepção da unção do Espírito Santo para anunciar e efetivar o Evangelho da Salvação. Na sua entrega de amor na Cruz, o Cristo Jesus realiza a reconciliação dos homens com Deus e inaugura a Igreja, comunidade dos reconciliados, sinal do Reino no meio da humanidade.

Diante da confissão de fé petrina em Cesaréia, Jesus anuncia o mistério da sua paixão, da sua morte e da sua ressurreição e aplica este mesmo mistério aos seus discípulos. Repetir, hoje, a mesma confissão de Pedro – “Tu és o Cristo” – é reconhecer e assumir as consequências do messianismo de Jesus, “servo-sofredor”. A Igreja é, então, vocacionada a renunciar a todo o triunfalismo político e humano e a viver na obediência à Palavra de Deus e no serviço aos homens. A este respeito o Papa Francisco exorta a Igreja: “Jesus disse aos discípulos: ‘Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga’. Este é o ‘estilo de vida cristã’ porque Jesus foi o primeiro a percorrer este caminho. Nós, então, não podemos pensar na vida cristã fora desta estrada!”.

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11/09/2015 13:56 - Atualizado em 11/09/2015 13:57

A Igreja é chamada, nesta 24ª semana do tempo comum, a refletir sobre o mistério da confissão de fé de Pedro em Cesaréia de Felipe. Segundo o texto do Evangelho de Marcos (8,27-35), Jesus, após ter perguntado aos seus discípulos a opinião dos homens sobre Ele, os questiona também a respeito de sua identidade: na concepção dos primeiros, Jesus é um profeta, e na dos discípulos, é o Messias. O título ‘messias’ carrega sentido salvífico muito denso para se compreender a identidade e a missão do Senhor.

Na esperança do Primeiro Testamento, Deus enviaria um messias para instaurar definitivamente o seu Reino de Paz. Ele seria consagrado pelo Espírito do Senhor para ser o rei, o profeta e o sacerdote do Povo de Israel. É o que se pode ler, por exemplo, nos seguintes oráculos: “Exulta muito, filha de Sião! Grita de alegria filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti: ele é justo e vitorioso, humilde, montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho da jumenta” (Zc 9,9) e “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu: enviou-me a anunciar a boa-nova aos pobres” (Is 61,1). Segundo o catecismo da Igreja Católica, “Jesus realizou a esperança messiânica de Israel em sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei” (CIC 436).

A Igreja apostólica reconheceu que Jesus era o messias prometido por Deus. No texto do Novo Testamento, encontram-se muitas passagens nas quais o título de messias está aplicado a Jesus. O termo hebraico ‘messias’ abre lugar para o seu correlato grego ‘cristo’. Desde o nascimento de Jesus, este título – “cristo” – serve para identificar o filho de Maria: “Nasceu-vos hoje um salvador; que é o Cristo-Senhor!” (Lc 2,11). No Batismo de Jesus, no rio Jordão, o Espírito Santo desce sobre Ele para que possa proclamar a boa-nova a Israel: “Deus ungiu a Jesus com o Espírito Santo e com poder, e ele passou fazendo o bem e curando” (At 10,38). Na sinagoga de Nazaré, Ele afirma que o oráculo messiânico de Isaias está sendo realizado na sua vida e no seu ministério (cf. Lc 4,18). Até os pagãos reconhecem o messianismo de Jesus: “Senhor, filho de Davi”, diz a mulher cananéia (Mt 15,22). Por ocasião da entrada de Jesus em Jerusalém, a multidão aclamava: “Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” (Mt 21,9).

Embora Jesus tenha aceitado o título de messias-cristo, Ele não o faz sem reservas: evitou qualquer traço de índole política e humana do termo, revelando uma concepção messiânica diferente daquela dos seus contemporâneos. Sua identidade e sua missão como o ungido estavam relacionadas com a figura do “servo-sofredor”, apresentada em Isaías (cf. Is 42,1-4; 49,1-6; 50,4-9; 52,13 – 53,12). O messianismo de Jesus é a recepção da unção do Espírito Santo para anunciar e efetivar o Evangelho da Salvação. Na sua entrega de amor na Cruz, o Cristo Jesus realiza a reconciliação dos homens com Deus e inaugura a Igreja, comunidade dos reconciliados, sinal do Reino no meio da humanidade.

Diante da confissão de fé petrina em Cesaréia, Jesus anuncia o mistério da sua paixão, da sua morte e da sua ressurreição e aplica este mesmo mistério aos seus discípulos. Repetir, hoje, a mesma confissão de Pedro – “Tu és o Cristo” – é reconhecer e assumir as consequências do messianismo de Jesus, “servo-sofredor”. A Igreja é, então, vocacionada a renunciar a todo o triunfalismo político e humano e a viver na obediência à Palavra de Deus e no serviço aos homens. A este respeito o Papa Francisco exorta a Igreja: “Jesus disse aos discípulos: ‘Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga’. Este é o ‘estilo de vida cristã’ porque Jesus foi o primeiro a percorrer este caminho. Nós, então, não podemos pensar na vida cristã fora desta estrada!”.

Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida