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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Só Ele tem "palavras de vida eterna!"

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Só Ele tem "palavras de vida eterna!"

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21/08/2015 14:36 - Atualizado em 21/08/2015 14:36

Só Ele tem "palavras de vida eterna!" 0

21/08/2015 14:36 - Atualizado em 21/08/2015 14:36

A oração coleta desta Missa é um excelente caminho para se começar a homilia. Ela assevera: “Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.” Esta oração se divide em uma afirmação e uma súplica. A afirmação é que Deus une os corações dos fieis “num só desejo”. De fato, cada um chega à celebração eucarística movido por muitos desejos, fruto das necessidades quotidianas: econômicas, relacionais, de saúde física etc... Contudo, a celebração em si deve levar os fiéis a passar dos “diversos desejos” para o “único desejo”, que não é outro senão o da posse do céu, desejo plantado por Deus no coração humano desde a sua criação. A súplica é dúplice: “amar” os mandamentos e “esperar” a promessa de Deus, fixando o coração onde se encontra a verdadeira alegria. Obedecer, mas por amor, os mandamentos de Deus e, assim, “esperar” a realização plena da sua promessa, que outra coisa não é senão a posse da vida eterna.

A primeira leitura nos apresenta a assembleia de Siquém. Josué assume a função de Moisés e, com a morte deste último, se torna o grande líder do povo. Aqui nesta passagem Josué coloca diante o povo a necessidade de se tomar uma decisão: seguir ou não a Deus; adorá-lo ou adorar aos antigos e falsos deuses. Antes mesmo de ouvir uma resposta do povo, Josué manifesta a sua opção, opção esta que ele faz por si e pelo seu clã: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (cf. Js 2,15). O povo, por sua vez, opta por servir ao Senhor, e o motivo é a recordação da Páscoa: “...ele mesmo, é quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão” (cf. Js 2,17).

Semelhante decisão por servir ou não ao verdadeiro Deus deve ser tomada pelos apóstolos no trecho do evangelho de hoje. Ouvimos hoje um trecho do “discurso do Pão da Vida” presente em João 6. Depois que Jesus afirmou ser necessário comer a sua carne e beber o seu sangue, muitos o abandonaram, pois acharam a palavra por Ele dita uma palavra “dura”. Também muitos discípulos que até então o haviam seguido, deixaram de segui-lo. Neste momento Jesus vai se dirigir aos doze e, longe de voltar atrás no que disse para simplesmente cativar a simpatia desses, Jesus lhes pergunta: “Vós também vos quereis ir embora?” (cf. Jo 6, 67) Jesus não está disposto a voltar atrás no que disse. O seu objetivo não é fazer discípulos a qualquer preço, mas é fazer discípulos que queiram seguir a verdade dos seus ensinamentos. Pedro é quem vai responder à pergunta e Jesus, dando vós ao coro dos apóstolos: “A quem iremos Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. O mesmo apóstolo termina dizendo: “Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.

Na primeira leitura o povo se decide por seguir YHWH porque reconhece que Ele é o verdadeiro Deus, em virtude das maravilhas operadas quando da libertação do Egito. Aqui, os apóstolos se decidem a seguir Jesus, porque reconhecem nele o Santo de Deus, que tem “palavras de vida eterna”. Nesta cena do Evangelho poderíamos imaginar o que se passa no coração de Pedro. É claro que também para os doze aquela palavra era dura, difícil de ser entendida. Todavia, contra toda lógica falava mais alto o que eles sentiam, ou seja, que as palavras do Mestre eram palavras que prometiam aquilo o que os seus corações mais desejavam. As palavras de Jesus eram palavras cheias de promessa de eternidade e isso eles não haviam encontrado em outro lugar, por isso se aventuram no seguimento de Cristo.

Também a cada um que hoje participa da assembleia eucarística é pergunta: “A quem quereis servir?” ou ainda “Não quereis também vós ir embora?” Nosso Deus é um Deus ciumento, que não admite dividir a adoração que é devida só a Ele com outros falsos deuses (1ª leitura); para segui-lo é preciso empenhar a própria vida (evangelho); por isso, é necessário dar uma resposta, mas uma resposta consciente e madura, como foi o a de Josué, com foi a de Pedro.

A segunda leitura, como a de se notar, não está tematicamente relacionada com a primeira leitura nem com o evangelho. Isso é comum, uma vez que esta leitura é uma lectio cursiva, ou seja, uma leitura contínua de uma determinada epístola ou outro escrito no Novo Testamento. Todavia, para os que quiserem tangenciar o tema aqui referido é importante lembrar que Paulo entende o matrimônio cristão como mistério, ou seja, como uma imagem da união de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5,32). Se assim é o matrimônio cristão, logo tudo o que se aplica à união de Cristo e da sua esposa, a Igreja, se aplica também ao convívio dos cônjuges. Os dois devem ser mutuamente solícitos. As mulheres devem ser “submissas aos maridos”, mas não como quem é submisso a um chefe humano, mas como quem é submisso “ao Senhor”, que nada faz que não seja para a alegria da sua esposa, a Igreja. O marido é a “cabeça” da mulher, não porque seja a “parte pensante” como alguns pregadores afirmam. É importante lembrar que a neurociência não estava desenvolvida na época de Paulo, e que a cabeça tinha para com o corpo uma função de serviço. Assim também o esposo deveria “servir” em tudo a sua esposa, dando-lhe a própria vida se necessário fosse, como fez Cristo pela Igreja.

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Só Ele tem "palavras de vida eterna!"

21/08/2015 14:36 - Atualizado em 21/08/2015 14:36

A oração coleta desta Missa é um excelente caminho para se começar a homilia. Ela assevera: “Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.” Esta oração se divide em uma afirmação e uma súplica. A afirmação é que Deus une os corações dos fieis “num só desejo”. De fato, cada um chega à celebração eucarística movido por muitos desejos, fruto das necessidades quotidianas: econômicas, relacionais, de saúde física etc... Contudo, a celebração em si deve levar os fiéis a passar dos “diversos desejos” para o “único desejo”, que não é outro senão o da posse do céu, desejo plantado por Deus no coração humano desde a sua criação. A súplica é dúplice: “amar” os mandamentos e “esperar” a promessa de Deus, fixando o coração onde se encontra a verdadeira alegria. Obedecer, mas por amor, os mandamentos de Deus e, assim, “esperar” a realização plena da sua promessa, que outra coisa não é senão a posse da vida eterna.

A primeira leitura nos apresenta a assembleia de Siquém. Josué assume a função de Moisés e, com a morte deste último, se torna o grande líder do povo. Aqui nesta passagem Josué coloca diante o povo a necessidade de se tomar uma decisão: seguir ou não a Deus; adorá-lo ou adorar aos antigos e falsos deuses. Antes mesmo de ouvir uma resposta do povo, Josué manifesta a sua opção, opção esta que ele faz por si e pelo seu clã: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (cf. Js 2,15). O povo, por sua vez, opta por servir ao Senhor, e o motivo é a recordação da Páscoa: “...ele mesmo, é quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão” (cf. Js 2,17).

Semelhante decisão por servir ou não ao verdadeiro Deus deve ser tomada pelos apóstolos no trecho do evangelho de hoje. Ouvimos hoje um trecho do “discurso do Pão da Vida” presente em João 6. Depois que Jesus afirmou ser necessário comer a sua carne e beber o seu sangue, muitos o abandonaram, pois acharam a palavra por Ele dita uma palavra “dura”. Também muitos discípulos que até então o haviam seguido, deixaram de segui-lo. Neste momento Jesus vai se dirigir aos doze e, longe de voltar atrás no que disse para simplesmente cativar a simpatia desses, Jesus lhes pergunta: “Vós também vos quereis ir embora?” (cf. Jo 6, 67) Jesus não está disposto a voltar atrás no que disse. O seu objetivo não é fazer discípulos a qualquer preço, mas é fazer discípulos que queiram seguir a verdade dos seus ensinamentos. Pedro é quem vai responder à pergunta e Jesus, dando vós ao coro dos apóstolos: “A quem iremos Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. O mesmo apóstolo termina dizendo: “Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.

Na primeira leitura o povo se decide por seguir YHWH porque reconhece que Ele é o verdadeiro Deus, em virtude das maravilhas operadas quando da libertação do Egito. Aqui, os apóstolos se decidem a seguir Jesus, porque reconhecem nele o Santo de Deus, que tem “palavras de vida eterna”. Nesta cena do Evangelho poderíamos imaginar o que se passa no coração de Pedro. É claro que também para os doze aquela palavra era dura, difícil de ser entendida. Todavia, contra toda lógica falava mais alto o que eles sentiam, ou seja, que as palavras do Mestre eram palavras que prometiam aquilo o que os seus corações mais desejavam. As palavras de Jesus eram palavras cheias de promessa de eternidade e isso eles não haviam encontrado em outro lugar, por isso se aventuram no seguimento de Cristo.

Também a cada um que hoje participa da assembleia eucarística é pergunta: “A quem quereis servir?” ou ainda “Não quereis também vós ir embora?” Nosso Deus é um Deus ciumento, que não admite dividir a adoração que é devida só a Ele com outros falsos deuses (1ª leitura); para segui-lo é preciso empenhar a própria vida (evangelho); por isso, é necessário dar uma resposta, mas uma resposta consciente e madura, como foi o a de Josué, com foi a de Pedro.

A segunda leitura, como a de se notar, não está tematicamente relacionada com a primeira leitura nem com o evangelho. Isso é comum, uma vez que esta leitura é uma lectio cursiva, ou seja, uma leitura contínua de uma determinada epístola ou outro escrito no Novo Testamento. Todavia, para os que quiserem tangenciar o tema aqui referido é importante lembrar que Paulo entende o matrimônio cristão como mistério, ou seja, como uma imagem da união de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5,32). Se assim é o matrimônio cristão, logo tudo o que se aplica à união de Cristo e da sua esposa, a Igreja, se aplica também ao convívio dos cônjuges. Os dois devem ser mutuamente solícitos. As mulheres devem ser “submissas aos maridos”, mas não como quem é submisso a um chefe humano, mas como quem é submisso “ao Senhor”, que nada faz que não seja para a alegria da sua esposa, a Igreja. O marido é a “cabeça” da mulher, não porque seja a “parte pensante” como alguns pregadores afirmam. É importante lembrar que a neurociência não estava desenvolvida na época de Paulo, e que a cabeça tinha para com o corpo uma função de serviço. Assim também o esposo deveria “servir” em tudo a sua esposa, dando-lhe a própria vida se necessário fosse, como fez Cristo pela Igreja.

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida