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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Pão descido do céu

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17 de Maio de 2024

Pão descido do céu

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26/07/2015 00:00

Pão descido do céu 0

26/07/2015 00:00

“Vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fartura” (Sl 144,16)

A primeira leitura, que nos relata o milagre da multiplicação dos pães de cevada operada pelo profeta Elias, é um sinal de uma realidade mais perfeita que virá. Cristo, no Evangelho, não somente realiza um milagre semelhante ao do profeta, mas o realiza de forma nova e inaudita. Vejamos os detalhes espirituais desse Evangelho.

Em primeiro lugar uma grande multidão segue Jesus, “porque via os sinais que ele operava em favor dos doentes”. A multidão segue Jesus não porque entende quem Ele é, mas por causa dos “sinais” que Ele realizava. Essa pobre multidão não conseguia enxergar através dos sinais. A morte e a doença, introduzidas no mundo em virtude do pecado, incomodam o homem, que sente em si o desejo de eternidade. Corremos atrás então de paliativos, queremos ser curados das nossas enfermidades.

A atuação taumatúrgica de Jesus aparece como um prato cheio. Mas, Jesus não quer somente nos dar paliativos, nem aperitivos, pois Ele nos prepara um banquete. A missão de Jesus não é a de um curandeiro, a de um milagreiro. Jesus vem para curar e restaurar o homem por dentro e conduzi-lo para uma vida plena no Reino do Pai e não simplesmente uma vida longa nesta esfera temporal e caduca. Neste contexto encontra-se o grande sinal que Jesus realiza, quando no dizer do evangelista “estava próxima a Páscoa”.

Estando próxima a sua “Páscoa” Jesus realiza um sinal prefigurativo que nos dá a entender o que será a Páscoa. Neste contexto se insere o grande banquete que o Cristo realiza. Ele faz os homens sentarem-se e um menino lhe traz “cinco pães de cevada” e “dois peixes”. O número reduzido de dons quer aqui especificar a grandeza do milagre que Cristo irá realizar, maior que o de Elias que multiplicou “20 pães”. O pão de cevada tem um duplo significado: é o pão dos pobres, porque a cevada é mais barata que o trigo; mas o pão de cevada é também o pão das primícias que é oferecido a Deus, porque a cevada é colhida primeiro que o trigo. É esse alimento simples e divino que o Cristo oferece ao Pai. A união da pobreza humana com o dom divino. O Cristo realiza o milagre não com gestos portentosos, mas com uma “oração de louvor - berakah”. Jesus faz uma “eucaristia”, uma ação de graças ao Pai, e Ele mesmo distribui os pães aos que estavam sentados.

Quando participamos da celebração eucarística participamos da oração de louvor por excelência, onde o Filho glorifica ao Pai com o seu sacrifício na cruz por todos os homens. Não podemos participar da Eucaristia sem nos tornarmos homens e mulheres da “bênção”. Comungamos a Eucaristia para nos tornarmos Eucaristia, para nos tornarmos uma bênção, uma oração de louvor viva.

Os apóstolos, enfim, enchem ainda doze cestos com as sobras dos pães. Essa “sobra” significa a superabundância do dom divino, que nos alimenta, nos sacia e ainda sobra. No milagre operado por Elias as pessoas comeram e ficaram saciadas. Aqui os homens comem, ficam saciados e ainda sobra. Jesus vai mais adiante para explicar o sentido desse milagre. Ele é o “verdadeiro pão descido do céu”.

Cristo sacia nossa fome de forma plena, porque sacia não somente a fome do corpo, mas a nossa fome de eternidade. Nos dando a comer o seu Corpo e a beber o seu Sangue Ele nos faz participar da sua vida e nos guarda para a vida eterna, como reza a oração sobre as oferendas de hoje: “Acolhei, ó Pai, os dons que recebemos da vossa bondade e trazemos a este altar. Fazei que estes sagrados mistérios, pela força da vossa graça, nos santifiquem (separem) na vida presente e nos conduzam à eterna alegria.” Jesus é o trigo que será moído e triturado (morte de cruz) para se tornar o puro “pão descido do céu” que sacia a nossa fome.

Todavia o Evangelho de hoje nos mostra que os homens continuavam cegos. Eles queriam fazer Jesus rei, mas um rei político, não um rei como de fato Ele é. Os que comeram e ficaram saciados não conseguiram sair da esfera temporal e por isso Jesus se retira, para o monte, para estar com o Pai. Jesus não procura uma glória desse mundo, Ele não precisa da glória dos homens, pois Ele vive da glória do Pai.

O pão do céu está aqui hoje. Cada vez que apresentamos os dons do pão e do vinho o Pai envia o Espírito Santo que os “eucaristiza”, ou seja, que os torna Cristo para nós. Sejamos homens e mulheres verdadeiramente eucarísticos, ou seja, que bendizem, que fazem da sua vida uma oblação, que são capazes de se deixar moer e triturar para se tornar pão de Deus.

É a Eucaristia quem faz a Igreja. Somos um só “Corpo” porque comemos de um único “Pão” como nos ensina São Paulo: “Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão.” (1Cor 10,17) É a partir dessa consciência que podemos viver o que nos exorta o mesmo apóstolo Paulo na segunda leitura: “suportar-nos com paciência no amor”.

Vejam o sentido da imagem que o apóstolo usa. Nós somos um único Corpo, mas somos também um templo, um edifício espiritual. Suportar-nos significa sermos como as pedras do templo, que se suportam umas as outras a fim de que a estrutura se mantenha. Assim nós, quais pedras vivas, precisamos suportar-nos, sustentar-nos, para que o edifício espiritual que é a Igreja se mantenha, para que o Corpo continue unido.

Que cada Domingo seja para nós também um Dia da Igreja, como tão bem nos ensinou São João Paulo II, de saudosa e feliz memória, na sua encíclica Dies Domini, sobre o Domingo, dia do Senhor. Que reunidos em torno da mesa da Palavra e da mesa eucarística, deixemos que realize o milagre da unidade e nós que comemos do mesmo pão e bebemos do mesmo cálice, justamente para sermos um só em Cristo Jesus.

 

26 de Julho

17º Domingo do Tempo Comum

2Rs 4,42-44

Sl 144

Ef 4,1-6

Jo 6,1-15

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Pão descido do céu

26/07/2015 00:00

“Vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fartura” (Sl 144,16)

A primeira leitura, que nos relata o milagre da multiplicação dos pães de cevada operada pelo profeta Elias, é um sinal de uma realidade mais perfeita que virá. Cristo, no Evangelho, não somente realiza um milagre semelhante ao do profeta, mas o realiza de forma nova e inaudita. Vejamos os detalhes espirituais desse Evangelho.

Em primeiro lugar uma grande multidão segue Jesus, “porque via os sinais que ele operava em favor dos doentes”. A multidão segue Jesus não porque entende quem Ele é, mas por causa dos “sinais” que Ele realizava. Essa pobre multidão não conseguia enxergar através dos sinais. A morte e a doença, introduzidas no mundo em virtude do pecado, incomodam o homem, que sente em si o desejo de eternidade. Corremos atrás então de paliativos, queremos ser curados das nossas enfermidades.

A atuação taumatúrgica de Jesus aparece como um prato cheio. Mas, Jesus não quer somente nos dar paliativos, nem aperitivos, pois Ele nos prepara um banquete. A missão de Jesus não é a de um curandeiro, a de um milagreiro. Jesus vem para curar e restaurar o homem por dentro e conduzi-lo para uma vida plena no Reino do Pai e não simplesmente uma vida longa nesta esfera temporal e caduca. Neste contexto encontra-se o grande sinal que Jesus realiza, quando no dizer do evangelista “estava próxima a Páscoa”.

Estando próxima a sua “Páscoa” Jesus realiza um sinal prefigurativo que nos dá a entender o que será a Páscoa. Neste contexto se insere o grande banquete que o Cristo realiza. Ele faz os homens sentarem-se e um menino lhe traz “cinco pães de cevada” e “dois peixes”. O número reduzido de dons quer aqui especificar a grandeza do milagre que Cristo irá realizar, maior que o de Elias que multiplicou “20 pães”. O pão de cevada tem um duplo significado: é o pão dos pobres, porque a cevada é mais barata que o trigo; mas o pão de cevada é também o pão das primícias que é oferecido a Deus, porque a cevada é colhida primeiro que o trigo. É esse alimento simples e divino que o Cristo oferece ao Pai. A união da pobreza humana com o dom divino. O Cristo realiza o milagre não com gestos portentosos, mas com uma “oração de louvor - berakah”. Jesus faz uma “eucaristia”, uma ação de graças ao Pai, e Ele mesmo distribui os pães aos que estavam sentados.

Quando participamos da celebração eucarística participamos da oração de louvor por excelência, onde o Filho glorifica ao Pai com o seu sacrifício na cruz por todos os homens. Não podemos participar da Eucaristia sem nos tornarmos homens e mulheres da “bênção”. Comungamos a Eucaristia para nos tornarmos Eucaristia, para nos tornarmos uma bênção, uma oração de louvor viva.

Os apóstolos, enfim, enchem ainda doze cestos com as sobras dos pães. Essa “sobra” significa a superabundância do dom divino, que nos alimenta, nos sacia e ainda sobra. No milagre operado por Elias as pessoas comeram e ficaram saciadas. Aqui os homens comem, ficam saciados e ainda sobra. Jesus vai mais adiante para explicar o sentido desse milagre. Ele é o “verdadeiro pão descido do céu”.

Cristo sacia nossa fome de forma plena, porque sacia não somente a fome do corpo, mas a nossa fome de eternidade. Nos dando a comer o seu Corpo e a beber o seu Sangue Ele nos faz participar da sua vida e nos guarda para a vida eterna, como reza a oração sobre as oferendas de hoje: “Acolhei, ó Pai, os dons que recebemos da vossa bondade e trazemos a este altar. Fazei que estes sagrados mistérios, pela força da vossa graça, nos santifiquem (separem) na vida presente e nos conduzam à eterna alegria.” Jesus é o trigo que será moído e triturado (morte de cruz) para se tornar o puro “pão descido do céu” que sacia a nossa fome.

Todavia o Evangelho de hoje nos mostra que os homens continuavam cegos. Eles queriam fazer Jesus rei, mas um rei político, não um rei como de fato Ele é. Os que comeram e ficaram saciados não conseguiram sair da esfera temporal e por isso Jesus se retira, para o monte, para estar com o Pai. Jesus não procura uma glória desse mundo, Ele não precisa da glória dos homens, pois Ele vive da glória do Pai.

O pão do céu está aqui hoje. Cada vez que apresentamos os dons do pão e do vinho o Pai envia o Espírito Santo que os “eucaristiza”, ou seja, que os torna Cristo para nós. Sejamos homens e mulheres verdadeiramente eucarísticos, ou seja, que bendizem, que fazem da sua vida uma oblação, que são capazes de se deixar moer e triturar para se tornar pão de Deus.

É a Eucaristia quem faz a Igreja. Somos um só “Corpo” porque comemos de um único “Pão” como nos ensina São Paulo: “Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão.” (1Cor 10,17) É a partir dessa consciência que podemos viver o que nos exorta o mesmo apóstolo Paulo na segunda leitura: “suportar-nos com paciência no amor”.

Vejam o sentido da imagem que o apóstolo usa. Nós somos um único Corpo, mas somos também um templo, um edifício espiritual. Suportar-nos significa sermos como as pedras do templo, que se suportam umas as outras a fim de que a estrutura se mantenha. Assim nós, quais pedras vivas, precisamos suportar-nos, sustentar-nos, para que o edifício espiritual que é a Igreja se mantenha, para que o Corpo continue unido.

Que cada Domingo seja para nós também um Dia da Igreja, como tão bem nos ensinou São João Paulo II, de saudosa e feliz memória, na sua encíclica Dies Domini, sobre o Domingo, dia do Senhor. Que reunidos em torno da mesa da Palavra e da mesa eucarística, deixemos que realize o milagre da unidade e nós que comemos do mesmo pão e bebemos do mesmo cálice, justamente para sermos um só em Cristo Jesus.

 

26 de Julho

17º Domingo do Tempo Comum

2Rs 4,42-44

Sl 144

Ef 4,1-6

Jo 6,1-15

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida