Arquidiocese do Rio de Janeiro

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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Nos escolheu por amor

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Cristo nos amou com o mesmo amor com o qual foi amado pelo Pai: um amor crucificado! Assim como o Pai se esvazia na eternidade, realiza a sua kénose, o seu esvaziamento eterno de amor para gerar o Filho, assim o Filho realiza a sua kénose no tempo, para salvar a obra da criação operada pelo Pai. O Pai ama o Filho com um amor crucificado, com um amor que consiste em esvaziar-se para que o Outro seja. O Filho nos ama com um amor crucificado, com um amor que consiste em morrer para que outros tenham vida e vida em abundância. O Senhor Jesus nos convida hoje a permanecermos nesse amor. Não se trata somente de permanecer na fé, mas de permanecer no amor, nesse amor crucificado que é a vida da Trindade, pois do esvaziamento mútuo do Pai e do Filho procede o Espírito Santo, “Senhor e doador de Vida” como rezamos no Credo Niceno-Constantinopolitano. Permanecer nesse amor, todavia, não é da ordem do sentimento, mas consiste numa atitude objetiva: só permanece no amor quem guarda os mandamentos, assim como Cristo guardou os mandamentos do Pai e permanece em seu amor. Permanecer no amor da Trindade significa guardar a Palavra, conhecer a vontade salvífica de Deus revelada para nós através da sua Palavra. Permanecer no amor é manter-se em atitude de obediência (ob-audire: ouvir diante de...). Permanecer no amor é colocar-se diante d’Ele para ouvi-lo. Só pode obedecer quem primeiro ouve. 

Nos parece, todavia, que permanecer nos mandamentos, que ouvir a Palavra, é demasiado duro. Muitas vezes não queremos ouvir a Palavra, relutamos em segui-la. Isso acontece porque estamos imersos no pecado, que é a ausência de amor. Precisamos deixar que o Espírito Santo nos mergulhe no amor trinitário. Por estarmos imersos no pecado cada vez que nos confrontamos com a Palavra parece que somos feridos por ela, uma espécie de morte nos atinge, mas é uma morte vivificante, porque a promessa para aqueles que guardam a Palavra é a promessa de uma alegria plena, a alegria do Cristo. Assim como o Cristo se regozija em guardar os mandamentos do Pai, assim também nós na medida em que nos identificamos com Cristo nos regozijaremos por guardar a Palavra, como alguém que andava no escuro e agora, ao acender a luz, esta fere um pouco seus olhos, mas depois a alegria invade o coração, porque você começa a perceber cores, matizes, formas, você a ver o que antes não via.

Porque o Pai ama o Filho e o Filho, com o amor recebido do Pai, nos doa seu amor nós também devemos amar-nos uns outros: eis o grande mandamento! O amor de Deus é mais alto que os céus, como nos diz o salmo 56, como podemos amar como Cristo? A melhor tradução seria: “com o mesmo amor com que vos amei amai-vos uns aos outros!” Nós recebemos de Cristo o amor e, por isso, devemos amar os outros com o amor que dele recebemos. Isso nos lembra a passagem de Jo 13,35: Nisto todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uma aos outros. Assim como na cruz de Cristo reconhecemos o amor do Pai por nós, também os irmãos devem reconhecer em nossos gestos o amor de Cristo. Sabemos que Cristo é do Pai pelo amor que nos demonstrou. As nações saberão que somos discípulos de Cristo pela qualidade do amor que demonstrarmos. Cristo assumiu a nossa humanidade justamente para isso: para nos capacitar a amar até o extremo de dar a própria vida. Cristo morreu voluntariamente por aqueles a quem ele chama de amigos. Cristo se fez o amigo dos homens, de todos os homens. Ele é o verdadeiro “filantropo”. Ele dá a sua vida por todos, mesmo por aqueles que não o aceitam, que não recebem a sua amizade, o seu amor. Cristo se fez amigo de todos: isto é um fato. Todavia, nem todos os homens querem ser amigos de Cristo. Somente aquele que guarda os seus mandamentos, aquele que faz o que ele manda, é que é seu amigo. Cristo se faz nosso amigo. Ele já não nos chama de servos. Ser servo de Deus é uma grande coisa. Maria disse ao anjo: Eis aqui a serva do Senhor. Contudo, ao nos revelar o amor do Pai assumindo a nossa humanidade e morrendo por nós na cruz Cristo nos tornou seus amigos, não mais simplesmente servos. Somos amigos, porque fomos admitidos à intimidade trinitária: tudo o que Cristo ouviu do Pai Ele nos transmitiu. Cristo nos introduz no divino segredo da vida divina. Somos chamados a, como Cristo, dar a vida pelos amigos. Primeiro precisamos entender quem são os amigos pelos quais devemos dar a vida e depois devemos entender o que é dar a vida. Os amigos são todos os homens. Em Cristo, conforme nos ensina a Santa Palavra de Deus, foi destruído o muro de inimizade que nos separava de Deus e dos irmãos. Portanto, todos são nossos amigos, até aqueles que rejeitam a nossa amizade e que se contrapõem a nós. Assim como Cristo chama de amigos a todos, até mesmo aqueles que o entregaram, também nós sabemo-nos amigos, irmãos de todos os homens: bons e maus. Por eles devemos dar a vida. Dar a vida nem sempre significa morrer fisicamente. Muitas vezes damos a vida, morremos de algum modo, quando nos rejeitamos a pagar ofensa com ofensa, violência com violência, o mal com o mal. Quando na maldição abençoamos e na violência levamos a paz parece que morremos. As pessoas até nos criticam e nos apontam como tolas, como se estivéssemos morrendo. Mas, devemos estar atentos e perceber para que realidades estamos morrendo. Que bela morte a do que morre para a maldição, para a violência, para o pecado! Quem morre para essas realidades nasce para a vida, ressuscita com Cristo! Dar a vida significa também doar-se totalmente, em primeiro lugar ao amigo por excelência, Cristo, e depois doar-se a todos aqueles a quem o nosso Amigo Divino nos enviar.

Esse evangelho retrata ainda para nós a gratuidade da eleição divina. Nos lembra Dt 7,7-8: “Se Adonai se afeiçoou a vós e vos escolheu, não é por serdes o mais numeroso de todos os povos, já que sois o menor dentre eles. O motivo é, na verdade, que Adonai vos ama.” Que alegria saber que Deus nos escolheu por amor. Aqui está o fundamento da humildade cristã: o amor de Deus. Não nos vangloriamos de nada, porque nossos méritos não contam como critério para a escolha que Deus faz. Deus nos escolheu porque nos ama, e nós devemos viver da contemplação desse mistério de amor. Ele nos escolheu porque nos ama e, justamente porque nos ama, quer nos ver caminhando, quer que produzamos fruto e frutos que permaneçam. Somos ramos dessa videira que é Cristo, nos lembrava o evangelho da semana passada. Cristo é a única videira, nos diz São João com o grego àmpelos. Nós somos os ramos dessa planta única. Como ramos de Cristo só podemos produzir na nossa vida os frutos de Cristo: cruz e ressurreição; entrega e vida nova; morte que gera vida.

A Palavra de hoje nos mostra a unidade que há entre Deus e nós. O Pai ama o Filho, se esvazia para que Ele exista. O Filho, repleto do amor do Pai o distribui aos homens, encarnando-se e realizando a sua Páscoa; e o mesmo Filho nos escolhe, para que assim como Ele é o sinal do amor do Pai nós sejamos sinais vivos (sacramentos) do seu amor no meio da humanidade. O Pai, pelo Filho, no Espírito Santo, santifica a Igreja (com seu amor) e, por ela, o mundo, nos diz Puebla 917. Santificamos o mundo sendo a manifestação viva do amor de Cristo.

Quem vive assim pode pedir qualquer coisa em nome de Cristo que o Pai lhe concederá. Mas, se essa palavra é verdadeira - e nós assim cremos que ela seja, de fato, verdadeira – porque pedimos ao Pai tantas coisas e estas não se realizam? Pedimos curas, emprego... Precisamos entender o que significa pedir “em nome” de Cristo. Não se trata de usar o nome de Cristo como uma palavra mágica, que nos fará arrancar do Pai o que queremos. O Nome, no contexto semita, significa a própria pessoa. Pedir “em nome” de Cristo significa primeiro tornar-se como Cristo, através da meditação da Palavra e dos sacramentos. Para pedir em nome de Cristo, ou seja, para pedir como Ele pediria, primeiro eu preciso me configurar a Ele. Por isso, a primeira oração que devemos aprender não é a petição. Por isso esse evangelho não diz que a primeira coisa é pedir. Precisamos primeiro permanecer em Cristo, permanecer em seus mandamentos, identificarmo-nos com Ele, vivermos em unidade com Ele. Quando assim for, o Pai reconhecerá nos nossos pedidos a voz do Filho e Ele nos concederá tudo o que pedirmos. Nossos pedimos não são atendidos porque pedimos mal, para satisfazer desejos de vingança, para a própria ganância, para imediatismos, para ter o máximo de prazer nesta vida. O Pai não reconhece na nossa voz a voz do seu Filho. Cristo não fez a opção pelo máximo de prazer nesta vida. Por isso, quando nosso pedido reflete a busca do máximo de prazer nesta vida esse não é um pedido feito em nome de Jesus, porque Ele jamais pediu isso. Ao contrário, mesmo diante do sofrimento iminente Ele disse: faça-se a tua vontade! Precisamos aprender a pedir como Cristo, a unir a nossa vontade com a do Pai e, assim, tudo o que pedirmos Ele nos concederá.

Cristo nos ordena: amai-vos uns aos outros. A característica que marca o amor é a gratuidade. O amor não tem motivos para amar. Deus não tem porque nos amar, mas Ele nos ama! Nós, que recebemos de Deus esse amor devemos dá-lo também aos outros. Não é o nosso amor que estamos levando, mas o de Deus. Podemos até não ter um amor nosso para dar, mas devemos sempre levar o amor de Deus que recebemos em Cristo. Aos poucos, o nosso coração vai se tornando como o d’Ele e tudo o que é d’Ele passa para nós e começamos também a amar como Ele ama. Deus é amor. Se ousamos dizer que o conhecemos, devemos provar com a vida que, de fato, o conhecemos, amando-nos uns aos outros.

Sexto Domingo da Páscoa

1ª Leitura: At 10,25-26.34-35.44-48
Sl 97
2ª Leitura: 1 Jo 4,7-10
Evangelho: Jo 15,9-17

 

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Cristo nos amou com o mesmo amor com o qual foi amado pelo Pai: um amor crucificado! Assim como o Pai se esvazia na eternidade, realiza a sua kénose, o seu esvaziamento eterno de amor para gerar o Filho, assim o Filho realiza a sua kénose no tempo, para salvar a obra da criação operada pelo Pai. O Pai ama o Filho com um amor crucificado, com um amor que consiste em esvaziar-se para que o Outro seja. O Filho nos ama com um amor crucificado, com um amor que consiste em morrer para que outros tenham vida e vida em abundância. O Senhor Jesus nos convida hoje a permanecermos nesse amor. Não se trata somente de permanecer na fé, mas de permanecer no amor, nesse amor crucificado que é a vida da Trindade, pois do esvaziamento mútuo do Pai e do Filho procede o Espírito Santo, “Senhor e doador de Vida” como rezamos no Credo Niceno-Constantinopolitano. Permanecer nesse amor, todavia, não é da ordem do sentimento, mas consiste numa atitude objetiva: só permanece no amor quem guarda os mandamentos, assim como Cristo guardou os mandamentos do Pai e permanece em seu amor. Permanecer no amor da Trindade significa guardar a Palavra, conhecer a vontade salvífica de Deus revelada para nós através da sua Palavra. Permanecer no amor é manter-se em atitude de obediência (ob-audire: ouvir diante de...). Permanecer no amor é colocar-se diante d’Ele para ouvi-lo. Só pode obedecer quem primeiro ouve. 

Nos parece, todavia, que permanecer nos mandamentos, que ouvir a Palavra, é demasiado duro. Muitas vezes não queremos ouvir a Palavra, relutamos em segui-la. Isso acontece porque estamos imersos no pecado, que é a ausência de amor. Precisamos deixar que o Espírito Santo nos mergulhe no amor trinitário. Por estarmos imersos no pecado cada vez que nos confrontamos com a Palavra parece que somos feridos por ela, uma espécie de morte nos atinge, mas é uma morte vivificante, porque a promessa para aqueles que guardam a Palavra é a promessa de uma alegria plena, a alegria do Cristo. Assim como o Cristo se regozija em guardar os mandamentos do Pai, assim também nós na medida em que nos identificamos com Cristo nos regozijaremos por guardar a Palavra, como alguém que andava no escuro e agora, ao acender a luz, esta fere um pouco seus olhos, mas depois a alegria invade o coração, porque você começa a perceber cores, matizes, formas, você a ver o que antes não via.

Porque o Pai ama o Filho e o Filho, com o amor recebido do Pai, nos doa seu amor nós também devemos amar-nos uns outros: eis o grande mandamento! O amor de Deus é mais alto que os céus, como nos diz o salmo 56, como podemos amar como Cristo? A melhor tradução seria: “com o mesmo amor com que vos amei amai-vos uns aos outros!” Nós recebemos de Cristo o amor e, por isso, devemos amar os outros com o amor que dele recebemos. Isso nos lembra a passagem de Jo 13,35: Nisto todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uma aos outros. Assim como na cruz de Cristo reconhecemos o amor do Pai por nós, também os irmãos devem reconhecer em nossos gestos o amor de Cristo. Sabemos que Cristo é do Pai pelo amor que nos demonstrou. As nações saberão que somos discípulos de Cristo pela qualidade do amor que demonstrarmos. Cristo assumiu a nossa humanidade justamente para isso: para nos capacitar a amar até o extremo de dar a própria vida. Cristo morreu voluntariamente por aqueles a quem ele chama de amigos. Cristo se fez o amigo dos homens, de todos os homens. Ele é o verdadeiro “filantropo”. Ele dá a sua vida por todos, mesmo por aqueles que não o aceitam, que não recebem a sua amizade, o seu amor. Cristo se fez amigo de todos: isto é um fato. Todavia, nem todos os homens querem ser amigos de Cristo. Somente aquele que guarda os seus mandamentos, aquele que faz o que ele manda, é que é seu amigo. Cristo se faz nosso amigo. Ele já não nos chama de servos. Ser servo de Deus é uma grande coisa. Maria disse ao anjo: Eis aqui a serva do Senhor. Contudo, ao nos revelar o amor do Pai assumindo a nossa humanidade e morrendo por nós na cruz Cristo nos tornou seus amigos, não mais simplesmente servos. Somos amigos, porque fomos admitidos à intimidade trinitária: tudo o que Cristo ouviu do Pai Ele nos transmitiu. Cristo nos introduz no divino segredo da vida divina. Somos chamados a, como Cristo, dar a vida pelos amigos. Primeiro precisamos entender quem são os amigos pelos quais devemos dar a vida e depois devemos entender o que é dar a vida. Os amigos são todos os homens. Em Cristo, conforme nos ensina a Santa Palavra de Deus, foi destruído o muro de inimizade que nos separava de Deus e dos irmãos. Portanto, todos são nossos amigos, até aqueles que rejeitam a nossa amizade e que se contrapõem a nós. Assim como Cristo chama de amigos a todos, até mesmo aqueles que o entregaram, também nós sabemo-nos amigos, irmãos de todos os homens: bons e maus. Por eles devemos dar a vida. Dar a vida nem sempre significa morrer fisicamente. Muitas vezes damos a vida, morremos de algum modo, quando nos rejeitamos a pagar ofensa com ofensa, violência com violência, o mal com o mal. Quando na maldição abençoamos e na violência levamos a paz parece que morremos. As pessoas até nos criticam e nos apontam como tolas, como se estivéssemos morrendo. Mas, devemos estar atentos e perceber para que realidades estamos morrendo. Que bela morte a do que morre para a maldição, para a violência, para o pecado! Quem morre para essas realidades nasce para a vida, ressuscita com Cristo! Dar a vida significa também doar-se totalmente, em primeiro lugar ao amigo por excelência, Cristo, e depois doar-se a todos aqueles a quem o nosso Amigo Divino nos enviar.

Esse evangelho retrata ainda para nós a gratuidade da eleição divina. Nos lembra Dt 7,7-8: “Se Adonai se afeiçoou a vós e vos escolheu, não é por serdes o mais numeroso de todos os povos, já que sois o menor dentre eles. O motivo é, na verdade, que Adonai vos ama.” Que alegria saber que Deus nos escolheu por amor. Aqui está o fundamento da humildade cristã: o amor de Deus. Não nos vangloriamos de nada, porque nossos méritos não contam como critério para a escolha que Deus faz. Deus nos escolheu porque nos ama, e nós devemos viver da contemplação desse mistério de amor. Ele nos escolheu porque nos ama e, justamente porque nos ama, quer nos ver caminhando, quer que produzamos fruto e frutos que permaneçam. Somos ramos dessa videira que é Cristo, nos lembrava o evangelho da semana passada. Cristo é a única videira, nos diz São João com o grego àmpelos. Nós somos os ramos dessa planta única. Como ramos de Cristo só podemos produzir na nossa vida os frutos de Cristo: cruz e ressurreição; entrega e vida nova; morte que gera vida.

A Palavra de hoje nos mostra a unidade que há entre Deus e nós. O Pai ama o Filho, se esvazia para que Ele exista. O Filho, repleto do amor do Pai o distribui aos homens, encarnando-se e realizando a sua Páscoa; e o mesmo Filho nos escolhe, para que assim como Ele é o sinal do amor do Pai nós sejamos sinais vivos (sacramentos) do seu amor no meio da humanidade. O Pai, pelo Filho, no Espírito Santo, santifica a Igreja (com seu amor) e, por ela, o mundo, nos diz Puebla 917. Santificamos o mundo sendo a manifestação viva do amor de Cristo.

Quem vive assim pode pedir qualquer coisa em nome de Cristo que o Pai lhe concederá. Mas, se essa palavra é verdadeira - e nós assim cremos que ela seja, de fato, verdadeira – porque pedimos ao Pai tantas coisas e estas não se realizam? Pedimos curas, emprego... Precisamos entender o que significa pedir “em nome” de Cristo. Não se trata de usar o nome de Cristo como uma palavra mágica, que nos fará arrancar do Pai o que queremos. O Nome, no contexto semita, significa a própria pessoa. Pedir “em nome” de Cristo significa primeiro tornar-se como Cristo, através da meditação da Palavra e dos sacramentos. Para pedir em nome de Cristo, ou seja, para pedir como Ele pediria, primeiro eu preciso me configurar a Ele. Por isso, a primeira oração que devemos aprender não é a petição. Por isso esse evangelho não diz que a primeira coisa é pedir. Precisamos primeiro permanecer em Cristo, permanecer em seus mandamentos, identificarmo-nos com Ele, vivermos em unidade com Ele. Quando assim for, o Pai reconhecerá nos nossos pedidos a voz do Filho e Ele nos concederá tudo o que pedirmos. Nossos pedimos não são atendidos porque pedimos mal, para satisfazer desejos de vingança, para a própria ganância, para imediatismos, para ter o máximo de prazer nesta vida. O Pai não reconhece na nossa voz a voz do seu Filho. Cristo não fez a opção pelo máximo de prazer nesta vida. Por isso, quando nosso pedido reflete a busca do máximo de prazer nesta vida esse não é um pedido feito em nome de Jesus, porque Ele jamais pediu isso. Ao contrário, mesmo diante do sofrimento iminente Ele disse: faça-se a tua vontade! Precisamos aprender a pedir como Cristo, a unir a nossa vontade com a do Pai e, assim, tudo o que pedirmos Ele nos concederá.

Cristo nos ordena: amai-vos uns aos outros. A característica que marca o amor é a gratuidade. O amor não tem motivos para amar. Deus não tem porque nos amar, mas Ele nos ama! Nós, que recebemos de Deus esse amor devemos dá-lo também aos outros. Não é o nosso amor que estamos levando, mas o de Deus. Podemos até não ter um amor nosso para dar, mas devemos sempre levar o amor de Deus que recebemos em Cristo. Aos poucos, o nosso coração vai se tornando como o d’Ele e tudo o que é d’Ele passa para nós e começamos também a amar como Ele ama. Deus é amor. Se ousamos dizer que o conhecemos, devemos provar com a vida que, de fato, o conhecemos, amando-nos uns aos outros.

Sexto Domingo da Páscoa

1ª Leitura: At 10,25-26.34-35.44-48
Sl 97
2ª Leitura: 1 Jo 4,7-10
Evangelho: Jo 15,9-17

 

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida