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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 03/02/2025

03 de Fevereiro de 2025

Quinta meditação da Quaresma

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22/03/2015 00:00

Quinta meditação da Quaresma 0

22/03/2015 00:00

Mais próximos da celebração dos acontecimentos da nossa redenção, somos convidados a aprofundar os sentidos da hora, vocábulo utilizado pelo Evangelho de João que se aplica à morte de Jesus (Jo 12, 20-33). Conhecê-la é conhecê-Lo.

Os gregos desejam ver Jesus. Este desejo é transmitido por André e Filipe. Então, Jesus aproveitou para explicar os significados da hora que se aproxima, na qual eles O contemplarão. Primeiramente, a hora da morte, que é glória. Porém, como pode o divino manifestar-se na Cruz? Não esconde a divindade? Entretanto, Jesus garante: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que Eu sou” (8,27). Começa a responder ao desejo dos gregos, dizendo: “É chegada a hora em que será glorificado o Filho do Homem” (v. 23).

Trata-se da hora da morte enquanto é vida. Este paradoxo é conhecido na natureza e em pessoas cuja morte ocasionou um projeto vital para os outros ou uma referência animadora de atitudes humanitárias. Por isso, Jesus disse de si mesmo: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só, mas se morrer, produzirá muito fruto” (v. 24). De fato, sua morte é portadora de vida em abundância para muitos e de vida eterna para os salvos. Contém em si o gérmen da nossa ressurreição e da nossa eternidade.

Trata-se da hora da morte do Condenado enquanto é juízo do mundo e do seu príncipe, isto é, de Satanás (v.31). É o julgamento dos homens que preferiram as trevas à luz (3, 19) ao escolherem o mal. A rejeição ao Sumo Bem, no entanto, publica a vitória do amor no coração aberto do Crucificado. Semelhante espetáculo de crueldade e de desumanidade se repete tantas vezes na história, inclusive em nossos dias. Superamos, porém, estes impactos decepcionantes, encontrando no amor de Jesus a nossa esperança (Cf. 1Tm 1,1).

Trata-se da hora da morte enquanto apelo de alcance universal. Apenas em companhia de alguns, inclusive de sua mãe compassiva, Jesus morreu só e isolado. Entretanto, desde a morte expressa a força de atração: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (v.32). Assim, satisfaz o desejo dos gregos, pois, elevado e transpassado, aparece aos olhos de todos como Redentor e Salvador Universal. Realmente, “olharão para aqu’Ele que transpassaram” (19, 37). Enfim, o Ressuscitado projetará a cena: “Todos os olhos O verão, até mesmo os que O transpassaram e todas as tribos da Terra baterão no peito por causa d’Ele”. (Ap 1, 7)

A última semana da Quaresma nos leva ao clímax do desejo até a hora sublime da graça: “Queremos ver Jesus!” (v. 21). Vê-Lo crucificado e traspassado para reconhecê-Lo na intimidade, e estabelecermos laços de comunhão afetiva. O desejo responde a sua vontade primeira: “Permanecei em mim, como Eu em vós” (15, 4). É possível corresponder ao de Jesus, colaborando com o Espírito Santo em nós, memória viva também da última hora. Para tanto, a sociedade de hoje precisa ser despertada e com urgência. Já acordados, nós saímos cedo às ruas, a fim de despertar os que dormem (cf. Ef 5, 14). Este reavivar no Espírito é o objetivo dos exercícios quaresmais, oferecidos com criatividade e realizados com empenho.

O tempo quaresmal nos motiva a santificarmos, de fato, a semana que chamamos de santa. Os católicos, por sua vez, não podem se dissipar ou dispersar pelos apelos do feriadão e do veraneio. Contra a corrente, permanecerão com Jesus durante o tempo de sua hora. As celebrações litúrgicas são por si mesmas os melhores estimulantes.

 

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Quinta meditação da Quaresma

22/03/2015 00:00

Mais próximos da celebração dos acontecimentos da nossa redenção, somos convidados a aprofundar os sentidos da hora, vocábulo utilizado pelo Evangelho de João que se aplica à morte de Jesus (Jo 12, 20-33). Conhecê-la é conhecê-Lo.

Os gregos desejam ver Jesus. Este desejo é transmitido por André e Filipe. Então, Jesus aproveitou para explicar os significados da hora que se aproxima, na qual eles O contemplarão. Primeiramente, a hora da morte, que é glória. Porém, como pode o divino manifestar-se na Cruz? Não esconde a divindade? Entretanto, Jesus garante: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que Eu sou” (8,27). Começa a responder ao desejo dos gregos, dizendo: “É chegada a hora em que será glorificado o Filho do Homem” (v. 23).

Trata-se da hora da morte enquanto é vida. Este paradoxo é conhecido na natureza e em pessoas cuja morte ocasionou um projeto vital para os outros ou uma referência animadora de atitudes humanitárias. Por isso, Jesus disse de si mesmo: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só, mas se morrer, produzirá muito fruto” (v. 24). De fato, sua morte é portadora de vida em abundância para muitos e de vida eterna para os salvos. Contém em si o gérmen da nossa ressurreição e da nossa eternidade.

Trata-se da hora da morte do Condenado enquanto é juízo do mundo e do seu príncipe, isto é, de Satanás (v.31). É o julgamento dos homens que preferiram as trevas à luz (3, 19) ao escolherem o mal. A rejeição ao Sumo Bem, no entanto, publica a vitória do amor no coração aberto do Crucificado. Semelhante espetáculo de crueldade e de desumanidade se repete tantas vezes na história, inclusive em nossos dias. Superamos, porém, estes impactos decepcionantes, encontrando no amor de Jesus a nossa esperança (Cf. 1Tm 1,1).

Trata-se da hora da morte enquanto apelo de alcance universal. Apenas em companhia de alguns, inclusive de sua mãe compassiva, Jesus morreu só e isolado. Entretanto, desde a morte expressa a força de atração: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (v.32). Assim, satisfaz o desejo dos gregos, pois, elevado e transpassado, aparece aos olhos de todos como Redentor e Salvador Universal. Realmente, “olharão para aqu’Ele que transpassaram” (19, 37). Enfim, o Ressuscitado projetará a cena: “Todos os olhos O verão, até mesmo os que O transpassaram e todas as tribos da Terra baterão no peito por causa d’Ele”. (Ap 1, 7)

A última semana da Quaresma nos leva ao clímax do desejo até a hora sublime da graça: “Queremos ver Jesus!” (v. 21). Vê-Lo crucificado e traspassado para reconhecê-Lo na intimidade, e estabelecermos laços de comunhão afetiva. O desejo responde a sua vontade primeira: “Permanecei em mim, como Eu em vós” (15, 4). É possível corresponder ao de Jesus, colaborando com o Espírito Santo em nós, memória viva também da última hora. Para tanto, a sociedade de hoje precisa ser despertada e com urgência. Já acordados, nós saímos cedo às ruas, a fim de despertar os que dormem (cf. Ef 5, 14). Este reavivar no Espírito é o objetivo dos exercícios quaresmais, oferecidos com criatividade e realizados com empenho.

O tempo quaresmal nos motiva a santificarmos, de fato, a semana que chamamos de santa. Os católicos, por sua vez, não podem se dissipar ou dispersar pelos apelos do feriadão e do veraneio. Contra a corrente, permanecerão com Jesus durante o tempo de sua hora. As celebrações litúrgicas são por si mesmas os melhores estimulantes.

 

Dom Edson de Castro Homem
Autor

Dom Edson de Castro Homem

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro