03 de Fevereiro de 2025
Quarta meditação da Quaresma
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Mais perto da Semana Santa, somos convidados a olhar Aquele que foi levantado. Do alto, Ele há de ser contemplado: “olharão para Aquele que transpassaram” (Jo 19,37). Ver, olhar, contemplar, conhecer, reconhecer são atitudes dinâmicas da experiência da verdade: ir além da aparência do Desfigurado: “Eis o homem!” (Jo 19, 5). Pilatos não ultrapassou tal figura.
Jesus se deixa conhecer em profundidade, mas progressivamente. Já no capítulo terceiro, o evangelista João, no diálogo de Jesus com Nicodemos, expõe a exaltação da Cruz para a contemplação e o consequente reconhecimento da fé. Claro que a exaltação supõe a experiência pascal da ressurreição do Senhor. Como tal, é uma leitura já feita pela fé.
É tão presente a experiência com o Ressuscitado que não se trata mais da Cruz da humilhação, do escândalo ou da loucura, tão ao gosto de Paulo, a tornar-se logo após motivo de esperança, de honra e de glória. Para João, ela é a revelação em si mesma. Revelação, antes de tudo.
Jesus se revela quem Ele é na Cruz. “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que Eu sou” (Jo 8, 27). Não é desafio e provocação para a fé. Não é risco ou tropeço. É a possibilidade e a resposta. O Verbo preexistente, feito carne, é imolado à semelhança do cordeiro pascal, para a vida do mundo. Sua morte é geradora de vida.
A Cruz revela Aquele que desceu do céu. Subiu e retornou a Deus, o Pai. Do Pai enviou o Espírito Consolador. Por isso, a morte do Crucificado e Traspassado coincidiu com a hora da exaltação. O Crucificado é já o Exaltado. Ele tirou o véu que cobria sua divindade, ocultada pela carne. Ressuscitado, não perde as marcas do sofrimento; ao contrário, as chagas o identificam: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28).
A Cruz revela o Salvador. Daí, a comparação: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha n’Ele a vida eterna” (Jo 3, 14-15). Esta visão, proporcionada pela fé, é a única garantia da vida eterna e feliz. Supõe aceitar a ação medicinal de Jesus, na existência, mediante a fé operosa, dinâmica e progressiva. Ele cura do pecado, porém, promove e sustenta, no Espírito, as condições de vida em abundância, através da vitalidade da graça.
A Cruz, plantada no coração da história pela pregação, revela o amor divino e salvífico, pois, “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. No entanto, a Cruz enquanto banimento histórico de Jesus, é juízo para quem não crê, isto é, a quem livre e decididamente O rejeita. “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz” (3, 18-19). Vale para hoje. Decide nosso futuro.
Cabe a nós, também neste ano de 2015, recordar os acontecimentos da redenção humana. As celebrações da paixão, morte e sepultamento do Senhor desvendarão a verdade contida na expressão “da Cruz à luz”. Não é apenas uma rima repetida e talvez desgastada. Tem conteúdo de valor perene. Contém e condensa a compreensão do quarto evangelho. Não é para iniciantes. É para quem já se dispôs: “Se alguém quer servir-me, siga-me; e onde estou eu, aí também estará o meu servo” (Jo 12, 26). Para o servidor de Cristo, a Cruz é iluminadora.
A Cruz ilumina o caminho do discípulo ao encontro com os necessitados. Favorece a descoberta, no vasto universo da dor e do pecado, ali onde Jesus se encontra a bradar. Antes de projetar-nos para o abraço definitivo do convívio celeste, ela purifica, humaniza, intensifica nossos relacionamentos. Por isso, convém entrar e permanecer na escola da espiritualidade da Cruz.
Quarta meditação da Quaresma
15/03/2015 00:00
Mais perto da Semana Santa, somos convidados a olhar Aquele que foi levantado. Do alto, Ele há de ser contemplado: “olharão para Aquele que transpassaram” (Jo 19,37). Ver, olhar, contemplar, conhecer, reconhecer são atitudes dinâmicas da experiência da verdade: ir além da aparência do Desfigurado: “Eis o homem!” (Jo 19, 5). Pilatos não ultrapassou tal figura.
Jesus se deixa conhecer em profundidade, mas progressivamente. Já no capítulo terceiro, o evangelista João, no diálogo de Jesus com Nicodemos, expõe a exaltação da Cruz para a contemplação e o consequente reconhecimento da fé. Claro que a exaltação supõe a experiência pascal da ressurreição do Senhor. Como tal, é uma leitura já feita pela fé.
É tão presente a experiência com o Ressuscitado que não se trata mais da Cruz da humilhação, do escândalo ou da loucura, tão ao gosto de Paulo, a tornar-se logo após motivo de esperança, de honra e de glória. Para João, ela é a revelação em si mesma. Revelação, antes de tudo.
Jesus se revela quem Ele é na Cruz. “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que Eu sou” (Jo 8, 27). Não é desafio e provocação para a fé. Não é risco ou tropeço. É a possibilidade e a resposta. O Verbo preexistente, feito carne, é imolado à semelhança do cordeiro pascal, para a vida do mundo. Sua morte é geradora de vida.
A Cruz revela Aquele que desceu do céu. Subiu e retornou a Deus, o Pai. Do Pai enviou o Espírito Consolador. Por isso, a morte do Crucificado e Traspassado coincidiu com a hora da exaltação. O Crucificado é já o Exaltado. Ele tirou o véu que cobria sua divindade, ocultada pela carne. Ressuscitado, não perde as marcas do sofrimento; ao contrário, as chagas o identificam: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28).
A Cruz revela o Salvador. Daí, a comparação: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha n’Ele a vida eterna” (Jo 3, 14-15). Esta visão, proporcionada pela fé, é a única garantia da vida eterna e feliz. Supõe aceitar a ação medicinal de Jesus, na existência, mediante a fé operosa, dinâmica e progressiva. Ele cura do pecado, porém, promove e sustenta, no Espírito, as condições de vida em abundância, através da vitalidade da graça.
A Cruz, plantada no coração da história pela pregação, revela o amor divino e salvífico, pois, “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. No entanto, a Cruz enquanto banimento histórico de Jesus, é juízo para quem não crê, isto é, a quem livre e decididamente O rejeita. “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz” (3, 18-19). Vale para hoje. Decide nosso futuro.
Cabe a nós, também neste ano de 2015, recordar os acontecimentos da redenção humana. As celebrações da paixão, morte e sepultamento do Senhor desvendarão a verdade contida na expressão “da Cruz à luz”. Não é apenas uma rima repetida e talvez desgastada. Tem conteúdo de valor perene. Contém e condensa a compreensão do quarto evangelho. Não é para iniciantes. É para quem já se dispôs: “Se alguém quer servir-me, siga-me; e onde estou eu, aí também estará o meu servo” (Jo 12, 26). Para o servidor de Cristo, a Cruz é iluminadora.
A Cruz ilumina o caminho do discípulo ao encontro com os necessitados. Favorece a descoberta, no vasto universo da dor e do pecado, ali onde Jesus se encontra a bradar. Antes de projetar-nos para o abraço definitivo do convívio celeste, ela purifica, humaniza, intensifica nossos relacionamentos. Por isso, convém entrar e permanecer na escola da espiritualidade da Cruz.
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