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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

“Eis o tempo de conversão!”

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“Eis o tempo de conversão!”

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22/02/2015 00:00

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22/02/2015 00:00

temp_titleliturgia_2202_20022015141341Com a Quarta-Feira de Cinzas teve início para nós um novo tempo litúrgico: a Quaresma. O ciclo “Quaresma-Páscoa”, que ocupa quatro um quarto do ano litúrgico, constitui como que o centro deste, pois nos leva a penetrar através da Palavra Escritura proclamada nos momentos centrais da Páscoa de nosso Salvador.

A Páscoa é a Nova Aliança realizada em Cristo Jesus, mas preparada por todas as “alianças” ou por todas as manifestações da “aliança” de Deus com os homens que nos são apresentadas no Antigo Testamento.
Nos cinco domingos da Quaresma seremos colocados diante de cinco momentos marcantes na vida do povo de Israel, onde o tema dominante é a Aliança.

Nesse primeiro domingo da Quaresma, a primeira leitura nos apresenta a Aliança de Deus com Noé e seus descendentes. O conteúdo desta aliança entre Deus e Noé é que Deus jamais destruirá de novo a Terra pelo dilúvio. O sinal de que isso não sucederá novamente é o arco-íris, que aparecerá no céu quando Deus “reunir as nuvens”, a fim de que Deus mesmo “se recorde” de sua promessa. É Deus quem estabelece os termos da aliança, e Ele não precisa ser lembrado disso pelos homens (cf. Gn 9,14-15).

O v. 15 começa com o verbo zakar, “lembrar”, “recordar”, donde vem também o termo hebraico zikkaron, “memorial”. O arco-íris é o primeiro “memorial” que YHWH apresenta aos homens. Ele constitui como que o “sacramento”, o “sinal visível” da sua aliança, da sua promessa de não destruir mais o homem.

Trata-se, ainda que de maneira indireta, de uma promessa de salvação. Deus haverá de se utilizar de outros meios para reconduzir o homem ao bom caminho ao longo da história da salvação.

Deus quer que o homem ande em seus caminhos, porque, segundo o Salmo Responsorial de hoje, o Salmo 24, os caminhos do Senhor são “verdade e amor”. Mas Ele não levará o homem a esse caminho de uma forma violenta, como o dilúvio, mas sim através de um caminho novo, de um caminho marcado pela sua “misericórdia”, como canta ainda o mesmo Salmo 24 nos vv. 7 e 8.

A Quaresma é para nós, a cada ano, uma oportunidade de retornamos aos caminhos do Senhor. Tantas vezes durante o ano nos desviamos d’Ele! Por isso, a cada ano temos a oportunidade de voltarmos para Ele, atendendo ao seu convite que a nós foi dirigido pela boca do profeta Joel na Quarta-Feira de Cinzas: “Voltai para mim e eu voltarei para vós!” (cf. Jl 2,12)

Imitando Cristo no seu deserto de 40 dias que foi, por sua vez, a realização plena da imagem vétero-testamentária do povo que caminhou por 40 anos no deserto até chegar a terra prometida, a Igreja realiza a sua Quaresma: 40 dias nos quais ela se deixa, a exemplo de Jesus, conduzir para o deserto, lugar da tentação, mas, também, do encontro com Deus, para aí se preparar para a grande festa da Páscoa.

No primeiro domingo da Quaresma temos o texto de Mc 1,12-15: a tentação no deserto. Jesus é levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. A Quaresma é uma imitação desse deserto de Cristo. É no deserto, “lugar sem palavra” , onde a vida parece impossível, que nós vamos aprender a viver da Palavra de Deus. Jesus vence as seduções do demônio pelo poder da Palavra de Deus, como nos fala o texto paralelo de Mateus, e inaugura para nós um método espiritual para vencermos o maligno e suas seduções. Este método consiste em combater as seduções do antigo inimigo pelo poder da Palavra de Deus. Devemos nos servir dos textos bíblicos de cada um desses domingos para, com eles, iluminar a nossa mente e o nosso coração, combatendo assim as insídias do mal.

O núcleo da mensagem do Cristo quando sai do deserto é “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Aqui trata-se de um paralelismo semítico, ou seja, duas expressões que significam a mesma coisa: “Converter-se” e “crer no Evangelho”. Não são ações simultâneas, mas concomitantes. Uma só acontece ao mesmo tempo que a outra. Só se converte se se crê no Evangelho, e crer no Evangelho é converter-se. Aqui é importante lembrar o sentido da Palavra conversão. Do ponto de vista da etimologia do termo original grego, converter-se significa abandonar a minha forma de pensar para deixar que penetre em mim a forma de pensar do Evangelho.

Para aqueles que querem seguir pelo caminho do Evangelho, Deus nunca cessa de dar ensinamento e direção. É o que afirma o Salmo 24,8: “O Senhor é bondade e retidão, e aponta o caminho aos pecadores...” A Palavra nos revela, assim, que esse é um caminho possível para todos que por ele desejarem seguir.

Que ao longo desta Quaresma possa se realizar em nós aquilo que, em nosso favor, o sacerdote pedia na oração coleta: que “possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”.

Primeiro Domingo da Quaresma
22 de fevereiro de 2015
Gn 9,8-15
Sl 24 (25)
1Pd 3,18-22
Mc 1,12-15

 

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“Eis o tempo de conversão!”

22/02/2015 00:00

temp_titleliturgia_2202_20022015141341Com a Quarta-Feira de Cinzas teve início para nós um novo tempo litúrgico: a Quaresma. O ciclo “Quaresma-Páscoa”, que ocupa quatro um quarto do ano litúrgico, constitui como que o centro deste, pois nos leva a penetrar através da Palavra Escritura proclamada nos momentos centrais da Páscoa de nosso Salvador.

A Páscoa é a Nova Aliança realizada em Cristo Jesus, mas preparada por todas as “alianças” ou por todas as manifestações da “aliança” de Deus com os homens que nos são apresentadas no Antigo Testamento.
Nos cinco domingos da Quaresma seremos colocados diante de cinco momentos marcantes na vida do povo de Israel, onde o tema dominante é a Aliança.

Nesse primeiro domingo da Quaresma, a primeira leitura nos apresenta a Aliança de Deus com Noé e seus descendentes. O conteúdo desta aliança entre Deus e Noé é que Deus jamais destruirá de novo a Terra pelo dilúvio. O sinal de que isso não sucederá novamente é o arco-íris, que aparecerá no céu quando Deus “reunir as nuvens”, a fim de que Deus mesmo “se recorde” de sua promessa. É Deus quem estabelece os termos da aliança, e Ele não precisa ser lembrado disso pelos homens (cf. Gn 9,14-15).

O v. 15 começa com o verbo zakar, “lembrar”, “recordar”, donde vem também o termo hebraico zikkaron, “memorial”. O arco-íris é o primeiro “memorial” que YHWH apresenta aos homens. Ele constitui como que o “sacramento”, o “sinal visível” da sua aliança, da sua promessa de não destruir mais o homem.

Trata-se, ainda que de maneira indireta, de uma promessa de salvação. Deus haverá de se utilizar de outros meios para reconduzir o homem ao bom caminho ao longo da história da salvação.

Deus quer que o homem ande em seus caminhos, porque, segundo o Salmo Responsorial de hoje, o Salmo 24, os caminhos do Senhor são “verdade e amor”. Mas Ele não levará o homem a esse caminho de uma forma violenta, como o dilúvio, mas sim através de um caminho novo, de um caminho marcado pela sua “misericórdia”, como canta ainda o mesmo Salmo 24 nos vv. 7 e 8.

A Quaresma é para nós, a cada ano, uma oportunidade de retornamos aos caminhos do Senhor. Tantas vezes durante o ano nos desviamos d’Ele! Por isso, a cada ano temos a oportunidade de voltarmos para Ele, atendendo ao seu convite que a nós foi dirigido pela boca do profeta Joel na Quarta-Feira de Cinzas: “Voltai para mim e eu voltarei para vós!” (cf. Jl 2,12)

Imitando Cristo no seu deserto de 40 dias que foi, por sua vez, a realização plena da imagem vétero-testamentária do povo que caminhou por 40 anos no deserto até chegar a terra prometida, a Igreja realiza a sua Quaresma: 40 dias nos quais ela se deixa, a exemplo de Jesus, conduzir para o deserto, lugar da tentação, mas, também, do encontro com Deus, para aí se preparar para a grande festa da Páscoa.

No primeiro domingo da Quaresma temos o texto de Mc 1,12-15: a tentação no deserto. Jesus é levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. A Quaresma é uma imitação desse deserto de Cristo. É no deserto, “lugar sem palavra” , onde a vida parece impossível, que nós vamos aprender a viver da Palavra de Deus. Jesus vence as seduções do demônio pelo poder da Palavra de Deus, como nos fala o texto paralelo de Mateus, e inaugura para nós um método espiritual para vencermos o maligno e suas seduções. Este método consiste em combater as seduções do antigo inimigo pelo poder da Palavra de Deus. Devemos nos servir dos textos bíblicos de cada um desses domingos para, com eles, iluminar a nossa mente e o nosso coração, combatendo assim as insídias do mal.

O núcleo da mensagem do Cristo quando sai do deserto é “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Aqui trata-se de um paralelismo semítico, ou seja, duas expressões que significam a mesma coisa: “Converter-se” e “crer no Evangelho”. Não são ações simultâneas, mas concomitantes. Uma só acontece ao mesmo tempo que a outra. Só se converte se se crê no Evangelho, e crer no Evangelho é converter-se. Aqui é importante lembrar o sentido da Palavra conversão. Do ponto de vista da etimologia do termo original grego, converter-se significa abandonar a minha forma de pensar para deixar que penetre em mim a forma de pensar do Evangelho.

Para aqueles que querem seguir pelo caminho do Evangelho, Deus nunca cessa de dar ensinamento e direção. É o que afirma o Salmo 24,8: “O Senhor é bondade e retidão, e aponta o caminho aos pecadores...” A Palavra nos revela, assim, que esse é um caminho possível para todos que por ele desejarem seguir.

Que ao longo desta Quaresma possa se realizar em nós aquilo que, em nosso favor, o sacerdote pedia na oração coleta: que “possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”.

Primeiro Domingo da Quaresma
22 de fevereiro de 2015
Gn 9,8-15
Sl 24 (25)
1Pd 3,18-22
Mc 1,12-15

 

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida