Arquidiocese do Rio de Janeiro

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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Vamos aos pobres

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09/09/2014 10:12 - Atualizado em 09/09/2014 10:12

Vamos aos pobres 0

09/09/2014 10:12 - Atualizado em 09/09/2014 10:12

O Papa Francisco em sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, quando inicia falando da inclusão social dos pobres, nos diz que “deriva da nossa fé em Cristo, que Se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade” (nº 186). E continua: “cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus a serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo.” (nº 187) Quando iniciamos o Ano da Caridade em nossa arquidiocese, aberta com a Trezena de “São Sebastião, discípulo do amor e da caridade”, refletindo sobre o texto de lCor 13,3: “Se não tiver caridade, de nada adianta”. Somos chamados a refletir sobre episódios e pessoas que marcaram com suas vidas o trabalho com os pobres. Em 2013 comemoramos o bicentenário do nascimento de Antônio Frederico Ozanam, o beato apóstolo da caridade, um dos intercessores da Jornada Mundial da Juventude, realizada em 2013 no Rio de Janeiro.

Interessante é como ele descreve, sete meses antes de sua morte, as ideias que, diante de desafios de jovens ateus e críticos da Igreja, impulsionaram a fundação das conferências de São Vicente de Paulo:

"Fala-vos um daqueles oito estudantes que há 20 anos se reuniram sob a inspiração de São Vicente de Paulo, na capital da França. Sentíamos a necessidade de perseverarmos na fé em meio aos assédios que vinham de diversas teorias de falsos profetas. E dissemos: trabalhemos; façamos algo que mostre a fortaleza de nossa fé. Porém, o que podíamos fazer para ser católicos de verdade senão de nos propormos a fazer o que mais agrada a Deus? Socorramos, pois, a nosso próximo como fazia Jesus Cristo. Para que Deus abençoe nosso apostolado nos falta uma coisa: obras de caridade. A bênção dos pobres é a bênção de Deus”.

Então, há mais de 180 anos, aos 20 anos de idade, esse jovem universitário fundou a Sociedade de São Vicente de Paulo, em Paris, na França, com a ajuda de um pequeno grupo de jovens, que comungavam o mesmo sonho de Frederico Ozanam: “Construir no mundo uma grande rede de caridade”, tendo como espiritualidade e modelo de amor e serviço aos pobres, o grande pai da caridade, São Vicente de Paulo. E, ainda, sob a proteção da querida Virgem Maria, que para os vicentinos é o modelo da mãe Igreja, que vai ao encontro dos seus filhos para servir e santificar, a exemplo da caridosa visita que ela fez a prima Isabel. Aqui no Brasil a primeira conferência vicentina foi fundada no Rio de Janeiro, sob o patrocínio de São José, em 4 de agosto de 1872, portanto há 141 anos.

O Papa Francisco em sua Exortação Apostólica nos recorda ainda que “no coração de Deus ocupam lugar preferencial os pobres, tanto que até Ele mesmo ‘Se fez pobre’ (nº 197)”. E ele confessa uma dor: “desejo afirmar, com mágoa, que a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual” (nº 200). Ele recorda que “o que Jesus nos ensina é primeiro encontrar-nos, e no encontro, ajudar. Precisamos saber encontrar-nos. Precisamos edificar, criar, construir uma cultura do encontro”. É a famosa pergunta a que o Papa se refere quando pergunta às pessoas se dão esmola: “quando você dá esmola, toca a mão ou joga-lhe a moeda?” “E se não o tocou, não se encontrou com ele”.

Portanto, não se trata apenas de uma distribuição de alimentos, mas de compromisso com o outro em todas as dimensões. Para isso supõe uma espiritualidade. Nesse sentido, na Igreja, temos muitos grupos que assim atuam. Hoje refletimos sobre a inspiração de Ozanam.

Frederico Ozanam, nascido no seio de uma família santa, devotada de grande amor a Deus, manifestado no serviço aos pobres, foi dotado de muitas virtudes: filho amoroso e obediente aos pais, temente a Deus, fiel aos ensinamentos da Igreja, estudante exemplar, esposo e pai dedicado, professor e advogado esmerado, espírito de liderança refinado, leigo engajado, solidário e fraterno com todos, especialmente os mais pobres. “A ordem da sociedade repousa em duas virtudes: justiça e caridade”.

Firme nesta verdade, Frederico Ozanam dedicou de corpo e alma, durante 20 anos (1833-1853), em estruturar, solidificar e expandir a Sociedade de São Vicente de Paulo, sob as bênçãos da Igreja concedidas pelo Papa Pio IX. Como que boa semente lançada em terra fértil, o sonho de Ozanam tem produzido abundantes frutos em várias partes do mundo. Suas fileiras são engrossadas por: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos de todas as classes sociais, que unidos e fortalecidos pelo vínculo da caridade, formam no mundo uma grande família.

Nenhuma obra de caridade é estranha à Sociedade de São Vicente de Paulo. Algumas delas como: hospitais, creches, instituições de longa permanência para idosos, dispensários de alimentos e vestuários, centros de formação profissional e capacitação religiosa, etc.

Lembra a mística dos vicentinos: “a grande missão é a visita domiciliar (semanal) aos assistidos da conferência”. Neste tempo de tantas questões de comunicação virtual, como nos recorda o Santo Padre, é necessário o trabalho presencial. “É necessário compartilhar os bens que recebemos, anunciar o Cristo nossa esperança verdadeira, ter o contato pessoal com os pobres, e mais do que partilhar os bens materiais é o oferecimento do dom de nós mesmos, numa relação caridosa e fraterna, avivados pelo santo pensamento de São Vicente de Paulo: “Os pobres são nossos mestres e senhores”. Onde existe trabalho vicentino bem estruturado é uma força viva para o trabalho missionário e social da Igreja.

Estamos vivendo o Ano da Caridade dentro do âmbito de nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro. São muitas atitudes para a articulação maior desse trabalho em nossa Igreja. São muitas atividades e muitos grupos. As conferências vicentinas continuam convidadas a entrar nessa comunhão, trazendo sua bela experiência de uma espiritualidade, e caminharem “sentindo como Igreja” nesse ano especial. Como uma das expressões da caridade da Igreja, o trabalho apostólico dos vicentinos, em número expressivo presente em nossa arquidiocese, acrescenta a essa dimensão da evangelização própria do próprio carisma. Nas visitas domiciliares semanais dos vicentinos quero contar com o empenho pessoal de todos os vicentinos no trabalho evangelizador e na vivência da caridade fraterna.

Dessa forma, iremos com todos os demais grupos responder ao chamado do Papa Francisco em sua Exortação Apostólica: “ninguém pode sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social”, e ainda: “Temo que também estas palavras sejam objeto apenas de alguns comentários, sem verdadeira incidência prática” (nº 201).

Frederico Ozanam terminou sua missão bem cedo. Faleceu em 8/9/1853, na França. Mas, o seu sonho e sua obra continuam firme ao longo destes 180 anos. É um dos movimentos com mais tempo de existência na vida da nossa Igreja, aberto a todos os leigos de boa vontade, que com coração generoso atendam o chamado de Deus para amá-Lo e servi-Lo na pessoa dos pobres e dos injustiçados, que são tantos e sempre muito próximos de nós.

A família vicentina no mundo todo viveu a grande alegria de ver a beatificação de Antônio Frederico Ozanam, ocorrida na França, na Catedral de Notre Dame, pelo então Papa João Paulo II, hoje santo, em 22 de agosto de 1997, quando acontecia lá a grande Jornada Mundial da Juventude naquele ano, e Ozanam foi apresentado aos jovens como modelo do “jovem missionário e servidor dos pobres”. Também o escolhemos como um dos intercessores da nossa santa e abençoada JMJ Rio2013. Portanto, um dos frutos do maior evento do ano de 2013 deve ser um trabalho articulado inspirado nessa espiritualidade, que tanto tem sido aprofundada pelo Papa Francisco.

Suplicamos a Deus, por intercessão do Beato Ozanam e de todos as santas e santos padroeiros de todas a unidades vicentinas espalhadas no mundo, confiando também a sua poderosa intercessão, que abençoe e santifique a todos que a elas estão ligados, para que neste Ano da Caridade arquidiocesano, o sonho de Ozanam em construir “uma grande rede de caridade no mundo” se concretize no dia a dia da nossa vida e que o tamanho do nosso amor a Deus seja medido pelo nosso amor ao próximo, de modo especial os mais pobres, porque a vida é uma partilha de bens e dons.



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09/09/2014 10:12 - Atualizado em 09/09/2014 10:12

O Papa Francisco em sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, quando inicia falando da inclusão social dos pobres, nos diz que “deriva da nossa fé em Cristo, que Se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade” (nº 186). E continua: “cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus a serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo.” (nº 187) Quando iniciamos o Ano da Caridade em nossa arquidiocese, aberta com a Trezena de “São Sebastião, discípulo do amor e da caridade”, refletindo sobre o texto de lCor 13,3: “Se não tiver caridade, de nada adianta”. Somos chamados a refletir sobre episódios e pessoas que marcaram com suas vidas o trabalho com os pobres. Em 2013 comemoramos o bicentenário do nascimento de Antônio Frederico Ozanam, o beato apóstolo da caridade, um dos intercessores da Jornada Mundial da Juventude, realizada em 2013 no Rio de Janeiro.

Interessante é como ele descreve, sete meses antes de sua morte, as ideias que, diante de desafios de jovens ateus e críticos da Igreja, impulsionaram a fundação das conferências de São Vicente de Paulo:

"Fala-vos um daqueles oito estudantes que há 20 anos se reuniram sob a inspiração de São Vicente de Paulo, na capital da França. Sentíamos a necessidade de perseverarmos na fé em meio aos assédios que vinham de diversas teorias de falsos profetas. E dissemos: trabalhemos; façamos algo que mostre a fortaleza de nossa fé. Porém, o que podíamos fazer para ser católicos de verdade senão de nos propormos a fazer o que mais agrada a Deus? Socorramos, pois, a nosso próximo como fazia Jesus Cristo. Para que Deus abençoe nosso apostolado nos falta uma coisa: obras de caridade. A bênção dos pobres é a bênção de Deus”.

Então, há mais de 180 anos, aos 20 anos de idade, esse jovem universitário fundou a Sociedade de São Vicente de Paulo, em Paris, na França, com a ajuda de um pequeno grupo de jovens, que comungavam o mesmo sonho de Frederico Ozanam: “Construir no mundo uma grande rede de caridade”, tendo como espiritualidade e modelo de amor e serviço aos pobres, o grande pai da caridade, São Vicente de Paulo. E, ainda, sob a proteção da querida Virgem Maria, que para os vicentinos é o modelo da mãe Igreja, que vai ao encontro dos seus filhos para servir e santificar, a exemplo da caridosa visita que ela fez a prima Isabel. Aqui no Brasil a primeira conferência vicentina foi fundada no Rio de Janeiro, sob o patrocínio de São José, em 4 de agosto de 1872, portanto há 141 anos.

O Papa Francisco em sua Exortação Apostólica nos recorda ainda que “no coração de Deus ocupam lugar preferencial os pobres, tanto que até Ele mesmo ‘Se fez pobre’ (nº 197)”. E ele confessa uma dor: “desejo afirmar, com mágoa, que a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual” (nº 200). Ele recorda que “o que Jesus nos ensina é primeiro encontrar-nos, e no encontro, ajudar. Precisamos saber encontrar-nos. Precisamos edificar, criar, construir uma cultura do encontro”. É a famosa pergunta a que o Papa se refere quando pergunta às pessoas se dão esmola: “quando você dá esmola, toca a mão ou joga-lhe a moeda?” “E se não o tocou, não se encontrou com ele”.

Portanto, não se trata apenas de uma distribuição de alimentos, mas de compromisso com o outro em todas as dimensões. Para isso supõe uma espiritualidade. Nesse sentido, na Igreja, temos muitos grupos que assim atuam. Hoje refletimos sobre a inspiração de Ozanam.

Frederico Ozanam, nascido no seio de uma família santa, devotada de grande amor a Deus, manifestado no serviço aos pobres, foi dotado de muitas virtudes: filho amoroso e obediente aos pais, temente a Deus, fiel aos ensinamentos da Igreja, estudante exemplar, esposo e pai dedicado, professor e advogado esmerado, espírito de liderança refinado, leigo engajado, solidário e fraterno com todos, especialmente os mais pobres. “A ordem da sociedade repousa em duas virtudes: justiça e caridade”.

Firme nesta verdade, Frederico Ozanam dedicou de corpo e alma, durante 20 anos (1833-1853), em estruturar, solidificar e expandir a Sociedade de São Vicente de Paulo, sob as bênçãos da Igreja concedidas pelo Papa Pio IX. Como que boa semente lançada em terra fértil, o sonho de Ozanam tem produzido abundantes frutos em várias partes do mundo. Suas fileiras são engrossadas por: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos de todas as classes sociais, que unidos e fortalecidos pelo vínculo da caridade, formam no mundo uma grande família.

Nenhuma obra de caridade é estranha à Sociedade de São Vicente de Paulo. Algumas delas como: hospitais, creches, instituições de longa permanência para idosos, dispensários de alimentos e vestuários, centros de formação profissional e capacitação religiosa, etc.

Lembra a mística dos vicentinos: “a grande missão é a visita domiciliar (semanal) aos assistidos da conferência”. Neste tempo de tantas questões de comunicação virtual, como nos recorda o Santo Padre, é necessário o trabalho presencial. “É necessário compartilhar os bens que recebemos, anunciar o Cristo nossa esperança verdadeira, ter o contato pessoal com os pobres, e mais do que partilhar os bens materiais é o oferecimento do dom de nós mesmos, numa relação caridosa e fraterna, avivados pelo santo pensamento de São Vicente de Paulo: “Os pobres são nossos mestres e senhores”. Onde existe trabalho vicentino bem estruturado é uma força viva para o trabalho missionário e social da Igreja.

Estamos vivendo o Ano da Caridade dentro do âmbito de nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro. São muitas atitudes para a articulação maior desse trabalho em nossa Igreja. São muitas atividades e muitos grupos. As conferências vicentinas continuam convidadas a entrar nessa comunhão, trazendo sua bela experiência de uma espiritualidade, e caminharem “sentindo como Igreja” nesse ano especial. Como uma das expressões da caridade da Igreja, o trabalho apostólico dos vicentinos, em número expressivo presente em nossa arquidiocese, acrescenta a essa dimensão da evangelização própria do próprio carisma. Nas visitas domiciliares semanais dos vicentinos quero contar com o empenho pessoal de todos os vicentinos no trabalho evangelizador e na vivência da caridade fraterna.

Dessa forma, iremos com todos os demais grupos responder ao chamado do Papa Francisco em sua Exortação Apostólica: “ninguém pode sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social”, e ainda: “Temo que também estas palavras sejam objeto apenas de alguns comentários, sem verdadeira incidência prática” (nº 201).

Frederico Ozanam terminou sua missão bem cedo. Faleceu em 8/9/1853, na França. Mas, o seu sonho e sua obra continuam firme ao longo destes 180 anos. É um dos movimentos com mais tempo de existência na vida da nossa Igreja, aberto a todos os leigos de boa vontade, que com coração generoso atendam o chamado de Deus para amá-Lo e servi-Lo na pessoa dos pobres e dos injustiçados, que são tantos e sempre muito próximos de nós.

A família vicentina no mundo todo viveu a grande alegria de ver a beatificação de Antônio Frederico Ozanam, ocorrida na França, na Catedral de Notre Dame, pelo então Papa João Paulo II, hoje santo, em 22 de agosto de 1997, quando acontecia lá a grande Jornada Mundial da Juventude naquele ano, e Ozanam foi apresentado aos jovens como modelo do “jovem missionário e servidor dos pobres”. Também o escolhemos como um dos intercessores da nossa santa e abençoada JMJ Rio2013. Portanto, um dos frutos do maior evento do ano de 2013 deve ser um trabalho articulado inspirado nessa espiritualidade, que tanto tem sido aprofundada pelo Papa Francisco.

Suplicamos a Deus, por intercessão do Beato Ozanam e de todos as santas e santos padroeiros de todas a unidades vicentinas espalhadas no mundo, confiando também a sua poderosa intercessão, que abençoe e santifique a todos que a elas estão ligados, para que neste Ano da Caridade arquidiocesano, o sonho de Ozanam em construir “uma grande rede de caridade no mundo” se concretize no dia a dia da nossa vida e que o tamanho do nosso amor a Deus seja medido pelo nosso amor ao próximo, de modo especial os mais pobres, porque a vida é uma partilha de bens e dons.



Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro