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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Espírito da Verdade

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25/05/2014 00:00

Espírito da Verdade 0

25/05/2014 00:00

Espírito da Verdade / Arqrio

Homilia Dominical - 6º Domingo da Páscoa

A liturgia começa com um pedido muito significativo expresso na oração coleta com os seguintes termos: “dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em honra do Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que recordamos.” Para que a liturgia tenha sentido, ela deve impregnar a nossa vida. Não pode haver dicotomia entre o mistério celebrado e o mistério vivido.

A liturgia deve impregnar a nossa vida, a fim de sermos pouco a pouco transformados naqu’Ele que está no centro do mistério celebrado, ou melhor, aqu’Ele que é o mistério celebrado: o Cristo.

Na liturgia do domingo anterior, os apóstolos impuseram as mãos sobre sete homens cheios do “espírito e de sabedoria”, a fim de colocá-los ao serviço da comunidade cristã. Agora, depois do martírio de Estêvão, um dos sete diáconos, vemos a figura de outro deste sete, Filipe, que aparece não mais numa atividade de simples serviço das mesas, mas pregando a Palavra de Deus. O Evangelho anunciado aos samaritanos produziu como fruto a “alegria”, como podemos ver em At 8,8. A notícia chegou aos ouvidos dos apóstolos, de tal modo que Pedro e João foram pessoalmente ver o acontecido e impuseram as mãos sobre eles, a fim de que fosse completada a sua iniciação, ou seja, a fim de que recebessem o Espírito Santo.

É justamente a respeito do Espírito Santo que o Cristo fala no Evangelho, ainda dentro dos “discursos de despedida”. Jesus fala do “outro Paráclito” que Ele enviará em seu nome.

A perícope lida se encontra num contexto maior, no trecho de Jo 14,15-24. Os estudiosos costumam dividi-la em duas partes1:

A promessa do Paráclito: Jo 14,15-17;

A vinda e a morada do Filho e do Pai: Jo 14,18-24.

A primeira parte deste texto gira em torno da promessa do Paráclito (Jo 14,15-17). Depois de apresentar a observância aos seus mandamentos como condição para se demonstrar o amor que alguém diz ter por Ele, Jesus fala, pela primeira vez no Evangelho de João, do Paráclito, ou melhor do “outro Paráclito” que Ele enviará em seu nome. Pelo contexto, podemos compreender que Jesus o chama de “outro Paráclito”, porque Ele mesmo é o “primeiro Paráclito”. Todavia, o que significa esse termo? E o que o Paráclito vai fazer especificamente nessa passagem? Esse termo significa “aquele que é chamado para estar junto”, uma vez que é uma junção do prefixo grego “para” com o verbo kaleo, que traduzido significa “chamar”, “invocar”, “convocar”. Jesus, o primeiro a “estar junto” com os seus, por isso o “primeiro Paráclito” vai partir para o Pai, mas não deixará os seus órfãos, porque Ele há de enviar um “outro Paráclito”. É no v. 17 que encontramos a identificação desse “outro Paráclito”: Ele é o Espírito da Verdade. A sua função, todavia, vem esclarecida no final do v. 16: Ele vai permanecer “para sempre” com os discípulos. É na força do seu Espírito que o Cristo permanece para sempre no meio dos seus.

Jesus, ainda no seu papel de “primeiro Paráclito”, exerce uma função de “consolação” na vida dos discípulos: os discípulos não ficarão órfãos, porque aqu’Ele que será crucificado haverá de ressuscitar. Mais ainda, João anuncia a Parusia do Cristo, o dia em que nós viveremos para sempre com Ele.

O v. 21, embora pertença a uma outra seção, aquela dos vv. 21-24, foi colocado aqui para que a perícope lida na liturgia termine como começou, mas com um acréscimo: aquele que observa os mandamentos não só demonstra que ama verdadeiramente o Senhor, mas será, por causa disso, amado pelo Pai e pelo próprio Senhor, que a Ele se manifestará.

 

 

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Espírito da Verdade / Arqrio

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25/05/2014 00:00

Homilia Dominical - 6º Domingo da Páscoa

A liturgia começa com um pedido muito significativo expresso na oração coleta com os seguintes termos: “dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em honra do Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que recordamos.” Para que a liturgia tenha sentido, ela deve impregnar a nossa vida. Não pode haver dicotomia entre o mistério celebrado e o mistério vivido.

A liturgia deve impregnar a nossa vida, a fim de sermos pouco a pouco transformados naqu’Ele que está no centro do mistério celebrado, ou melhor, aqu’Ele que é o mistério celebrado: o Cristo.

Na liturgia do domingo anterior, os apóstolos impuseram as mãos sobre sete homens cheios do “espírito e de sabedoria”, a fim de colocá-los ao serviço da comunidade cristã. Agora, depois do martírio de Estêvão, um dos sete diáconos, vemos a figura de outro deste sete, Filipe, que aparece não mais numa atividade de simples serviço das mesas, mas pregando a Palavra de Deus. O Evangelho anunciado aos samaritanos produziu como fruto a “alegria”, como podemos ver em At 8,8. A notícia chegou aos ouvidos dos apóstolos, de tal modo que Pedro e João foram pessoalmente ver o acontecido e impuseram as mãos sobre eles, a fim de que fosse completada a sua iniciação, ou seja, a fim de que recebessem o Espírito Santo.

É justamente a respeito do Espírito Santo que o Cristo fala no Evangelho, ainda dentro dos “discursos de despedida”. Jesus fala do “outro Paráclito” que Ele enviará em seu nome.

A perícope lida se encontra num contexto maior, no trecho de Jo 14,15-24. Os estudiosos costumam dividi-la em duas partes1:

A promessa do Paráclito: Jo 14,15-17;

A vinda e a morada do Filho e do Pai: Jo 14,18-24.

A primeira parte deste texto gira em torno da promessa do Paráclito (Jo 14,15-17). Depois de apresentar a observância aos seus mandamentos como condição para se demonstrar o amor que alguém diz ter por Ele, Jesus fala, pela primeira vez no Evangelho de João, do Paráclito, ou melhor do “outro Paráclito” que Ele enviará em seu nome. Pelo contexto, podemos compreender que Jesus o chama de “outro Paráclito”, porque Ele mesmo é o “primeiro Paráclito”. Todavia, o que significa esse termo? E o que o Paráclito vai fazer especificamente nessa passagem? Esse termo significa “aquele que é chamado para estar junto”, uma vez que é uma junção do prefixo grego “para” com o verbo kaleo, que traduzido significa “chamar”, “invocar”, “convocar”. Jesus, o primeiro a “estar junto” com os seus, por isso o “primeiro Paráclito” vai partir para o Pai, mas não deixará os seus órfãos, porque Ele há de enviar um “outro Paráclito”. É no v. 17 que encontramos a identificação desse “outro Paráclito”: Ele é o Espírito da Verdade. A sua função, todavia, vem esclarecida no final do v. 16: Ele vai permanecer “para sempre” com os discípulos. É na força do seu Espírito que o Cristo permanece para sempre no meio dos seus.

Jesus, ainda no seu papel de “primeiro Paráclito”, exerce uma função de “consolação” na vida dos discípulos: os discípulos não ficarão órfãos, porque aqu’Ele que será crucificado haverá de ressuscitar. Mais ainda, João anuncia a Parusia do Cristo, o dia em que nós viveremos para sempre com Ele.

O v. 21, embora pertença a uma outra seção, aquela dos vv. 21-24, foi colocado aqui para que a perícope lida na liturgia termine como começou, mas com um acréscimo: aquele que observa os mandamentos não só demonstra que ama verdadeiramente o Senhor, mas será, por causa disso, amado pelo Pai e pelo próprio Senhor, que a Ele se manifestará.

 

 

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida