Arquidiocese do Rio de Janeiro

34º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Homilia do 2º domingo da Páscoa

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Homilia do 2º domingo da Páscoa

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23/04/2014 15:15

Homilia do 2º domingo da Páscoa 0

23/04/2014 15:15

temp_titleressurreio_230420141503291ª Leitura: At 2,42-47
Sl 117
2ª Leitura: 1Pd 1,3-9
Evangelho: Jo 20,19-31

“Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu vida nova e o sangue que nos redimiu.”[1]


A coleta desta celebração eucarística nos ilumina neste tempo feliz da Páscoa do Senhor. O Senhor nosso Deus, que nos reúne a todos nesta Igreja neste domingo festivo, é Aquele que “reacende” a nossa fé cada ano na festa pascal. Assim como o círio pascal foi aceso no fogo novo abençoado na noite santa da Mãe de todas as Vigílias, nós também somos acesos novamente na luz de Cristo. Aquela vela que trazíamos em nossa mão e que acendemos no círio que adentrava pela igreja escura nos simboliza. Como aquela vela nós fomos acesos na luz de Cristo. A nossa fé foi reacendida no mistério da páscoa do Senhor.

Foi por causa dessa fé que brotou do mistério da páscoa do Senhor que as primeiras comunidades davam testemunho de Cristo. Nesta liturgia da Palavra nós ouvimos o livro dos Atos dos Apóstolos e vamos ouvi-lo durante todo o tempo pascal. Nesta obra magnífica São Lucas sintetiza para nós o que era a vida das primeiras comunidades cristãs, como elas viviam o mistério da páscoa do Senhor. Nós ouvimos hoje que as primeiras comunidades viviam unidos em torno de um núcleo litúrgico que dava sentido à toda vida: “eram perseverantes em ouvir os ensinamentos dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”. Esse era o núcleo da vida das primeiras comunidades. Estavam unidos em torno da doutrina, da comunhão, das orações tendo como ápice a Eucaristia (fração do pão). Desse núcleo litúrgico fundamental brotavam as demais ações da comunidade: a caridade fraterna “viviam unidos e colocavam tudo em comum”; uma vida de ação de graças perene a Deus: “louvavam a Deus”; um testemunho contagiante: “eram estimados por todo o povo”; uma missão que brotava do poder de atração que a vida nova da fé lhes fazia exercer sobre aqueles que os viam: “e, cada dia, o Senhor acrescentava ao seu número mais pessoas que seriam salvas”.

Que a fé brota do mistério da Páscoa do Senhor nos ensina hoje o evangelho, coração dessa liturgia da Palavra. Trata-se do capítulo 20 de São João. Aqui o Apóstolo nos relata duas aparições do Ressuscitado, sempre no Domingo. Os apóstolos estão a portas fechadas, encerrados no seu medo e de repente o Ressuscitado se coloca no meio deles, oferecendo o dom que brotou da sua Páscoa: a paz. Diz o Senhor aos seus discípulos: “A paz esteja convosco”. O Cristo comunica a paz que brotou das suas chagas, do seu sacrifício, por isso Ele imediatamente expõe aos discípulos as mãos e o lado aberto. A paz do Cristo enche de alegria o coração dos discípulos, que são enviados em missão, para comunicar a outros a paz de Cristo e a alegria da Ressurreição. Cristo os envia como o próprio Pai o havia enviado antes. Os discípulos são enviados na força do Espírito Santo. Cristo os pneumatiza com seu sopro para uma missão de reconciliação: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. É a missão dos apóstolos em perfeita continuidade com a missão do próprio Cristo. Aquele que veio para fazer do que era dividido, uma unidade, Aquele que orou pedindo ao Pai que os homens fossem um, como Ele era um com seu pai, agora envia os apóstolos, seus embaixadores, a fim de que continuem seu ministério de reconciliação, para que não se perca nenhum daqueles que o Pai confiou ao Filho Unigênito.

Tomé não está com seus irmãos quando Cristo lhes aparece. Por isso, diante do testemunho dos outros discípulos ele exige uma experiência pessoal: “Se eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. O Senhor não lhe nega a exigência. Oito dias depois, reunidos de novo os discípulos em casa, agora juntamente com Tomé, o Senhor torna a se colocar no meio deles. Cristo comunica de novo a sua paz e convida Tomé a colocar o dedo nas suas chagas: “Põe o teu dedo aqui e olha minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé prontamente reconhece o Senhor: “Meu Senhor e meu Deus.” Muitos de nós criticamos a atitude de Tomé. Mas, poderíamos chamar a incredulidade de Tomé de bendita incredulidade. Bendita incredulidade que nos valeu o título, dado pelo próprio Cristo, de bem-aventurados. Por causa da incredulidade de Tomé que só acreditou quanto tocou com suas mãos as chagas gloriosas do Senhor, nós nos tornamos bem-aventurados, bem-aventurados por que cremos sem ter visto. Sem ver o Senhor nós cremos n’Ele. E a fé no Ressuscitado nos conduz à vida. Não basta o Batismo como se esse fosse uma mágica. O batismo que nós recebemos é fruto dessa adesão pessoal a Cristo que nós fazemos mediante a fé. A fé que nos conduz à vida. A Palavra anunciada produz em nós a fé, que nos conduz à vida. É o que João nos anuncia no final desse Evangelho: “Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”. A Palavra nos foi deixada por Cristo para ser anunciada e gerar em nós a fé, a fé que nos conduz à vida.

A fé meus irmãos, a fé que nos levou até o santo batismo e que nos conduz à vida produz em nós uma esperança viva. A primeira carta de Pedro que ouvimos é, segundo alguns exegetas, uma homilia batismal. Pedro escreve aos “estrangeiros da dispersão”. Nós somos estes “estrangeiros” no mundo. Pedro nos fala do batismo, “novo nascimento”, como um dom da “grande misericórdia” do Pai pela “ressurreição de Jesus Cristo.” O dom do batismo, que recebemos professando a fé, nos fez nascer de novo, nascer de novo para uma “esperança viva”, para uma “herança incorruptível” que está “reservada para nós nos céus”. Graças a fé, nós fomos guardados para a salvação que há de se manifestar nos últimos dias, diz o apóstolo. A fé meus irmãos, a fé que nos conduz para a vida como nos diz o evangelho, gera em nós uma esperança viva, de receber uma herança que não é desse mundo, mas que está escondida com Cristo em Deus. Nesse mundo, sofreremos aflições como nos diz o apóstolo. Pedro fala que a herança que está guardada para nós no céu é motivo de alegria, mas que nesse mundo teremos ainda aflições, através das quais a nossa fé será provada como sendo verdadeira. E, nos últimos versículos, nós vemos a harmonia desse texto com o evangelho quando o apóstolo nos diz: “Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais.” Cristo chamava de bem-aventurados os que haveriam de crer sem terem visto. Esses somos nós, aqueles que acreditam no Senhor e o amam, ainda que sem o ver.

Precisamos nos apropriar da Palavra do Senhor. Cristo está em nosso meio. Nós somos como aquela assembléia seleta do oitavo dia. Cristo está presente em nosso meio de forma sacramental e nos anuncia a sua paz. Mas, qual é a paz que Cristo nos dá? Com certeza não é a paz que nós imaginamos. Cristo já havia anunciado aos seus discípulos: “Minha paz vos dou, mas não vo-la dou como o mundo a dá”. A paz de Cristo não é a paz do mundo. A paz de Cristo não é a utópica ausência de tribulações. O pecado está aí para nos mostrar que tudo ainda está um tanto quanto nebuloso, por isso essa paz utópica que os homens imaginam não é possível. A paz de Cristo é a paz no meio das aflições, como já havia anunciado Pedro na segunda leitura. A paz de Cristo é a certeza da sua presença no meio de nós, soprando sobre nós o seu Espírito de paz, mesmo quando nos encontramos no meio da guerra, da guerra exterior ou da guerra interior, não importa. Essa é a nossa alegria. A nossa alegria consiste no fato novo e inaudito da ressurreição que nos traz paz, nos traz paz porque sabemos que Ele está conosco “todos os dias até o fim do mundo”, nos traz paz porque sabemos que existe uma esperança viva, que não murcha, que existe uma herança incorruptível reservada para nós no céu. Existe para nós algo que não podemos ainda compreender plenamente, mas que à luz da fé podemos entrever e crer e, crendo ter vida, uma vida que nasce da esperança viva e nova que Cristo nos trouxe com a sua ressurreição.

Diante desse mistério o que nos resta senão cantar com o salmista: “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom; eterna é a sua misericórdia!”? O que nos resta senão proclamar as obras d’Aquele que nos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa? O que nos resta senão oferecer a nossa ação de graças por Aquele que nos deu como presente a fé que nos faz nascer de novo para uma esperança viva e uma herança incorruptível.

Ofereçamos hoje ao Senhor o nosso louvor Pascal. Ofereçamos ao Pai e ao seu Cristo, na força do Divino Paráclito que nos foi dado pelo Ressuscitado o nosso Aleluia Pascal, porque eterna é a sua misericórdia!


[1] Coleta do Segundo Domingo da Páscoa Ano A

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Sl 117
2ª Leitura: 1Pd 1,3-9
Evangelho: Jo 20,19-31

“Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu vida nova e o sangue que nos redimiu.”[1]


A coleta desta celebração eucarística nos ilumina neste tempo feliz da Páscoa do Senhor. O Senhor nosso Deus, que nos reúne a todos nesta Igreja neste domingo festivo, é Aquele que “reacende” a nossa fé cada ano na festa pascal. Assim como o círio pascal foi aceso no fogo novo abençoado na noite santa da Mãe de todas as Vigílias, nós também somos acesos novamente na luz de Cristo. Aquela vela que trazíamos em nossa mão e que acendemos no círio que adentrava pela igreja escura nos simboliza. Como aquela vela nós fomos acesos na luz de Cristo. A nossa fé foi reacendida no mistério da páscoa do Senhor.

Foi por causa dessa fé que brotou do mistério da páscoa do Senhor que as primeiras comunidades davam testemunho de Cristo. Nesta liturgia da Palavra nós ouvimos o livro dos Atos dos Apóstolos e vamos ouvi-lo durante todo o tempo pascal. Nesta obra magnífica São Lucas sintetiza para nós o que era a vida das primeiras comunidades cristãs, como elas viviam o mistério da páscoa do Senhor. Nós ouvimos hoje que as primeiras comunidades viviam unidos em torno de um núcleo litúrgico que dava sentido à toda vida: “eram perseverantes em ouvir os ensinamentos dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”. Esse era o núcleo da vida das primeiras comunidades. Estavam unidos em torno da doutrina, da comunhão, das orações tendo como ápice a Eucaristia (fração do pão). Desse núcleo litúrgico fundamental brotavam as demais ações da comunidade: a caridade fraterna “viviam unidos e colocavam tudo em comum”; uma vida de ação de graças perene a Deus: “louvavam a Deus”; um testemunho contagiante: “eram estimados por todo o povo”; uma missão que brotava do poder de atração que a vida nova da fé lhes fazia exercer sobre aqueles que os viam: “e, cada dia, o Senhor acrescentava ao seu número mais pessoas que seriam salvas”.

Que a fé brota do mistério da Páscoa do Senhor nos ensina hoje o evangelho, coração dessa liturgia da Palavra. Trata-se do capítulo 20 de São João. Aqui o Apóstolo nos relata duas aparições do Ressuscitado, sempre no Domingo. Os apóstolos estão a portas fechadas, encerrados no seu medo e de repente o Ressuscitado se coloca no meio deles, oferecendo o dom que brotou da sua Páscoa: a paz. Diz o Senhor aos seus discípulos: “A paz esteja convosco”. O Cristo comunica a paz que brotou das suas chagas, do seu sacrifício, por isso Ele imediatamente expõe aos discípulos as mãos e o lado aberto. A paz do Cristo enche de alegria o coração dos discípulos, que são enviados em missão, para comunicar a outros a paz de Cristo e a alegria da Ressurreição. Cristo os envia como o próprio Pai o havia enviado antes. Os discípulos são enviados na força do Espírito Santo. Cristo os pneumatiza com seu sopro para uma missão de reconciliação: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. É a missão dos apóstolos em perfeita continuidade com a missão do próprio Cristo. Aquele que veio para fazer do que era dividido, uma unidade, Aquele que orou pedindo ao Pai que os homens fossem um, como Ele era um com seu pai, agora envia os apóstolos, seus embaixadores, a fim de que continuem seu ministério de reconciliação, para que não se perca nenhum daqueles que o Pai confiou ao Filho Unigênito.

Tomé não está com seus irmãos quando Cristo lhes aparece. Por isso, diante do testemunho dos outros discípulos ele exige uma experiência pessoal: “Se eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. O Senhor não lhe nega a exigência. Oito dias depois, reunidos de novo os discípulos em casa, agora juntamente com Tomé, o Senhor torna a se colocar no meio deles. Cristo comunica de novo a sua paz e convida Tomé a colocar o dedo nas suas chagas: “Põe o teu dedo aqui e olha minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé prontamente reconhece o Senhor: “Meu Senhor e meu Deus.” Muitos de nós criticamos a atitude de Tomé. Mas, poderíamos chamar a incredulidade de Tomé de bendita incredulidade. Bendita incredulidade que nos valeu o título, dado pelo próprio Cristo, de bem-aventurados. Por causa da incredulidade de Tomé que só acreditou quanto tocou com suas mãos as chagas gloriosas do Senhor, nós nos tornamos bem-aventurados, bem-aventurados por que cremos sem ter visto. Sem ver o Senhor nós cremos n’Ele. E a fé no Ressuscitado nos conduz à vida. Não basta o Batismo como se esse fosse uma mágica. O batismo que nós recebemos é fruto dessa adesão pessoal a Cristo que nós fazemos mediante a fé. A fé que nos conduz à vida. A Palavra anunciada produz em nós a fé, que nos conduz à vida. É o que João nos anuncia no final desse Evangelho: “Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”. A Palavra nos foi deixada por Cristo para ser anunciada e gerar em nós a fé, a fé que nos conduz à vida.

A fé meus irmãos, a fé que nos levou até o santo batismo e que nos conduz à vida produz em nós uma esperança viva. A primeira carta de Pedro que ouvimos é, segundo alguns exegetas, uma homilia batismal. Pedro escreve aos “estrangeiros da dispersão”. Nós somos estes “estrangeiros” no mundo. Pedro nos fala do batismo, “novo nascimento”, como um dom da “grande misericórdia” do Pai pela “ressurreição de Jesus Cristo.” O dom do batismo, que recebemos professando a fé, nos fez nascer de novo, nascer de novo para uma “esperança viva”, para uma “herança incorruptível” que está “reservada para nós nos céus”. Graças a fé, nós fomos guardados para a salvação que há de se manifestar nos últimos dias, diz o apóstolo. A fé meus irmãos, a fé que nos conduz para a vida como nos diz o evangelho, gera em nós uma esperança viva, de receber uma herança que não é desse mundo, mas que está escondida com Cristo em Deus. Nesse mundo, sofreremos aflições como nos diz o apóstolo. Pedro fala que a herança que está guardada para nós no céu é motivo de alegria, mas que nesse mundo teremos ainda aflições, através das quais a nossa fé será provada como sendo verdadeira. E, nos últimos versículos, nós vemos a harmonia desse texto com o evangelho quando o apóstolo nos diz: “Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais.” Cristo chamava de bem-aventurados os que haveriam de crer sem terem visto. Esses somos nós, aqueles que acreditam no Senhor e o amam, ainda que sem o ver.

Precisamos nos apropriar da Palavra do Senhor. Cristo está em nosso meio. Nós somos como aquela assembléia seleta do oitavo dia. Cristo está presente em nosso meio de forma sacramental e nos anuncia a sua paz. Mas, qual é a paz que Cristo nos dá? Com certeza não é a paz que nós imaginamos. Cristo já havia anunciado aos seus discípulos: “Minha paz vos dou, mas não vo-la dou como o mundo a dá”. A paz de Cristo não é a paz do mundo. A paz de Cristo não é a utópica ausência de tribulações. O pecado está aí para nos mostrar que tudo ainda está um tanto quanto nebuloso, por isso essa paz utópica que os homens imaginam não é possível. A paz de Cristo é a paz no meio das aflições, como já havia anunciado Pedro na segunda leitura. A paz de Cristo é a certeza da sua presença no meio de nós, soprando sobre nós o seu Espírito de paz, mesmo quando nos encontramos no meio da guerra, da guerra exterior ou da guerra interior, não importa. Essa é a nossa alegria. A nossa alegria consiste no fato novo e inaudito da ressurreição que nos traz paz, nos traz paz porque sabemos que Ele está conosco “todos os dias até o fim do mundo”, nos traz paz porque sabemos que existe uma esperança viva, que não murcha, que existe uma herança incorruptível reservada para nós no céu. Existe para nós algo que não podemos ainda compreender plenamente, mas que à luz da fé podemos entrever e crer e, crendo ter vida, uma vida que nasce da esperança viva e nova que Cristo nos trouxe com a sua ressurreição.

Diante desse mistério o que nos resta senão cantar com o salmista: “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom; eterna é a sua misericórdia!”? O que nos resta senão proclamar as obras d’Aquele que nos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa? O que nos resta senão oferecer a nossa ação de graças por Aquele que nos deu como presente a fé que nos faz nascer de novo para uma esperança viva e uma herança incorruptível.

Ofereçamos hoje ao Senhor o nosso louvor Pascal. Ofereçamos ao Pai e ao seu Cristo, na força do Divino Paráclito que nos foi dado pelo Ressuscitado o nosso Aleluia Pascal, porque eterna é a sua misericórdia!


[1] Coleta do Segundo Domingo da Páscoa Ano A

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida