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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

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20/02/2014 17:47 - Atualizado em 20/02/2014 20:46

Ser Santo 0

20/02/2014 17:47 - Atualizado em 20/02/2014 20:46

Ser Santo / Arqrio

“Acaso não sabeis que sois o santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? (...) vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (cf. 1Cor 3,16.23)

O apóstolo Paulo convida os cristãos de Corinto a uma tomada de consciência: somos o templo de Deus. Nós não pertencemos mais a nós mesmos, mas somos de Cristo. O templo de pedra onde nos reunimos é um sacramento do templo que somos cada um de nós, que com os irmãos ali nos congregamos para a eucaristia dominical. É em nós que Deus habita em primeiro lugar. Essa consciência de ser “habitação de Deus” e de pertencer inteiramente a Cristo deve orientar toda a nossa vida. Os nossos atos se modificam à medida em que meditamos neste mistério e nele entramos gradativamente. Se a nossa conversão não é em virtude dessa tomada de consciência, a saber, de que somos o templo de Deus e de que pertencemos totalmente a Cristo, ela se torna somente uma simples mudança de hábitos. Isso é até bom, mas não é suficiente. A conversão é mais do que uma reeducação das nossas atitudes. A conversão é uma mudança radical que reflete no exterior, mas que se opera a partir de dentro, quando vamos pouco a pouco deixando-nos penetrar por esta realidade: somos o “templo de Deus” e “pertencemos totalmente a Cristo”.

Continuando a ouvir no Evangelho o grande Sermão da Montanha, que ocupa os caps. 5-7 de Mateus, hoje somos colocados diante de duas grandes máximas, que fazem eco à primeira leitura: amar os irmãos, até mesmo os inimigos (cf. Lv 19,17-18 e Mt 5,43) e buscar assemelhar-se ao Pai na santidade de vida (cf. Lv 19,2 e Mt 5,48).

A primeira leitura se abre com a máxima: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. O significado básico do termo “santo” no Antigo Testamento é “separado, cortado”. Deus é infinitamente santo, porque Ele não se confunde com nada desse mundo. Ele é o totalmente outro. A comunidade dos filhos de Israel também deve ser uma comunidade “separada”, “cortada”, totalmente outra, não confundida com o que há no mundo de pecado, em uma palavra, ela deve ser, também, “santa”. A motivação para isso é a própria santidade Deus. O caminho são os mandamentos. A grande máxima com a qual se encerra a primeira leitura é “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” A própria leitura nos apresenta quatro formas de viver concretamente esse “amor ao próximo”:

- Não reter no coração ódio contra o irmão;

- Repreender, na caridade, o que erra, e conduzi-lo ao caminho reto;

- Não procurar vingança;

- Não guardar rancor dos compatriotas.

Poderíamos nos fazer, ainda, uma pergunta: “quem é o meu próximo?”. Isso nos é respondido pelo Evangelho. O meu próximo é todo homem, inclusive meu inimigo (cf. Mt 5,44). E se nos perguntarmos: “mas um cristão pode ter inimigos?” Podemos responder afirmando que Jesus não quer que seus discípulos tenham inimigos, todavia, esses aparecerão. São aqueles que nos “perseguem”. Particularmente, os que nos “perseguem” por sermos discípulos de Cristo. O mandamento deste evangelho é, então, uma forma de Jesus nos ensinar que não devemos nos sentir inimigos de ninguém, mesmo daqueles que abertamente se fazem nossos perseguidores. A forma concreta de viver isso é amando-os e fazendo-lhes o bem.

A referência de tudo aqui é o Pai. Devemos amar os inimigos, os que nos perseguem, porque o Pai celeste faz nascer o sol e cair a chuva sobre todos, bons e maus (cf. Mt 5,45). Devemos ser santos, porque o Pai celeste é santo, ou, como formula Mateus, devemos ser perfeitos como o Pai celeste é perfeito. É preciso, todavia, não entender esse “perfeito” como “perfeccionismo”. Se assim fosse seria impossível colocar em prática essa ordem do Senhor, porque constatamos na nossa vida que muitas vezes caímos. Mt 5,48 deve ser lido junto com Lv 19,2, ou seja, a “perfeição” da qual fala Mateus é a “santidade” da qual fala o Levítico. É assim que a Igreja interpreta essa palavra e, por isso, esses textos são proclamados juntos na liturgia, a fim de que se esclareçam mutuamente.

A referência de tudo é o Pai. Ora, o Cristo é o sacramento do Pai para nós. Ele mesmo disse a Felipe: “quem me vê, vê o Pai”. Que olhando sempre para o Cristo e meditando na Palavra da Escritura possamos deixar que se realize em nós a santidade com a qual o Pai do céu deseja desde sempre nos agraciar.

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20/02/2014 17:47 - Atualizado em 20/02/2014 20:46

“Acaso não sabeis que sois o santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? (...) vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (cf. 1Cor 3,16.23)

O apóstolo Paulo convida os cristãos de Corinto a uma tomada de consciência: somos o templo de Deus. Nós não pertencemos mais a nós mesmos, mas somos de Cristo. O templo de pedra onde nos reunimos é um sacramento do templo que somos cada um de nós, que com os irmãos ali nos congregamos para a eucaristia dominical. É em nós que Deus habita em primeiro lugar. Essa consciência de ser “habitação de Deus” e de pertencer inteiramente a Cristo deve orientar toda a nossa vida. Os nossos atos se modificam à medida em que meditamos neste mistério e nele entramos gradativamente. Se a nossa conversão não é em virtude dessa tomada de consciência, a saber, de que somos o templo de Deus e de que pertencemos totalmente a Cristo, ela se torna somente uma simples mudança de hábitos. Isso é até bom, mas não é suficiente. A conversão é mais do que uma reeducação das nossas atitudes. A conversão é uma mudança radical que reflete no exterior, mas que se opera a partir de dentro, quando vamos pouco a pouco deixando-nos penetrar por esta realidade: somos o “templo de Deus” e “pertencemos totalmente a Cristo”.

Continuando a ouvir no Evangelho o grande Sermão da Montanha, que ocupa os caps. 5-7 de Mateus, hoje somos colocados diante de duas grandes máximas, que fazem eco à primeira leitura: amar os irmãos, até mesmo os inimigos (cf. Lv 19,17-18 e Mt 5,43) e buscar assemelhar-se ao Pai na santidade de vida (cf. Lv 19,2 e Mt 5,48).

A primeira leitura se abre com a máxima: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. O significado básico do termo “santo” no Antigo Testamento é “separado, cortado”. Deus é infinitamente santo, porque Ele não se confunde com nada desse mundo. Ele é o totalmente outro. A comunidade dos filhos de Israel também deve ser uma comunidade “separada”, “cortada”, totalmente outra, não confundida com o que há no mundo de pecado, em uma palavra, ela deve ser, também, “santa”. A motivação para isso é a própria santidade Deus. O caminho são os mandamentos. A grande máxima com a qual se encerra a primeira leitura é “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” A própria leitura nos apresenta quatro formas de viver concretamente esse “amor ao próximo”:

- Não reter no coração ódio contra o irmão;

- Repreender, na caridade, o que erra, e conduzi-lo ao caminho reto;

- Não procurar vingança;

- Não guardar rancor dos compatriotas.

Poderíamos nos fazer, ainda, uma pergunta: “quem é o meu próximo?”. Isso nos é respondido pelo Evangelho. O meu próximo é todo homem, inclusive meu inimigo (cf. Mt 5,44). E se nos perguntarmos: “mas um cristão pode ter inimigos?” Podemos responder afirmando que Jesus não quer que seus discípulos tenham inimigos, todavia, esses aparecerão. São aqueles que nos “perseguem”. Particularmente, os que nos “perseguem” por sermos discípulos de Cristo. O mandamento deste evangelho é, então, uma forma de Jesus nos ensinar que não devemos nos sentir inimigos de ninguém, mesmo daqueles que abertamente se fazem nossos perseguidores. A forma concreta de viver isso é amando-os e fazendo-lhes o bem.

A referência de tudo aqui é o Pai. Devemos amar os inimigos, os que nos perseguem, porque o Pai celeste faz nascer o sol e cair a chuva sobre todos, bons e maus (cf. Mt 5,45). Devemos ser santos, porque o Pai celeste é santo, ou, como formula Mateus, devemos ser perfeitos como o Pai celeste é perfeito. É preciso, todavia, não entender esse “perfeito” como “perfeccionismo”. Se assim fosse seria impossível colocar em prática essa ordem do Senhor, porque constatamos na nossa vida que muitas vezes caímos. Mt 5,48 deve ser lido junto com Lv 19,2, ou seja, a “perfeição” da qual fala Mateus é a “santidade” da qual fala o Levítico. É assim que a Igreja interpreta essa palavra e, por isso, esses textos são proclamados juntos na liturgia, a fim de que se esclareçam mutuamente.

A referência de tudo é o Pai. Ora, o Cristo é o sacramento do Pai para nós. Ele mesmo disse a Felipe: “quem me vê, vê o Pai”. Que olhando sempre para o Cristo e meditando na Palavra da Escritura possamos deixar que se realize em nós a santidade com a qual o Pai do céu deseja desde sempre nos agraciar.

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida