Arquidiocese do Rio de Janeiro

26º 23º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 14/05/2024

14 de Maio de 2024

Ano da Caridade: o que diz o 11º PPC

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Ano da Caridade: o que diz o 11º PPC

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10/02/2014 00:00 - Atualizado em 10/02/2014 17:08

Ano da Caridade: o que diz o 11º PPC 0

10/02/2014 00:00 - Atualizado em 10/02/2014 17:08

127. Nossa época não se fecha ao nome de Jesus Cristo. Pelo contrário, Jesus é mencionado em diversos lugares e ambientes. A questão consiste em saber se a referência a Jesus está verdadeiramente de acordo com o que Ele ensinou e fez. Lembremo-nos de que “nem todo que diz Senhor, Senhor entra no Reino dos céus” (Mt 7,21). Num tempo em que, em nome de Jesus, fazem-se coisas que Jesus nunca faria, o diferencial mais palpável dos autênticos discípulos missionários é o amor à vida, um amor que defende, protege, zela pela vida, especialmente quando ameaçada.

128. As Dgae nos recordam que “a vida é dom de Deus! O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. A missão dos discípulos é o serviço à vida plena 1. A Igreja no Brasil proclama com vigor que as condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor contradizem o projeto do Pai e desafiam os discípulos missionários a maior compromisso a favor da cultura da vida 2. Ao longo de uma história de solidariedade e compromisso com as incontáveis vítimas das inúmeras formas de destruição da vida, a Igreja se reconhece servidora do Deus da Vida. A nova época que, pela graça deste mesmo Deus, haverá de surgir, precisa ser marcada pelo amor e valorização da vida, em todas as suas dimensões. A omissão diante de tal desafio será cobrada por Deus e pela história futura” 3.

129. Quando olhamos ao nosso redor e, mais ainda, quando temos nossos corações voltados para Jesus Cristo, alargamos nosso olhar ao mundo inteiro, ficamos assustados. Em nosso tempo, a vida se encontra de tal modo ameaçada que se fala até em cultura da morte. Trata-se de uma mentalidade que, na prática, valoriza a morte, a destruição, o afastamento e o aniquilamento. Dito de modo muito simples: se alguém ou algo me incomoda, eu destruo porque quero e porque tenho os meios para fazê-lo. Ou, então, se posso lucrar um pouco mais, por que vou reduzir meus ganhos? Só para que a vida de pessoas e até mesmo do planeta seja protegida? Este raciocínio acontece com o aborto, por exemplo. Se uma gravidez é indesejada, se a criança que vai nascer é vista como inconveniente, por que não destruí-la? Outros exemplos podem ser acrescidos à lista das situações que agridem e destroem a vida 4.

130. Nossas comunidades possuem grande sensibilidade em relação aos sofredores, e a solidariedade não está esquecida. Estas são algumas das inúmeras situações através das quais a vida é ameaçada. Elas indicam que há muito com que nos preocuparmos e muito trabalho a fazer:

- Violência, tanto nas famílias (violência doméstica), quando na sociedade em geral. Vários relatórios manifestaram a angústia diante das mortes, chacinas e outras situações com as quais as comunidades precisam conviver.

- Pessoas que vivem em locais de risco, em sub-habitações ou mesmo sem habitação alguma, perambulando pelas ruas.

- Aborto, eutanásia, tráfico de drogas e de armas.

- Consumismo, hedonismo, padrões estereotipados de beleza, gravidez precoce, prostituição.

- Abandono, desrespeito e maltrato aos idosos.

- Vícios, dependência química de todo tipo, entre os quais, alcoolismo e tabagismo.

- Corrupção, desvio de verbas públicas.

- Manipulação do nome de Deus em vista de lucro pessoal.

131. Frente a estes e outros fatos, precisamos nos lembrar que o cristianismo é necessariamente interpelador. Cristão que se acomoda diante da cultura da morte vai dar contas a Deus pelo pecado da omissão. Eis porque é crucial defender, promover e resgatar a dignidade da vida em todas as situações, em todos os momentos, desde a vida ameaçada de não nascer até a vida impedida de morrer naturalmente. Entre estes dois momentos, quanta dor, quanta angústia! Quantos os desafios, por exemplo, ligados à segurança pública, à geração de renda, à honestidade na vida política! É impossível não assumir o compromisso com a vida como uma das prioridades do 11º PPC!

132. Também neste ponto, as atuais Dgae são bastante claras: “Ao mergulhar nas profundezas da existência humana, o discípulo missionário abre seu coração para todas as formas de vida ameaçadas desde o seu início até a morte natural. Na medida em que nenhuma vida existe apenas para si, mas para outras e para Deus, este é um tempo mais do que propício para a articulação e integração de todas as formas de paixão pela vida. Só assim conseguiremos, de fato, vencer os tentáculos da cultura de morte. Contemplando os diversos rostos de sofredores, o discípulo missionário enxerga, em cada um, o rosto de seu Senhor 5. Seu amor por Jesus Cristo e Cristo Crucificado (cf 1Cor 1,23-25) leva-o a buscar o Mestre em meio às situações de morte (cf. Mt 25,31-46). Leva-o a não aceitar as situações de morte, sejam elas quais forem, envolvendo-se na preservação da vida. O discípulo missionário reconhece que seu sonho por vida eterna leva-o a ser, já nesta vida, parceiro da vida e vida em plenitude 6. Daí o “ratificar e potencializar a opção preferencial pelos pobres” 7, “implícita a fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza” 8, e que deverá “atravessar todas as suas estruturas e prioridades pastorais”, manifestando-se “em opções e gestos concretos” 9.

133. Alegra, por isso, perceber que não estamos parados diante de tanta dor. Ao contrário, diversas ações já estão acontecendo. Estes exemplos indicam que estamos trabalhando bastante no sentido de impulsionar a cultura da vida, cultura que resgata os valores éticos, voltados para o bem comum, a integridade de todas as pessoas e a preservação do planeta.

1.1 Alfabetização para adultos, pré-vestibulares e outras atividades para inserção social.

1.2 Atendimentos médico, jurídico e psicológico.

1.3 Sensibilidade para pessoas e grupos que necessitam de atenção diferenciada, como, por exemplo, as jovens gestantes, as crianças em situação de quase perda dos laços familiares ou os dependentes químicos.

1.4 Abertura e manutenção de casas de acolhida e comunidades terapêuticas para dependentes químicos.

1.5 Presença sempre maior no mundo da deficiência, sempre trabalhando para que os direitos humanos e de cidadania sejam efetivamente respeitados.

1.6 No campo da ecologia, conscientização, coleta seletiva de lixo e reciclagem. Apoio a cooperativas e outras entidades ligadas aos recicladores.

1.7 Abertura dos espaços das comunidades para encontros, debates e cursos voltados para todas as questões ligadas à vida, especialmente as que dizem respeito à vida do bairro, da região.

1.8 Valorização de algumas iniciativas de lei, como a Lei 9.840, contra a corrupção eleitoral, a Lei da Ficha Limpa e a Lei Seca.

1.9 Participação na formação e nos processos de escolha dos membros dos conselhos de direitos e cidadania, como, por exemplo, nos Conselhos Tutelares.

134. No entanto, apesar de todo o trabalho feito, algumas limitações foram também apresentadas ao longo da elaboração deste Plano Pastoral:

1.1 A conscientização sobre o valor da vida fica restrita, às vezes, às palestras e às homilias, sem que surjam ações concretas. É preciso certamente falar, mas é preciso também agir.

1.2 Acomodação diante do volume de dificuldades. Em geral, costuma-se dizer que fazemos o que podemos. Esta compreensão, embora verdadeira e realista, não pode nos levar à acomodação. Diante da vida ameaçada, sempre haverá algo mais a fazer.

1.3 Enfraquecimento das chamadas pastorais sociais, com dificuldade para renovação das pessoas.

1.4 Pouca informação e comunicação sobre o que é feito em termos de promoção humana e defesa da vida. Sabemos que a solidariedade não deve ser usada como propaganda, mas a falta de comunicação pode se tornar um empecilho ao crescimento do trabalho.

1.5 Baixa articulação entre trabalhos feitos por comunidades vizinhas.

135. Para que a Igreja no Rio de Janeiro se comprometa ainda mais com a defesa e a promoção da vida, determina-se:

1.1 Dedicação do ano de 2014 à reflexão sobre a responsabilidade cristã em favor da vida em toda a Arquidiocese do Rio de Janeiro. Será, de algum modo, o Ano da Caridade Social, isto é, o ano que não apenas realizaremos o Fórum das Pastorais Sociais uma única vez, mas buscaremos, sob a orientação do respectivo vicariato, caminhos para maior integração, comunicação e dinamização.

1.2 A criação de comissões em favor da vida nas paróquias e vicariatos, em conjunção de esforços com a Comissão Arquidiocesana de Promoção e Defesa da Vida.

1.3 Criação urgente de instrumentos de comunicação na área da Caridade Social, como, por exemplo, aproveitar o Portal da Arquidiocese para nele inserir um setor onde se partilhariam as informações sobre o que está acontecendo, os cursos oferecidos e tudo mais ligado ao tema.

1.4 Continuidade no trabalho dos projetos de lei de iniciativa popular. Estudar a viabilidade de um projeto na área do ensino religioso. Para isso, seria de grande utilidade articular as atividades da Caridade Social com o trabalho dos juristas católicos.

1.5 Ajudar as comunidades católicas a compreenderem, divulgarem e aplicarem as seguintes leis: 9.840, Ficha Limpa, Lei Seca e Maria da Penha. Ainda que nem todas tenham surgido da iniciativa popular, são leis que atuam diretamente nas causas da violência e em diversas formas de agressão à vida.

1.1 Implantação de serviços de acolhimento telefônico para as diversas situações de risco, como, por exemplo, o Disque-Vida, para as mulheres que vivem uma gravidez indesejada, ou para situações de depressão, crise conjugal ou solidão.

1.2 Continuidade do trabalho de formação para os Conselhos de Direitos.

1.3 Continuidade e mesmo intensificação do apoio arquidiocesano a quem, motivado pela fé, assume o compromisso político, em cargos eleitorais ou semelhantes, respeitando-se a legislação eleitoral.

136. “O serviço testemunhal à vida, de modo especial à vida fragilizada e ameaçada, é a mais forte atitude de diálogo que o discípulo missionário pode e deve estabelecer com uma realidade que sente o peso da cultura da morte. Na solidariedade de uma igreja samaritana, o discípulo missionário vive o anúncio de um mundo diferente que, acima de tudo, por amar a vida, convoca à comunhão efetiva entre todos os seres vivos” 10.

Endnotes

1DA, cap. VII.

2DA 358.

3cf DGAE 65-66

4DA 65 e 402

5DA 32, 65 e 402.

6cf DGAE 67

7DA 396; 407-430

8cf DA 391-398, DI 3

9DA 397; cf. BENTO XVI, Deus Caritas est 28 e 31.

10cf DGAE 72; DA 27

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10/02/2014 00:00 - Atualizado em 10/02/2014 17:08

127. Nossa época não se fecha ao nome de Jesus Cristo. Pelo contrário, Jesus é mencionado em diversos lugares e ambientes. A questão consiste em saber se a referência a Jesus está verdadeiramente de acordo com o que Ele ensinou e fez. Lembremo-nos de que “nem todo que diz Senhor, Senhor entra no Reino dos céus” (Mt 7,21). Num tempo em que, em nome de Jesus, fazem-se coisas que Jesus nunca faria, o diferencial mais palpável dos autênticos discípulos missionários é o amor à vida, um amor que defende, protege, zela pela vida, especialmente quando ameaçada.

128. As Dgae nos recordam que “a vida é dom de Deus! O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. A missão dos discípulos é o serviço à vida plena 1. A Igreja no Brasil proclama com vigor que as condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor contradizem o projeto do Pai e desafiam os discípulos missionários a maior compromisso a favor da cultura da vida 2. Ao longo de uma história de solidariedade e compromisso com as incontáveis vítimas das inúmeras formas de destruição da vida, a Igreja se reconhece servidora do Deus da Vida. A nova época que, pela graça deste mesmo Deus, haverá de surgir, precisa ser marcada pelo amor e valorização da vida, em todas as suas dimensões. A omissão diante de tal desafio será cobrada por Deus e pela história futura” 3.

129. Quando olhamos ao nosso redor e, mais ainda, quando temos nossos corações voltados para Jesus Cristo, alargamos nosso olhar ao mundo inteiro, ficamos assustados. Em nosso tempo, a vida se encontra de tal modo ameaçada que se fala até em cultura da morte. Trata-se de uma mentalidade que, na prática, valoriza a morte, a destruição, o afastamento e o aniquilamento. Dito de modo muito simples: se alguém ou algo me incomoda, eu destruo porque quero e porque tenho os meios para fazê-lo. Ou, então, se posso lucrar um pouco mais, por que vou reduzir meus ganhos? Só para que a vida de pessoas e até mesmo do planeta seja protegida? Este raciocínio acontece com o aborto, por exemplo. Se uma gravidez é indesejada, se a criança que vai nascer é vista como inconveniente, por que não destruí-la? Outros exemplos podem ser acrescidos à lista das situações que agridem e destroem a vida 4.

130. Nossas comunidades possuem grande sensibilidade em relação aos sofredores, e a solidariedade não está esquecida. Estas são algumas das inúmeras situações através das quais a vida é ameaçada. Elas indicam que há muito com que nos preocuparmos e muito trabalho a fazer:

- Violência, tanto nas famílias (violência doméstica), quando na sociedade em geral. Vários relatórios manifestaram a angústia diante das mortes, chacinas e outras situações com as quais as comunidades precisam conviver.

- Pessoas que vivem em locais de risco, em sub-habitações ou mesmo sem habitação alguma, perambulando pelas ruas.

- Aborto, eutanásia, tráfico de drogas e de armas.

- Consumismo, hedonismo, padrões estereotipados de beleza, gravidez precoce, prostituição.

- Abandono, desrespeito e maltrato aos idosos.

- Vícios, dependência química de todo tipo, entre os quais, alcoolismo e tabagismo.

- Corrupção, desvio de verbas públicas.

- Manipulação do nome de Deus em vista de lucro pessoal.

131. Frente a estes e outros fatos, precisamos nos lembrar que o cristianismo é necessariamente interpelador. Cristão que se acomoda diante da cultura da morte vai dar contas a Deus pelo pecado da omissão. Eis porque é crucial defender, promover e resgatar a dignidade da vida em todas as situações, em todos os momentos, desde a vida ameaçada de não nascer até a vida impedida de morrer naturalmente. Entre estes dois momentos, quanta dor, quanta angústia! Quantos os desafios, por exemplo, ligados à segurança pública, à geração de renda, à honestidade na vida política! É impossível não assumir o compromisso com a vida como uma das prioridades do 11º PPC!

132. Também neste ponto, as atuais Dgae são bastante claras: “Ao mergulhar nas profundezas da existência humana, o discípulo missionário abre seu coração para todas as formas de vida ameaçadas desde o seu início até a morte natural. Na medida em que nenhuma vida existe apenas para si, mas para outras e para Deus, este é um tempo mais do que propício para a articulação e integração de todas as formas de paixão pela vida. Só assim conseguiremos, de fato, vencer os tentáculos da cultura de morte. Contemplando os diversos rostos de sofredores, o discípulo missionário enxerga, em cada um, o rosto de seu Senhor 5. Seu amor por Jesus Cristo e Cristo Crucificado (cf 1Cor 1,23-25) leva-o a buscar o Mestre em meio às situações de morte (cf. Mt 25,31-46). Leva-o a não aceitar as situações de morte, sejam elas quais forem, envolvendo-se na preservação da vida. O discípulo missionário reconhece que seu sonho por vida eterna leva-o a ser, já nesta vida, parceiro da vida e vida em plenitude 6. Daí o “ratificar e potencializar a opção preferencial pelos pobres” 7, “implícita a fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza” 8, e que deverá “atravessar todas as suas estruturas e prioridades pastorais”, manifestando-se “em opções e gestos concretos” 9.

133. Alegra, por isso, perceber que não estamos parados diante de tanta dor. Ao contrário, diversas ações já estão acontecendo. Estes exemplos indicam que estamos trabalhando bastante no sentido de impulsionar a cultura da vida, cultura que resgata os valores éticos, voltados para o bem comum, a integridade de todas as pessoas e a preservação do planeta.

1.1 Alfabetização para adultos, pré-vestibulares e outras atividades para inserção social.

1.2 Atendimentos médico, jurídico e psicológico.

1.3 Sensibilidade para pessoas e grupos que necessitam de atenção diferenciada, como, por exemplo, as jovens gestantes, as crianças em situação de quase perda dos laços familiares ou os dependentes químicos.

1.4 Abertura e manutenção de casas de acolhida e comunidades terapêuticas para dependentes químicos.

1.5 Presença sempre maior no mundo da deficiência, sempre trabalhando para que os direitos humanos e de cidadania sejam efetivamente respeitados.

1.6 No campo da ecologia, conscientização, coleta seletiva de lixo e reciclagem. Apoio a cooperativas e outras entidades ligadas aos recicladores.

1.7 Abertura dos espaços das comunidades para encontros, debates e cursos voltados para todas as questões ligadas à vida, especialmente as que dizem respeito à vida do bairro, da região.

1.8 Valorização de algumas iniciativas de lei, como a Lei 9.840, contra a corrupção eleitoral, a Lei da Ficha Limpa e a Lei Seca.

1.9 Participação na formação e nos processos de escolha dos membros dos conselhos de direitos e cidadania, como, por exemplo, nos Conselhos Tutelares.

134. No entanto, apesar de todo o trabalho feito, algumas limitações foram também apresentadas ao longo da elaboração deste Plano Pastoral:

1.1 A conscientização sobre o valor da vida fica restrita, às vezes, às palestras e às homilias, sem que surjam ações concretas. É preciso certamente falar, mas é preciso também agir.

1.2 Acomodação diante do volume de dificuldades. Em geral, costuma-se dizer que fazemos o que podemos. Esta compreensão, embora verdadeira e realista, não pode nos levar à acomodação. Diante da vida ameaçada, sempre haverá algo mais a fazer.

1.3 Enfraquecimento das chamadas pastorais sociais, com dificuldade para renovação das pessoas.

1.4 Pouca informação e comunicação sobre o que é feito em termos de promoção humana e defesa da vida. Sabemos que a solidariedade não deve ser usada como propaganda, mas a falta de comunicação pode se tornar um empecilho ao crescimento do trabalho.

1.5 Baixa articulação entre trabalhos feitos por comunidades vizinhas.

135. Para que a Igreja no Rio de Janeiro se comprometa ainda mais com a defesa e a promoção da vida, determina-se:

1.1 Dedicação do ano de 2014 à reflexão sobre a responsabilidade cristã em favor da vida em toda a Arquidiocese do Rio de Janeiro. Será, de algum modo, o Ano da Caridade Social, isto é, o ano que não apenas realizaremos o Fórum das Pastorais Sociais uma única vez, mas buscaremos, sob a orientação do respectivo vicariato, caminhos para maior integração, comunicação e dinamização.

1.2 A criação de comissões em favor da vida nas paróquias e vicariatos, em conjunção de esforços com a Comissão Arquidiocesana de Promoção e Defesa da Vida.

1.3 Criação urgente de instrumentos de comunicação na área da Caridade Social, como, por exemplo, aproveitar o Portal da Arquidiocese para nele inserir um setor onde se partilhariam as informações sobre o que está acontecendo, os cursos oferecidos e tudo mais ligado ao tema.

1.4 Continuidade no trabalho dos projetos de lei de iniciativa popular. Estudar a viabilidade de um projeto na área do ensino religioso. Para isso, seria de grande utilidade articular as atividades da Caridade Social com o trabalho dos juristas católicos.

1.5 Ajudar as comunidades católicas a compreenderem, divulgarem e aplicarem as seguintes leis: 9.840, Ficha Limpa, Lei Seca e Maria da Penha. Ainda que nem todas tenham surgido da iniciativa popular, são leis que atuam diretamente nas causas da violência e em diversas formas de agressão à vida.

1.1 Implantação de serviços de acolhimento telefônico para as diversas situações de risco, como, por exemplo, o Disque-Vida, para as mulheres que vivem uma gravidez indesejada, ou para situações de depressão, crise conjugal ou solidão.

1.2 Continuidade do trabalho de formação para os Conselhos de Direitos.

1.3 Continuidade e mesmo intensificação do apoio arquidiocesano a quem, motivado pela fé, assume o compromisso político, em cargos eleitorais ou semelhantes, respeitando-se a legislação eleitoral.

136. “O serviço testemunhal à vida, de modo especial à vida fragilizada e ameaçada, é a mais forte atitude de diálogo que o discípulo missionário pode e deve estabelecer com uma realidade que sente o peso da cultura da morte. Na solidariedade de uma igreja samaritana, o discípulo missionário vive o anúncio de um mundo diferente que, acima de tudo, por amar a vida, convoca à comunhão efetiva entre todos os seres vivos” 10.

Endnotes

1DA, cap. VII.

2DA 358.

3cf DGAE 65-66

4DA 65 e 402

5DA 32, 65 e 402.

6cf DGAE 67

7DA 396; 407-430

8cf DA 391-398, DI 3

9DA 397; cf. BENTO XVI, Deus Caritas est 28 e 31.

10cf DGAE 72; DA 27

Dom Joel Portella Amado
Autor

Dom Joel Portella Amado

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro