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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 27/04/2025

27 de Abril de 2025

“O amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8)

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27 de Abril de 2025

“O amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8)

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22/02/2013 17:22 - Atualizado em 22/02/2013 18:16

“O amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8) 0

22/02/2013 17:22 - Atualizado em 22/02/2013 18:16

“O amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8)      / Arqrio

O tempo da Quaresma nos convida a vivê-lo auxiliado por três grandes exercícios: a oração, a penitência e a caridade. Com esse tripé espiritual, sempre um ligado ao outro e não de forma isolada, temos a garantia de uma boa vivência quaresmal, melhor ainda, a certeza de uma boa e segura caminhada cristã.  

Nestes exercícios espirituais, hoje queremos destacar a caridade, que pode ser chamada também de esmola. Quando investigamos o sentido deste termo, vemos que o nosso termo em português deriva do grego eleemosyne, que designa misericórdia de Deus, justiça de Deus, ou seja, uma resposta leal do homem a Deus, podendo, assim, apresentar como a misericórdia do homem com seus semelhantes. Se observarmos na Sagrada Escritura (Tb 3,2; Eclo 16,14), vamos perceber que esta atitude do homem, sua bondade para com seu irmão, é, em primeiro lugar, uma imitação dos gestos de Deus que, por primeiro, deu provas de bondade para com o homem. Ser em tudo imagem e semelhança do Criador.  

Somos chamados a exercer nossa misericórdia com o próximo por meio da esmola em espécie, mas engana-se aquele que acha apenas esta forma de caridade. Podemos relembrar aqui algumas formas de exercer nosso ato de semelhança a Deus: a escuta do próximo, que tantas vezes clama nossa atenção apenas para partilhar sua vida e sua história conosco, e aqui doarmos um pouco de nosso tão precioso tempo, e guardar como um grande tesouro o que foi partilhado; a esmola de algum serviço ao próximo, uma doação do tempo e dos talentos para uso da Igreja e, assim, de toda comunidade, multiplicando-os como ensina o próprio Evangelho, desde os trabalhos que nos exigem mais concentração como também aqueles manuais, que aparentemente são mais simples, mas que possuem o mesmo grau de importância para Deus; a caridade propriamente dita, a doação de bens aos mais necessitados, não o que é trapo ou estragado, mas o que pode ajudar um pouco a revestir novamente de dignidade o nosso próximo. Esses são alguns exemplos que podem tornar-se fonte para novas inspirações de esmolas.  

Meus irmãos, as esmolas não podem ser mera filantropia, mas um gesto religioso, ligado também a nossa conversão a Deus. O que é bem mais, esse gesto recebe seu valor do fato de que atinge o próprio Deus e cria um direito à sua retribuição (Ez 18,7; Pv 28,27) e ao perdão dos pecados. Equivale a um sacrifício oferecido a Deus (Eclo 35,2). Privando-se do próprio bem, o homem cria para si um tesouro (Eclo 29,12). Tobias aconselha calorosamente seu filho: “Jamais afastes o teu rosto de um pobre, e Deus não afastará o seu de ti (...) se tens muito, dá mais, se tens pouco dá menos, mas não exite em fazer a esmola (...) quando fazes a esmola, que não haja pesares em seus olhos” (Tb 4,7.16s).  

Jesus quando recomenda a esmola, exige que seja feita com perfeito desinteresse, sem qualquer ostentação, sem nada esperar em troca (Lc 6,35), até sem medida. Cristo espera que ninguém fique surdo aos apelos, pois os pobres estão sempre entre nós, e se já não têm nada de próprio (At 2,44s), resta-lhes o dever de comunicar os dons de Cristo (At 3,6) e de trabalhar para poder ajudar os que se encontram em necessidade (Ef 4,28). Podemos perceber que se a esmola é um dever tão radical, é porque ela adquire seu sentido na fé em Cristo, numa medida profunda.  

Para mostrar que a esmola cristã está submetida a outras leis que as da simples filantropia, Jesus não teve receio de defender contra Judas o gesto gratuito da mulher que acabava de desperdiçar o valor de 300 jornadas de trabalho, despejando seu precioso perfume: “Os pobres, tê-los-ei sempre convosco, mas a mim não me tereis sempre” (Mt 26,11). Os pobres só são cristãmente socorridos por referência ao amor de Deus, manifestado na paixão e morte de Jesus Cristo. Como é dito na comunidade de Corinto: “É preciso  visar a estabelecer a igualdade entre os irmãos (8,13), imitando a liberalidade de Cristo (8,9); para que Deus seja glorificado (9,11-14), é preciso semear copiosamente, pois Deus ama quem dá com alegria” (9,6s).  

Com os exercícios quaresmais temos a possibilidade de, mediante um coração sincero e desinteressado, conseguir uma tamanha liberdade de espírito, capaz de seguir o mestre com grande alegria e doação. A oração, a penitência e a caridade são suportes para vivermos bem este tempo da Igreja, mas, acima de tudo, para nos ensinar que nossa união com o Senhor nos leva ao total desprendimento de nós mesmos, fazendo-nos imolar-nos também pelo bem da Igreja e do próximo.  

Caríssimos irmãos, diante de um mundo tão agitado e às vezes indiferente, devemos aprender também a oferecer a nós mesmos a esmola de um tempo de oração de súplica e de graça a Deus, sobretudo por termos um coração que só descansará quando estiver em Deus, como nos diz Santo Agostinho. O fruto da nossa doação ao próximo será tão mais profundo se nos oferecermos também como esmola às mãos de Deus, como um incenso que sobe suave e agradável ao seu coração. A esmola é uma fonte de graça para todos.  

Doe e doe-se! Que a nossa esmola cubra também nossos pecados!  

* Fonte: Jornal Testemunho de Fé

* Foto: SXC.HU

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“O amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8)      / Arqrio

“O amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8)

22/02/2013 17:22 - Atualizado em 22/02/2013 18:16

O tempo da Quaresma nos convida a vivê-lo auxiliado por três grandes exercícios: a oração, a penitência e a caridade. Com esse tripé espiritual, sempre um ligado ao outro e não de forma isolada, temos a garantia de uma boa vivência quaresmal, melhor ainda, a certeza de uma boa e segura caminhada cristã.  

Nestes exercícios espirituais, hoje queremos destacar a caridade, que pode ser chamada também de esmola. Quando investigamos o sentido deste termo, vemos que o nosso termo em português deriva do grego eleemosyne, que designa misericórdia de Deus, justiça de Deus, ou seja, uma resposta leal do homem a Deus, podendo, assim, apresentar como a misericórdia do homem com seus semelhantes. Se observarmos na Sagrada Escritura (Tb 3,2; Eclo 16,14), vamos perceber que esta atitude do homem, sua bondade para com seu irmão, é, em primeiro lugar, uma imitação dos gestos de Deus que, por primeiro, deu provas de bondade para com o homem. Ser em tudo imagem e semelhança do Criador.  

Somos chamados a exercer nossa misericórdia com o próximo por meio da esmola em espécie, mas engana-se aquele que acha apenas esta forma de caridade. Podemos relembrar aqui algumas formas de exercer nosso ato de semelhança a Deus: a escuta do próximo, que tantas vezes clama nossa atenção apenas para partilhar sua vida e sua história conosco, e aqui doarmos um pouco de nosso tão precioso tempo, e guardar como um grande tesouro o que foi partilhado; a esmola de algum serviço ao próximo, uma doação do tempo e dos talentos para uso da Igreja e, assim, de toda comunidade, multiplicando-os como ensina o próprio Evangelho, desde os trabalhos que nos exigem mais concentração como também aqueles manuais, que aparentemente são mais simples, mas que possuem o mesmo grau de importância para Deus; a caridade propriamente dita, a doação de bens aos mais necessitados, não o que é trapo ou estragado, mas o que pode ajudar um pouco a revestir novamente de dignidade o nosso próximo. Esses são alguns exemplos que podem tornar-se fonte para novas inspirações de esmolas.  

Meus irmãos, as esmolas não podem ser mera filantropia, mas um gesto religioso, ligado também a nossa conversão a Deus. O que é bem mais, esse gesto recebe seu valor do fato de que atinge o próprio Deus e cria um direito à sua retribuição (Ez 18,7; Pv 28,27) e ao perdão dos pecados. Equivale a um sacrifício oferecido a Deus (Eclo 35,2). Privando-se do próprio bem, o homem cria para si um tesouro (Eclo 29,12). Tobias aconselha calorosamente seu filho: “Jamais afastes o teu rosto de um pobre, e Deus não afastará o seu de ti (...) se tens muito, dá mais, se tens pouco dá menos, mas não exite em fazer a esmola (...) quando fazes a esmola, que não haja pesares em seus olhos” (Tb 4,7.16s).  

Jesus quando recomenda a esmola, exige que seja feita com perfeito desinteresse, sem qualquer ostentação, sem nada esperar em troca (Lc 6,35), até sem medida. Cristo espera que ninguém fique surdo aos apelos, pois os pobres estão sempre entre nós, e se já não têm nada de próprio (At 2,44s), resta-lhes o dever de comunicar os dons de Cristo (At 3,6) e de trabalhar para poder ajudar os que se encontram em necessidade (Ef 4,28). Podemos perceber que se a esmola é um dever tão radical, é porque ela adquire seu sentido na fé em Cristo, numa medida profunda.  

Para mostrar que a esmola cristã está submetida a outras leis que as da simples filantropia, Jesus não teve receio de defender contra Judas o gesto gratuito da mulher que acabava de desperdiçar o valor de 300 jornadas de trabalho, despejando seu precioso perfume: “Os pobres, tê-los-ei sempre convosco, mas a mim não me tereis sempre” (Mt 26,11). Os pobres só são cristãmente socorridos por referência ao amor de Deus, manifestado na paixão e morte de Jesus Cristo. Como é dito na comunidade de Corinto: “É preciso  visar a estabelecer a igualdade entre os irmãos (8,13), imitando a liberalidade de Cristo (8,9); para que Deus seja glorificado (9,11-14), é preciso semear copiosamente, pois Deus ama quem dá com alegria” (9,6s).  

Com os exercícios quaresmais temos a possibilidade de, mediante um coração sincero e desinteressado, conseguir uma tamanha liberdade de espírito, capaz de seguir o mestre com grande alegria e doação. A oração, a penitência e a caridade são suportes para vivermos bem este tempo da Igreja, mas, acima de tudo, para nos ensinar que nossa união com o Senhor nos leva ao total desprendimento de nós mesmos, fazendo-nos imolar-nos também pelo bem da Igreja e do próximo.  

Caríssimos irmãos, diante de um mundo tão agitado e às vezes indiferente, devemos aprender também a oferecer a nós mesmos a esmola de um tempo de oração de súplica e de graça a Deus, sobretudo por termos um coração que só descansará quando estiver em Deus, como nos diz Santo Agostinho. O fruto da nossa doação ao próximo será tão mais profundo se nos oferecermos também como esmola às mãos de Deus, como um incenso que sobe suave e agradável ao seu coração. A esmola é uma fonte de graça para todos.  

Doe e doe-se! Que a nossa esmola cubra também nossos pecados!  

* Fonte: Jornal Testemunho de Fé

* Foto: SXC.HU

Padre Arnaldo Rodrigues
Autor

Padre Arnaldo Rodrigues

Editorialista do Jornal Testemunho de Fé