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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Solenidade da Santíssima Trindade

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Solenidade da Santíssima Trindade

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31/05/2021 00:00

Solenidade da Santíssima Trindade 0

31/05/2021 00:00

Terminado o tempo pascal com a Solenidade de Pentecostes, a liturgia celebra neste domingo a Solenidade da Santíssima Trindade. Após proclamar nos santos mistérios que o Pai entregou o Filho por amor ao mundo na potência do Espírito Santo e, no mesmo Espírito Eterno, O ressuscitou dos mortos para nossa salvação, a solenidade de agora é um modo que a Igreja encontra para louvar, engrandecer e adorar na proclamação exultante, o amor sem fim da Trindade Santa.

            Depois de ter celebrado os mistérios da Salvação, desde a expectativa do Messias (Advento), passando pelo nascimento de Cristo (Natal), Quaresma e Páscoa, até a vinda do Espírito Santo (Pentecostes), a liturgia propõe-nos o mistério central de nossa fé: a Santíssima Trindade. Toda a vida da Igreja está impregnada pelo Mistério da Santíssima Trindade. E quando falamos aqui de mistério, não pensemos no incompreensível, mais na realidade mais profunda que atinge o núcleo do nosso ser e do nosso agir.

            Mas é Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário e o convite para que participemos dele. “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt, 11, 27). Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo, junto com o Pai, e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas (Jo16, 12-15).

            O mistério da Santíssima Trindade é o ponto de partida de toda a verdade revelada e a fonte de que procede a vida sobrenatural e para a qual nos encaminhamos: somos filhos do Pai, irmãos e coherdeiros do Filho, santificados continuamente pelo Espírito Santo para nos assemelharmos cada vez mais a Cristo.

            Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia. Fomos batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e em Seu nome perdoam-se os pecados; ao começarmos e ao terminarmos muitas orações, dirigimo-nos ao Pai, por mediação de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Muitas vezes ao longo do dia, nós, os cristãos repetimos: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

            No entanto, contemplando Jesus ressuscitado, glorificado, divinizado na sua natureza humana por obra do Espírito de Deus, nós proclamamos com o Novo Testamento e todas as gerações cristãs, que o nosso Salvador, o nosso Jesus amado, é Deus bendito pelos séculos, enviado pelo Pai, que é Deus, para nossa salvação; enviado na potência do Espírito que é também divino e divinizante, Paráclito que é Deus, uma Pessoa, na qual o Pai ressuscitou o Filho Jesus e, habitando em nós, dá testemunho da divindade do Pai e do Filho, enche-nos de vida divina, guia-nos, sustenta-nos, ilumina-nos.

            Ouçamos as palavras de São Paulo na segunda leitura: davam testemunho das Três divinas pessoas: do Pai que enviando em nós o Espírito do Filho nos faz filhos no bendito e único filho Jesus. Eis o que dizia o Apóstolo: “O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus e coherdeiros de Cristo”... Então, eis a nossa fé, que transborda a humana lógica, transcende o balbuciar de nossa pobre linguagem, ultrapassa nossos limitados e tateantes paradigmas: Deus é um só, absolutamente. Enquanto a natureza humana, apesar de genericamente uma só, se multiplica nos indivíduos humanos, a natureza divina é absolutamente una, indivisível e imultiplicável, una não só genérica, mas também numericamente; e, no entanto, essa natureza é, ao mesmo tempo e perfeitamente, Pai, Filho e Santo Espírito.

            A natureza divina está todinha no Pai e, incompreensivelmente, todinha no Filho e, ainda, todinha no Espírito Santo. A unidade em Deus é absolutamente perfeita e eterna. Assim sendo, em Deus não há três vontades iguais, mas uma só vontade; não há três poderes iguais, mas um só poder, não três consciências iguais, mas uma só consciência. Mais uma vez: Deus é absolutamente UM! E, no entanto, os três divinos são absolutamente diversos: só o Pai gera, só o Filho é gerado, só o Espírito é a própria Geração; só o Pai é o Amante, só o Filho é o Amado, só o Espírito é o Amor.

             Neste amor que circula de modo eterno, perfeito e feliz, o Pai, eterno Amante, tudo criou através do Filho, eterno Amado, na potência do Espírito Santo, eterno Amor. E, por isso, o mundo existe, as estrelas brilham, a vida brota e, sobretudo, nós existimos. Vimos do Pai, pelo Filho, no Espírito; vivemos no Pai pelo Filho no Espírito; vamos para o Pai, através do Filho no Espírito, Trindade Santa, nossa vida e plenitude eterna. É assim que os cristãos confessam o seu Deus como eterno amor, amor vivo e circulante que, gratuita e livremente, se derrama sobre o mundo e sobre a nossa vida.

            Por isso, podemos dizer que Deus é amor e, quem não ama, não conhece a Deus! E toda esta vida divina, amados, nos é dada desde o Batismo, quando fomos mergulhados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; e cresce em nós a cada dia, nos sacramentos e na vida cristã, preparando-nos para nosso destino eterno: plenos do Espírito, sermos totalmente inseridos no Cristo e nele configurados, para contemplar eternamente o Pai!

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


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Solenidade da Santíssima Trindade

31/05/2021 00:00

Terminado o tempo pascal com a Solenidade de Pentecostes, a liturgia celebra neste domingo a Solenidade da Santíssima Trindade. Após proclamar nos santos mistérios que o Pai entregou o Filho por amor ao mundo na potência do Espírito Santo e, no mesmo Espírito Eterno, O ressuscitou dos mortos para nossa salvação, a solenidade de agora é um modo que a Igreja encontra para louvar, engrandecer e adorar na proclamação exultante, o amor sem fim da Trindade Santa.

            Depois de ter celebrado os mistérios da Salvação, desde a expectativa do Messias (Advento), passando pelo nascimento de Cristo (Natal), Quaresma e Páscoa, até a vinda do Espírito Santo (Pentecostes), a liturgia propõe-nos o mistério central de nossa fé: a Santíssima Trindade. Toda a vida da Igreja está impregnada pelo Mistério da Santíssima Trindade. E quando falamos aqui de mistério, não pensemos no incompreensível, mais na realidade mais profunda que atinge o núcleo do nosso ser e do nosso agir.

            Mas é Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário e o convite para que participemos dele. “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt, 11, 27). Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo, junto com o Pai, e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas (Jo16, 12-15).

            O mistério da Santíssima Trindade é o ponto de partida de toda a verdade revelada e a fonte de que procede a vida sobrenatural e para a qual nos encaminhamos: somos filhos do Pai, irmãos e coherdeiros do Filho, santificados continuamente pelo Espírito Santo para nos assemelharmos cada vez mais a Cristo.

            Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia. Fomos batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e em Seu nome perdoam-se os pecados; ao começarmos e ao terminarmos muitas orações, dirigimo-nos ao Pai, por mediação de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Muitas vezes ao longo do dia, nós, os cristãos repetimos: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

            No entanto, contemplando Jesus ressuscitado, glorificado, divinizado na sua natureza humana por obra do Espírito de Deus, nós proclamamos com o Novo Testamento e todas as gerações cristãs, que o nosso Salvador, o nosso Jesus amado, é Deus bendito pelos séculos, enviado pelo Pai, que é Deus, para nossa salvação; enviado na potência do Espírito que é também divino e divinizante, Paráclito que é Deus, uma Pessoa, na qual o Pai ressuscitou o Filho Jesus e, habitando em nós, dá testemunho da divindade do Pai e do Filho, enche-nos de vida divina, guia-nos, sustenta-nos, ilumina-nos.

            Ouçamos as palavras de São Paulo na segunda leitura: davam testemunho das Três divinas pessoas: do Pai que enviando em nós o Espírito do Filho nos faz filhos no bendito e único filho Jesus. Eis o que dizia o Apóstolo: “O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus e coherdeiros de Cristo”... Então, eis a nossa fé, que transborda a humana lógica, transcende o balbuciar de nossa pobre linguagem, ultrapassa nossos limitados e tateantes paradigmas: Deus é um só, absolutamente. Enquanto a natureza humana, apesar de genericamente uma só, se multiplica nos indivíduos humanos, a natureza divina é absolutamente una, indivisível e imultiplicável, una não só genérica, mas também numericamente; e, no entanto, essa natureza é, ao mesmo tempo e perfeitamente, Pai, Filho e Santo Espírito.

            A natureza divina está todinha no Pai e, incompreensivelmente, todinha no Filho e, ainda, todinha no Espírito Santo. A unidade em Deus é absolutamente perfeita e eterna. Assim sendo, em Deus não há três vontades iguais, mas uma só vontade; não há três poderes iguais, mas um só poder, não três consciências iguais, mas uma só consciência. Mais uma vez: Deus é absolutamente UM! E, no entanto, os três divinos são absolutamente diversos: só o Pai gera, só o Filho é gerado, só o Espírito é a própria Geração; só o Pai é o Amante, só o Filho é o Amado, só o Espírito é o Amor.

             Neste amor que circula de modo eterno, perfeito e feliz, o Pai, eterno Amante, tudo criou através do Filho, eterno Amado, na potência do Espírito Santo, eterno Amor. E, por isso, o mundo existe, as estrelas brilham, a vida brota e, sobretudo, nós existimos. Vimos do Pai, pelo Filho, no Espírito; vivemos no Pai pelo Filho no Espírito; vamos para o Pai, através do Filho no Espírito, Trindade Santa, nossa vida e plenitude eterna. É assim que os cristãos confessam o seu Deus como eterno amor, amor vivo e circulante que, gratuita e livremente, se derrama sobre o mundo e sobre a nossa vida.

            Por isso, podemos dizer que Deus é amor e, quem não ama, não conhece a Deus! E toda esta vida divina, amados, nos é dada desde o Batismo, quando fomos mergulhados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; e cresce em nós a cada dia, nos sacramentos e na vida cristã, preparando-nos para nosso destino eterno: plenos do Espírito, sermos totalmente inseridos no Cristo e nele configurados, para contemplar eternamente o Pai!

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro